Analisando a história, vemos que...
Nos regimes de direita, quem comanda é o poder econômico de uma elite, não importa como se constitua este poder, seja pelo capital da livre iniciativa ou pela riqueza construída sobre os direitos de realeza conquistada à base da força que sobrepujou seus adversários, ou qualquer outro sistema seguindo outros meandros.
Os regimes de esquerda são uma resposta desesperada à natureza despótica do Homem que usa o poder para escravizar, ou no melhor das hipóteses, subavaliar o esforço humano em proveito da concentração da própria riqueza.
Embora o segundo tenha uma origem autêntica pautada pela reação ao direito de equalizar as transações humanas, termina invariavelmente, assim que assume o poder, eletizando o topo da hierarquia e vilipendiando justamente aqueles que subsidiaram a sua ascenção.
Ao final, ambos os sistema, direita e esquerda, usam da força, seja pelo capital ou pela submissão militar, para manter a iniquidade das relações sociais que lhes sustentem o poder.
O povo, como sempre, carente de tudo e principalmente da educação que desperte a capacidade de raciocínio, segue seu instinto natural acreditando que o poder que tenha nascido "pelo povo, para o povo" vá de fato substituir os efeitos da ganância humana em favor de si próprios.
Então, esse mesmo povo apoiando as forças populistas e demagógicas que lutam em "seu nome" (literalmente entre aspas), elegem os substitutos que regem o seu destino à uma nova modalidade de escravidão, onde a troca de nomes acaba por concentrar ainda mais o poder na mão de poucos, ou pior ainda, na mão de Um que se julga invariavelmente tomado de qualidades especiais a ponto de acreditar que seja possuidor de todas as respostas para o progresso social.
Como ninguém detém todas as soluções das mazelas humanas, quando apenas a evolução coletiva pode resolver, o déspota acaba invariavelmente tendo que lidar com a oposição, algo pertinente ao comportamento social, onde uma ideia sempre encontra outra que antagoniza.
Desse embate nasce o recrudescimento da afirmação de poder que busca esmagar qualquer diferença que não lhe favoreça a título de manutenção de si mesma pela imposição do medo pela violência.
É assim que os regimes comunistas nasceram e abateram seu próprio povo que os elegeu e os sustentou em suas vitórias, ao passo que os regimes capitalistas extremos trocam a miséria de muitos pela riqueza de poucos.
O povo dependente de recursos, então submete-se ao exercício da submissão àqueles que encontraram um meio de subsistir mas que também precisam de mãos para sustentá-los, não importando a natureza do regime político-social.
E a falta de compreensão e coordenação de senso de grupo, torna o povo fragmentado pela unicidade de sua visão centrada em si mesmo — causa idêntica à causa que sustenta o despotismo, pois ambas nascem do egocentrismo. Dessa forma, o povo tem extrema dificuldade de tomar ações coletivas de autodefesa na relação de esforço na luta por condições mais justas com medo de perder o emprego que será tomado por outro, já que a individualidade se sobrepõem à coletividade.
Não existe a percepção que a liberdade e a dignidade vêm da não submissão aos efeitos do egoísmo porque inexiste a esperança de que se possa equalizar forças através da união que forja um vetor de negociação potente o bastante para reconduzir à ordem onde nasce um contexto de troca mais justa.
O indivíduo justifica a venda da sua dignidade pela necessidade de suprir a si ou a sua família já que não haverá uma reação similar de muitos suficientemente forte para se opor, e portanto seu esforço seria em vão.
Fica claro que nós Humanos sofremos de sabores diferentes de uma mesma causa, tal como um sorvete do McDonald's onde a massa é exatamente igual, e só muda o xarope que lhe define o sabor.
Nós sofremos de um único mal.
Somos egoístas em nossas ações pessoais e vivemos à escravidão do egoísmo dos regimes que nós mesmos sustentamos, de uma forma ou de outra.
No final das contas, tudo é consequência de uma mesma natureza, de uma causa única sob todas as outras que dela derivam.
Estivesse o ser humano pronto para solidarizar com o infortúnio do próximo, seja pela rejeição em massa diante de uma injustiça com um colega, ou pela rejeição do apoio a líderes despóticos, não estaríamos mudando apenas o xarope de um mesmo amargo sorvete, mas a sua receita.
Gandhi trouxe o exemplo tático da não cooperação, que é solução para a maioria dos problemas sociais internos de uma nação, e alguns externos, porém esta tática exige um objetivo que unifique sentimentos. O dia que o ser humano unir-se em torno de um princípio que caminhe no sentido inverso ao do egocentrismo, sua sorte não estará mais nas mãos de líderes, mas em sua própria vontade, quando então o despotismo será desintegrado pela força de um novo comportamento coletivo que não deixará margem ao desequilíbrio de poucos.
