Este artigo é o último dessa série.
Ele contém vários tópicos relacionados que permitem formar um panorama mais rico.
Banalização
Relembrando que a facilidade banaliza, sabemos que facilitando as coisas reduzimos os preços.
O aumento da oferta também joga o preço para baixo.
AI é uma fabrica de informação onde temos duas pontas: a do produtor (o serviço de IA) e a do consumidor (você).
Se há muitos fornecedores, então a competição aumenta e reduz o preço de mercado.
E pelo lado do consumidor?
Anteriormente, realizar uma determinada tarefa dependia mais das habilidades pessoais e do acesso a fontes estáticas de informação, por exemplo livros e sites estáticos em HTML na Internet.
IA é uma fonte de informação dinâmica que reage conforme a entrada que recebe mediante uma base dados previamente processada.
Em geral vê-se na IA a solução para facilitar a vida, porém ela vai agregar menos valor pessoal às tarefas, fazendo despencar o preço que define o valor de remuneração do profissional já que parte da tarefa nem é humana.
Todas as profissões onde a IA for substituindo parcelas das atividades produtivas igualmente serão desvalorizadas. Máquinas são facilmente replicáveis, têm custo menor e não fazem greve.
Vê-se que as duas pontas, tanto a do produtor como a do consumidor são afetadas da mesma forma, através da banalização.
Um avanço Que Pressiona a Sociedade Tanto Quanto Beneficia
IA consome muitos recursos de processamento: CPU velozes, muita memória, e muita energia, sem falar do custo de captação de fontes de dados que alimentam a IA, como também a manutenção dos centros de processamento que demandam atenção especial de segurança, falhas de sistemas, filtros de qualidade das fontes de informação, etc.
Dessa forma, novas necessidades levam à geração de novos empregos e oportunidades.
A exemplo de um profissional da área de informática que vai precisar migrar das tarefas mais simples para as mais complexas e especializadas de modo a garantir a sua empregabilidade, todas as outras atividades profissionais seguirão a mesma tendência.
Fala-se muito em desemprego.
Eu penso mais em readaptação evolutiva.
A necessidade e a fome são ótimos estímulos para evocar a disposição para o progresso pessoal.
Os indivíduos que não puderem acompanhar a crescente qualificação terão dificudade de acesso ao mercado de trabalho, aumentando a pressão sobre o crescimento da criminalidade, pois diante da necessidade muitos buscam a solução pela violência.
O crime vai se organizar e se institucionalizar cada vez mais e melhor porque sem a proteção de uma organização forte, o criminoso não vai sobreviver diante do recrudescimento do policiamento face à crescente perda de inserção social e econômica.
Até quando IA será oferecida de graça?
Outro tipo de competição que o indivíduo enfrentará advirá do grau de qualidade do serviço de IA que ele poderá pagar.
Serviços gratuitos, qualidade equivalente.
A Microsoft já oferece um serviço apenas para empresas.
(Microsoft Introduces Azure ChatGPT: A Private Version of ChatGPT Tailored for the Enterprise - MarkTechPost)
Certamente a qualidade do serviço pago será melhor e mais especializada, pois do contrário qual seria a vantagem de pagar?
Este fato vai aumentar o desnivelamento social.
Se no passado a Internet foi um suspiro de alívio onde abria espaço para a inserção social, uma vez que antes dependíamos de livros que eram caros, a partir da IA podemos retornar à situação anterior através dos serviços pagos de inteligência artificial.
Haverá ainda aqueles que poderão pagar muito mais e até comprar uma solução customizada de carácter exclusivo. É só lembrar do blockchain e do serviço de cryptomoedas que depois passou a ser utilizado também para vender bens únicos apenas transferíveis pelo comprador, como por exemplo as NFTs.
O que sobra para a maioria?!
Ela vai precisar competir com as máquinas e ser capaz de oferecer um diferencial.
Simples assim!
Temerário assim!
Por um bom tempo ainda, a IA será incapaz de substituir muitas atividades humanas, mas com certeza vai barateá-las em parte.
O que temos a nosso favor para competir com a automação autômata?
