abril 30, 2022

Putin: Um Caminho Sem Volta

 



Eu não sei se foi o tempo ou se foi o conhecimento que vai tecendo as estradas do meu pensamento e da minha emoção.
Certamente, ambos!

O que sei é que à medida que entendo melhor o mundo, a emoção adapta-se muito melhor às contingências que a vida vai impondo, e a minha convicção é o que me sustenta o equilíbrio onde a depressão tem pouco ou nenhum espaço.

Eu não sou um homem religioso, porém também não sou areligioso no sentido geral que as pessoas normalmente emprestam ao termo.

Eu não acho que a fé deva ser o sustentáculo de nossas atitudes sem o apoio da razão esclarecida.

Onde a razão falha, sobra a convicção cega que é presa fácil da demagogia e da manipulação ideológica.

Hoje, eu posso olhar para esse homem, Putin!, não como um líder da Rússia, já que líderes não reprimem seu povo nem tão pouco o mantém sob a ignorância da propaganda política como única fonte de informação, mas como um homem lutando por uma convicção equivocada.

Coitados dos russos.
Se ligam a TV, o que escutam é notícia filtrada pelo Kremlin de modo a conduzí-los à lavagem cerebral através da desinformação. Apenas aqueles que conseguem vencer a barreira da comunicação obtêm notícias do ocidente de modo a poder analisar melhor a situação de seu país.

O povo russo é refém do ditador que elegeram sem que o soubessem.

O mesmo pode acontecer com o Brasil pelas mãos dos candidatos extremistas.

E com a tranquilidade que os anos me proveram, eu olho para Putin sem qualquer sentimento que não seja de respeito pela queda a que todos estamos submetidos: a luta por nossas convicções até que se provem equivocadas.

Putin é um "Russo" com letra maiúscula, lutando por aquilo que entende como sendo a luta pela identidade do povo russo, da recuperação do poder de uma malograda União Soviética que marcou a alma dos seus nacionalistas extremistas.

Até o amor tem suas contraindicações.
Em excesso, perde a mão e se mete pelos descaminhos da paixão.

Putin é isso: um nacionalista apaixonado, crente que a sua missão é devolver à Rússia o patrimônio perdido.

O caminho de Putin é sem volta.
Retrocesso é a sua decadência total.

Como havia dito em post anterior, quem imagina que Putin esteja blefando, vai se decepcionar.

Qual o lado positivo que podemos aproveitar de um processo tão doloroso, cujo preço mal começamos a pagar?

Diz o ditado que Deus escreve certo por linhas tortas.
Ou seja, Deus aproveita nossos descaminhos na recondução de nossas condutas.

Os atos de Putin eclodem num momento global onde ideologias extremistas polarizaram a atenção popular.

Isto significa que o povo está extremista.
Razão do extremismo?
A resposta infelizmente não é curta, porque é uma colcha de retalhos, ou seja, muitos motivos diferentes resultantes num efeito comum: descontentamento.

Já começamos a sentir os efeitos no "bolso" dessa crise mundial que clama por uma definição ideológica, onde a luta pelos extremos "parece a solução".

Nazismo, nunca morreu!
Fascismo, nunca morreu!
Escravatura, nunca morreu!

Enfim, as mazelas do desespero humano através de uma solução radical sempre persistiram na alma humana através de gerações.

Ela nasce do extremo desejo que um indivíduo nutre por um "desejo-ideal", onde não há preço estipulado a se pagar pela sua conquista.

Putin é uma ferramenta da vida, originada por ela mesma, que conduzirá o extremismo à sua redefinição.

A guerra na Ucrânia apenas começou.
Perdurará por um bom tempo, mesmo que por um milagre os combates fossem suspensos.
No entanto, o problema permaneceria em solução.

EUA que abraçaram Trump com força, aproximadamente 43% da opinião popular.
Venezuela tomada por Maduro.
Myanmar tomado pelo general Min Aung Hlaing.
França optando em mais de 40% por Le Pen, uma candidata de extrema direita.
Alemanha sob a influência de líderes conectados à causa russa.
Espanha que navegou pelo despotismo e conta com a democracia restaurada recentemente.
Brasil disputando preliminarmente duas extremidades já testadas e com passado nada recomendável: Lula e Bolsonaro.

Bolsonaro apresentando uma tendência declarada ao golpe militar e Lula cuja indicação (Dilma) não evitou utilizar as cores vermelhas no planalto, mesmo sob a desculpa de comemorar-se outra coisa.
Nossas cores são: verde, amarelo, azul e branco, se é que ela (Dilma) ainda não sabe disso!

Duas facções cujos destinos não parecem muito democratas!

E por aí vai...
E o povo na sua ingenuidade e desconhecimento também vai...


Tudo isso é bom apesar da negritude do horizonte!

O mundo precisa amadurecer.
O extremismo precisa ser varrido da esperança humana como solução social.


Putin é apenas um estopim de um processo acumulado ao longo da história humana e que assume proporções mundiais porque a tecnologia nos uniu em tempo real através de todas as regiões do planeta.

Esse fenômeno já era esperado quando a Internet começou a prover tal integração.

AI (Inteligência Artificial) virá multiplicando o "modus operandi" cujas consequências poderemos reconhecer através dos resultados de suas consequências.
A alma humana multiplicada pelos bits da própria inexperiência, espelhando-se no processo de autoconhecimento. 

Este processo ira produzir uma aceleração do amadurecimento planetário através do estímulo de massa que, aliado à guerra que obriga à escolha de um lado, e portanto à definição de seu carácter, irá imprimir pelas consequências da própria escolha o caminho do aprendizado que precisamos percorrer como nações.

É uma oportunidade de aprendizado fantástica provida por uma força maior que sustenta a vida desde os primórdios quando nem mesmo sabíamos que seríamos descendentes de "homo sapiens".

A coragem, a pré-disposição em aprender e o desejo de acertar são os nossos únicos aliados na sustentação do equilíbrio durante a nova fase de aprendizado que iremos vivenciar coletivamente.


Democracia Sem Meritocracia Adoece

 



Este post estende uma análise sob a perspectiva de senso comum, dando continuidade ao post anterior neste link: "Repensando a Democracia (Raciocina Comigo...)", onde o conceito de "Igualdade Democrática" é revisado, apresentando a distorção de um entendimento amplamente adotado mas inadequado à manutenção saudável da Democracia.



Consertar a Democracia é relativamente simples.
Destruí-la, também!

Agora concertar a Democracia no sentido de harmonizá-la com os vários entendimentos é o grande desafio.

Grandes desafios têm solução desde que se encontre uma estratégia de lidar com a questão complexa em segmentos menores, cuja solução final provê a interação deles.

Se eliminarmos da análise apenas um princípio — corrupção, teremos um bom início de solução.

Por que desconsiderar justamente a corrupção, um ponto tido hoje como central?

Porque a corrupção é falta de comprometimento.
Ou seja, corrupção é qualquer ato contrário às regras pré-estabelecidas, sejam elas morais, econômicas, sociais, religiosas, etc. Dessa forma,  considerar a "corrupção" seria uma decorrência óbvia do não cumprimento do esperado. Oras! Qualquer ação cujo objetivo não conta com o comprometimento dos envolvidos é fadada ao fracasso como consequência natural. O ponto vital é o que está por trás dela, ou seja, o que alimenta a corrupção, já que ela é a causa genérica.


Podemos começar por dois princípios fundamentais que barram o desempenho da Democracia:

- Ego
e
- Meritocracia


Ego encandecido destrói tudo! 
Empresas, famílias, ambientes de trabalho, amizades, e tudo o mais que você puder elencar aqui.


Nós ficamos cegos pelo medo, pela ambição e pelo orgulho e nossas ações perdem coerência com o objetivo principal.
É uma espécie de autosuicídio social e econômico que "adoramos" praticar diariamente, em pequenas ações ou em grandes. As pequenas até que passam batidas, mas as grandes nos colocam no buraco.

Ego é fruto do medo.
Medo de perdermos o respeito, a dignidade e o apreço que julgamos necessários à nossa sobrevivência psicológica — o valor que precisamos construir sobre nós mesmos face à percepção de que somos apenas um mero "ponto" na vastidão do contexto externo. Essa percepção alimenta o medo que atiça o instinto de sobrevivência e se externaliza inconscientemente na idolatria de nós mesmos.

