junho 30, 2023

Qual o Sentido de Justiça em Crimes de Guerra ou em Crimes de Natureza Política?






Julgamentos de crimes de guerra são políticos, assim como todos os julgamentos que envolvem a opinião pública, seja na rotina administrativa de um país ou pela disputa entre eles.

No final, é sempre tudo política.

Isso é ruim?

Pode-se analisar política por dois lados principais:

Aquela em que se busca conduzir um povo e a outra que busca enriquecer quem a conduz.

Infelizmente, a segunda prevalece porque o espírito humano logo é tomado pela vaidade e pelo desejo de poder, pois grana é poder.

Golum (“My precious!”) é prático, pois atende aos dois: ego e poder.  J


Em termos políticos, é difícil apontar um político de sucesso sem algum trecho obscuro na sua trajetória.

Em termos de guerra, tanto um lado, como outro, acabam perpetrando atrocidades e ações extremas em nome da vitória exigida ao custo do próprio sangue.

Em todas as guerras, o povo paga o preço maior!

Procurar classificar o desrespeito e a insensibilidade entre agressores nas lutas por poder termina quase sempre na reciprocidade mútua levada pelos extremos emocionais dos ressentimentos, da vingança, do ódio e toda sorte que esses mesmos sentimentos extremos da competição conduzem a todos, inevitavelmente.

Em guerras, terminamos igualados aos nossos inimigos, trafegando pelas mesmas estratégias desesperadas.
Afinal, vencer é o que importa, e no auge do desespero vale tudo!!
Todos nós, quando "fora de si", “raciocinamos” menos e sentimos mais.

Acaba sendo essa a realidade daqueles que são submetidos a pressões extremas por períodos longos.

Então, se a guerra nos iguala, seja ela por meio de armas ou não, como se poderia diferenciar as partes em um julgamento?

Um critério seria pela origem — identificar o elemento agressor, ou seja, quem inicia a ofensiva.
É um critério antigo, mas pouco aplicado porque falta o consenso que determinaria a viabilidade da punição.
Por exemplo, o Pacto de Paris (1928) ao final da WW1 tentou criminalizar a guerra.

Qual seria a punição para um país que iniciar uma guerra e se negar a parar ou a pagar as penalidades que causou? Ainda... seria “pagável”?

Atualmente aplicam-se punições comerciais e diplomáticas, a exemplo da Russia que invadiu a Ucrânia sob o comando de Putin, mas são soluções que não impedem sua continuidade pois carecem de força que precisariam ter para estancar a hemorragia.

E dai? Quem detém o agressor?
Uma outra guerra?
A guerra, todavia, não é justamente o crime que desejamos evitar?

Podemos partir da aplicação de um princípio básico do direito Universal — o direito à autodefesa, que é um princípio tácito e aceito inequivocamente por qualquer cultura em qualquer tempo.

O direito à autodefesa nos conduz ao direito do exercício da liberdade.

A liberdade é outro valor reconhecido também universalmente como o direito automático consequente do direito à vida.

Infelizmente, se somos unânimes quanto à preservação da liberdade humana, fragmentamo-nos quando estendemos esses princípios sobre a liberdade além das fronteira humanas, onde animais gozando de inteligência e diligência que definem um ser vivente e senciente perdem este direito punidos por sua inferioridade. Neste aspecto, a raça humana comete todos os crimes de guerra na submissão de outros seres aos seus interesses pessoais, seja para a sua subsistência ou através da escravização desses seres.

Hoje, de tão atrasados, ainda lutamos pela extinção da escravidão, porém ainda temos que conviver com a colonização de povos que não desejam seus colonizadores. Tivessem esses povos meios bélicos de se defender, iniciariam uma guerra a exemplo de todos os países que lutaram para expulsar seus invasores.
Neste caso quem seria o agressor?
O povo colonizado que luta pela sua liberação ou seus colonizadores?

A colonização, pelo princípio "da primeira agressão" invalida completamente seu exercício.

E qual a solução?
Sem capacidade de punição, não adianta identificar o agressor se nada pode ser feito.


O mesmo na política.

Imagine alguém que cometa crimes mas com muitas relações políticas que represente grande parte dos interesses econômicos. 

Imaginar isso é fácil, não é?!  Não falta exemplos!