Na era da revolução industrial, as máquinas causaram um grande impacto social já que eram capazes de substituir a mão de obra em serviços braçais. Trabalhadores que dependiam da pá e da enxada foram sendo substituídos pelas escavadeiras e assim todos os segmentos das atividades humanas foram galgando um novo patamar de eficiência.
O que representava caos no século XVIII, hoje representa nosso status quo de progresso.
Novamente a sociedade enfrenta seu novo desafio que começou com a automação programável e aos poucos vai substituindo postos de trabalhos repetitivos através de robots.
Agora, iniciamos a fase da automação autômata, onde postos de trabalhos que agregavam processos mais inteligentes estão sendo substituídos à medida que a IA evolui agregando à programação procedural também a capacidade de decisão mais inteligente e sofisticada.
Os robots ficarão cada vez mais espertos.
Imaginando que esta sofisticação possa evoluir indefinidamente, que diferencial o ser humano teria para competir nessa nova era, uma vez que o homem se torna cada vez mais dispensável?
Sob tal perspectiva, a consequência é que progressivamente uma vida digna ficará cada vez mais restrita à sociedade formada pela super casta econômica e pela elite de bem dotados que por sua vez estarão presos na malha do sistema.
Se a IA já começa a pintar quadros, então os nichos onde IA dificilmente sobrepujará o ser humano serão aqueles que justamente dependem das habilidades extras da alma, pois a alma é uma coisa que máquinas não poderão ter, e caso seja possível (suposição meio que tresloucada, eu acho, mas tudo bem!...), certamente ainda vai levar muuuitoo tempo!!!
Eu evito entrar aqui em discussões agnósticas vs. teológicas porque, já que ambas as partes não podem provar suas teorias, tal análise torna-se inútil do ponto de vista prático, resultando em mero exercício pessoal de filosofia e de esperança.
It is up to you! :-)
Hoje, sobre este assunto, nem a ciência e nem a religião podem prover aquilo que se torne incontestável.
A religião lida com o desconhecido através da fé e seus princípios ao passo que a ciência vai apalpando na escuridão da sua ignorância à procura do caminho que lhe conduza à solução mediante seus próprios métodos baseados na capacidade de definir, modelar matematicamente, predizer e reproduzir os fenômenos estudados.
A ciência exercita o papel de "Deus" e a religião exercita o papel de "devoto" do próprio instinto.
Eu, particularmente, penso que a inteligência poderia ser classificada como um dom da alma — supondo que a alma exista.
A alma seria este algo que dá vida aos corpos mas que ainda não podemos materializar por nós mesmos de alguma forma tangível à nossa compreensão, e portanto, sem meios de controle exceto pela volição pessoal do próprio ser e de seu criador que deteria a "chave do processo".
O dia que os cientistas puderem entender a alma, certamente vão desejar controlá-la independente de seu dono.
Cientistas são meros empregados do capital como qualquer profissão já que é o capital que lhes provêm os recursos do playground de seus experimentos cujos resultados necessitamos, tal como anestesias cada vez melhores, a cura do câncer, a evolução das próteses, etc.
O capital é norteado pela ânsia de controlar tudo para tirar proveito na direção de prover mais capital, e a alma, essa rebelde, é o último bastião do livre-arbítrio.
Retornando ao nosso ponto principal depois dessas considerações, se investirmos no crescimento das habilidades da alma, estaremos crescendo naquele campo que as máquinas nunca poderão alcançar, e mesmo que imaginemos possível, certamente pertencem a um futuro que se perde nas brumas da esperança pela pretensão humana.
A alma tem esse dom da inteligência natural que se ampara em sua memória.
A IA é como uma tentativa progressiva de copiar a inteligência que a alma provê.
Cópias, porém, são cópias. Nada como o original.
Então é justamente no desenvolvimento da inteligência e na forma de usar a memória que humanos terão que se aprimorar nessa competição com as máquinas em busca de preservar a sua empregabilidade, ou seja, de encontrar utilidade social para si próprios.
O método de ensino atual está aquém de seu tempo.
Ele está preso a um passado onde acumular conhecimento era a chave.
No ocaso de uma velha conjuntura, ainda resiste!
O ser humano é lento para reagir mas a ciência está muito rápida para produzir e isso forma o descompasso entre o presente e o preparo para o futuro diante da obsolescência da pedagogia e sua memorável lentidão para reagir às novas necessidades.
