agosto 31, 2022

Genialidade e Memória


 


Do latim temos:

genĭus,i 'divindade tutelar; porção espiritual de cada um; graça; inspiração, talento'

Ou seja, a definição deixa implícita o ato de criar.

Do grego génos, também exprime a noção de nascimento, origem (ex.: monogénio), ou qualidade extraordinária. (Dic. Priberam).


Afinal, o que seria ser um gênio?

Popularmente, é usado para alguém que excede os padrões usuais, muitas vezes como uma forma de elogio superlativo. Ou não!  :-)

Recentemente, a Netflix apresentou uma personagem hipotética na série "Extraordinária Advogada Woo" (Extraordinary Attorney Woo) que por ser dotada de memória fotográfica excepcional é considerada "um gênio" nos diálogos da série, porém lutando com as dificuldades de interação social própria dos altistas.


Podemos observar três qualidades principais que suportam a genialidade:

- capacidade de inteligir — inteligência —, ou seja, de concluir coisas a partir de fatos onde o entendimento normal não vai além.

- criatividade: capacidade de elaborar coisas novas e aperfeiçoar antigas que representam um salto no conhecimento ou no comportamento humano.

- memória: capacidade de armazenar informações em geral à medida da sua vivência.


A partir destas três características, podemos imaginar contextos especiais de acordo com a intensidade de cada qualidade na composição da natureza de uma pessoa.


Grande capacidade de inteligir

Einstein é um exemplo.

A partir de seu "Gedanken Labor" (laboratório de pensamento) foi capaz de explorar novas dimensões da física de sua época sem qualquer laboratório convencional, exceto aquele da sua imaginação que buscava a matemática como guia.





Já Stephen Hawking, além da inteligência tinha também muita memória, porém ele tinha colegas ainda mais privilegiados na capacidade de lembrar (um deles chegou a corrigir Hawking quando ele enumerava os mais de 150 parâmetros de uma equação).




E quando o ponto forte é memória?


Por exemplo esta mulher:
Mulher de Síndrome Rara - BBC


O possuidor de memória excepcional é capaz de repetir coisas com uma eficiência atroz, mas não é necessariamente capaz de criar associações novas a partir delas, exceto aquelas já implícitas na própria informação armazenada em memória. Esta habilidade depende da capacidade de inteligir unida à capacidade criativa.

Esse tipo de "inteligente" passa em todos os concursos, lembra de tudo. É uma biblioteca viva, ambulante, etc., mas é só: apresente-lhe uma palavra, "peça um pesquisar" e a informação será retornada.
Isso não seria realmente inteligência.

NOTA: neste texto, por "associações implícitas" entende-se as informações que podemos deduzir por associações automáticas que a própria informação já carrega de forma óbvia à nossa vivência, tal como "sorvete gelado".


E se o gênio tiver alta capacidade de inteligir, mas for desprovido das demais?


Ele é fantástico para perceber relações novas entre as informações que lembra.
Tendo uma memória restrita, pois todos nós temos alguma base mínima, ele ficará limitado na sua capacidade de inferir dependendo dessa "janela de memória"[1], lembrando um carro que tivesse um motor super potente mas um tanque de gasolina subdimensionado. Este carro poderia atingir velocidades altas, mas parte do ganho se perde no reabastecimento frequente.

Esse tipo de gênio terá um desempenho que exigirá tempo de elaboração proporcional à sua taxa de memorização, ou "janela de memorização".

É claro, excluímos dessa análise patologias da falta de memória, doenças  como Alzheimer, ou algo como "amnésia anterógrada" (anterograde amnesia, short-term memory loss) mostrada aos "modos hollywodianos" no filme 50 First Dates, onde alguma verdade é uma ponta de inspiração para a ficção, 


E se o gênio tiver só capacidade criativa?

Provavelmente irá se destacar em ramos que não exigem de forma determinante as duas outras qualidades, como é o caso da pintura, escultura, etc.


Supondo um caso prático bem corriqueiro e que define os caminhos de uma nação.

Boa parte da população vota mal porque, ou não tem interesse, e/ou já esqueceu o que os candidatos fizeram.
Para votar, baseiam-se simplesmente nas novas promessas. quando então os partidos tradicionalmente tiram vantagem do eleitorado nos palanques às vésperas da eleição. 

Por que políticos não fazem campanha antecipadamente?

Porque o "povo tem memória curta', como diz o ditado.
O povo esquece e engole as mesmas mentiras e promessas de sempre.


O Super Gênio

Na prática, as três qualidades apresentadas acima trabalham juntas, em taxas de participações diferentes.

Quanto o gênio detém todas as três qualidades com alto grau de eficiência, aproxima-se da genialidade ideal.


O Pseudogênio


Genialidade precisa de um toque especial.
A capacidade exclusiva de lembrar tudo é algo extremamente valioso, mas se for despojada de um toque pessoal de criatividade e inferência que diferencie do comportamento humano médio, torna-se algo parecido com o potencial que máquinas são capazes de suprir.

Neste contexto, a genialidade fica diluída pela reprodutibilidade "não inteligente" ou pela "inteligência artificial", algo que um robô faria. E dificilmente chamaremos um robô de gênio! :-)


Separando as coisas, facilita entender essas pessoas com dons especiais


Vou apresentar este tópico através de um exemplo real.

Quando era garoto, tive a oportunidade de frequentar por um breve período o atelier de um pintor com quadros expostos (e vendidos) no Brasil e no exterior, quando morava na capital de São Paulo (Aclimação).

A minha curiosidade era grande porque falavam da sua genialidade para pintar e eu desejava muito conhecer alguém assim, "de carne e osso e ao vivo".  :-)

Através de meu pai, consegui "o passe" para visitá-lo.

Durante alguns dias, pela manhã, eu tocava a campainha do sobrado onde ele morava com a esposa, que sempre atendia à porta fazendo um gesto rápido, típico de italianos, para que eu subisse para o atelier, no andar de cima do sobrado, uma sala grande e ampla.

Existia um pequeno sofá, onde eu me sentava e ficava horas observando ele pintar. 
Ele gostava de conversar, embora sua prosa fosse como interrupções repentinas dada à sua absorção naquilo que fazia, tal como golfinhos vão à superfície para pegar ar. Eu permanecia discreto, porque não queria atrapalhar. "Crianças também têm senso de oportunidade". :-)

Pessoas assim têm vida introspectiva muita intensa, e "tagarelas" são incompatíveis quando elas trabalham.

Numa dessas emersões, ele fica meio de lado no velho banquinho branco de madeira, muito simples que usava para sentar enquanto pintava seus quadros, e me disse, rompendo o silêncio no seu sotaque italiano típico e forte:

"Isso daqui é o mar, mas não tem ondas! Tá uma perqueria não tá?! "

Eu fiquei em dúvida do que deveria dizer, afinal o quadro não estava pronto. Achei melhor olhar para ele como quem pergunta "E daí?", mas não responde.

Além do dom artístico, ele pintava as cenas que via de memória, quando a maioria dos pintores precisa de um modelo. 

"... aqui ainda nem praia tem!!!"
"Eu tô pintando uma praia do litoral paulista em que estive no por do sol... e vi essa cena e gostei muito!!"

De fato, a parte superior do quadro retratava o céu com toda a magia de um por do sol mas contrastava com a parte inferior que parecia algo como uma faixa borrada de verde seguida por outra faixa também borrada em tom amarelado.

Virou novamente para o quadro e ficou minutos estáticos como que penetrando na tela.
Torna a girar para mim, e diz animado:

"Agora você vai ver o mar..."

E foi quando a mágica dos geniais surpreende as almas dos simples mortais.
Pegou uma pequena espátula usada por pintores e começou em movimentos rápidos, que mais pareciam aleatórios e alucinados, a borrar aqui e acolá de tons em branco que se misturavam àquela faixa borrada de verde cuja tinta ainda estava fresca, formando as ondas prometidas, adornadas por espumas frescas que eu podia tocar com as mãos dos olhos e senti-las com a imaginação, tal como pudéssemos finalmente tomar um banho de mar em um lindo final de tarde, ao por do sol.