A ambição conduz ao egocentrismo diante de uma necessidade pessoal insaciável que se torna insensível à necessidade alheia.

A humildade nasce da aceitação incondicional da superioridade de tudo o mais que nos cerca sem que o medo faça parte desse sentimento, portanto sem competir com o nosso senso de existência, seu propósito e o sentido de segurança de que necessitamos.

Humildade necessita de coragem, muita coragem, e uma convicção plena de que a única ameaça real vem daquela que justamente o ego insufla.

Seria talvez, a mais difícil conquista que desafia a nossa persistência já que a humildade é uma das últimas qualidades que construímos porque parece colidir com o nosso instinto de autopreservação.


Uma sociedade com leis que incentivassem seus cidadãos a controlar seu ego, certamente obteria uma divisão de trabalho mais harmoniosa, pois esta é um dos alicerces da democracia.

É bom frisar o termo utilizado: "incentivo".
A luta contra o medo e a sensação de ameaça ao ego não pode ser imposta, justamente porque alimentaria o efeito que se procura reduzir — imposições açulam o ego.


A segundo ponto é a "meritocracia".

Esse é um assunto também muito difícil porque todos nós naturalmente entendemos que é preciso "merecer a recompensa", mas na prática ignoramos isso em diversas circunstâncias.

Um exemplo muito comum vem da distorção de critério quando estamos muito envolvidos emocionalmente. A título de ilustração vamos lembrar de um exemplo clássico: "os pais".
A relação pais vs. filhos é algo único. Pais decididamente têm o critério de análise muito influenciado pela emotividade. Embora natural, pode prejudicar o "juízo" de análise.

Casos assim, onde há muito envolvimento emocional, colocam a "meritocracia" no fundo do poço, porque para analisar mérito dependemos do senso de "justiça" e da equidade emocional que conduz à imparcialidade.

Mais uma vez, observe o termo utilizado — foi dito "equidade emocional" e não "distanciamento emocional". No segundo, corremos o risco de cairmos na indiferença que alimenta a insensibilidade aos problemas que não sejam os próprios, o que também gera distorção de julgamento.
Na "equidade emocional" conseguimos manter o equilíbrio das emoções às partes envolvidas de forma equilibrada, harmoniosa.

A emoção é algo fundamental ao comportamento humano e quando inexistente transforma a alma humana descaracterizando-a, e portanto inábil para julgamentos com humanidade.


A "emoção" é um dom único,  exclusivo da vida e que lhe sustenta o sentido, portanto vital desde que equilibrada.

Finalmente chegamos no "cerne do problema".

A maioria das ocorrências que populam as manchetes dos nossos jornais vêm justamente desta temática — a parcialidade no julgamento.

Censo de justiça é algo que varia de um extremo a outro.

Se uma sociedade justa é construída sobre a contrapartida do mérito devido, sem um senso de justiça comum também não há leis comuns que possam estabelecer um critério de mérito aceito pela maioria e através disso formar a base que sustenta a ordem.

Suponha um país com 60% de criminosos.
Logo, a maioria da população achará justo que os mais espertos tirem vantagem dos menos espertos na forma que puderem.
É a lei do mais forte, típica prevalecente das sociedades atrasadas.

Hoje, as nações no mundo começam a construir um senso comum onde a superioridade de armas não pode ser argumento de conquista. A recente ação de Putin vai agilizando e fortalecendo esta construção. É um dos efeitos positivos de algo que está sendo construído por um preço doloroso.


Se olharmos para o passado até o presente, fica fácil entender as sociedades cuja ordem social era estabelecida pela disputa em arena, ou através de guerras, algo que ainda faz parte do presente de uma sociedade cujo avanço tecnológico começa a vasculhar o Universo em busca de contatos interplanetários — com o nosso comportamento atual, o resultado final ficaria bem aquém das esperanças dos ideólogos e cientistas defensores dessa "confraternização extraterrestre"...

(Sinceramente desejo que ainda leve um bom tempo para que se logre sucesso pelo nosso bem e pelo bem deles.)  :-))  

Como é possível estabelecer uma democracia fortemente contaminada pelo conceito de vitória disputada pela força quando o senso de direito vem da justiça pelo mérito?

Não faz sentido algum — é contraditório uma vez que a força é uma estratégia antidemocrata, arma da ditadura, autocracia, monocracia, etc.


A democracia desse país fictício seria um apanágio para o crime organizado que assumiria o poder e o manteria como um rótulo de um vinho nobre aplicado sobre uma garrafa de vinagre.
O "Povo" compra pelo rótulo.

Se a população desse país fictício estiver ciente da situação e se mantiver condescendente, então ela faz parte desse processo, é conivente à mentalidade de seus líderes.

Na maioria dos casos, a crítica existe enquanto o cidadão não tem a chance de abocanhar uma fatia do bolo de impunidades. Repare isso nos jornais. A oposição reclama, ganha a importância dos holofotes jornalísticos e depois, mais valorizada, repentinamente, sob o mistério do silencio, ganha a "graça do esquecimento oportuno". No jargão da política isso recebe o nome de negociação. No meu recebe outro...


Não existe governo corrupto para sociedade "honesta" onde os ânimos estejam aplacados como solução de longo prazo.

A Democracia adoece quando seu povo adoece primeiro.


Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção


abril 28, 2022

Repensando a Democracia

 


Repensando a democracia que se acredita democrata!


Pensa nessa frase:

Nada mais desigual que tratamentos iguais para pessoas diferentes.

Esta frase induz que se você trabalhou, merece receber pelo trabalho.
Se você não trabalhou, também merece?

Se você se esforçou e logrou sucesso, merece a recompensa.
Se vc não se esforçou e nem logrou sucesso, também?

Se você é formado em medicina pode ser médico.
Se você é formado em engenharia pode ser engenheiro.
Se você é mulher pode engravidar e ser mãe.

Se você não é médico, nem engenheiro e nem mulher grávida, também pode ser ou médico, ou engenheiro ou mãe?


Agora analisa a frase aceita como uma "verdade democrática":

Todos os cidadãos têm os mesmos direitos.
Todos podem votar para tudo.


A frase soaria como um sofisma "demagógico"?

Por que?

Conversando com um cidadão, comentei:
Estamos às portas de uma ditadura... Correndo no fio da navalha...

A pessoa quieta.
Então perguntei:
Você sabe o que é uma ditadura?
Ela respondeu — Não!

Então, agora, eu torno a perguntar para você:

Como o voto para qualquer cargo pode ser concedido a qualquer pessoa mesmo que ela não faça a menor ideia em que esteja realmente votando?

Fala sério!
Democracia assim é uma piada de péssimo gosto.
Retifico: uma piada ao gosto daqueles que usam o povo como quem usa uma ferramenta para se dar bem!

Não faria mais sentido que as pessoas votassem dentro da estratosfera de sua compreensão para que o voto se tornasse realmente autêntico e efetivo?


Veja também:
Democracia e Voto Útil - Prós e Contras








abril 24, 2022

O Avanço Mundial da Tendência à Ditatura. Por quê?

 



Este post encerra uma série de outros dedicados ao entendimento da relação social, sua história e consequências através de seus frutos políticos como meios de minimizar as distorções da alma humana. Não existe solução perfeita para execuções imperfeitas. O problema maior reside em nossas mazelas comportamentais, no entanto, entendê-las como interagem e as consequências que causam, ajuda-nos a decidir e também a equilibrar nossas emoções no esforço de colaborar da melhor forma possível com o processo da vida.


À medida que cresce o caos na ordem de um sistema social, também cresce a disputa de poder que busca substituir o corrente que está em crise.

Essa disputa de poder tem regras semelhantes às regras de confrontos bélicos, mesmo que predomine o confronto verbal. Os embates aquecem o clima psicológico e o extremismo vai apadrinhando e justificando as reações na criação de estratégias do "vale tudo".

Neste ponto de superaquecimento de ânimos, fundem-se os ideais iniciais que os seus participantes pudessem ter, derretendo-se premissas, promessas, coerência de atitudes e etc. no amalgama da ambição a todo custo.