A grande desvantagem dos regimes de esquerda é que eles se assemelham muito às antigas monarquias, pela falta de fracionamento de poder que os regimes de direita favorecem.
Então, muitos aproveitando-se do afunilamento da estrutura hierárquica, cavam seus caminhos para mais cedo ou mais tarde, elegerem-se ao poder de forma interina, alegando uma excelência calcada em uma superioridade inquestionável (certamente pela força da atrocidade) que justifique seu empossamento perene, muitas vezes terminando apenas com a sua morte, de forma natural ou não.
Surreal?! Não...
China, Coréia do Norte, Venezuela, Myanmar, etc.
Não é um regime que vai sanar o sofrimento de milênios da humanidade, mas a base comportamental coletiva que construirá uma nova sociedade à medida que a evolução tecnológica for extinguindo parte da população por sua transformação em virtude de uma nova necessidade que vai priorizar a qualificação profissional.
O modelo anterior que tirava proveito dessa mão de obra despreparada pois era conveniente ao sistema econômico que dela se sustentava, agora precisará reverter o processo qualificando a educação de modo a prover subsídio às novas necessidades, oferecendo acesso à educação como sustentabilidade dessa nova necessidade impulsionada pela competição do "know how" que determinará a hegemonia entre as nações.
À medida que a robótica e a IA forem substituindo o trabalho braçal, o indivíduo sem educação torna-se desnecessário e perderá o subsídio que tinha, embora mínimo, mas que ainda o mantinha vivo.
A qualificação profissional como consequência da necessidade de subsistência e sustentação do avanço cibernético, aumentará o poder médio de compreensão da massa.
A possibilidade de conversão de "entidades inteligentes" em armas por aqueles que participam de sua construção como mão de obra elitizada proverá maior fragilidade aos sistemas políticos e econômicos que hoje predominam.
Poderá bastar um "grande cérebro" pender para um ou outro lado social, que um simples vazamento intencional de informações traçará novos rumos mudando o equilíbrio do jogo de poder, seja internamente ou entre nações.
O que restará será a competição pela instrução e inteligência que formará a estrada de sobrevivência social em disputa pelos meios tecnológicos, resultando em uma sociedade cada vez mais sofisticada, e portanto mais preparada para entender seu momento, sua parcela de poder social, e dessa lucidez nascerá a compreensão que apenas os novos caminhos poderão trazer a solução de mais equidade inspirada na sabedoria daqueles que vieram antes e viveram à frente de seu tempo, onde a expressão maior é Jesus, o expoente da percepção que assinala que apenas a mudança comportamental trará o equilíbrio e a felicidade ao Homem.
Então homens assim, como Jesus e expoentes menores, não serão mais vistos como santos, mas como seres mais avançados na compreensão das relações sociais.
Se os caminhos dessa evolução não conduzirem ao equilíbrio, certamente, no caminho oposto conduzirão à extinção, seja ela parcial ou total no extremo do pessimismo.
O instinto de sobrevivência sobrepuja todos os demais, inclusive o instinto sexual.
Muitos seres vivos, quando em cativeiro, não se reproduzem.
Graças a isso, sobra a esperança mais otimista que pessimista.
Santificar e beatificar atendem à idolatria, uma necessidade de convergir comportamentos onde a razão não acompanha.
Uma sociedade "mais racional que emotiva" conduzirá inevitavelmente à reavaliação desses valores e à percepção mais clara de seus fins, onde a religião se fundirá à ciência, tornando-se seu apêndice onde a matemática ainda não tiver meios de fincar seus pés, servindo de inspiração aos próximos passos de seu caminho na evolução científica e social.
Você não precisa ser necessariamente religioso ou otimista para acreditar que a natureza encontra meios incríveis de subsistir a ela própria. Veja o exemplo surpreendente dos crocodilos que podem dar à luz engravidando-se a si próprios.
Crocodile found to have made herself pregnant - BBC News
Então!!!
Não é otimismo, mas a certeza que a natureza que nos criou é superior à nossa própria ignorância e consequentemente detém os meios de controle de sua evolução.
Essa frase talvez satisfaça agnósticos, evolucionistas, religiosos, materialistas sejam cientistas ou não.
Tudo parece tão claro quando pensamos que existem infinitos meios de morrer, mas extremamente poucos meios de subsistir, desafiando a estatística da vida, onde um meio único de reprodução sobrepuja inúmeras possibilidades de morte.
A causa disso, na minha pobre opinião, seria uma inteligência que de tão superior, só conseguimos imaginar toscamente como a origem de tudo, resumindo em um único nome: Deus.
Seria Deus único ou consequência da pluralidade quando o limite tende à unicidade pela perfeição?
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