Qual o poder de justiça para criminalizá-lo cujo poder não esteja entrelaçado nas malhas de dependência daquele que é julgado?

Toda a justiça é politizada, a exemplo do "Julgamento de Nuremberg" e  do “Julgamento de Tokio”  ao final da WW2.

Então o que esperar de julgamentos de políticos, ex-presidentes ou presidenciáveis?

A Justiça é na verdade proporcionalmente justa àquele que a sustenta.

É extremamente difícil dar crédito a julgamentos dessa natureza, no limite dos interesses políticos e econômicos.

Consequentemente, este vácuo de credibilidade abre espaço para justificar ações que ignoram as regras moldadas pelos interesses que predominam naquele momento, alimentando o ciclo infinito na disputa pela reescrita das regras daquilo que seja justo, uma vez que a justiça "dita constituída" também faça uso dos mesmos expedientes.

Por isso, para os grandes capitais, a criminalização é um conceito relativo.

A solução advirá da convergência conceitual da grande maioria global que naturalmente determinará um modelo menos primitivo de disputa.

Essa ordem global será mantida pela impossibilidade econômica de sobrepujá-la.

Opa!
Essa maioria não acaba fazendo o papel de um ditador que impõe as suas normas pela força que tem?

Opa, de novo!
A maioria, contudo, não é também o que rege o sentido da democracia?

Eta!!!?
Não é que democracia e ditadura encontram seu ponto comum quando se trata da minoria?


Eu não quero deixar o leitor sem uma perspectiva.

Partindo-se do princípio que a verdade seja única, pois duas verdades diferentes conduzem ao pensamento que uma delas seria falsa, pode-se concluir que a convergência global seja a trajetória natural à medida que o pensamento humano da maioria aproxima-se daquilo que seja a Verdade Universal, e não mais um fruto de um estado evolutivo ainda muito imaturo.

Conhecereis a Verdade e ela vos libertará
João 8:32

Dá o que pensar, não dá? J




 

 


junho 24, 2023

STF: Uma Alternativa de Solução a Uma Entidade Jurídica Regida por Cunho Político

 




Um ministério é composto pelo presidente em exercício, à exceção do STF, cujos ministros são escolhidos gradualmente durante vários exercícios presidenciais à medida que aparece uma vaga disponível.

Absolutamente inadequado pois deforma o sentido jurídico ao dar cunho político a uma entidade dessa natureza.
Julgamentos com viés entrelaçados por dívidas de reciprocidade anulam a autenticidade de qualquer processo legal.

É uma aborto do sistema brasileiro apimentar a política com "justiça" através de juízes indicados politicamente, quanto até o exame do candidato pelo Senado pode ocorrer sob o apanágio da omissão!

Dar cunho político a uma entidade jurídica é desvirtuar a natureza imparcial da justiça.


Uma alternativa para minimizar esse efeito seria que as cortes para julgamentos nos moldes usuais, com promotoria e defesa, deveriam ficar restritas às duas instâncias já existentes, ou seja, à primeira e à segunda. 

A terceira instância, no caso o STF, deveria atender apenas aos pedidos de revisão de julgamentos e teria a função exclusiva de verificar irregularidades das formalidades legais dos processos, mas jamais constituir um novo julgamento anulando o anterior em segunda instância.

O STF exerceria apenas a revisão técnica da sentença — e não um novo julgamento.
Diante de irregularidade processual ou de interpretação legal equivocada que afetasse cabalmente o processo, este retornaria à segunda instância julgadora, reabrindo um novo julgamento, dando assim uma nova oportunidade às partes diante do provimento técnico e não julgador da terceira instância.

O sentido entre primeira e segunda instância é como quem recorre a uma segunda opinião.
Hoje, prevalece a terceira opinião como se encarnasse a própria Themis, e sabemos que o STF está longe dessa personificação.


Se o STF é tratado como uma corte comum no topo da hierarquia, então vai precisar rivalizar em número de unidades com a segunda instância para atender a tantos processos, algo que novamente desvirtua sua função primeira que é de escopo federal na defesa da Constituição.

O SFT ainda teria muitas outras funções, como por exemplo o exame da correctude técnica de leis propostas pelo Congresso e Senado, além de outras tarefas que agregassem propósito compatível à função que lhe cabe.