Computadores de vestir (wearable devices) vão permitir interagir com sistemas de IA que nos suprirão com informação farta e rápida em tempo real, mantendo nossas mãos livres, o que significa um passo gigante para ampliar nosso potencial.
Quando o chip do "Elon Musk" chegar (e de seus concorrentes), uma vez que ele já obteve autorização para os primeiros experimentos, nossos cérebros implantados com esses chips não só proverão recursos extras mas também mais memória, incluindo surveillance... Seu corpo passa a ser visto como um nó da rede do Sistema, uma máquina biológica com uma ID (acrônimo para "identificação").
Bye, Bye documentos de identidade!
Vão virar IDs transmitidas intermitentementes para os servidores de identidade junto com os dados de surveillance.
Você acha que esse tipo de chip vai só beneficiar o indivíduo?!
O smartphone (celular) é um exemplo.
A vantagem que ganhamos é apenas a mercadoria de troca da sua liberdade pelo controle que é entregue ao Sistema!
A exemplo disso temos a media social (facebook, twitter e etc), onde o indivíduo pela necessidade de interagir e compartilhar vai agregando informação extra espontaneamente pela necessidade de ser ouvido/visto tal como expressões do ego através de fotos pessoais, desabafos, o que faz, onde faz e com quem e o que deixa de fazer; enfim, vai enriquecendo o rastreamento dos celulares (super dedos-duros), deixando a sua vida pessoal à disposição de todos, algo que possibilita o Sistema obter um tipo de informação que seria muito cara e difícil, senão impossível, já que é o próprio usuário o patrocinador disso tudo e por vontade própria, lembrando que quando alguém faz algo porque gosta, faz muito melhor! :-)
Infelizmente, a maioria dos seres humanos ainda desejam mais do que pensam.
São mais emotivos que racionais, e sofrem mais por isso.
Naturalmente, o capital vai se aproveitar das duas pontas e finalmente o chip será institucionalizado, tornando-se gratuito e implantado no bebê logo após o parto como prática corrente em virtude de norma governamental.
Justamente aí que reside a chave do controle e a perda da liberdade pessoal.
Sem o chip, difícil competir no mercado porque o "rebelde" fica em desvantagem.
Com o chip, uma mera "peça" fantasticamente controlada pelo Sistema.
Se você observar bem, temos dois processos: um que vai tornando o humano menos necessário e outro processo que aumenta ainda mais o controle sobre ele. Tudo isso em troca das vantagens de um progresso que torna-se caro à individualidade humana, agregando menos vantagens pessoais que coletivas e sistemáticas.
Quanto menor o valor humano para o Sistema, menor a possibilidade do indivíduo receber "investimento" para aprimorar seu potencial, portanto configurando uma perspectiva oposta ao caminho da educação que tornará o indivíduo ainda mais alienado do que a alienação provida por si próprio através dos estímulos da sua própria vontade e emotividade que o desviam de uma visão mais madura das necessidades e desafios que o cercam, tal qual uma mariposa deslumbrada pela luz que condena seu amanhecer.
Será algo como somar à fome, a vontade de comer.
O "Sistema" é poderoso porque tira vantagens da fraqueza geral.
A democracia é um método conveniente nesse cenário enquanto a vontade geral puder ser conduzida, já que aumenta a sensação de um poder que efetivamente não se tem como é a crença usual.
A prova disso é que se houver um movimento coletivo, em massa, para de fato aumentar seu poder de controle, o Sistema logo converte-se em autocrático.
Estamos ainda vivendo uma época feliz pelo ponto de vista dos critérios do presente e do passado.
Lembrando o post anterior da série, as gerações futuras não sofrerão com esta perspectiva em virtude do desconhecimento da liberdade que um dia tivemos, ou seja, ninguém sente falta da perspectiva que nunca existiu.
Repensando um outro tipo de interação entre o homem e a máquina!
Se o nosso senso de utilidade futura caminhar através dos dons da alma, como estratégia diferencial de sobrevivência, então seria mais desejável trabalhar no sentido de se desenvolver a tecnologia para aprimorar o potencial humano nesta direção, do que para substituí-lo, como tem sido feito ultimamente.