É justamente a disputa de poder exacerbada que estabelece o caminho para o despotismo, a ditadura, onde o vitorioso deseja sobrepujar. E este para manter-se no poder precisa da monocracia, já que dificilmente o vencedor deseja repartir a sua vitória e seu poder pelo medo de perdê-los.

Conquistadores são movidos por ambição e medo, nesta ordem, e suas ações podem ser constantemente avaliadas como frutos destes sentimentos.

É por isso que sistemas de governo democráticos, procurando evitar monocracias, fracionam o poder  para que as partes conjuntamente possam estabelecer o comando harmonioso, ao menos em teoria. Seria como um cofre que se abre apenas com todas as chaves presentes, concomitantemente.

Se esses poderes entram em conflito, é natural que abra vantagem para aqueles que tenham a oportunidade de submetê-los — os candidatos a ditadores.  Não sendo possível submeter, o conquistador buscará destruir.

Mianmar é um exemplo recente, resultando no golpe do exército que assumiu o governo civil, já que na prática, as forças militares são a organização dentro de uma nação que realmente detém o poder quando se trata de exercitá-lo pela força bruta.

Qualquer sistema de governo depende de forças militares para sustentar sua independência.
Ao mesmo tempo que a protege também pode subvertê-la.

As forças militares normalmente são divididas em terrestres, aéreas e navais.
Se as terrestres prevalecerem sobre as demais, como acontece na maioria dos casos, elas deterão o poder de decisão final sobre as outras. Dificilmente elas lutam entre si, porque o líder que busca o golpe trabalha antecipadamente para arregimentá-las, do contrário arrisca a própria cabeça.

Um antídoto às ditaduras é o não reconhecimento pelas outras nações de um regime tomado pela força das armas, que através de embargos tentarão inviabilizar a sua manutenção. 

O problema torna-se mais dramático à medida que o número de nações com governos ditatoriais vai crescendo, e portanto, o embargo torna-se cada vez menos efetivo pois menor é o isolamento, já que governos similares certamente apoiarão o golpe que conduziu àquela monocracia (ditadura, estadismo, autocracia, etc.) viabilizando economicamente a sua sustentação independente daquelas que embargam.

Ainda temos os interesses econômicos. A título de exemplo temos a Venezuela que sofreu embargos no governo de Maduro, porém, atualmente estes embargos estão sendo revisados em função das necessidades trazidas pela guerra na Ucrânia.

E assim tais ditaduras vão sobrevivendo.

Essa é uma das razões que países imbuídos no afã de preservar sua democracia, buscam lutar contra o crescimento das ditaduras e do terrorismo, e vice-e-versa.

O terrorismo é uma estratégia de guerra onde não havendo possibilidade de superioridade numérica para confrontação direta, utiliza meios para desestabilizar o poder corrente de um país de forma a fomentar a disputa interna para fragmentar a sua estabilidade.


Por que evitamos falar abertamente sobre essas coisas tanto na media como nas escolas?

Quando não é a restrição de ordem política, a maioria das vezes é a conveniência do agradável que favorece o status quo do sistema.

Quanto menor a consciência de estratégias de poder, mais facilmente esse povo é submetido.
O seu conhecimento permite a autodefesa mas também desperta o potencial daqueles que podem criar uma oportunidade de contestação do sistema vigente.

É uma faca de dois gumes. Corta para os dois lados.
Aqueles que estão no poder automaticamente não têm interesse em afiá-la.

A inteligência e o conhecimento dão asas e poder.
Isto não ajuda em nada quando se procura concentrá-lo na mão de poucos porque ditadores precisam de sustentação. Aqueles que os sustentam, abocanham uma parte privilegiada das vantagens. A sagacidade do ditador está na escolha daqueles a quem ele favorece especialmente.

Educação e escolas nunca foram amigas dos ditadores, exceto quando se tornam instrumentos do seu poder.

Se a educação liberal cria defensores, de outro lado também fomenta opositores.
Infelizmente, estes últimos dedicam-se muito mais ao estudo dos meandros do poder porque são impulsionados por sua ambição que se torna a sua razão de viver, o que raramente acontece com aqueles que estejam confortáveis com as suas conveniências pessoais.

À medida que a polarização aumenta, também recrudescem os conflitos, que por sua vez favorecem as ditaduras pelo surgimento da competição entre facções.

Esse processo é fruto de uma mudança social mundial, a exemplo do que ocorre recentemente nos EUA, França e Brasil.

A degradação social, por qualquer meio, é como a água que busca apagar o óleo que incandesceu.
Ao invés de combater, alimenta a combustão.

Ditadura é o destino de toda sociedade em degradação social e nas democracias começa pelas rivalidades entre os poderes.


Países que precisam justificar suas ditaduras certamente trabalham no sentido oposto daqueles que desejam manter suas democracias.
Ambos sentem-se ameaçados pela existência recíproca.
Os países sob ditaduras vêm a democracia com incentivo ao mau exemplo e antipropaganda que desgastam o governo autocrático.

As democracias vêm as ditaduras como sementes que se alastram buscando enfraquecê-las.

Essas diferenças na forma de constituição de uma nação alimentam uma guerra eterna que justifica a eterna ebulição do planeta Terra e que troca seis por meia-dúzia, alternando apenas a satisfação dos egos inflamados daqueles que se nutrem de poder como se dependessem do ar que respiram, enquanto as suas ações amparadas pela decadência social conduzem à extinção da vida abandonada pelos recursos que lhes foram roubados por esta interminável disputa sem sentido, que senão a alternância de poderes.

Todo déspota acredita que a sua gestão fará a diferença histórica que conduzirá a humanidade a uma sociedade mais perfeita, pródiga. Hitler é um exemplo clássico. O EI (Estado Islâmico) é outro, porém sob o manto da justificativa religiosa, quando religião deveria ser sinônimo de harmonia e não de pretexto para as guerras, assim como os ocidentais também fizeram com as Cruzadas.

Quando a sociedade retrocede socialmente, ressurgem os ímpetos para regimes monocráticos e ditatoriais. No sentido inverso, quando a sociedade melhora seu padrão social, aparece oportunidade para a distribuição de poder e o convívio mais harmonioso entre eles.

Distribuição é o resultado da capacidade social de trabalho dividido para alcançar objetivos comuns.
Concentração (centralização) é fruto dessa incapacidade sob as trevas do egocentrismo incentivando a escravidão como meio de produção.


A realidade é que a vida humana vai aos tropeços suportando sua própria inadaptação à construção de si mesma. É justamente esta dificuldade que define os estágios primitivos da alma na sua luta em absorver o sentido da vida.

Vida é sinônimo de criação e produção e não de morte e destruição.

O caminho de evolução da alma humana faz recordar uma frase de Thomas Hardy:

Poetry is emotion put into measure. The emotion must come by nature, but the measure can be acquired by art.

Poesia é emoção colocada em medida. A emoção deve vir por natureza, mas a medida pode ser adquirida pela arte.

Thomas Hardy (1840-1928)


A alma humana evolui enquanto aprende a medir a emoção pela métrica da razão adquirida na arte de viver. A razão forma-se pelo aprendizado acumulado através das experiências gravadas pelo sofrimento ou não, mas principalmente através dele. Concomitantemente, a emoção vai se tornando o fluxo da vida sob a razão domada.

Posteriormente, em estágios mais avançados, depois que a alma atravessa a escuridão do egocentrismo, seus passos seguem a luz da emoção e da razão sincronizadas pelo amor.


Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção


abril 21, 2022

Até Onde Vai o Direito da Democracia Defender-se?

 



Para os que acompanharam os posts anteriores, onde as formas de governo foram analisadas por vários ângulos, incluindo as suas transformações como uma consequência da transformação social, neste post propõe-se uma busca pelo próprio leitor pela revisão de seus pontos de vistas. Algo pessoal que precisa estar consolidado antecipadamente para que não se fique à deriva na tempestade de tendências e decisões a que estamos submetidos.


Hoje, na primeira página do Jornal "Estadão" li esta pérola!
E das grandes!!!  

Mesmo que você não assine o Jornal, ao menos hoje poderá acessar a notícia na primeira página.
(clique na foto abaixo).




Supondo que a notícia seja fiel aos fatos, vamos aproveitar a oportunidade para avaliar um assunto que se transformou em manchete mundial, presente no cotidiano das primeiras páginas dos jornais e que vai trazendo consequências drásticas à paz mundial e à sua economia e por conseguinte ao nosso modo de viver.