A lei é fruto do viés político de uma sociedade, mas a sua aplicação deve-se restringir apenas à correctude de seu cumprimento, algo que caberia apenas ao STF fiscalizar.

Hoje a situação é grave porque além do viés político natural das leis que criamos, o seu julgamento também sofre do mesmo vício. 

É como juntar a fome com a vontade de comer.



Você gostaria de ser julgado por um juiz com viés político devendo favores graças à indicação que lhe colocou no cargo???

Certamente sim, mas apenas se você estivesse do mesmo lado em que ele está, pois do contrário a sua sentença já estaria pronta antes mesmo de começar o processo.

Justiça assim, com cartas marcadas, não é justiça, mas uma ditadura disfarçada sob a pele de Themis.

 

 


junho 12, 2023

Inteligência Artificial Super Valorizada e o Desafio Sociopolitico

 



Fonte: twitter/Elon Musk 
Humor publicado por Elon Musk no Twitter.
- tradução do diálogo:
IA, por que você usa sempre essa máscara?
É melhor deixar como está.


Um cidadão não ligado à área tecnológica ou que nunca trabalhou com IA (Inteligência Artificial) é levado a pensar que IA é realmente inteligente.
O título na verdade é tão pretencioso como o ego humano.

Inteligência é um dom inerente à vida, onde não só o ser humano goza dessa capacidade no topo da cadeia de desenvolvimento racional,  mas como também toda a cadeia de outros seres abaixo dele, respeitando-se as gradações respectivas.

IA não tem nada de inteligente quando realmente paramos para pensar o que é de fato inteligir.

Um aluno que tira 10 em todas as provas não é necessariamente inteligente, mas certamente tem uma boa capacidade de replicar a informação que lhe foi fornecida e repassar quando lhe é pedida, bastando para isso uma capacidade mediana de entendimento, o que é a base do nosso sistema de ensino na avaliação através de provas e testes. E se o professor não dosar essa "capacidade mediana de entendimento" acabará reprovando grande parte de seus alunos.

Alguém inteligente vai além daquilo que lhe é passado como consequência da sua capacidade de inferir, criar novas associações, pesquisar, concluir, deduzir e entregar um produto com valor agregado àquele que recebeu anteriormente e tudo isso por iniciativa e meios próprios.

E quando esta capacidade é notável, torna-se um ser dotado da possibilidade de ir bem além dos limites conhecidos pela humanidade a seu tempo. É o caso dos "Einsteins" e dos "Teslas", como tantos outros que passaram por este planeta, assim como tantos outros que ainda passam ou passarão, talvez escolhendo o conforto do anonimato que os priva da invídia por serem superdotados.

IA é uma ciência iniciante, tal como a medicina quando tratava as infecções, mas desconhecia os micróbios e os antibióticos.

A IA do ChatGPT apelou para os cálculos probabilísticos quando os modelos neurais hoje conhecidos  tornaram-se inadequados para obter os resultados desejados.

Se desejar mais detalhes, este artigo do Estadão oferece uma abordagem amigável e em português:
Como o ChatGPT 'pensa'? Veja em animações a lógica por trás da inteligência artificial - Estadão


O ChatGPT quando lançou mão da estatística introduziu um efeito colateral interessante.

A estatística calcula probabilidades, isto é, o que tem mais chance de acontecer.

As atividades do ser humano são prioritariamente repetíveis mediante replicação de um modelo anterior. Essa é a base do sistema de educação mundial. Todos saem razoavelmente "padronizados" do sistema de ensino quanto ao modo de ver e entender as coisas, construído pelo conhecimento que o aluno foi capaz de elaborar.


Essa euforia de IA é algo como a euforia de qualquer tecnologia nova que mais surpreende que possa ser compreendida.


No caso de sistemas probabilísticos, dada uma informação de entrada, o modelo estatístico busca a resposta cuja probabilidade de correlação seja a melhor possível.

O que acontece quando jogamos uma moeda muitas e muitas vezes?
Os resultados entre cara e coroa tendem a ficar iguais.