Tudo muito rápido, frenético.

"E agora, tá bom???"

Eu arrisquei: "as ondas estão maravilhosas..."

Mas está faltando alguma coisa... sabe o que é?!

Ele me testava, o tempo todo, mas eu ficava mais paralisado para entender como ele conseguia materializar de um borrão verde com uma espátula atolada de tinta branca a carícia da brisa que eriçava as ondas com suaves espumas que bailavam na brisa, exatamente e tal qual nossa visão capta em breves frações de segundo a beleza que até então me parecia impossível de guardar.

E vendo que eu não saia do meu estado de congelamento, ele continuou num tom de quem dá o gabarito ao aluno de forma carinhosa:

"Tá faltando aquele reflexo sobre a areia quando a onda retorna para o mar."

E na faixa-borrão restante, de cor creme amarelada, ora com o pincel, ora com a espátula, como se atirasse pequenas porções de tintas sobre a tela transformando o quadro numa segunda aquarela, além daquela que ele segurava na mão esquerda e que fornecia uma miríade de tons. Repentinamente, num movimento brusco pegou um pano sujo de tinta e começou esfregar aquela parte da tela como que estivesse apagando.

"Hiiiii, ele errou! Tá refazendo"... Pensei.
Ledo engano...
Ele retorna aos movimentos frenéticos de pintura entremeados de paradas súbitas e meditativas.

Após poucos minutos, vira-se para mim, afastando-se do quadro como quem apresenta orgulhoso o que fez e pergunta:

"Tá vendo o reflexo do por do sol sobre o tênue filme de água que vai se recolhendo na areia?"

Sim... eu via mais que uma fotografia. Eu olhava para uma imagem que me transportava e que parecia ter alma, como se pudesse emanar a magia desses momentos.

Então ele me convidou para tomarmos o lanche da tarde juntos.
Eu não sabia de onde vinha tanto carinho, mas meu pai, mais tarde, me contou que, quando minha mãe estava grávida de mim ele olhou para a barriga dela e disse:
"Ser for maschio, eu vou te dar um quadro de presente!".
E deu. Eu o tenho até hoje.

Entre um gole e outro de café com leite, que eu não tinha pressa alguma em terminar para que o momento pudesse se estender, ele foi me contando a sua história, a sua infância miserável na Itália, e que não tivera a oportunidade de aprender a ler e escrever.

Foi ali que comecei a aprender a minha lição.
Para ele, as letras eram como desenhos (palavras dele).
Era a esposa que cuidava das contas e de tudo o mais.

Naqueles dias com Gino Bruno, eu aprendi muitas coisas.
Como congelar sentimentos sobre uma tela de pano, como abrir portas que transpõem a alma para  outras dimensões e como o cérebro humano pode ser tão surpreendente.

Tanto ele, como meus pais e outras pessoas me perguntaram se eu queria me tornar um pintor observando o interesse do garoto naqueles dias em que o visitava.

Eu não tinha como responder.
Não dava para explicar o motivo real: o meu interesse estava no processo.
Eu já havia devorado tantos livros biográficos, mas eram livros, e aquela foi uma oportunidade de converter páginas em realidade.

Apenas desviei a atenção às respostas que me pediam contando entusiasmado como ele havia criado tudo aquilo, tão fantástico!
Uma coisa típica de criança, contar o que viu!
Disfarce perfeito.

O meu interesse continuou pela vida e pude conviver com outras pessoas assim, cada uma delas tão distante de mim quanto próxima de seus dons excepcionais, mas concomitantemente tão próxima quanto mais distante estivessem deles.

Assim são os gênios.
Um ser humano sob a capa da genialidade.


NOTAS SOBRE TERMOS UTILIZADOS NO TEXTO


[1]: janela de memória: período de tempo que a memória retém informações não emocionais.
Informações conectadas à emoção são armazenada por tempo indeterminado, mas aquelas que coletamos, por exemplo, em atividades de estudo, após algum período são perdidas, necessitando revisão para conservá-las. 

NOTA: a eficiência da memória também pode ser avaliada pelo número de vezes que precisamos repetir uma informação até que permaneça ativa em nossa lembrança. Fatores emocionais, neste contexto, são descartados porque tratam um capítulo à parte.











agosto 28, 2022

As Vantagens do Voto de Reprovação - Não adianta reclamar da polarização política se não fizermos nada para diminuí-la

 




Nas eleições, o voto nulo e branco não reprovam candidaturas mesmo que eles se tornem maioria.

Suponha que em uma eleição tenhamos:

- 38% de votos brancos ou nulos
- 32% de votos no candidato A
- 20% de votos no candidato B
- 10% de votos em outros

Pelo resultado, fica evidente que a maioria dos eleitores reprovam tanto A, quanto B e os demais.


Seja na disputa para governador ou presidente, o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos – equivalente a mais da metade, 50%, excluindo os votos brancos e os votos nulos – será automaticamente eleito ainda no primeiro turno ... (sistema adotado no país desde 1996, quando se adotou as urnas eletrônicas). 
Yahoo - 2022


Dessa forma, pela simulação acima, haverá segundo turno para A e B.

Esse modelo reforça a polarização porque o eleitor quer resolver tudo logo no primeiro turno, o que "rouba" as oportunidades dos outros candidatos, mesmo que o eleitor tenha simpatia por eles.

É a prevalência do senso prático tentando garantir a vitória o quanto antes.
Afinal de contas, muitos pensam que é inútil "jogar o voto fora" votando em alguém que não decolou nas pesquisas de intenção de votos!

Não adianta ficar reclamando da polarização política enquanto não fazemos nada para diminuí-la.

Dessa forma, esse modelo é inadequado porque além de reforçar a polarização, cujo consenso comum já reconhece que é negativa, também fomenta a autocracia interna dos partidos.

Como podemos ter democracia de qualidade se os "elegíveis" nascem de um processo comandado pelos "caciques" de seus partidos?

Um exemplo disso pode ser observado pela luta de Simone Tebet (MDB) para obter a candidatura à presidência nestas eleições de 2022.
 
Como uma boa democracia  pode nascer de uma autocracia de base que determina quem será ou não candidato?

Isto reduz a oportunidade de mudanças que ficam sob o controle de poucos, transformando as eleições em um jogo de cartas marcadas impondo ao povo as opções de poucos.

É necessário que se crie o voto de reprovação, que anularia as eleições caso fosse maioria, em virtude da falta de representatividade, ou seja, falta de aderência eleitoral, dando lugar a uma nova eleição com novos candidatos.

 

Algumas Vantagens e Desvantagens do Voto de Reprovação

- O temor pela desaprovação popular através do voto de reprovação vai trazer mais respeito político.
O político respeita menos o eleitor quando, depois de eleito, faz o que bem entende contando com o esquecimento do eleitor.

- Proverá mais chances para que um maior número de bons políticos possa ter sua oportunidade reduzindo a dependência da política interna do partido ("coronelismo dos caciques").

- Reduzirá o poder dos lobbies partidários dentro do próprio partido, moderando o poder de "caciques" que exercem o despotismo na base da democracia.

- Aumentará o poder da opinião pública e refinará o processo democrático.

- Encarecerá o processo eleitoral inicialmente, mas será compensado pelos seus efeitos positivos posteriores reduzindo os prejuízos de uma nação que passará a ter um sistema mais seletivo e, portanto de melhor qualidade!

- Aumentará a dificuldade do eleitor em acompanhar um número maior de possibilidades, mas estimulará a análise.

- Torna o processo eleitoral mais autêntico já que terá maior aderência à vontade popular uma vez que o candidato não é mais uma opção única imposta por um grupo dentro de partidos.

Também seria aconselhável eliminar o segundo turno que contribui negativamente, aumentando a polarização e ainda gera mais ônus para a nação.
Trata-se de um segundo custo com efeito adverso à prática democrática.


Certamente o leitor ainda poderá encontrar outras!

O importante é divulgarmos a discussão porque democracias genuínas não nascem de bases autocratas. Não conte que os próprios políticos o façam!

Da forma como estamos hoje, acaba um jogo fácil para marcas as cartas.