A "democracia pura" é suicida porque permite que o "seu inimigo" a mate em nome da liberdade que ela defende a qualquer preço.
Lindo conceito. Os puristas amam.

Popularmente, entende-se democracia como liberdade de expressão, tanto pelos jornais brasileiros como americanos e etc. O STF com essa decisão,  parece querer proteger algo que também parece ter começado a  ser extinto em nosso país, como em outros, já que a Internet acelerou este processo de avaliação da conduta social.

Este post é apartidário e não defende políticos nem seus funcionário públicos, já que ministros também o são.

Portanto, aqui não se faz a defesa de "Daniel Silveira", contudo, a decisão do STF parece algo como "enxugar água", ou cuidar de algo terminando com ele — visto pelo prisma da democracia purista.


Se entendermos que a democracia precisa de proteção, decisões de prender oposição nos tornam semelhantes àquilo que queremos evitar, tal como acontece na Rússia, China, Belarus, Coréia do Norte, Mianmar, Venezuela, etc., etc., etc.

Penas severas por expressão de opinião não ocorrem apenas na "democracia" brasileira.
EUA, a grande nação defensora da democracia, também têm seus problemas e citando o exemplo mais popular do momento, temos Elon Musk buscando comprar o Twitter  para garantir total expressão de liberdade.

Elon Musk parece um democrata purista, ou não?
Interesse e jogada econômica? Ou de fato a defesa da liberdade total de expressão?!!!
Só na prática saberíamos...


Seria o purismo factível?
Pode um direito buscar defender-se de algo que já tirou?

Não sei, mas parece meio estranho...
Contraditório?

Se pensarmos em uma democracia de meio termo que não seja suicida, mas que busque defender-se, seria necessário um senso de equilíbrio que o modismo atual pelo extremismo não tem.

Democracia que prende a liberdade de expressão?
Como regular essa liberdade?

Talvez esteja na hora de criar um novo "regime de governo" com nova denominação.
Semidemocracia, Liberalismo Contido?
Sei lá. Deixo para os sociólogos.

O fato é que Putin virou moda no mundo!!

Sucedendo à pandemia do Covid-19, temos agora a pandemia Putin-22.


Podemos resumir as mazela mundiais numa simples frase:

Extremismo: onde sobra a emoção falta a inteligência e o respeito.

E você, o que defende?
Prisão seria excesso?
Sem prisão, quais os limites de contenção até onde não se tornem contraditórios aos objetivos que pretende defender?

A minha opinião, contudo, é muito simples.
Tudo reside na qualidade social do planeta.
Os excessos de uma parte evocam os excessos da contraparte.

Enquanto isso... continuaremos na gangorra dos ajustes que desajustam exigindo novos ajustes, sustentando a oscilação desse círculo vicioso que compromete o equilíbrio e aumenta a confusão.


Qualquer regime funcionaria bem com boa qualidade social.
Dessa forma, a solução maior não está na política e seus regimes, mas no amadurecimento do ser humano como humanidade, nos dois sentidos que a palavra evoca.

Tudo o mais é evolução — um processo lento em que a melhoria da vida é o prêmio.

Esta é uma questão que a evolução vai encontrar a resposta no senso comum daqueles que viverem.


abril 19, 2022

A Democracia em Cheque no Tabuleiro Político da Globalização E Alguns Desfechos Possíveis

 




A maioria do eventos humanos tem dois lados: o bom e o ruim de acordo com o ponto de vista do observador.

Apesar dos vários interesses em jogo na guerra entre Ucrânia e Rússia, vamos abordar aquele que é mais divulgado: a luta pelo direito de um povo decidir seu próprio destino, ou seja, o que está em jogo é o direito de escolha.

Esse princípio é basicamente o modelo político que sustenta o conceito de "democracia".

O direito de escolha (democracia) está sob ameaça não apenas na Ucrânia, mas no mundo.
É um modelo de governo que está na corda bamba do panorama futuro do cenário político mundial.


Por que a democracia adoeceu?


A história da humanidade sempre foi a luta pela disputa de interesses.
Uma das formas de amenizar esse processo foi delegar para outra entidade o arbítrio da disputa. Nos regimes democráticos delega-se ao povo o direito de escolha do viés político assim como se delega a um juiz o julgamento de um conflito.

Dessa forma, a democracia é extremamente dependente do imaginário social popular cuja maioria detém o poder.

Suponha que tenhamos um país onde a maioria da população é dedicada ao trabalho e se concentra em produzir. Em determinado momento é atacada por outra que não é afeita à produção, mas à exploração de terceiros, como era o modelo econômico de Roma à época dos imperadores. Eles eram especialistas na arte da guerra e através dela dominavam povos em desvantagem. Mediante a pilhagem e a cobrança de impostos mantinham o luxo de sua capital e sustentavam o seu povo.

Certamente um povo que foi subjugado passará a ter uma visão diferente daquela que vinha tendo diante da perda da liberdade e da exploração a que foram submetidos. Só um povo que já perdeu a liberdade pode entender o sacrifício de mantê-la, a exemplo do povo judeu.


Agora imagine uma outra sociedade onde a criminalização é crescente.
Esse processo vai gradativamente reformulando os padrões de conduta social e econômica.
Atingindo a maioria da população, certamente os cargos chaves de comando daquela sociedade irão sendo substituídos por pessoas dessa maioria, incluindo suas leis e meios que lhes sustentem o poder à força de coerção pela propaganda ou pela injunção da dependência econômica e da pobreza.

O crime depende de apoio legal para sobreviver já que a base econômica das suas atividades está no poder imposto, não consentido, e portanto é escravocrata por natureza pois que nada adiantaria tal poder se não for possível submetê-lo a outros. Afinal, o homem mais poderoso do mundo, se isolado, tem tanto poder quanto um lavrador nas mesmas condições cujo trabalho vira a própria subsistência.

O crime se legaliza à medida que vai reformulando leis e desconstruindo a cultura de um povo para atender seus objetivos. Tudo o mais se resume na disputa entre os próprios poderosos, enquanto os demais terão utilidade à medida que atenderem aos seus propósitos.

Amor???
Respeito???

O crime floresce justamente por se opor a esses conceitos, idolatrando a ambição, egoísmo, a insensibilidade e a violência como modus operandi e filosofia de vida.

Então, o que prevalece é a monetização do trabalho serviçal alheio onde o fim em si mesmo resume-se apenas em construção de poder para garanti-lo apto à disputa com os outros candidatos a essas lideranças.

Com base nesse raciocínio sociológico, econômico e político podemos agora observar alguns dos prováveis cenários emergentes do conflito na Ucrânia, que foi apenas o estopim de uma bomba que vem sendo construída desde o período anterior à segunda grande guerra mundial, que terminou na sua expressão bélica mas perdura até hoje através de ideologias.


CENÁRIO PESSIMISTA - O ENFRAQUECIMENTO DA OTAN

O aparente "rejuvenescimento" da OTAN é mais uma esperança que uma sólida aliança.

A UE (União Europeia) é uma colcha de retalhos costurada à força de uma necessidade comum e várias conflitantes.

A Alemanha retarda sua ajuda à Ucrânia, também evitando o envio de armas pesadas, tendo uma participação bem menor que países como a Letônia que tem contribuído muito mais com a causa da Ucrânia, apesar do seu potencial econômico menor que o da Alemanha. Tal conduta da Alemanha é bastante sugestiva.

Na França temos Le Pen (extrema direita que prefere a aproximação com Moscou ao invés do embate), e competindo com ela nesta eleição de 2022, temos Macron cuja política é oposta.

Se Le Pen sair vitoriosa das eleições francesas, somando com a Alemanha que vem manobrando uma política à semelhança de Pequim pelas mãos de Xi Jinping, vai reconduzir os destinos da UE para outra direção cujos ventos favorecerão Putin, pois ambos os países são pesos pesados dessa frágil união.

A Espanha que já foi a última a se manifestar e cuja tendência não se distancia muito da Alemanha e da França, poderá provavelmente também mudar a orientação diante da mudança desses dois países,  fragilizando a perspectiva de vitória do bloco, que pode apressar o efeito cascata sobre outros que adotarão a estratégia de minimização de perdas juntando-se àqueles que venham a ter mais chances de sucesso.

