setembro 09, 2020

Desejo e Insatisfação — Inimigos Criados por Nós Mesmos

 


Diz um velho provérbio chinês:


Cuidado com o que se deseja porque pode virar realidade.

 

Insatisfação é fruto de um desejo não atendido.

 

Desejo e insatisfação realimentam-se tal como uma bola de neve que vai crescendo à medida que rola pela montanha em neve.

 

Desejo e a insatisfação, sua irmã siamesa, controlam nosso destino.

 

O desejo de hoje é fruto do estado do agora.

Amanhã pode ter ido embora sem ao mesmo deixar rastros de despedida nem endereço para lembrança.

 

O ser humano é o animal com a maior capacidade de aprender.

É, portanto, o animal que mais rapidamente evolui.

 

Evoluir significa mudar algo seja na intensidade, ou na forma ou ainda na qualidade daquilo que fazemos.

O que fazíamos antes, através da prática faremos melhor amanhã e consequentemente, o que éramos antes não somos mais hoje, mas melhores.

 

Duvida?

Então pergunte a você mesmo.

Se você tem 20 anos, diria que aquele seu "eu" de quando tinha 16 era o mesmo?

Então, hoje você se julga mais experto, mais experiente que ontem?

Imagine daqui a 10 anos!
O quanto à frente você estará em relação do que você está hoje!

Sim, porque em virtude da nossa evolução constante, em verdade não "somos", mas "estamos".

 

O processo de envelhecimento para aqueles que estão sempre procurando fazer melhor todos os dias reflete a troca da beleza da juventude pela beleza da compreensão aperfeiçoada.

Então, por que será que nos dedicamos em sofrer tanto pelo que desejamos se nem podemos estar certos que sabemos desejar corretamente?
Ainda pior se lembrarmos que é fruto daquilo que "estamos", algo tão passageiro e tão suscetível de mudanças.

Seria a inconsciência de não sabermos, ou talvez de esquecermos de que um desejo pode ser consequência de algo que a vida vai se dedicar a mudar em nós mesmos? Ironia do destino ou algo superior dirigindo nossos caminhos?
Já pensou nisso?

Destruímos relações, perspectivas de vida e outras ações que tomadas não têm volta, produzindo resultados que alteram permanentemente a vida, tudo isso baseados em sentimentos cuja certeza é relativa e transitória.

Quantas vezes na vida a certeza do ontem é reavaliada de outra forma pela experiência do amanhã?

 

Vale a pena?

E amanhã, ainda valerá?

 

Seja como for, se somos seres em evolução, então nossos desejos acompanham esse crescimento.

Alimentar a insatisfação e promover autossofrimento com base naquilo que somos hoje faz tanto sentido quanto construir castelos de areia à beira do oceano do tempo, cujo nome é vida.

 


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