"Few men are willing to brave the disapproval of their fellows, the censure of their colleagues, the wrath of their society. Moral courage is a rarer commodity than bravery in battle or great intelligence. Yet it is the one essential, vital quality for those who seek to change the world which yields most painfully to change."

"Poucos homens estão dispostos a enfrentar a desaprovação de seus companheiros, a censura de seus colegas, a ira de sua sociedade. A coragem moral é uma mercadoria mais rara do que a bravura na batalha ou a grande inteligência. No entanto, é a qualidade essencial e vital para aqueles que procuram mudar o mundo que cede mais dolorosamente à mudança."

Robert Kennedy


Leituras Adicionais

VOTO DE REPROVAÇÃO NÃO É VOTO NULO OU BRANCO

O que fazer quando não encontramos uma opção na hora de votar?



EM ORDEM CRONOLÓGICA INVERSA - O MAIS RECENTE EM PRIMEIRO

Democracia e Voto Útil - Prós e Contras

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Sinais de Alerta... Hora de Reagir Dizendo Não!

Democracia, Meritocracia e Voto Obrigatório: São compatíveis?

E foi assim que aconteceu... E continua acontecendo

E Quando Não Se Tem Um Candidato? Vota no "Menos Ruim"

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VOTO DE REPROVAÇÃO NÃO É VOTO NULO OU BRANCO

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Uma possibilidade de retorno de Lula à presidência ainda após as eleições de 2018

Democracia Plena é Utopia Contraditória

Milagres Questionáveis e o Marketing Político

O que é Estado Democrático de Direito? Temos Um?

agosto 24, 2022

Ignorância: A Origem Comum Com Consequências Díspares

 



"Ignorância" é uma palavra estigmatizada.
É sinônimo de ofensa.

Visto com bons olhos, ignorância é o estado de ignorar algo.
Neste aspecto, somos todos.

O nosso mundo do dia-a-dia reúne uma quantidade fantástica de informação, e ignoramos a maioria delas.

Se contarmos com o conhecimento contido no Universo, então nossa ignorância torna-se infinita.


Um erro nasce da ignorância sobre a dor que um sofrimento pode causar.

Podemos até imaginar suas consequências ruins, mas na maioria das vezes precisamos vivenciá-las para de fato conhecê-las realmente, quando então somatizadas à alma construirão a concretização daquilo que antes não passava de imaginação.

Depois deste momento de "conhecimento emocional" não desejaremos repeti-las novamente.

 

A soberba nasce da ignorância de não entender o tempo precioso que perdemos dispendido com os caprichos do ego.

A avareza nasce da ignorância sobre o sofrimento da necessidade alheia que evitamos conhecer.

A volúpia dos desejos ignorando o próprio descontrole e suas consequências trágicas.

A gula que ignora o enterro da saude.

A inveja que ignora o próprio potencial aliado à possibilidade de construção mútua.

A ira que ignora a lucidez das próprias ações.

A luxúria que ignora a dignidade própria e a dignidade alheia.

A preguiça que ignora os lucros do amanhã através do hoje.

O egoísmo nasce da incapacidade de perceber que a dor alheia será, mais tarde ou mais cedo, parte da nossa dor, ignorando que parte do sofrimento alheio é transferido para nós pela cadeia da vida.

A ambição nasce da incapacidade de perceber os limites das nossas necessidades e desejos, quando então transgredimos o equilíbrio e o respeito aos recursos alheios, promovendo o prejuízo que não conseguimos avaliar antes diante da cegueira emocional.

A impulsividade que ignora o senso de oportunidade.

A indisciplina que ignora o plantio constante desperdiçando as oportunidades.

A ignorância escolhe os atalhos errados.

A ignorância ignora a própria ignorância.


Evolução nada mais é que o caminho para o conhecimento.

"e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

João 8:32 , Versão Almeida Revista e Atualizada





agosto 23, 2022

Por que o STF Decepciona? Um Rio Com A Nascente Comprometida




NOTA
Propositalmente, não são apresentadas propostas de solução, onde o espírito democrático de cada um deve contribuir com as suas próprias. Se desejar, fique à vontade para fazê-lo nos comentários do post, (abaixo). O objetivo maior é trazer os temas para um "momento de ponderação" que nos torna melhor preparados para entender e definir as nossas posturas e decisões com mais lucidez..
 

No STF (Superior Tribunal Federal), o ministro da justiça é indicado pelo presidente.

Oras... um presidente tem viés político e partidário, logo também as suas indicações.

Esta prática degenera o princípio de imparcialidade e equidade de que a justiça necessita espelhar e defender. Essa é a função primordial do judiciário: "Julgar imparcialmente".

No Congresso e no Senado, a disputa da liderança segue nos moldes que as indicações ao STF também ensejam.

A deturpação democrática começa no topo, nas leis e nas regras que vão sendo "cuidadosamente" tricotadas pelos meios políticos para agasalhar desejos de controle e flexibilização, certamente a quem interessa tal flexibilização.

Dessa forma, o processo democrático, aos poucos contaminado por manipulações de lobbies políticos, vai corrompendo os princípios que buscam preservar a equidade, ou ao menos o equilíbrio razoável na distribuição de recursos, que deve atender à necessidade comum dos anseios nacionais, promovendo a distribuição de riqueza adequadamente ao seu povo.

Ao longo do tempo, nosso processo democrático vem apresentando um quadro patológico que a partir de seu estado inicial avança para o mais grave, quando enseja a perda progressiva do "Estado de Direito" conduzido pelas disputas que concorrem pela maior influência sobre este processo, e que finalmente redundam na polarização, e desta ao embate cada vez mais intenso na guerra de ânimos acirrados de quem vai assumir a liderança desse processo que seria de todos nós.

Neste estado de ânimos fica difícílimo colocar os interesses nacionais acima de tudo, senão impossível.


Putin destruiu o processo democrático russo iniciado por Gorbachev com a queda do comunismo praticado pela "União Soviética".

O Brasil, a exemplo de muitos países, corre o mesmo risco.

Uma eleição acirrada pelos ânimos polarizantes e exaltados sinaliza um status quo que é o combustível certo para alimentar as máquinas das ditaduras, tal como rolos compressores que vão moldando as leis, tornando a estrada plana para o despotismo.

Um termômetro desse processo manifesta-se no tratamento dado à nossa Constituição.

A Constituição americana foi alterada 27 vezes em 230 anos.

No Brasil, o número de propostas de modificação em 30 anos foi de 21 mil, sendo que 100 emendas foram promulgadas desde que entrou em vigor até 26/06/2019.

FONTES:
Constituição dos EUA teve 27 emendas em 230 anos
Aos 30 anos, Constituição Federal chega à 100ª emenda , Fonte: Agência Senado


Fazendo-se uma comparação, usando-se apenas as promulgações até aquela data e dividindo-se o número de mudanças pelo número de anos, temos:
EUA = 0.11739130434783
Brasil = 5

Agora, comparando os dois resultados observamos que o Brasil mudou a sua Constituição 42,6 vezes mais que a americana, até aquele período. Certamente, a disparidade será crescente à medida que não parem de fazê-lo nesta intensidade. Chegaremos a quanto? 100x? 200x?
Então o que parecerá o Brasil do futuro?

Uma Constituição deve ser o instrumento de proteção dos direitos básicos, valores vitais e mínimos de uma nação que se consagra em defendê-los, e não uma peça de direito à semelhança de código civil que atende aos dinamismos das necessidades ao sabor do tempo.

Uma Constituição deve incluir apenas os princípios que definem a essência de quem somos.

Até meados de 2019, podemos, então, concluir que a nossa nação mudou 42 vezes, ou no mínimo "ajeitou", aquilo que considera vital para definir o "Brasil e o povo brasileiro"?

Não faz sentido?!

Faz sim!!
Depende do ângulo que você olhe.  :-|

Sustentando a Constituição hiper alterável, vem o judiciário, sob a tutela de seu gestor maior, o STF, aplicando e protegendo o que ali está disposto, na função que lhe é atribuída.

Tantas mudanças lembram um ditado que diz:
"Em panela que muitos mexem, queima ou salga".

Seriam os nossos valores essenciais tão carentes de mudanças frequentes?!!!!!