Aos demais restará contemporizar para não terminar da mesma forma que a Ucrânia.

França e Alemanha podem ser peças valiosas, se não vitais, para o sucesso de Putin.

A Inglaterra por sua vez ficará em posição de extrema desvantagem.

O EUA diante de uma OTAN esfacelada, poderão contar com o provável apoio da Inglaterra, do Canadá e da Austrália, este último também em posição de desvantagem dada à localização geográfica e à falta de investimento militar que o momento está requerendo.

O bloco de oposição à supremacia oriental acabaria muito enfraquecido.

Dentro deste cenário, teríamos uma Europa sob a influência da Russa e da China, invertendo-se o cenário anterior cuja influência era americana. remodelando a forma de governo na Europa.

Este é justamente um dos objetivos de Putin, o enfraquecimento da OTAN e da nação rival americana desde os tempos da guerra fria, que por sua vez atende aos interesses da China que soube tirar vantagem dos EUA oferecendo mão de obra e condições mais favoráveis às suas indústrias — uma guerra fria executada com outra estratégia tirando vantagem de um sentimento muito forte no ser humano: a ambição de mais lucro a qualquer preço.

Enquanto a União Soviética falia como bloco, a China construía seu futuro.
O desejo de Putin é reconstruir esse passado, porém reescrevendo a história com poder suficiente para angariar o apoio chinês sem terminar súdito pela relatividade de forças.

O partido Democrático estadunidense, através de Joe Biden, já trabalha na correção desses erros do passado e será preciso que a consolidação do sucesso dessa política renove a mentalidade americana contribuindo para atenuar as suas discrepâncias que enfraquecem o país como nação.

O Brasil e outros países da América que caminham para as ditaduras (ou Estadismo) pelas mãos do extremismo, ou aqueles que já caminharam, ficariam numa posição relativamente confortável politicamente, mas o povo precisaria se adaptar às consequências da nova realidade que decorreria do apoio e do "modismo" ditatorial mundial.

No Brasil, a reformulação trabalhista é um dos processos que poderá ser convertido para atender tais objetivos de concentração de poder.

Não improvável, que qualquer partido extremista que venha ganhar as eleições, diante de um Congresso rebelde e face a um cenário mundial favorável ao despotismo, acabe solucionando o problema de governabilidade da forma que já conhecemos, e como já temos experiência anterior, o que dispensa comentário.


CENÁRIO OTIMISTA


A interrupção do ataque comprometeria a estabilidade da política russa atual e a sua imagem perante o mundo, o que abriria oportunidades para o fortalecimento interno dos opositores de Putin, embora seja uma hipótese frágil diante da determinação de Putin, do apoio interno que recebe e da superioridade numérica das suas forças militares.

Um eventual fracasso de Putin na Ucrânia , também abriria caminho para a exacerbação dos ânimos contemplando recursos nucleares de efeitos menores, o que recai no cenário pessimista.

Se a OTAN ressurgir das cinzas com toda a força, já que o próprio Macron antes era favorável de substituí-la por um tratado "mais europeu", os ventos da democracia ocidental voltariam a alimentar as velas das naus políticas e econômicas de oposição às tendências ditatoriais do oriente, contendo-o.

O EUA saem fortalecidos e a política brasileira torna-se mais contida quanto às suas tendências centralizadoras.

O extremismo de Trump simpático a Putin seria reavaliado pelo partido Republicano gerando oportunidade para uma nova liderança que precisaria endossar o crescimento interno a exemplo do que o partido Democrático já faz. Esta circunstância poderá contribuir para redução das consequências de um país fortemente dividido, polarizado. Americanos têm um senso prático extremo e poderão resgatar sua força com um país mais unido.


ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO

Na mão dos Democratas, o EUA voltam à sua lição de casa quando resolveram abandonar a produção interna em busca da mão de obra farta e barata do oriente, reaquecendo sua economia interna em direção à sua reconstrução e fortalecimento, a exemplo da China.

O mundo entendeu que a interdependência econômica não é suficiente para conter guerras, como muitos políticos de liderança acreditaram para formular suas estratégias nacionais e internacionais, que agora foram pegas desprevenidas e se provaram equivocadas.

O mundo buscará mais coesão de alianças e de recursos, passando a intensificar a concentração em blocos. Teremos um remanejamento do modelo de globalização e um retrocesso, algo semelhante a uma feudalização desse processo mundial.

O remanejamento de recursos causará uma lacuna temporária agredindo as economias e consequentemente o equilíbrio de suas moedas. A inflação retornará, impulsionada pela especulação e pela demanda de esforços no redirecionamento dos novos recursos que cobrarão o ônus da insensatez mundial. Posteriormente a esta fase de adaptação, os novos recursos proverão o suporte necessário contribuindo para reequilibrar o quadro mundial.

O INESPERADO

Sabemos que a história conta com muitos exemplos em que acontecimentos inesperados acabem por mudar o rumo dos destinos da humanidade.
E contando com o otimismo, ficamos na torcida por algo assim, que possa atenuar a nossa insanidade.

LIÇÃO QUE A UCRÂNIA DEIXA INDEPENDENTE DE RESULTADO

A força da determinação de um povo que compreendeu a importância da liberdade.


abril 16, 2022

Sinais de Alerta... Hora de Reagir Dizendo Não!




Através de uma pequena retrospectiva, um mini resumo de 1985 até 2022 apresentado uma sucessão de eventos, vamos alavancar no passado a contextualização do presente, porque o hoje é consequência do ontem.

É relembrando ou conhecendo os fatos que tomamos decisões mais racionais, pois diante do esquecimento ou do desconhecimento, tanto a emoção quanto o impulso assumem a direção dos nossos atos. Não deveriam, já que a razão e a calma são a base do equilíbrio e da melhor escolha, dependendo esta da lembrança ou do aprendizado que nem sempre estão vivos em nosso pensamento. Afinal, são tantas coisas num mundo atolado de informação, que dificilmente temos cabeça e tempo para tudo, mas que em épocas eletivas, relembrar ou conhecer é útil e necessário.

É do esquecimento ou do desconhecimento que os políticos tiram vantagem.

 Diz o ditado:
"O povo tem memória curta".


Iniciamos com Tancredo até o primeiro mandato de Lula, período já descrito no link a seguir, através de um post anterior. 

Um Resumo Para Entender o Brasil das “Eleições 2018” de Uma Forma Simples e Seu Possível Futuro...

Àquela época este post e subsequentes já antecipavam a polarização pelo extremismo.


Agora passamos para 2011, quando Lula permaneceu por dois mandatos e entregou o bastão para a Dilma Rousseff, que também, assim como Lula, conseguiu reeleger-se.

O PT vai perdurando no poder por quatro mandatos sucessivos, acumulando 13 anos quando em 5 de agosto de 2016 o impeachment interrompe o mandato de Dilma.

Dilma classificou de golpe a aprovação do impeachment e acusou o então vice-presidente, Michel Temer, e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de conspiração.

Fonte: Agência Senado


Michel Temer sucede e exerce o mandato até o fim, encerrando em 2018, apesar da pressão para que renunciasse.

O PT durante tanto tempo no poder — 16 anos, foi gerando uma série de conveniências recíprocas  envolvendo a elite do empresariado nacional, causando distúrbios e escândalos que entre o vai-e-vem dos reveses, nem juízes e nem o próprio STF obtiveram a postura necessária para consolidar a imagem de respeito sobre as correções que se provassem devidas aos eventuais erros perpetrados, de tal forma que pudessem angariar solução de fato, impedindo que ocorrências tais como o caso da Odebrecht e outras construtoras conduzissem a nação pelos novos rumos da seriedade e do combate efetivo à corrupção.

Se de um lado a força tarefa da Lava Jato, que buscava higienizar a política brasileira, acabou percorrendo caminhos que conduziram a envolvimentos emocionais indesejáveis à imparcialidade que a justiça deve prover em seus julgamentos, também de outro lado os erros não são punidos e corrigidos adequadamente, conduzindo o STF para outra atitude igualmente questionável, fazendo uso de provas obtidas em condições discutíveis quanto à sua legalidade, penalizando decisões ulteriores que apenas serviram para desprestigiar ainda mais o cambaleante disvinculamento da jurisprudência das influências do poder político e dos estranhos vieses comportamentais sob a falta de transparência de um processo revertido sem a contrapartida da indenização que seria devida se de fato indevido tivesse sido todo o processo.