Precisamos de meios para ampliar nossa capacidade de organizar o volume crescente de informação através de nós mesmos, dos nossos próprios cérebros, ao invés de contar que as máquinas os substituam.
O que é associação senão uma forma de organização?
Relembrar alguma coisa também depende da forma como organizamos as informações em nossa mente. Uma prova disso é que fica muito mais fácil lembrar coisas quando associadas a outras, não é mesmo?
Onde está sua roupa?
Se você está na sua casa, geralmente no seu quarto(para a maioria), que por sua vez tem algum móvel ou móveis para contê-la(para a maioria).
Perdemos as coisas quando não conseguimos associá-las a alguma coisa que defina seu lugar.
IA E Suas Várias Fraquezas
O tempo que trabalhei com IA foi gratificante e fantástico, contudo entendi que IA nada mais é que um programa de natureza matemática que aprende padrões e pode compor modelos matemáticos.
Por conseguinte, é muito suscetível à qualidade dos dados, o calcanhar de Aquiles da IA — e "Aquiles" já está "mancando" pois os bots inteligentes também processam informação fake e devolvem a qualidade daquilo conforme recebem. Falta ainda o senso de critério, outra etapa de conquista para IA que será ainda mais alucinantemente crucial.
Qual garantia que teremos sobre a qualidade e os efeitos dos critérios estabelecidos para os filtros?
E se forem contaminados por interesses obscuros?
E se for hackeado, então até que percebam, quanta consequência ruim já não terá causado??!!
Também há o problema da realimentação (retrofeeding) da fonte de dados.
Apenas um exemplo, pois existem outros.
IA gera dados para os consumidores. Estes publicam seu trabalho com base nas informações obtidas em algum bot inteligente (ChatGPT, etc.) e depois publicam seus trabalhos na Internet, que por sua vez vai se tornar fonte de dados dos próprios bots, formando um ciclo de autoalimentação "doentio" que pode degenerar a qualidade da informação à medida que não há garantias para o valor agregado a estes trabalhos.
Dessa forma, torna-se mais uma ferramenta de trabalho para influencers.
Durante o tempo em que pude me dedicar à IA, eu percebia que cada vez que eu reintroduzia a "inteligência acumulada" em processos anteriores para alimentar os processos subsequentes, na intenção de aperfeiçoá-los, ocorria um de dois efeitos principais:
- O sistema de IA aumentava a sua qualidade mas perdia a flexibilidade, ou seja, perdia uma capacidade estendida de análise, tornando-se mais especializado, ou
- Dependendo da qualidade dos dados e do cenário de uso, o sistema ia degradando, ou seja, ia ficando burrinho...
A inteligência humana sabe lidar melhor com o equilíbrio desse processo, sendo capaz de saber quando deve parar sob determinada situação partindo para expandir-se em outras direções.
Os engenheiros de IA estão trabalhando para cobrir essa lacuna.
É um desafio e tanto!
A ironia disso é que realizamos esta tarefa naturalmente através de um "dom" que nasce com cada um.
Um dom que atribuímos à alma, ao dom da vida.
O fantástico e o temerário de IA é que você pode moldar o "pensamento", ou seja, o modelo matemático julgador que forma a base do filtro de critério.
É justamente nestas fraquezas da IA que residem as soluções de oportunidades para nós humanos.
E por isso, resolvi trabalhar em outra direção, onde a tecnologia pudesse fazer algo que alavancasse mais o nosso potencial pessoal tornando-nos aptos para a competição com os desafios do nosso tempo através de nossos próprios valores humanos ao invés de apenas delegá-los.
Isso é possível quando criamos meios que treinem os nossos dons naturais que a alma provê.
De um lado a inteligência, a maneira muito especial como nosso cérebro é capaz de lidar com a informação, e que é muito superior àquilo que a IA poderá prover, ainda por muito tempo.
Paralelamente, necessitamos ampliar nossa capacidade de lidar com o volume crescente de informação necessária para sustentar os processos de inteligir, ou seja, de pensar e concluir.
Um mundo mais complexo exige analisar uma quantidade maior de dados.
Notei que o nosso cérebro trabalha com redes N-dimensionais de processamento da informação, coisa que nem percebemos, como também nem lembramos.