Esse é o termômetro da instabilidade de valores cuja disputa enseja caminho aberto para a subversão do que somos para algo que não queremos, que poderia subsidiar um regime despótico legalizado através de sucessivas e paulatinas mudanças de uma Constituição convenientemente volátil, difícil de acompanhar.

Tudo isso faz lembrar "massa de moldar" onde todos disputam o molde final, sendo que a massa moldada, em si mesmo, não tem vontade própria.

Eu me pergunto...
Seria isso uma boa democracia?
Pode uma boa democracia sair ilesa quando servida por duas facções belicosas pela disputa de poder e exaltadas em seus ânimos?
Ânimos exaltados sustentam e patrocinam boas consequências?

Será que uma democracia que se prese não tem valores mais estáveis através de uma Constituição que se imponha pelo respeito à sua estabilidade ao longo dos anos na proteção daquilo que somos?

Uma Constituição é para um país como uma âncora para um navio.
Sem ponto de fixação, deixa a nau à deriva, sujeita às correntezas.



agosto 22, 2022

Alguma Vez Já Pensamos: "Se Deus é Todo-Poderoso, Por Que Não Conserta o Mundo?"

 



Essa deve ser a dúvida de muitos, principalmente daqueles que creem na existência de algo maior que esteja no controle dos destinos de todos nós direcionando a evolução social.

A resposta a essa pergunta depende da premissa inicial que se adote.

Se partirmos da premissa que a vida é uma consequência aleatória de uma natureza Universal que deu a sorte de criar tudo isso, então a resposta é que ele não conserta porque ele inexiste! 😀
Tudo se resumiria numa mera coincidência de "zilhões" de eventos que deram a sorte de tecer e manter essa delicada e intrincada cadeia ecológica que sustenta o planeta.

Agnósticos gostam mesmo de apostar na sorte do acaso! E haja sorte e acaso!!!

Partindo da premissa que exista realmente um meio diretor que rege a vida e que este fosse extremamente evoluído, algo tendendo a infinito, uma coisa que a maioria de nós entende por divindade, então a indagação passa a fazer sentido.

Esse conceito de infinita evolução e poder é complicado para aceitarmos intuitivamente porque é difícil imaginar grandezas infinitas, então podemos facilitar substituindo por muito, muito grande.

Admitindo que Deus fosse algo assim, então por que Deus tendo todo esse poder não varre da Terra tanta contravenção às suas leis, tanta injustiça?

Qualquer pai (ou mãe) não colocaria ordem na bagunça da casa!!
Bom... depende da casa!

E se a casa fosse uma escola, você convidaria para alunos exatamente aqueles que precisam aprender o que você tem para ensinar, ou não?! 😊

Se nós considerarmos a Terra como um planeta-escola, então dar a oportunidade ao aluno de fazer seus exercícios com liberdade é o meio de aprendizado genuíno, do contrário sua escola seria convertida em campo de concentração onde todos teriam que obedecer à direção do campo independente da índole de cada um.

Porém...

A verdadeira conquista acontece quando adquirimos um padrão comportamental por livre-arbítrio.

Quem aprende, quem muda, não sente falta daquilo que superou, e nem dos hábitos que substituiu.

Alterar a índole é um processo introspectivo de causa e efeito elaborado no laboratório da individualidade de cada um à medida que a "experiência" ou o sofrimento vai indicando o melhor caminho.

É por isso que pais e filhos têm tantos conflitos.
Cuidar não implica em sufocar a liberdade mesmo diante do desespero zeloso que procura evitar o sofrimento do ente amado.

E quando digo "experiência" não me refiro necessariamente à idade do corpo, mas sim àquela do espírito. Há garotos mais "experientes" que seus próprios pais, trazendo uma bagagem que não conseguimos atinar com a sua origem, mas está lá.

Mozart começou a tocar cravo (um tipo de piano mais antigo) aos quatro anos de idade e aos cinco anos fez sua primeira composição.

Assim como ele, muitas outras ocorrências ao longo da história foram perpetuando a questão: de onde vêm os dons tão incomuns à maioria de nós? 

A resposta simples é que se trata de "uma graça divina".
Difícil aceitar — Ei! Fui com  a tua cara, vou te dar um presente! Opa, para esse outro não! — uma divindade agraciando alguns e deixando a maioria à deriva. Isso não combina com o sentido de perfeição de uma divindade.

Considerar que as aquisições tenham caráter evolutivo faz mais sentido porque traduz a meritocracia inerente ao sentido da vida igualando as oportunidades dadas a todos através de várias vivências.

Esse carácter evolutivo da vida parece acompanhar tudo o mais à nossa volta, em cada detalhe da natureza!
E por que não através também da alma que vai colhendo paulatinamente os aprendizados  que depois sustentam as vocações e as facilidades para alguma atividade?

Leonardo Da Vinci tinha muitas. Gênio múltiplo.

Acreditar que tudo isso venha do acaso, repentinamente e sem mérito, ou seja, "uma graça de graça" é o mesmo que voltar aos tempos de Pasteur e crer na teoria da geração espontânea, negando a existência dos microrganismos.

E olha que Pasteur sofreu, foi ridicularizado pelos cientistas da época.
Até isso Pasteur usou a seu favor. Tomando café da manhã em um hotel, ouviu os comentários jocosos a seu respeito na mesa ao lado:
"Micróbios... risadas, então haverá de ter lugares com tantos que turvariam as nossas vistas...  risadas". 

Pasteur ouvindo o comentário, absorveu o sentido racional da crítica deixando o ego de lado, e viu sentido! Inspirado pela crítica, então passou a estudar a concentração de vida microbiana em diferentes regiões, colhendo valiosas informações e conclusões, confirmando que de fato, realmente havia variação na densidade populacional microbiana.

Um homem desses não tem apenas evolução da inteligência, mas também a evolução da alma.
Qualquer um poderia se irritar com a provocação e ao invés de aproveitar a deixa, teria partido para a confrontação.

Uma personalidade assim não se constrói em uma vida.


A evolução tem uma característica psicológica peculiar. 
Por exemplo, quando se alcança um estágio de progresso genuíno, começamos a evitar erros, domando a vontade pela consciência da razão, ou seja, a vontade vai se desfazendo no caldo das lembranças ou da intuição. Esta última é a memória de resultados cujos detalhes fogem ao consciente.

O gosto pelos exageros cede lugar à precaução.
Não é mais necessário o policiamento dos hábitos simplesmente porque não há mais o desejo de alimentá-los.

Enquanto nos policiamos, estamos apenas represando o sentimento empregado no esforço de mudança, mas ainda não mudamos de fato. 
E diante do esforço maior que a determinação, então a pressão dessa "represa" estoura o dique da força de vontade colocando a perder as conquistas almejadas.

A conquista autêntica não precisa mais da disciplina, autocontenção ou qualquer outra forma de controle porque a natureza dela é outra e como tal não faz mais sentido desejar algo alheio à mesma.

Se Deus quebrasse o princípio do livre-arbítrio, ele não estaria educando, apenas punindo.

Educação transforma.
Punição represa desejos.

A evolução vem da transformação.

Isso me remete a uma frase de Gandhi: "Queremos educar, ou queremos punir?"
(do filme Gandhi - 1982)

Dentro desse contexto evolutivo, as reencarnações, ou sejam, as oportunidades de se repetir as experiências até a conquista da felicidade plena assumem coerência com os propósitos da vida,  convertendo-se em mensagens de esperança, justiça e de amor conforme foi pregado por Jesus até o extremo — entregando sua vida em defesa de seus princípios.

Foi mais uma forma Dele transmitir a todos nós a certeza daquilo que ensinava.
Foi seu último sermão, que sem palavras gravou sua mensagem final: a construção da convicção capaz de transcender à própria vida.



We are slowed down sound and light waves, a walking bundle of frequencies tuned into the cosmos. We are souls dressed up in sacred biochemical garments and our bodies are the instruments through which our souls play their music.

Somos ondas de som e luz desaceleradas, um feixe ambulante de frequências sintonizadas no cosmos. Somos almas vestidas com vestimentas bioquímicas sagradas e nossos corpos são os instrumentos pelos quais nossas almas tocam sua música.