Algo como o velho "Deixa pra lá, que o bicho pegou. Encerra, passa a régua e chama o próximo, ou melhor, apaga a luz e deixa quieto pro povo esquecer, porque esse nó não dá pra desatar sem piorar ainda mais as coisas..."

Uma demanda perdida pelos entrelaçados caminhos do direito atabalhoado por interesses, conduz ao acerto de contas em retaliações futuras e sucessivas através de medidas que caracterizam a falta de pudor ético e o jogo da vingança típico das situações onde o desmando é a ordem do dia.


Michel Temer diante da baixíssima popularidade, representava uma esperança que também malogrou.

As decepções e os escândalos de corrupção do PT, sucessivamente, foram somando ao sentimento popular o desespero pela mudança a qualquer custo.
Então o velho ditado prevaleceu: "Quem não tem cão, caça com gato!"

Bolsonaro assume a presidência em 2019, ganhando as eleições pela tremenda vantagem provida pelo impacto emocional que as notícias foram construindo no sentimento do povo, levando a população a optar por um candidato que mesmo que eleito não governaria. O Povo não vê e não quer ver isso, porque o desespero é cego e a falta de opção é o curral eleitoral de uma massa que não sabe dizer não à falta de alternativa.




E diante dessa dificuldade de governança, a exaltação encontra seu quintal favorito onde as concessões da presidência foram se alastrando em busca de apoio em troca de negociações que beneficiaram o Congresso, desequilibrando ainda mais o exercício entre os poderes, o que conduz a mais exaltação e a mais extremismos, culminando em orçamentos secretos e uma sucessão de escândalos e subversões graduais dos padrões de transparência.

Então o jogo do vale tudo para uma reeleição aquece ainda mais o ebuliente caldeirão dos ânimos, face ao ressuscitamento do PT através do arquivamento súbito dos processos de seu líder que lhes renderam meses de encarceramento, não pelas vias judiciais mas pela improvisação de meios extra judiciais que pinçaram a recondução judicial de algo tido como julgado, conduzindo a uma competição eletiva onde ambos os candidatos advogam o extremismo de suas causas deixando o povo sem alternativa aparente e sem confiança no judiciário já que, enquanto os políticos ensaiam uma terceira via, ao mesmo tempo não desejam perder cadeiras uma vez que os ânimos nacionais exacerbados não deixam espaço para a moderação, reduzindo ainda mais as perspectivas de uma opção de centro já sem representatividade suficiente para angariar chances reais de vitória, transformando tal possibilidade em uma ilusão filosófica da media e de parte da população órfã de opção.

O povo termina mais frustrado, desesperado, exaltado e dividido por esses dois períodos sucessivos de naturezas tidas como opostas e capazes de correções e soluções mútuas, mas cujos resultados na prática parecem assemelhar-se,  onde o combate à corrupção e a conservação do poder de cidadania ficam à deriva, virando mero tema de palanque.

É necessário ter muita segurança para não se deixar envolver pelo desespero nessas horas e rejeitar as polarizações, mesmo não refletindo o consenso popular. Requer uma certeza que a maioria não consegue construir. 

Se não há opção, não há pelo que optar.
Neste contexto, o voto nulo ou branco passa a representar um não ao extremismo.

Chega de "Putins", "Xi Jinpings" e "Trumps".


No momento, infelizmente, ao que parece, estamos na mesma situação que os franceses entre Macron e Le Pen.

Resta o consolo que o Brasil não está só e não é o único na contramão da história.
Nestes momentos, mesmo os "países desenvolvidos" igualam-se aos "subdesenvolvidos" na gangorra da história.

Parece mesmo ser um problema mundial em que o extremismo vai nos deixando às portas da terceira guerra mundial, só que desta vez com o risco de confrontação nuclear já no tão agonizante equilíbrio térmico planetário, quando estes mesmos esforços e seus bilhões deveriam ser empregados em prol da restruturação da cadeia de produção que garantisse a reversão desse quadro de extinção da vida em larga escala.

Receberemos o que merecermos e infelizmente a minoria pagará pelo desatino da maioria exaltada.

O resto é coragem e tranquilidade para não acabar fazendo parte da maioria.

A consciência tranquila, ou não, é o único bem que levamos da vida.

Tudo o mais ficará mergulhado nas consequências do que restar, onde as desconstruções de um passado  furioso ficarão dissolvidas na poeira de um solo varrido pelas ventanias superaquecidas — o legado do extremismo do presente que decidiu olvidar o futuro.


Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção
Democracia e Voto Útil - Prós e Contras


abril 13, 2022

Quando faz Sentido o Diálogo?



Sempre ouvi, desde criança, a seguinte premissa:

"É preciso dialogar porque é conversando que se entende!"

Parecia uma premissa sensata aos ouvidos jovens.

Eu sentia, no entanto, que faltava alguma coisa nesse "ensinamento" martelado em meus ouvidos, mas na dúvida decidi vivê-lo.
Só o tempo veio me sussurrar as respostas cavalgando nas ventanias de meus erros.


Que tal dialogar com Putin sobre paz? 

👀 👀 👀


Talvez, a esperança justificou tantas reuniões para discutir a paz entre Ucrânia e Putin.

Afinal é uma premissa universal e que alimenta quase uma obrigação de uma "verdade" tida como básica, preliminar.
Enfim, dizem que a esperança é a última que morre (ou matam!).

Hoje, depois que os anos passaram, enquanto os fracassos foram somando os aprendizados, eu penso que o diálogo só é efetivo quando ambas as partes fazem uso da palavra sobre o mesmo leito de ética e crença.

Do contrário, é o mesmo que dialogar em idiomas diferentes que são reciprocamente desconhecidos.
Não faz sentido e nem faz pontes de entendimento.

O diálogo tem como pré-requisito a necessidade que haja algo em comum entre as partes.

Por exemplo, quando um casal perde o diálogo é porque seus valores e objetivos já estão tão distantes um do outro, que se abriu uma vala entre ambos que vai engolindo tudo, inclusive o sentido de razão.

Diálogo só faz mesmo sentido se ambos adotam códigos comportamentais e de ética compatíveis, onde haja pontos em comum (as pontes de entendimento) que tecem a costura que mantém o sentido desse diálogo.

As premissas de Putin são exclusivamente dele.
Idem de Zelensky.

Em necessidades diametralmente opostas, diálogo é mero blá, blá, blá.

Serve para ganhar tempo, ou apenas perder.
O risco é que, além do tempo, muitas vezes também arriscamos outros valores.

É muito custo sem retorno que faça diferença. 

Passei a ter muito mais retorno adotando a técnica da ação mediante o "diálogo silencioso". 👍



abril 12, 2022

Lidando Com A Decepção



 


A decepção é um padrão comportamental cultural entranhado em nossas almas como algo natural e que alicerça o direito de cobrar um indivíduo por algo que se esperava dele, mas que ele, por qualquer motivo, não delegou.

Pais, cônjuges, amigos, parentes, patrões e etc. penalizam suas "vítimas" sentindo-se com o amplo direito de expressar-lhes essa decepção em forma de amargor, repreensão, desprezo, afastamento ou qualquer outra maneira de punir.


Pensar através de exemplos permite ver as coisas por outros ângulos, principalmente quando nosso ego fica no meio bisbilhotando.

Imagine que você foi ao jóquei, gostou de um cavalo e apostou nele, mas ele perdeu.
De repente, o cavalo naquele dia não estava com toda aquela vontade de correr...
A culpa é sua ou do cavalo?

Se entender que é do cavalo, não vai ajudar muito você demonstrar todo o desprezo pelo animal.
Uma coisa é certa... brigar com cavalo, acaba em coice.  :-)

Se em contrapartida, ao invés de você se concentrar na própria frustração, você buscar aperfeiçoar sua percepção, o seu conhecimento sobre cavalos e corridas, as suas chances de sucesso na próxima aposta aumentarão muito.

Pois é...