Certamente tecnologia baseadas em probabilidade vão substituir aquilo que é repetível e muito provavelmente de forma menos original do que a verdadeira inteligência é capaz de suprir, já que os resultados mais prováveis afunilam as alternativas.
Resta a esperança de alimentar com mais dados para ampliar as possibilidades, em contrapartida, isto reduz a chance de acerto do retorno quanto à expectativa daquilo que é esperado pelo usuário.

É muito provável que com o passar do tempo, depois do "boom" da euforia deslumbrada, a solução se torne pouco original e maçante, exigindo alguma nova solução para uma sobrevida, pois do contrário termina como um seguimento de fundo como vimos acontecer com tantas tecnologias proeminentes que pareciam invencíveis.

IA terá essa evolução, mas não da forma como esperamos, pois o que desejamos vem da busca pela solução rápida e mágica que livre nossas vidas de trabalho sem perceber que talvez ainda precisemos desse mesmo trabalho na cadeia socioeconômica. Afinal, as vendas no comércio e indústria dependem do nível de desemprego como também do nível salarial médio dos empregados.


Ainda é necessário colocar em pauta o imenso interesse econômico deste "boom de sucesso" que faz as ações das empresas dispararem, criando milionários. Neste cenário não importa o valor real de entrega do serviço mas o resultado econômico que ele produz para seus beneficiados diretos, mesmo que tenha relativamente pouca duração, desde que o retorno econômico compense.


Os modelos neurais esbarram com muitas limitações.
Esses modelos procuram imitar a relação de sinapses no cérebro, onde a informação é armazenada em intrincadas cadeias de associações.

O pensamento humano oferece a capacidade de elaborar o processamento em cadeias associativas multidimensionais complexas.

Um modelo com muitas dimensões torna seu processamento muito pesado exigindo equipamentos caros que consomem muito tempo e energia, bem como uma representação algorítmica mais complexa.


Uma das esperanças — pois existem pesquisas em outras áreas por meios biológicos, ou da spintrônica, fotônica, magnônica, etc. — vem da computação quântica onde uma unidade de armazenamento de dado tem uma capacidade maior de representação de alternativas, aliviando o processamento que se torna mais rico.

Outra enorme vantagem vem do efeito do entrelaçamento quântico que permite que se estabeleçam correlações entre partículas independentes, e tudo isso livre da relação tempo/espaço da nossa física clássica (ou ortodoxa).

Isso poderá permitir a fragmentação de uma cadeia associativa N-dimensional em outras menores, facilitando extremamente a representação do modelo matemático, permitindo processamento paralelo mais eficiente através de algoritmos mais leves e mais especializados.

E o fato dessa correlação pelo entrelaçamento quântico não obedecer à mecânica quântica ortodoxa — aquela que Einstein entendia, pois para ele esse fenômeno não era compreensível, e sim fantasmagórico — muda o jogo completamente pois as alterações em um fragmento dimensional são repassados para os outros que estejam entrelaçados obedecendo outras leis que nos liberam dos custos que o tempo e o espaço impõem, acrescendo uma simplificação (em termos) e uma velocidade inimagináveis, ao menos por enquanto!


Se você não acredita ou o texto não foi feliz o suficiente para esclarecer, talvez possa descobrir hoje que você já é essa super máquina capaz de trabalhar com múltiplas cadeias associativas, porque você simplesmente é capaz de lidar com um mesmo assunto, tema ou evento de diferentes formas de acordo com o contexto que se adote naquele momento, e nem por isso você fica confuso.

A comparação mais simples é a sua capacidade natural de mudar de roupa conforme a ocasião  mantendo seus assuntos aparentemente diferentes conectados por pontes de associação entre cada uma dessas diferentes ocasiões. Por exemplo, não é porque você muda de festa que você deixa de conectar as fofocas que se associam umas às outras, ou de descobrir novas informações justamente por essas novas associações vindas de contextos diversos, ou seja, de festas diferentes.

Você não sabia que possuía uma "máquina" tão incrível, não é?

Simular isso em computadores é medonhamente complexo, começando pelas diferenças de idiomas, maneiras de se raciocinar, etc.


Então, conforme referido no post anterior 
Esquerda vs. Direita — Diferença na origem, similitude na consequência, porém um único destino final pelas mãos da tecnologia
a sociedade vai perder cada vez mais postos de trabalhos repetíveis e a educação vai precisar se reinventar para competir com as máquinas. Será preciso tornar-se mais inteligente e dessa forma estimular mais a criatividade dos alunos, a sua capacidade associativa e de inferência, mudando-se o modelo tradicional de educação cujo foco principal de desenvolvimento é hoje pela "repetição" da informação.


