junho 12, 2023

Inteligência Artificial Super Valorizada e o Desafio Sociopolitico

 



Fonte: twitter/Elon Musk 
Humor publicado por Elon Musk no Twitter.
- tradução do diálogo:
IA, por que você usa sempre essa máscara?
É melhor deixar como está.


Um cidadão não ligado à área tecnológica ou que nunca trabalhou com IA (Inteligência Artificial) é levado a pensar que IA é realmente inteligente.
O título na verdade é tão pretencioso como o ego humano.

Inteligência é um dom inerente à vida, onde não só o ser humano goza dessa capacidade no topo da cadeia de desenvolvimento racional,  mas como também toda a cadeia de outros seres abaixo dele, respeitando-se as gradações respectivas.

IA não tem nada de inteligente quando realmente paramos para pensar o que é de fato inteligir.

Um aluno que tira 10 em todas as provas não é necessariamente inteligente, mas certamente tem uma boa capacidade de replicar a informação que lhe foi fornecida e repassar quando lhe é pedida, bastando para isso uma capacidade mediana de entendimento, o que é a base do nosso sistema de ensino na avaliação através de provas e testes. E se o professor não dosar essa "capacidade mediana de entendimento" acabará reprovando grande parte de seus alunos.

Alguém inteligente vai além daquilo que lhe é passado como consequência da sua capacidade de inferir, criar novas associações, pesquisar, concluir, deduzir e entregar um produto com valor agregado àquele que recebeu anteriormente e tudo isso por iniciativa e meios próprios.

E quando esta capacidade é notável, torna-se um ser dotado da possibilidade de ir bem além dos limites conhecidos pela humanidade a seu tempo. É o caso dos "Einsteins" e dos "Teslas", como tantos outros que passaram por este planeta, assim como tantos outros que ainda passam ou passarão, talvez escolhendo o conforto do anonimato que os priva da invídia por serem superdotados.

IA é uma ciência iniciante, tal como a medicina quando tratava as infecções, mas desconhecia os micróbios e os antibióticos.

A IA do ChatGPT apelou para os cálculos probabilísticos quando os modelos neurais hoje conhecidos  tornaram-se inadequados para obter os resultados desejados.

Se desejar mais detalhes, este artigo do Estadão oferece uma abordagem amigável e em português:
Como o ChatGPT 'pensa'? Veja em animações a lógica por trás da inteligência artificial - Estadão


O ChatGPT quando lançou mão da estatística introduziu um efeito colateral interessante.

A estatística calcula probabilidades, isto é, o que tem mais chance de acontecer.

As atividades do ser humano são prioritariamente repetíveis mediante replicação de um modelo anterior. Essa é a base do sistema de educação mundial. Todos saem razoavelmente "padronizados" do sistema de ensino quanto ao modo de ver e entender as coisas, construído pelo conhecimento que o aluno foi capaz de elaborar.


Essa euforia de IA é algo como a euforia de qualquer tecnologia nova que mais surpreende que possa ser compreendida.


No caso de sistemas probabilísticos, dada uma informação de entrada, o modelo estatístico busca a resposta cuja probabilidade de correlação seja a melhor possível.

O que acontece quando jogamos uma moeda muitas e muitas vezes?
Os resultados entre cara e coroa tendem a ficar iguais.

Certamente tecnologia baseadas em probabilidade vão substituir aquilo que é repetível e muito provavelmente de forma menos original do que a verdadeira inteligência é capaz de suprir, já que os resultados mais prováveis afunilam as alternativas.
Resta a esperança de alimentar com mais dados para ampliar as possibilidades, em contrapartida, isto reduz a chance de acerto do retorno quanto à expectativa daquilo que é esperado pelo usuário.

É muito provável que com o passar do tempo, depois do "boom" da euforia deslumbrada, a solução se torne pouco original e maçante, exigindo alguma nova solução para uma sobrevida, pois do contrário termina como um seguimento de fundo como vimos acontecer com tantas tecnologias proeminentes que pareciam invencíveis.

IA terá essa evolução, mas não da forma como esperamos, pois o que desejamos vem da busca pela solução rápida e mágica que livre nossas vidas de trabalho sem perceber que talvez ainda precisemos desse mesmo trabalho na cadeia socioeconômica. Afinal, as vendas no comércio e indústria dependem do nível de desemprego como também do nível salarial médio dos empregados.


Ainda é necessário colocar em pauta o imenso interesse econômico deste "boom de sucesso" que faz as ações das empresas dispararem, criando milionários. Neste cenário não importa o valor real de entrega do serviço mas o resultado econômico que ele produz para seus beneficiados diretos, mesmo que tenha relativamente pouca duração, desde que o retorno econômico compense.


Os modelos neurais esbarram com muitas limitações.
Esses modelos procuram imitar a relação de sinapses no cérebro, onde a informação é armazenada em intrincadas cadeias de associações.