As funções do corpo através do sistema vago-simpático trabalharam processos sofisticados que não controlamos conscientemente mas interagem de alguma forma tornando-se uma fonte subjacente de informação, rodando em "background", ou seja, sob os processos conscientes.
Em nossos cérebros através destas redes com muitas dimensões, tal como se existissem em nossas mentes muitos universos de processamento paralelos e coligados, a informação trafega em velocidade absurda, embora variante, fazendo os processos interagirem em tempo real pois do contrário nós "congelamos".
É por isso que precisamos aperfeiçoar o uso desta máquina fantástica — a nossa mente—, porque quanto mais sofisticada ela se torna, mais treino requer para expandir suas habilidades, ao invés de apenas nos concentrarmos em substituí-la por processos autômatos para evitar os desconfortos de suas fraquezas atuais.
A IA como está hoje (mas isso pode mudar), vem como um meio de melhorar a vida pessoal trazendo consequências a longo prazo opostas a esta melhoria inicial, porque a forma atual de progresso "dá com uma mão e tira com as duas".
Eu acredito que a IA possa reverter esse prejuízo social e compensá-lo de alguma forma se usada adequadamente, no entanto, eu prefiro empregar meu esforço em uma tecnologia que possibilite ampliar a eficiência humana sem o risco que essa mesma tecnologia possa reverter contra nós, ou ao menos, seja de alguma forma muito improvável de fazê-lo se a tecnologia depender em parte de nosso próprio processamento, e não de uma máquina totalmente externa.
Resumindo: quando criamos uma tecnologia ela precisa valorizar mais o homem que ela própria, do contrário torna-se inevitável o agravamento das tensões sociais.
Desejar que uma máquina faça tudo por nós, é o mesmo que desejar tornar-se dispensável.
Não faz sentido ao sentido da vida.
Em contrapartida, aumentar a própria capacidade através de um processo de via dupla é uma abordagem ligeiramente diferente mas que faz toda a diferença para sustentar um futuro que também respire sentido de vida.
E Deus? Existe ou Não Existe? Onde Ele fica nisso tudo?
Tem uma frase de Vinícius de Moraes que amei quando escutei.
Foi amor à primeira vista, embora ele a tenha feito em tom de crítica a Deus, mas eu reformulei o argumento no sentido contrário quando que ele imaginava a favor da própria descrença.
A frase era dita na voz dele mesmo em uma das músicas de um álbum (coletânea de discos) que comprei ainda na época dos discos de vinil, e era mais ou menos a seguinte, buscando lá do túnel do tempo da minha memória:
"Se é para destruir, então porque é que fez?"
Uma inteligência suprema não poderia cometer um erro tão trivial que pudesse ser questionável por uma proposição tão simples.
Vejo na frase dele mais um pedido de súplica de quem se angustia debatendo-se por entender o sentido da vida do que propriamente um argumento para questioná-la.
Seria
muita pretensão tentar entender algo tão superior como Deus.
Se um mero gênio tem dificuldade de se fazer entender pelos "normais" em seus devaneios geniais, o que diria da tentativa de entendermos Deus — uma inteligência suprema —, ou outra qualquer tão distante da nossa em termos de capacidade?
Só mesmo um outro "Deus"!
É preciso aceitação para saber que o sentido de incoerência pode nascer da nossa própria incapacidade de análise.
Se você acha que Deus não existe, e as coisas são obra de uma combinação estatística de possibilidades ocorridas ao longo dos tempos, reguladas meramente por leis físicas, então fique à vontade para continuar convivendo com o sentido de uma vida que também é meramente estatística, onde o sucesso humano é apenas um evento ao longo de uma linha de existência cujo controle disputa as sua finitas probabilidades tão limitadas do conhecimento humano pela sobrevivência versus as infinitas (ou quase infinitas) possibilidades contrárias. Neste caso você também sabe onde termina qualquer operação matemática com um valor diante de outro que de tão grande parece tender a infinito, o que torna, certamente, tanto o seu trabalho como o de todos nós um parâmetro que não vai fazer qualquer diferença diante de uma provável extinção da vida.
Se você admite que Deus existe e é suprema inteligência, então o que parece destruição deve ser mera evolução.
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