O que mudará na sociedade será o "valor inferido" agregado à informação, e não mais o seu "valor de posse", ou seja, a nossa era primou pela valorização de captar e reter dados em nossas memórias e também persisti-los em bancos de dados. Depois passamos a buscar as associações dessas bases persistidas, evoluindo para o processamento em larga escala (big data). 

Atualmente, com IA, começamos a era do "valor de associação" agregado à informação, um primeiro passo que precisa ser dominado antes do seguinte, uma vez que hoje precisamos retornar consultas cada vez mais coerentes e completas respectivas às requisições.

A próxima onda (ou era) que proverá "valor de inferência" agregado representará um passo monstruoso, um tsunami social onde não bastará mais disputar criatividade com as máquinas, mas também a capacidade de inteligir.

E como fica a sociedade nisso?
Vai precisar mudar seu estilo de vida.
Estudar será vital para sobreviver, porque os empregos que restavam para aqueles que buscavam caminhos alternativos à capacidade de pensar terão sido tomados pelas máquinas que podem repetir tarefas mais eficientemente.

Isso vai criar uma sociedade mais sofisticada e inteligente que transmutará o "modus operandi" de todos os processos sociais, reinventando a política através de uma nova estratégia social já que seres mais inteligentes e preparados não mais cairão nas armadilhas da demagogia barata que incinera os resultados da democracia e incentiva os regimes totalitários como solução mais eficiente para um povo mais deficiente na sua capacidade de decidir.

A natureza é drástica e não deixa margem à benevolência em seu processo de extinção, exceto o tempo que concede para nos adaptarmos, ou fenecermos.




Vide:
Esquerda vs. Direita — Diferença na origem, similitude na consequência, porém um único destino final pelas mãos da tecnologia

junho 10, 2023

Esquerda vs. Direita — Diferença na origem, similitude na consequência, porém um único destino final pelas mãos da tecnologia.

Analisando a história, vemos que...

Nos regimes de direita, quem comanda é o poder econômico de uma elite, não importa como se constitua este poder, seja pelo capital da livre iniciativa ou pela riqueza construída sobre os direitos de realeza conquistada à base da força que sobrepujou seus adversários, ou qualquer outro sistema seguindo outros meandros.

Os regimes de esquerda são uma resposta desesperada à natureza despótica do Homem que usa o poder para escravizar, ou no melhor das hipóteses, subavaliar o esforço humano em proveito da concentração da própria riqueza.

Embora o segundo tenha uma origem autêntica pautada pela reação ao direito de equalizar as transações humanas, termina invariavelmente, assim que assume o poder, eletizando o topo da hierarquia e vilipendiando justamente aqueles que subsidiaram a sua ascenção. 

Ao final, ambos os sistema, direita e esquerda, usam da força, seja pelo capital ou pela submissão militar, para manter a iniquidade das relações sociais que lhes sustentem o poder.

O povo, como sempre, carente de tudo e principalmente da educação que desperte a capacidade de raciocínio, segue seu instinto natural acreditando que o poder que tenha nascido "pelo povo, para o povo" vá de fato substituir os efeitos da ganância humana em favor de si próprios.

Então, esse mesmo povo apoiando as forças populistas e demagógicas que lutam em "seu nome" (literalmente entre aspas), elegem os substitutos que regem o seu destino à uma nova modalidade de escravidão, onde a troca de nomes acaba por concentrar ainda mais o poder na mão de poucos, ou pior ainda, na mão de Um que se julga invariavelmente tomado de qualidades especiais a ponto de acreditar que seja possuidor de todas as respostas para o progresso social.

Como ninguém detém todas as soluções das mazelas humanas, quando apenas a evolução coletiva pode resolver, o déspota acaba invariavelmente tendo que lidar com a oposição, algo pertinente ao comportamento social, onde uma ideia sempre encontra outra que antagoniza.

 Desse embate nasce o recrudescimento da afirmação de poder que busca esmagar qualquer diferença que não lhe favoreça a título de manutenção de si mesma pela imposição do medo pela violência.