O pensamento humano oferece a capacidade de elaborar o processamento em cadeias associativas multidimensionais complexas.

Um modelo com muitas dimensões torna seu processamento muito pesado exigindo equipamentos caros que consomem muito tempo e energia, bem como uma representação algorítmica mais complexa.


Uma das esperanças — pois existem pesquisas em outras áreas por meios biológicos, ou da spintrônica, fotônica, magnônica, etc. — vem da computação quântica onde uma unidade de armazenamento de dado tem uma capacidade maior de representação de alternativas, aliviando o processamento que se torna mais rico.

Outra enorme vantagem vem do efeito do entrelaçamento quântico que permite que se estabeleçam correlações entre partículas independentes, e tudo isso livre da relação tempo/espaço da nossa física clássica (ou ortodoxa).

Isso poderá permitir a fragmentação de uma cadeia associativa N-dimensional em outras menores, facilitando extremamente a representação do modelo matemático, permitindo processamento paralelo mais eficiente através de algoritmos mais leves e mais especializados.

E o fato dessa correlação pelo entrelaçamento quântico não obedecer à mecânica quântica ortodoxa — aquela que Einstein entendia, pois para ele esse fenômeno não era compreensível, e sim fantasmagórico — muda o jogo completamente pois as alterações em um fragmento dimensional são repassados para os outros que estejam entrelaçados obedecendo outras leis que nos liberam dos custos que o tempo e o espaço impõem, acrescendo uma simplificação (em termos) e uma velocidade inimagináveis, ao menos por enquanto!


Se você não acredita ou o texto não foi feliz o suficiente para esclarecer, talvez possa descobrir hoje que você já é essa super máquina capaz de trabalhar com múltiplas cadeias associativas, porque você simplesmente é capaz de lidar com um mesmo assunto, tema ou evento de diferentes formas de acordo com o contexto que se adote naquele momento, e nem por isso você fica confuso.

A comparação mais simples é a sua capacidade natural de mudar de roupa conforme a ocasião  mantendo seus assuntos aparentemente diferentes conectados por pontes de associação entre cada uma dessas diferentes ocasiões. Por exemplo, não é porque você muda de festa que você deixa de conectar as fofocas que se associam umas às outras, ou de descobrir novas informações justamente por essas novas associações vindas de contextos diversos, ou seja, de festas diferentes.

Você não sabia que possuía uma "máquina" tão incrível, não é?

Simular isso em computadores é medonhamente complexo, começando pelas diferenças de idiomas, maneiras de se raciocinar, etc.


Então, conforme referido no post anterior 
Esquerda vs. Direita — Diferença na origem, similitude na consequência, porém um único destino final pelas mãos da tecnologia
a sociedade vai perder cada vez mais postos de trabalhos repetíveis e a educação vai precisar se reinventar para competir com as máquinas. Será preciso tornar-se mais inteligente e dessa forma estimular mais a criatividade dos alunos, a sua capacidade associativa e de inferência, mudando-se o modelo tradicional de educação cujo foco principal de desenvolvimento é hoje pela "repetição" da informação.


O que mudará na sociedade será o "valor inferido" agregado à informação, e não mais o seu "valor de posse", ou seja, a nossa era primou pela valorização de captar e reter dados em nossas memórias e também persisti-los em bancos de dados. Depois passamos a buscar as associações dessas bases persistidas, evoluindo para o processamento em larga escala (big data). 

Atualmente, com IA, começamos a era do "valor de associação" agregado à informação, um primeiro passo que precisa ser dominado antes do seguinte, uma vez que hoje precisamos retornar consultas cada vez mais coerentes e completas respectivas às requisições.

A próxima onda (ou era) que proverá "valor de inferência" agregado representará um passo monstruoso, um tsunami social onde não bastará mais disputar criatividade com as máquinas, mas também a capacidade de inteligir.

E como fica a sociedade nisso?
Vai precisar mudar seu estilo de vida.
Estudar será vital para sobreviver, porque os empregos que restavam para aqueles que buscavam caminhos alternativos à capacidade de pensar terão sido tomados pelas máquinas que podem repetir tarefas mais eficientemente.

Isso vai criar uma sociedade mais sofisticada e inteligente que transmutará o "modus operandi" de todos os processos sociais, reinventando a política através de uma nova estratégia social já que seres mais inteligentes e preparados não mais cairão nas armadilhas da demagogia barata que incinera os resultados da democracia e incentiva os regimes totalitários como solução mais eficiente para um povo mais deficiente na sua capacidade de decidir.

A natureza é drástica e não deixa margem à benevolência em seu processo de extinção, exceto o tempo que concede para nos adaptarmos, ou fenecermos.




Vide:
Esquerda vs. Direita — Diferença na origem, similitude na consequência, porém um único destino final pelas mãos da tecnologia

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