Albert Einstein



Outras Fontes:
Pasteur, Editora Três




Repensando Voto e Eleições

 


                    


Este post apresenta abaixo uma súmula de pensamentos sobre democracia, alternativas de votos e a maneira de eleger candidatos através de links postados neste site ao longo do tempo.

O leitor poderá constatar que algumas previsões anteriores apresentadas nos posts vão se confirmando no presente.

Eu, sinceramente, desejo que nem todas se consolidem e que tudo não passe de um risco que conseguimos evitar. 


VOTO DE REPROVAÇÃO NÃO É VOTO NULO OU BRANCO

O que fazer quando não encontramos uma opção na hora de votar?



EM ORDEM CRONOLÓGICA INVERSA - O MAIS RECENTE EM PRIMEIRO

Democracia e Voto Útil - Prós e Contras

Indo Mais Além Sobre o Sentido do Voto, da Democracia e de Suas Alternativas

Democracia de Mãos Amarradas

Repensando a Democracia

Sinais de Alerta... Hora de Reagir Dizendo Não!

Democracia, Meritocracia e Voto Obrigatório: São compatíveis?

E foi assim que aconteceu... E continua acontecendo

E Quando Não Se Tem Um Candidato? Vota no "Menos Ruim"

Eleições de Segundo Turno Polarizam e Prejudicam a Democracia

Extrema Direita é Solução?

VOTO DE REPROVAÇÃO NÃO É VOTO NULO OU BRANCO

TESTE DE BENFORD DA URNA ELETRÔNICA REALMENTE VALIDARIA?

O que fazer quando não encontramos uma opção na hora de votar?

Uma possibilidade de retorno de Lula à presidência ainda após as eleições de 2018

Democracia Plena é Utopia Contraditória

Milagres Questionáveis e o Marketing Político

O que é Estado Democrático de Direito? Temos Um?

agosto 20, 2022

A Evolução da Tecnologia e da Ética Através da Sobrevivência




Diante da torrente de inovações tecnológicas que estamos vivenciando, quando a ciência progride num passo muito além da capacidade humana comum à sociedade, abrindo um fosso cujo abismo de ignorância separa uma elite intelectual da grande massa, ficamos todos atolados de informações diante do tsunami de notícias que vão gerando na maioria dos indivíduos uma sensação de "tudo pode", onde o "tudo possível" parece dissolver nosso futuro em miríades de possibilidades onde a incerteza é a única certeza que parece acompanhar uma projeção funesta de um futuro sem limites.

E o cidadão comum fica soterrado por essa avalanche de informações.

Uma alternativa é conectar informações associadas e agrupá-las em projeções que passam a formar um cenário coerente, ou seja, ao contrário da estratégia "dividir para conquistar" usamos "agrupar para reduzir a complexidade".

Trabalhar com cenários é uma estratégia que ajuda a diminuir o ônus da multiplicidade de informações porque colocando em grupos diminuímos o aparente caos da diversidade de tantas notícias que parecem díspares mas de certo modo estão imersas em seus próprios contextos.


A exemplo, podemos pegar apenas três links coletados em publicações científicas.
São eles:

Câmera 3D biônica imita olho de insetos e sonar de morcegos

Internet quântica: Memórias atômicas diferentes são interligadas à distância

Cérebro quântico usa átomos para fazer computação sem software


Os títulos, por si só, são bastante sugestivos.

A partir destas três publicações, entre outras possibilidades, podemos visualizar um futuro cujo presente já está construindo e onde o cenário poderá ser algo como segue:

Teremos a produção em massa de drones e robôs inteligentes utilizando cérebros biônicos dispensando programação, também dotados de visão biônica, sem falar da capacidade olfativa já em desenvolvimento. Tudo isso interligado por uma "Internet Quântica", que dispensa fios e desconhece distância, imunes aos limites do nosso meio atual de comunicação que é inclusive suscetível às mudanças climáticas.

Parece muito distante?
Nem tanto se considerarmos que foi logo ontem que conseguiram realizar a primeira comunicação quântica. O progresso da ciência tem se mostrado exponencial, o que diminui a curva do tempo necessário para que os resultados aconteçam em nosso "mundo real" mudando o dia-a-dia.

Esses dispositivos inteligentes(DIs), sejam voadores (drones) ou não (robôs), serão o cotidiano de um futuro próximo com possibilidades que parecem surreais aos olhos do hoje, mas "banais" aos olhos do amanhã. Poucas gerações de diferença e, no entanto, hoje as crianças lidam com smartphones como se fossem brinquedos, algo inimaginável há apenas poucas décadas atrás.

Desta forma, expanda sua mente para imaginar o futuro, liberando-a do medo que é fruto do nosso instinto de autopreservação, sempre procuranto avaliar através de duas hipóteses, uma otimista e outra pessimista, fazendo-se a análise da forma mais imparcial possível.

Os DIs poderão se comunicar sem os limites impostos pela distância e pelo tempo a que estão sujeitas as comunicações por ondas eletromagnéticas utilizadas na nossa Internet atual. Isto significa a capacidade de mover de forma sincronizada enormes enxames destes dispositivos, exatamente como assistimos nos filmes de ficção já que a computação quântica provê uma capacidade de comunicação e de processamento muito superior.


Dispondo dessa capacidade de inteligência que dispensa programação, seu hardware poderá aprender além do que foi previsto, e mesmo imaginado durante sua concepção.

Dotados de olhos e olfatos biônicos, mais poderosos que aqueles do sentido humano, serão como "animais biônicos" com "vontade própria" relativa às possibilidades da IA (inteligência artificial) . Tudo isso imerso no meio social onde o controle torna-se um enigma.

Se os mesmos forem dotados de "portas" de controle para conferir recursos de segurança e de capacidade administrativa, impondo alguma restrição de segurança a essa capacidade "autointeligente", também por essa mesma porta tais dispositivos poderão ser "hackeados" (invadidos e adulterados) por ataques cibernéticos com os mais diferentes propósitos e efeitos.
É algo como se pudéssemos lançar enxames de abelhas africanas, vespas e etc. sem controle absoluto.

Certamente, pessoas com a mente doentia pelo desejo de poder criarão uma multitude de máquinas com propósitos bélicos a exemplo do recente robô-cachorro portando uma bazuca antitanque criado pelos russos e recentemente apresentado, produzido a partir da adaptação de um robô de fabricação chinesa.


O lado positivo e negativo são que boa parte das guerras serão como jogos de videogames, o que reduz o sacrifício de vidas, mas que paralelamente impõe séria ameaça ao nosso estilo de vida atual, que se tornará certamente mais regulado por máquinas, como se já não bastasse o controle de nossas vidas pessoais que são entregues graciosa e voluntariamente ao se partilhar dados privados na grande rede eletrônica da web.


Fica claro que tanto poder na mão do Homem vai corresponder proporcionalmente à necessidade de rever seus limites éticos e sociais como uma nação única planetária.

O lado positivo disso, para aqueles que são evolucionistas, é que teremos, concomitantemente, que reeducar nossas tendências egocêntricas na construção de uma sociedade nova se desejarmos e pudermos nos manter como uma civilização parecida com aquilo que desfrutamos hoje.
Tudo isso imposto pelo sentido de autopreservação.

Essa dicotomia, avanço tecnológico versus ética social, poderá impulsionar a sociedade rumo à evolução moral, já que até agora pelo amor não foi efetiva o suficiente para garantir nossa preservação.

Em seres desprovidos de forte senso de respeito ao próximo, tal como somos, só mesmo o perigo da autoextinção poderá sensibilizar nossa veia egoística e agregar forças à nossa necessidade de evolução como uma raça socialmente viável.


Diante do pessimismo, iremos alimentar apenas o desânimo patrocinado por um futuro sem esperanças.

O desejo de lutar pela vida nasce da crença que o nosso futuro está em nossas próprias mãos, e portanto, temos sim possibilidade real de mudá-lo conforme acontece com o respeito às medidas climáticas, onde os países que mais desrespeitaram, também foram os mais atingidos, viabilizando o progresso de medidas de proteção ao ambiente patrocinadas pelos interesses econômicos e pelos sofrimentos coletivos que começam a formar conscientização com efeitos políticos práticos.