É assim que os regimes comunistas nasceram e abateram seu próprio povo que os elegeu e os sustentou em suas vitórias, ao passo que os regimes capitalistas extremos trocam a miséria de muitos pelo riqueza de poucos.


O povo dependente de recursos, então submete-se ao exercício da submissão àqueles que encontraram um meio de subsistir mas que também precisam de mãos para sustentá-los, não importando a natureza do regime político-social.

E a falta de compreensão e coordenação de senso de grupo, torna o povo fragmentado pela unicidade de sua visão centrada em si mesmo — causa idêntica à causa que sustenta o despotismo, pois ambas nascem do egocentrismo. Dessa forma, o povo tem extrema dificuldade de tomar ações coletivas de autodefesa na relação de esforço na luta por condições mais justas com medo de perder o emprego que será tomado por outro, já que a individualidade se sobrepõem à coletividade.

Não existe a percepção que a liberdade e a dignidade vêm da não submissão aos efeitos do egoísmo porque inexiste a esperança de que se possa equalizar forças através da união que forja um vetor de negociação potente o bastante para reconduzir à ordem onde nasce um contexto de troca mais justa. 

O indivíduo justifica a venda da sua dignidade pela necessidade de suprir a si ou a sua família já que não haverá uma reação similar de muitos suficientemente forte para se opor, e portanto seu esforço seria em vão.

Fica claro que nós Humanos sofremos de sabores diferentes de uma mesma causa, tal como um sorvete do Mc Donald's onde a massa é exatamente igual, e só muda o xarope que lhe define o sabor.


Nós sofremos de um único mal.
Somos egoístas em nossas ações pessoais e vivemos à escravidão do egoísmo dos regimes que nós mesmos sustentamos, de uma forma ou de outra.

No final das contas, tudo é consequência de uma mesma natureza, de uma causa única sob todas as outras que dela derivam.

Estivesse o ser humano pronto para solidarizar com o infortúnio do próximo, seja pela rejeição em massa diante de uma injustiça com um colega, ou pela rejeição do apoio a líderes despóticos, não estaríamos mudando apenas o xarope de um mesmo amargo sorvete, mas a sua receita.


Gandhi trouxe o exemplo tático da não cooperação, que é solução para a maioria dos problemas sociais internos de uma nação, e alguns externos, porém esta tática exige um objetivo que unifique sentimentos. O dia que o ser humano unir-se em torno de um princípio que caminhe no sentido inverso ao do egocentrismo, sua sorte não estará mais nas mãos de líderes, mas em sua própria vontade, quando então o despotismo será desintegrado pela força de um novo comportamento coletivo que não deixará margem ao desequilíbrio de poucos.

A grande desvantagem dos regimes de esquerda é que eles se assemelham muito às antigas monarquias,  pela falta de fracionamento de poder que os regimes de direita favorecem.
Então, muitos aproveitando-se do afunilamento da estrutura hierárquica, cavam seus caminhos para mais cedo ou mais tarde, elegerem-se ao poder de forma interina, alegando uma excelência calcada em uma superioridade inquestionável (certamente pela força da atrocidade) que justifique seu empossamento perene, muitas vezes terminando apenas com a sua morte, de forma natural ou não.

Surreal?!  Não...
China, Coréia do Norte, Venezuela, Myanmar, etc.

Não é um regime que vai sanar o sofrimento de milênios da humanidade, mas a base comportamental coletiva que construirá uma nova sociedade à medida que a evolução tecnológica for extinguindo parte da população por sua transformação em virtude de uma nova necessidade que vai priorizar a qualificação profissional.

O modelo anterior que tirava proveito dessa mão de obra despreparada pois era conveniente ao sistema econômico que dela se sustentava, agora precisará reverter o processo qualificando a educação de modo a prover subsídio às novas necessidades, oferecendo acesso à educação como sustentabilidade dessa nova necessidade impulsionada pela competição do "know how" que determinará a hegemonia entre as  nações.



À medida que a robótica e a IA forem substituindo o trabalho braçal, o indivíduo sem educação torna-se desnecessário e perderá o subsídio que tinha, embora mínimo, mas que ainda o mantinha vivo.

A qualificação profissional como consequência da necessidade de subsistência e sustentação do avanço cibernético, aumentará o poder médio de compreensão da massa.