Nós somos os únicos responsáveis por uma avaliação equivocada e pela expectativa que depositamos.

A decepção é uma projeção, também uma forma de "escravidão" imposta pela ditadura do sentimento, transpondo nossos anseios para que outra pessoa realize, seja amparada pelo dever de cuidar, amar ou qualquer outro argumento que o seu amor próprio improvise.

Nós não temos o direito de projetar nossos sonhos de realização como obrigações de terceiros.
As pessoas são livres para escolher seus próprios sonhos e construir suas vidas através dos próprios erros e acertos porque é justamente através desse livre arbítrio que nos defrontamos com nós mesmos. Do contrário, a culpa acaba repassada à contingência.

A decepção ainda carrega o viés da presunção.
Atitudes presunçosas alimentam o ego que uma vez confrontado com a realidade que nunca existiu torna a dor de aceitar nossa responsabilidade ainda maior.


É preciso ter coragem para assumir integralmente a responsabilidade pela avaliação errada que fizemos sem transferir a culpa para alguém.

Se a decepção é fruto daquilo que desejávamos de melhor para a pessoa, cabe no máximo suportar a tristeza da expectativa malograda e a nossa própria tristeza por descobrirmos que planejamos mal.
Um comportamento assim, abre espaço para substituir a acidez da crítica pelo silêncio do amor, ou a depressão pela reavaliação, lembrando sempre que certeza excessiva é sinal de comportamento presunçoso e de autoritária arrogância.

Sem esperar muito, sabendo observar melhor, a decepção mingua em nossas vidas, levando junto os ressentimento recíprocos que destroem as relações humanas.

Assim como as decepções andam de mãos dadas com as expectativas, estas alimentam as cobranças que são como os venenos que matam gradativamente, parecendo não deixar rastros, mas que o passado só potencializa seu efeito acumulativo.


Decepcionou-se?
Perdoe-se!



abril 10, 2022

Fim de Uma Era e Seu Sonho. Começo da Nova Pelo Recomeço.




Cristo morreu por sustentar seus princípios acima da própria vida, fazendo da divulgação deles sua razão de viver.

A maioria que se diz cristão, constantemente esquece desses fatos no afã diário — a mensagem da vida de Cristo e seu último exemplo.

Ser cristão, seria seguir Cristo e portanto cultivar a coragem e a determinação de fazer o mesmo, ou seja, de irmos até onde for preciso, vivendo exclusivamente por nossos princípios cristãos sem nunca abdicar dos ensinamentos que Ele deixou.

Muitas vezes durante a vida trocamos ou vendemos esses princípios a título de conforto, ou do prolongamento dela, o que torna incompatível com o legado de Cristo.

A morte é a única experiência certa na experiência da vida, contudo, ainda também morremos antes mesmo que a morte nos alcance à medida que matamos os nossos princípios em troca desse conforto material. 

Escolhemos morrer de múltiplas formas, tal como excessos alimentares, emoções radicais e etc., mas raramente por não abdicar dos ideais mais nobres. Nosso espírito imaturo deslumbra-se com outras prioridades.


A era que se extingue viveu o sonho de que a vida tinha em seu propósito maior a capacidade de desfrutá-la.

A nova era vai transpor a consciência humana pela dor através do sofrimento mundial para um novo estágio de compreensão.

Quanto menor a convicção maior é o efeito social de massa (ou de grupo), e muitos dos nossos aprendizados são apenas incorporados em nosso comportamento a partir dessa noção vivida comunitariamente, ou seja, quando a verdade parece inquestionável por ser adotada por muitos.

A "racionalidade pobre" curva-se apenas àquela "verdade" popularizada, apesar da possibilidade de ser um mero equívoco.


A "dualidade" da polarização vai nos obrigando a fazer escolhas cada vez mais árduas e restritas.

As restrições impostas pela degradação ambiental e social, através do aquecimento global, das guerras e do descompromisso irão tornando a vida cada vez mais desafiadora, fazendo das opções escolhas cruciais na arte de fenecer ou sobreviver.


A nova era virá reescrevendo os sonhos existenciais da era anterior em novas realidades que motivarão a reformulação do pensamento humano, em todas as áreas.

A vida prevalecerá, porém adaptada pela força do aprendizado materializado em seu comportamento.

A vida segue uma natureza evolutiva irrefreável.
Sucederá a extinção dos dinossauros sociais com a proliferação da consciência global que buscará sobrevivência e perspectiva de futuro com realizações fecundas de toda ordem.

A natureza se transforma pela extinção das formas inadequadas e renasce em mutações adaptativas.
É a lição que Darwin aprendeu com a mãe natureza.

A nossa sociedade obedece a regras semelhantes, já que somos seres integrantes dessa mesma natureza.
Não é porque temos um instinto de percepção maior que as outras espécies que nos tornaremos exceção.
A natureza é a mãe única de todos.


Não se aproxima o fim do mundo, mas o recomeço dessa mudança a caminho da era de reconstrução.
As mudanças são as ferramentas da evolução.    

Muitas vezes as mudanças trazem a impressão de caos e final dos tempos, quando de fato é o final de um modo de pensar que não vê solução de continuidade justamente por ser a causa de sua própria extinção.

E se a morte traz tanto medo é porque não vê nela a perspectiva desse recomeço, a exemplo de Cristo.


abril 06, 2022

Sistemas de Governo, Comportamento Humano, Espécies Invasoras e As Máquinas de Fazer Escravos

 



Ao longo da uma série de publicações venho mostrando várias facetas de ordem social, econômica e política.

A sociedade é uma cadeia de relações onde cada pessoa é conectada a outra por uma relação de interesse.

Interesse no sentido amplo é qualquer sentimento ou necessidade que mantém a relação entre pessoas.

O interesse dos pais no bem dos filhos, o interesse político no bem da nação ou dos próprios interesses, o interesse do povo em manter condições de subsistência dignas, e assim por diante.


Tentar entender o panorama geral implica analisar essa cadeia de interesses à luz do comportamento humano face às suas necessidades através da malha econômica e política.

É preciso analisar por tópicos e depois, ao poucos, ir conectando as coisas assim como fazemos com as nossas amizades.

Primeiro fazemos um amigo que depois nos apresenta à família e seus amigos, e progressivamente você vai conhecendo um a um e aprendendo como eles se relacionam.


Não existe sistema de gestão política que possa sobrepujar as contingências da natureza humana.

Pelo contrário, se a natureza humana fosse melhor, o tipo de sistema político seria secundário, e não ao contrário, como pensamos hoje.



Nua e cruamente, o principal estímulo das lutas é a luta pela liberdade.

Ela começa cedo, logo em nossa adolescência marcada pela contestação ao pátrio poder que começa a incomodar à medida que vamos "criando asas". Então descobre-se que dinheiro sustenta a liberdade e resulta na solução de muitos problemas imediatos.


Sistemas políticos têm raízes profundas na temática das drogas.
Assim como as drogas provêm escravos, as ditaduras e os excessos capitalistas (Síndrome de Burnout) também.

Escravos são fontes de recursos extremamente lucrativas e embora a escravidão tenha sido abolida na maior parte do mundo, ela continua sendo exercida de múltiplas formas.
O "tráfico de escravos" em formas equivalentes ainda é a fonte de renda mais lucrativa e praticada.

As drogas provêm um rio "absurdo" de dinheiro cuja correnteza arrasta tudo que se aproxima, incluindo a democracia, fazendo mover as turbinas do poder que sustentam ditadores, políticos, guerras e etc.

Provendo fonte de recurso inesgotável, infiltra-se no sistema, seja qual for a sua ideologia.

A sua ilegalidade é justamente o adubo que sustenta ambos os lados: aqueles que lutam contra e os que se beneficiam dela, por mais incongruente e inverossímil que isso pareça ser à primeira vista.

É como a natureza que provê lobos para controlar a quantidade de mamíferos herbívoros, pois do contrário estes exaurem a terra, ficando sujeitos às epidemias pela excessiva concentração de indivíduos que acabam desequilibrando o ecossistema.


As drogas — álcool, alcalóidesalucinógenos, psicotrópicos — sustentam a necessidade da fuga de si mesmo como meio de encontrar alívio rapidamente e acabou criando uma "espécie invasora" que foi promovendo um ecossistema próprio através da produção em abundância de escravos por dependência química que vai desestruturando o equilíbrio social original a exemplo da natureza, tais como os casos do javali, coral-sol e peixe-leão.