Ironia?
Coincidência da natureza?
Não!

É como diz um velho ditado: "Depois que a porta foi arrombada é que se colocou a tranca".

A natureza tem um processo sábio de conduzir a evolução das espécies.
Seria um Darwinismo pós Darwin, já que até o próprio conceito em si mesmo também deve evoluir, uma vez que "vida é evolução", seguindo o princípio recursivo implícito deste processo.




agosto 18, 2022

Democracia e Voto Útil - Prós e Contras


 

O voto útil é decorrente de dois efeitos principais:

- As pessoas gostam de votar em alguém que tem chance de ganhar.
(Confundem esporte com democracia...)

- No segundo turno a eleição polariza, e os eleitores votam no melhor (ou não tão pior) com o objetivo de se evitar que o pior ganhe.


O segundo turno reforçou o hábito do voto útil e, infelizmente, é um desserviço à democracia.
A pesquisa de intenção de voto reforça esse efeito "cardume", ou "boiada" — a tendência de seguir o bando para onde ele for sem mesmo convicção própria.

Por todas estas razões, os eleitores vão se acostumando a uma forma de pensar pela maioria, o que restringe as vantagens da democracia, contra si próprios.

PRÓS

- Em determinadas circunstâncias, fortalece o sentido de rejeição dos eleitores.

- Aumenta as chances de que não haja segundo turno.

- Reduz o número de candidatos, o que reduz as dificuldades pela diversidade de propostas.

- Se o candidato fez um bom governo, terá maior probabilidade de ser reeleito.


CONTRAS

- O sentido do voto transforma-se em competição quando deveria ser por convicção.

- É algo cômodo, porque seguir a maioria traz a convicção de que estamos apoiados e provavelmente no caminho melhor, já que é da tendência humana sentir-se seguro ao pertencer a um grupo forte, numeroso.

- Diminuem as chances de se renovar grupos que já estabeleceram políticas viciadas ao longo dos anos pelo exercício de poder repetitivo.

- Favorece o despotismo, a ditadura transparente dos lobbies político-econômicos.

- Se o candidato fez um mau governo, a oportunidade de reeleição é maior.



Se no primeiro turno, as pessoas que não aceitam os dois candidatos com mais intenção de votos nas pesquisas decidissem por alternativa independentemente da possibilidade de êxito, haveria maior oportunidade para resultados novos, melhorando a chance de renovação, pois o "voto democrático" precisa ser feito por convicção daquilo que não queremos mais e por aquilo que desejamos ter, ao invés de ser transformado em um "jogo" onde a nação perde as vantagens oferecidas pela democracia.

Quando dois candidatos estão muito populares nas pesquisas, mesmo que a experiência anterior já tenha provado que não apresentaram os resultados esperados, dificilmente serão vencidos por um novo candidato devido a essa "inércia eleitoreira", exceto quando algo de muito grave ocorre, como foi o caso da lava jato.

Democracia na mão de leis e políticas demagogas, onde a nação não investe em educação porque não é conveniente, transforma os eleitores em refém pela incapacidade de exercer com clareza seus plenos poderes democráticos e só favorece o despotismo das ditaduras.

É preciso ter convicção para se votar em algum candidato mesmo que ele não lidere as pesquisas,
No segundo turno é fácil, você só tem três opções, considerando que branco ou nulo acabam na mesma.

Se o voto fosse antes exercido por convicção, ao menos no primeiro turno, certamente traria maiores oportunidades de renovação, algo que o Brasil necessita, e muito!

A existência de dois turnos só favorece ao modelo político atual, já que muitos pensam que decidindo logo no primeiro elimina-se a necessidade do segundo. Aliás, uma vantagem patética.

Uma modelo democrático cujo objetivo fica "sabiamente" deturpado e manipulável — a vitória da melhor proposta eleita pelo povo.

Tem muita gente inteligente no mundo utilizando meios sutis de puxar os cordéis de marionetes.

Infelizmente, nem sempre a inteligência promove a evolução social.

O que fazer diante de opção, quando os candidatos são mera repetição de um passado que já conhecemos?
Resta a terceira opção, que é o voto branco ou nulo, uma alternativa legal que está disponível ao eleitor pelo sistema eleitoral.
Se o eleitor votasse mais por convicção pessoal, o sistema democrático teria maior qualidade de representatividade.

Neste caso, o que  aconteceria se 33% dos votos fossem brancos ou nulos?
Não ficaria claro o repúdio?
E se atingisse 51%?
Não seria justo anular o pleito para definir novos candidatos por falta de representatividade?

Democracia que vale a pena é democracia representativa, onde o voto expressa aprovação ou rejeição, e não uma falta de opção, porque a opção o sistema oferece. Compete ao eleitor ter coragem de usá-la.




agosto 14, 2022

Dificuldades de Memorização e Entendimento? Um Ensaio Com Enfoque Comportamental





Ao longo dos anos, venho me dedicando a projetos de TI que buscam apresentar uma alternativa que nos auxilie a enfrentar os desafios de lidar com a informação.

Atualizar-se continuamente depende de estarmos conectados a muitas fontes diferentes de informação.
Família, trabalho, política, vida social, atividades pessoais, finanças, etc.

A maioria de nós passa a decidir sem muita base sobre os assuntos que entendemos menos relevantes ou mais tediosos. 

A nossa desculpa é decidir por "acreditar", onde essa crença estará mais desconectada da realidade quanto menor for a capacidade de nos atualizarmos e entendermos o seu contexto, ou seja, transferimos o processo decisório onde o "sentimento" tem um peso maior.

Não basta estar informado.
É preciso situar a informação num contexto e ser capaz de fazer as correlações adequadas.

Observando o processo mental que utilizamos, poderíamos definir 3 fases básicas:

- aprendizado (entendimento, percepção e associação),

- retenção (processo geralmente repetitivo pelo exercício prático ou por forte associação emocional),

- recuperação (processo associativo que depende de nossa capacidade de memorização).


O assunto é muito extenso.

O enfoque deste artigo restringe-se a uma pequena parte desse assunto, referente ao nosso desejo de melhorarmos a nossa capacidade de entendimento e memorização, criando uma oportunidade de se repensar o assunto.

A capacidade de nos atualizarmos e aprendermos depende fundamentalmente da capacidade da interpretação de texto escrito e da comunicação oral.

A comunicação oral conta com a ajuda "das explicações" adicionais que vamos trocando durante o diálogo, já o entendimento de texto é um processo solitário que depende mais do desejo de ler, da capacidade de concentração e de entendimento, já que o entendimento depende por sua vez das informações anteriores que a pessoa já tenha acumulado sobre o tema.

Temas onde a pessoa tem pouca ou nenhuma informação são geralmente desinteressantes, tediosos, e procuramos evitar. Isso cria uma barreira de resistência ao nosso progresso já que no mundo moderno, o entendimento está cada vez mais entrelaçado, ou seja, quanto mais coisas você conhece, mais fácil é progredir com coisas novas, formando um círculo vicioso a seu favor, ou em desfavor quando abraçamos a rejeição.

O estudo da dislexia, principalmente com crianças que apresentam dificuldades de aprendizado, ajuda a entender o processo mental humano, já que o mesmo seria uma disfunção daquilo que a maioria das pessoas é capaz de fazer sem perceber os detalhes desse processo.

Dislexia é um assunto extenso que pertence aos especialistas, mas podemos aprender com eles através de alguns tópicos, que nos ajudem a conduzir o pensamento, desconsiderando o déficit fonológico.

São eles:

1. A dislexia não é só uma dificuldade de aprendizagem da leitura e da escritura.

2. A dislexia é encarada como uma dificuldade que pode apresentar vários problemas de extração, captação e processamento


A partir da lista de "Sintomas da dislexia", podemos extrair os itens mais relevantes, tanto à comunicação escrita quanto oral.