A possibilidade de conversão de "entidades inteligentes" em armas por aqueles que participam de sua construção como mão de obra elitizada proverá maior fragilidade aos sistemas políticos e econômicos que hoje predominam.

Poderá bastar um "grande cérebro" pender para um ou outro lado social, que um simples vazamento intencional de informações traçará novos rumos mudando o equilíbrio do jogo de poder, seja internamente ou entre nações.

O que restará será a competição pela instrução e inteligência que formará a estrada de sobrevivência social em disputa pelos meios tecnológicos, resultando em uma sociedade cada vez mais sofisticada, e portanto mais preparada para entender seu momento, sua parcela de poder social, e dessa lucidez nascerá a compreensão que apenas os novos caminhos poderão trazer a solução de mais equidade inspirada na sabedoria daqueles que vieram antes e viveram à frente de seu tempo, onde a expressão maior é Jesus, o expoente da percepção que assinala que apenas a mudança comportamental trará o equilíbrio e a felicidade ao Homem.


Então homens assim, como Jesus e expoentes menores, não serão mais vistos como santos, mas como seres mais avançados na compreensão das relações sociais.

Se os caminhos dessa evolução não conduzirem ao equilíbrio, certamente, no caminho oposto conduzirão à extinção, seja ela parcial ou total no extremo do pessimismo.

O instinto de sobrevivência sobrepuja todos os demais, inclusive o instinto sexual.
Muitos seres vivos, quando em cativeiro, não se reproduzem.
Graças a isso, sobra a esperança mais otimista que pessimista.

Santificar e beatificar atendem à idolatria, uma necessidade de convergir comportamentos onde a razão não acompanha.

Uma sociedade "mais racional que emotiva" conduzirá inevitavelmente à reavaliação desses valores e à percepção mais clara de seus fins, onde a religião se fundirá à ciência, tornando-se seu apêndice onde a matemática ainda não tiver meios de fincar seus pés, servindo de inspiração aos próximos passos de seu caminho na evolução científica e social.

Você não precisa ser necessariamente religioso ou otimista para acreditar que a natureza encontra meios incríveis de subsistir a ela própria. Veja o exemplo surpreendente dos crocodilos que podem dar à luz engravidando-se a si próprios.

Crocodile found to have made herself pregnant - BBC News

Então!!!
Não é otimismo, mas a certeza que a natureza que nos criou é superior a nossa própria ignorância e consequentemente detém os meios de controle de sua evolução.

Essa frase talvez satisfaça agnósticos, evolucionistas, religiosos, materialistas sejam cientistas ou não.

Tudo parece tão claro quando pensamos que existem infinitos meios de morrer, mas extremamente poucos meios de subsistir, desafiando a estatística da vida, onde um meio único de reprodução sobrepuja inúmeras possibilidades de morte.

A causa disso, na minha pobre opinião, seria uma inteligência que de tão superior, só conseguimos imaginar toscamente como a origem de tudo, resumindo em um único nome: Deus.

Seria Deus único ou consequência da pluralidade quando o limite tende à unicidade pela perfeição?





junho 07, 2023

O Medo e Os Soldados da Vida

 

Nesses tempos em que vagamos nas ondas revoltas da desesperança que lideranças políticas suflam sob a superfície do horizonte social e econômico, lutando com a decepção que ameaça nossos sonhos, e que nos faz mergulhar no pessimismo da desesperança que não vê solução futura, afogando o patriotismo, ao menos por breves momentos, e tomados pelo medo daquilo que será ou poderá ser, vale a pena refletir sobre o medo.


Existem ao menos dois tipos de medo.

O medo que congela porque vem do pânico, e o medo que nos torna espertos.

O primeiro nasce de negarmos a realidade procurando fugir e não nos preparando para enfrentá-la caso ocorra.

O segundo medo pode construir no dia a dia nossa coragem ao passo que nos preparamos.

É por isso que um soldado é treinado para o pior antes de ir para a guerra.

Do contrário, a maioria deles entraria em pânico.


Todos nós somos soldados da vida. 

Não somos?!


Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.5

    Israel, A Jihad e O Mundo drillback.com/notes/viewinfo/6552781cc388f6d383edee68 ----------------------------------------------- Quais as...