Esse paralelo com a ecologia (uma vez que estuda a interdependência dos seres) permite entender melhor que a nossa sociedade econômica segue regras semelhantes à natureza uma vez que fazemos parte dela. 
Tudo está conectado na grande teia da vida.


A tática que sustenta as drogas terce os fios de interesse que se atam ao poder da forma mais discreta possível e vão provendo os recursos que financiam vários interesses políticos que por sua vez viabilizam suas atividades. É um exemplo clássico de simbiose que atravessa séculos.

Lembrando Sun Tzu:

"O máximo em dispor de tropas é não ter forma determinável.
Então os espiões mais penetrantes não podem se intrometer, nem os sábios podem fazer planos contra você." 
Sun Tzu (544 BC-496 BC)


Simplificando Tzu, significa que manter o sistema disperso faz parte da estratégia de disfarce e proteção.

A troca de poder acaba cumprindo parte deste objetivo, renovando as fontes já que as velhas tornaram-se muito expostas.

O povo alimenta-se da esperança a cada vez que ouve notícias que determinado líder foi preso, e que a sua quadrilha foi desfeita ou eliminada, trazendo a sensação de proteção, de equilíbrio social e  de que o mal está sob controle.

Apenas a redução da demanda e a sua descriminalização seriam efetivas na redução drástica desse problema.


Dessa forma, apenas educação e reeducação poderiam prover o controle que esperamos, mas ambas necessitam de contexto social favorável e não só de recursos.
O antídoto eficaz para as drogas depende da vontade do dependente em abraçá-lo, que por sua vez depende da crença e da força de vontade de construir a solução de redução da dor por outros meios que não sejam os químicos. Os meios químicos são rápidos, mas temporários, deixando sequelas em que o vício desmantela o autocontrole.

Não se tem interesse na regeneração mesmo quando disponível.

Ainda, piorando o contexto, se o indivíduo observa que aqueles que trilharam o caminho pela educação acabaram de certa forma "traficados" pelo sistema sem a contrapartida necessária que sustente a sensação de realização e felicidade, ele continuará buscando outra alternativa para a realidade que ele rejeita intensamente, a ponto de assumir riscos abraçando a solução que imagina a menor dos males, a exemplo do que é feito nas eleições quando a polarização não oferece opção, levando muitos a adotar a mesma tática — votar no menos ruim.

Se é ruim, não é alternativa de escolha.


Paralelamente, o sistema judicial também se degradou e portanto a penalidade abrandou, o que serve de incentivo a soluções ilícitas. Esta é a responsabilidade que o Congresso, o Senado e o STF carregam nos ombros.

Como vêm, novamente, tudo está conectado, inter-relacionado.
É tal qual um defeito numa máquina. A peça ruim vai penalizando as demais.

Infelizmente, a imaturidade e uma natureza pessoal pouco afeita ao trabalho irá sempre conduzir ao caminho mais lucrativo pelo menor esforço, ao menos aparentemente, apesar de pouco duradouro para a maioria, através da extinção de si mesmo.


O mal se alimenta do mal numa cadeia de sinergia crescente.
Um canibal voraz sem ética, exceto a dele própria.

O indivíduo cuja natureza abraça esse caminho só tem dois destinos possíveis: tornar-se escravo desse sistema ou ter meios de disputar pela liderança que o obriga a se tornar o pior entre os piores.

Se ele alcança a glória fugaz da liderança seu tempo termina quando o sistema precisar renovar o poder.

Grande parte da sociedade, em todos os níveis sociais, é consumidora de drogas e portanto sustenta este desequilíbrio, enquanto cobra responsabilidade do sistema pela segurança e combate à corrupção e ao crime. A ironia é que, se de fato o "sistema" for realmente eficiente no combate ao crime organizado, ela acabaria sem as drogas, logo contraproducente aos seus interesses.

A hipocrisia espera um milagre delegando cinicamente a responsabilidade a um mágico que resolva o problema, e este realiza suas magias apenas em tempos de eleição.

O consumo de drogas não afeta apenas o indivíduo, mas o torna cúmplice desses crimes que transformam milhares em escravos que sustentam a corrupção, as ditaturas, as guerras e etc.

Nossas ações definem se somos parte do problema ou não.

Não resolve apenas transferir esta responsabilidade para líderes que prometem solução quando a base de sustentação desses mesmos líderes não sustenta na prática os ideais que serviram de pretexto para sua eleição. A maioria do que é dito é "puro discurso eleitoreiro", puro pretexto de palanque. Blá, blá, blá...

Tudo fica resumido num jogo de empurra-empurra entre povo e candidatos através de cinismo e muita hipocrisia.

Enquanto isso o clima agoniza.
Os cientistas já advertiram que o momento é agora, ou nunca.

Infelizmente, o "agora" está tomado pelo aumento de tensão crescente em direção a um conflito amplo, e talvez generalizado, agravando ainda mais o agonizante equilíbrio já que guerras aquecem ainda mais o planeta.

Leia "Mudança climática: 'é agora ou nunca' para evitar catástrofe, diz novo relatório".

É importante trabalhar nossas consciências de modo a reduzir cada vez mais nossa participação daquilo que repudiamos através de pequenos atos pessoais. Do contrário, fica difícil olhar no espelho.



Ao assistir o filme abaixo, nos emocionamos.




De fato, o filme documenta uma atitude maravilhosa, cujo trabalho foi realizado na forma mais discreta possível.

Infelizmente o holocausto não terminou não!!

Ele continua todos os dias através das milhares de pessoas que sucumbem pelas drogas, nas guerras, não só da Ucrânia, mas em todas, nos hospitais sem preparo para atender a população resultando em óbitos desnecessários, nas crianças abandonadas e uma lista infindável de outros holocaustos diários.


Se o vídeo fez diferença tocando sua emoção, então você pode fazer parte dela através de algo semelhante, contribuindo com instituições que cuidam de crianças, ou aquelas que tratam da saúde mundial como os "Médicos Sem Fronteiras", ou reduzindo seu consumo de carne para reduzir o aquecimento global, ou ainda compartilhar temas e notícias que encorajem as pessoas neste sentido, enfim... existe um zilhão de formas de nos tornamos um protagonista a exemplo do Sr. Nicholas Winton, lutando pela liberdade que sustenta o equilíbrio social.


abril 03, 2022

Democracia, Meritocracia e Voto Obrigatório: São compatíveis?

 




O voto no Brasil é obrigatório.

A pessoa que não quer votar já demonstra que não deseja participar do processo por alguma razão pessoal.
Este tipo de obrigação já não é compatível com o princípio democrático.
Se uma pessoa é obrigada a fazer algo que é seu direito optar ou não, muito provavelmente não fará tão bem quanto se o fizesse motivada, ou vai apertar a mesma tecla da maioria seguindo o instinto de grupo (efeito cardume). Esta última opção é tudo que "eles" precisam.


Então, não seria mais coerente que essa pessoa optasse pelo voto branco ou nulo?


Voto branco ou nulo faz muito sentido.
É legítimo, tanto é que não existe apenas um botão para se anular o voto, mas dois!!!


Em todos os setores da vida, somos filtrados pelo merecimento.
Na vida pessoal, profissional ou comunitária as portas se abrem dependendo do seu perfil.
Até a amizade que cultivamos está sob constante supervisão do julgamento de mérito.
Um deslize e você perde a amizade.

Qualquer um pode votar, mesmo aqueles que não querem e outros que não estão preparados para lidar com problemas muito acima de seus próprios perfis.

Você viajaria numa companhia aérea onde qualquer brasileiro pudesse fazer parte do grupo de avaliadores que elegem os pilotos de avião?

Eu não.

Então porque usamos o mesmo critério para elegermos os pilotos da nação, e ainda obrigamos aqueles que não se sentem preparados a participar desse processo?



Manobra política para angariar votos fáceis?

Democracia assim, funciona?




Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção
Democracia e Voto Útil - Prós e Contras



Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.5

    Israel, A Jihad e O Mundo drillback.com/notes/viewinfo/6552781cc388f6d383edee68 ----------------------------------------------- Quais as...