Alguns deles são:

a - Dificuldades para organizar seus próprios pensamentos.

b - Problemas para manter a atenção.

c - Problemas de concentração na leitura e/ou escritura.

d - Dificuldade para seguir instruções e aprender rotinas.

e - Dificuldade para aprender matemática (eu arriscaria substituir o texto original por "aritmética", já que matemática é uma ciência complexa que depende muito de vocação).

FONTE: neuronup.com.br


Pelas características da dislexia, parece haver a possibilidade que ela possa ser desenvolvida de forma específica, ou seja, sobre determinados assuntos, promovidos por fatores psicológicos ao longo de nossa vida em graus menores ou maiores.
Seria algo como um comportamento de leve natureza disléxica e não patológico, mas comportamental.

Preguiça/fuga, rejeição e ego poderiam conduzir a pessoa a um hábito que promove efeitos semelhantes pelos resultados finais que geram no cotidiano.

A leitura sem atenção, ou mesmo ouvir uma conversa sem atenção, leva a pessoa a falar coisas fora de contexto, e que se pode confundir com a dificuldade temporária de entendimento, mas a frequência de ocorrência desperta atenção.

Se o hábito cresce, o problema piora, levando a pessoa a fazer associações inadequadas durante o processamento da informação que ela vai memorizando como aprendizado, o que reforça o efeito do item "a" da lista de sintomas, acima.

Se a pessoa é capaz de exercer sua função no trabalho com eficiência aceitável, então provavelmente essa pessoa não apresenta sintomas consideráveis de "a" a "d" no que diz respeito a essa mesma atividade profissional a ponto de se tornarem perniciosas, classificando-a como inepta para o seu exercício.

No entanto, esta mesma pessoa percebe que em outras situações (contextos) ela encontra dificuldades de interagir, levando muitas vezes à exclusão social.

Os efeitos gerados por um hábito renitente de desleixo, preguiça vs. conforto e ego parecem trazer efeitos comportamentais com natureza disléxica.

A dificuldade de organizar contextos, leva a uma dificuldade de criar associações adequadas.

Então a preguiça nos leva à fuga, e esta à rejeição pertinaz quando nos acostumamos fugir.

O ego tenta suprir a deficiência improvisando, desesperadamente, argumentações que pareçam inteligentes para obter "respeito e apreço social" e permitir uma interação social que busca ser digna aos nossos olhos.

Diante do despreparo da pessoa em lidar com contextos, ela nem mesmo percebe a impropriedade do que fala, fazendo que o senso de autocrítica não perceba a deficiência. 

Então, forma-se um círculo vicioso que pode conduzir a pessoa a uma distopia social e vivencial, quando ela passa a tirar conclusões a partir de premissas falsas criadas pela perda crescente da capacidade de fazer as associações contextualmente corretas à medida que a complexidade aumenta o emaranhado de informações.

Esse efeito vai crescendo à medida da frequência com que se repete a fala ou a ação sem correlação social apropriada, ou seja, coisas que "não têm nada a ver", sem sentido de correlação com a conversa, com a situação, enfim, com o contexto.

Capacidade de eleger contexto, ou seja, de colocar as coisas onde elas pertencem é fundamental à nossa capacidade de nos aproximarmos da representação real daquilo que vivemos.

Levando em conta as características disléxicas apresentadas acima, quando o processo se intensifica demasiadamente, uma distopia crônica vai induzindo a pessoa ao estado de alienação cada vez maior até à loucura.

A loucura é detectada por uma extrema perda da relação com as relações de contextos sociais que dão sentido às mesmas.

Como diz o ditado: 

"De médico e louco, todos têm um pouco".


Dessa forma, depende de nós exercitarmos constantemente a melhoria das nossas qualidades, não só morais, mas também racionais, já que a segunda pode induzir à primeira conduzindo a pessoa até mesmo ao radicalismo do crime.

Esse processo é facilmente identificado em várias crenças sociais, tal como alimentar uma "Teoria da Conspiração" onde nem caiba evidência, acabando por sustentá-la como real e autêntica.

Quando essas crenças são imbuídas de fé pela sua natureza religiosa, já que religião muitas vezes promove a crença acima da razão, levam à criação de seitas radicais com consequências trágicas, cujos exemplos são muitos e frequentes.

Conclui-se que essa palavrinha "contexto" parece estar na base da avaliação da sanidade mental e conformidade social, portanto diretamente relacionada à nossa capacidade de extrairmos entendimento daquilo que a nossa memória vai retendo.

Mesmo que uma pessoa sadia seja capaz de lembrar pouco do tudo que desejaria, ela é, contudo, capaz de "restaurar" as informações através de um processo com base em associações pertinentes e adequadas.

A vantagem e a desvantagem desse processo, quando comparamos pessoas que têm boa memória com aquelas que não têm tanta, está na velocidade, já que a recuperação a partir do que está em memória é muito mais ágil do que aquela de quando precisamos novamente revisar a informação colocada em algum repositório, tal como notas, cadernos, livros, Internet, etc.

É o mesmo com computadores.
Quanto mais memória RAM, mais rápido, porque outros acessos são mais lentos, até que se possa produzir uma máquina cuja memória RAM fosse o próprio repositório de dados.
Chegaremos lá, sem dúvida. :-)

Enquanto isso, conclui-se que exercitar compreensão de textos, orais ou escritos, treinar associações e sustentar o nosso estímulo diário no combate da preguiça e do comodismo, tornam-se peças fundamentais à nossa capacidade cognitiva para lidar e recuperar a informação que nos mantenha conectados da melhor forma com a necessidade que precisamos viver diariamente para suportar nossas decisões, contribuindo positivamente para manter a capacidade cerebral sadia, conforme as pesquisas vão demonstrando.

A soma final de nossas decisões representará a nota que tiramos em nossa vida, definindo o que fomos nela como estudantes desse processo evolutivo.




Algumas fontes adicionais:

pepsic.bvsalud.org

www.scielo.br









agosto 10, 2022

Refinando Sua Segurança Digital ao Navegar na Internet

 




Como diz o ditado:

"Melhor prevenir que remediar."


A necessidade de precaução cresce à medida que aumentamos o uso da comunicação digital.

As criptomoedas tidas como seguras, protegidas por blockchains, já foram "presenteadas" com seus meios de burlar fazendo desaparecer boas fortunas.

O advento do Metaverso e da Web3 trazem os desafios do controle descentralizado de identidade e estratégias novas como "zero trust" (confiança zero), tudo movido à velocidade do novo padrão 5G, muito mais rápido que o atual.

A cada novo serviço, uma nova forma de burla.

Este post traz algumas dicas para aumentar a sua segurança digital ajudando também a entender melhor as coisas desse mundo de bits, que por hora domina nossas vidas, até que a computação quântica venha assumir a posição de predominância. Então teremos outros novos "quânticos problemas"...  :-)


Utilize um antivírus pago e bem consolidado no mercado.

De graça, segurança sai caro e pode ser justamente a ferramenta que vai abrir o acesso ao seu dispositivo para compensar a gratuidade.

De certa forma todas abrem, assim como o próprio sistema operacional em si é uma porta aberta.
A diferença está na relação de confiança com o fabricante que justifica a vida do produto.

Usei o termo dispositivo, (device em inglês), porque o termo genérico é o mais adequado uma vez que todas as modalidades de eletrônicos inteligentes (smarts) são processados por CPU e portanto são meros computadores, inclusive aquela central eletrônica do seu carro.
Assim, a vulnerabilidade é comum já que a base tecnológica é similar.


Adote o Uso de Dois Browsers

O ideal é que você encerre o acesso a um site sensível logo após o seu uso, evitando navegar com o acesso ativo. Infelizmente, muitas vezes, ou esquecemos ou é necessário fazer tarefas paralelas, quando então o risco acontece.

Computadores em geral e smartphones (celulares) já incluem um "browser default", o navegador de Internet
 padrão do sistema operacional (Windows, Linux, etc.).

Melhoramos nossa segurança quando instalamos um browser adicional exclusivo para as operações sensíveis, já que o browser default é usado pelo hábito diário.


O Browser Default

O browser default é aquele que, quando você clica em um link em qualquer outra aplicação, a página do site é aberta por ele.


O Browser para Acesso Sensível

Instale um segundo browser que seja bem conhecido ao longo dos anos, tal como Google Chrome, Firefox Mozilla, Opera (excelentes).

Estes são os três mais populares já que a Microsoft anunciou que vai desistir de seus browsers. Diante do desinteresse da Microsoft, melhor ficar com aqueles que estão "firmes e fortes" na intenção de manter seus produtos, ao menos até que a Microsoft mude de ideia.


Qual a função do browser de segurança?

Você deve utilizá-lo apenas com os sites onde você é registrado e cujo acesso é feito por meio de senha, pressupondo que os mesmos sejam confiáveis.

Fora isso, utilize o browser default.


Porque?

Existe uma técnica de ataque conhecida pelos acrônimos XSRF ou CSRF  ("Cross-Site Request Forgery").


Como funciona?

Alguém envia para você um link. Ele chega através de um meio aparentemente confiável porque ele precisa dessa aparência para te pegar. Eles são atrativos visando um perfil de público assim como a isca de um anzol.

Estes links são enviados para você nas formas mais diversas, criativas e inteligentes.

Por exemplo: links na media social (Facebook, Twitter, TikTok, etc.), e-mails promocionais ou mesmo de pessoas se passando por conhecidas (atente para este último,  pois pode ter havido roubo de informações de lista de contatos, aqueles que são conectados pela media social ou através de aplicativos de e-mail).

A lista de possibilidades parece sem fim por meio de quase infinitas formas que a tecnologia hoje vai colocando à disposição. 


Isolar é uma estratégia de contenção clássica e bastante efetiva.

Imagine que você esteja usando só um browser para tudo.

Nele você acessa também seus sites com senha.

Uma sessão sensível aberta no browser é aquela aba dele onde você acessou o seu site através de senha e que continua aberta e logada, ou seja, você continua conectado às informações protegidas e não efetuou nenhuma operação de encerramento desse acesso.

Você fica vulnerável a este tipo de ataque quando você navega tendo uma "sessão sensível aberta" no mesmo browser, porque pode eventualmente ocorrer o envio dos "cookies" de acesso com os seus dados sigilosos desse site durante o processo de acesso ao link malicioso, automaticamente. Dessa forma, o atacante pode utilizá-los para se passar por você. É um ataque em que o browser não tem como distinguir se a chamada feita ao site veio realmente de você.


Segue um exemplo de mau uso.

Você desejou consultar um site com informações pessoais.
Digitou a senha e entrou na área protegida. Então, repentinamente, ocorre uma ideia ou alguém lhe telefona e você acaba deixando aquele acesso protegido aberto enquanto começa a navegar em outros sites no mesmo browser,  verificando seus e-mails e tudo o mais.

A responsabilidade desse "vazamento de segurança" não é exclusivamente do browser, pois depende também das técnicas utilizadas pela aplicação do site que você acessa.

Este tipo de ataque, embora muito simples via link, é porém mais restrito, e apesar de bem conhecido e tratado, havendo defesas para isso, elas não são infalíveis ou nem sempre implementadas adequadamente.

Outro ponto importante é que um ataque deste tipo costuma ser transparente, ou seja, ocorre sem que os mecanismos de proteção possam fazer algo já que se confunde com uma operação usual do browser. 

A situação fica ainda mais vulnerável porque navegar na Internet é pular de link em link, não é mesmo?!!

E como um macaco na floresta, inevitavelmente você vai acabar pulando num galho fraco. 

Então, vivemos no risco.

Quando isolamos nossas atividades sensíveis ficamos menos vulneráveis.

Isolar as atividades em browsers diferentes pelo tipo de uso  (sensível ou não) reforça a segurança, porque o browser que acessa tudo não contém as informações de acesso aos sites onde você utilizou a senha, porque estas estão isoladas no outro browser, mesmo que você venha a esquecer de encerrá-las.

Portanto, dois browsers diferentes: um para o dia-a-dia e outro para acessar os nossos sites sensíveis (onde colocamos nossas senhas), até que a tecnologia seja perfeita o suficiente para dispensarmos esta divisão.

Em virtude de ocorrências com a divulgação imprópria de nossos dados pessoais, através de uma iniciativa europeia, temos agora a GDPR determinando que os sites apresentem um aviso sobre as políticas utilizadas mediante um aceite. Por exemplo, estes avisos, entre outras coisas, informam que o site utiliza cookies. 

Então, depois do que foi visto acima, agora este aviso nos sites faz mais sentido para você, não faz?!

Quer fazer pesquisa?
Use o browser default (de guerra).

Quer clicar num link irresistível?
Use o browser default (de guerra).

Quer acessar um site com a sua senha?
Use o browser só para acessos sensíveis.

Porém, ainda assim, isso não é tudo.


Aumente a Segurança do Seu Browser

Muitas suítes de antivírus oferecem recursos adicionais que você adiciona ao browser para aumentar a sua segurança. 

Dois deles são muito úteis:  filtros de acesso e VPNs.


Filtros de Acesso

Esses filtros são extensões do antivírus instaláveis no browser que vão filtrando os links que você vai utilizando. Evite utilizar outros filtros que não sejam do seu antivírus.

Sendo um link perigoso, o acesso é bloqueado, protegendo você. 

Recurso muito importante, porque tais companhias mantêm um banco de dados de links suspeitos e perigosos.

O importante é reduzir o risco ao máximo que pudermos, mesmo sabendo que nunca chegará a zero.  Afinal, usamos o mesmo raciocínio quando buscamos utilizar os meios de transportes da forma mais segura.

A Internet é uma grande meio de transporte digital, e como todo transporte, tem seus riscos.


VPNs

A explicação fácil e amigável é que esse recurso permite que você navegue através de um "IP de guerra", ou seja, um IP que não é o seu IP real, e dessa forma a sua origem fica protegida. O IP é o endereço do seu dispositivo.

Lembrando que nem tudo é perfeito, faz-se preciso que a empresa que vai lhe oferecer o serviço ofereça de fato qualidade, porque todo o tráfego da sua máquina passará por seus servidores.

Embora extremamente útil para proteger-se do mundo, é também preciso que essa companhia respeite sua privacidade.


Pense duas vezes antes de responder ou clicar em e-mails tentadores.

Este item é por demais divulgado na media, e portanto dispensa comentários, mas não poderia deixar de lembrá-lo porque é exatamente através deles que entregamos a chave da casa ao bandido.


Evite expor sua vida na Internet

A engenharia social (técnicas de coletar informações das pessoas) é a base de muitos ataques e golpes.

Quanto maior o número de detalhes expostos publicamente, mais vulnerável você está.

Informações que parecem inúteis, quando devidamente tratadas, podem formar um panorama que direciona a estratégia do ataque.


Um exemplo simples.

O atacante sabendo que você gosta muito de cachorros, se precisar enviar um link malicioso para você, provavelmente vai utilizar o seu tema predileto.

Afinal, nossos temas prediletos viram quase hábitos compulsivos de tanto que repetimos.

A repetição condiciona a ação, quando então agimos sem pensar. É neste momento que ficamos muito vulneráveis.

Fotografias e comentários constantemente publicados vão traçando o perfil da pessoa, detalhes que vão montando o quebra-cabeça de um ataque à medida que compõem o perfil da vítima.

Se você estiver torcendo o nariz porque afinal de contas muitas atividades de compartilhamento dão prazer, vale a pena você reavaliar seu prazer versus a sua segurança e quem sabe reduzir excessos.

A dificuldade na avaliação é que a informação que vamos passando aos poucos, não parece sensível, ou mesmo útil, porém "de grão em grão a galinha enche o papo" e nós humanos perdemos a noção da importância daquilo que já deixamos vazar ao longo do tempo!

Afinal, o que parece pouco importante para você, pode valer muito para outros.


Quanto menos sabem de sua vida, melhor!


MORAL DA HISTÓRIA

Clicar em links inadvertidamente é como abrir uma carteira em qualquer lugar, sem pensar.




 

 


Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.5

    Israel, A Jihad e O Mundo drillback.com/notes/viewinfo/6552781cc388f6d383edee68 ----------------------------------------------- Quais as...