Ao longo dos anos, venho me dedicando a projetos de TI que buscam apresentar uma alternativa que nos auxilie a enfrentar os desafios de lidar com a informação.
Atualizar-se continuamente depende de estarmos conectados a muitas fontes diferentes de informação.
Família, trabalho, política, vida social, atividades pessoais, finanças, etc.
A maioria de nós passa a decidir sem muita base sobre os assuntos que entendemos menos relevantes ou mais tediosos.
A nossa desculpa é decidir por "acreditar", onde essa crença estará mais desconectada da realidade quanto menor for a capacidade de nos atualizarmos e entendermos o seu contexto, ou seja, transferimos o processo decisório onde o "sentimento" tem um peso maior.
Não basta estar informado.
É preciso situar a informação num contexto e ser capaz de fazer as correlações adequadas.
Observando o processo mental que utilizamos, poderíamos definir 3 fases básicas:
- aprendizado (entendimento, percepção e associação),
- retenção (processo geralmente repetitivo pelo exercício prático ou por forte associação emocional),
- recuperação (processo associativo que depende de nossa capacidade de memorização).
O assunto é muito extenso.
O enfoque deste artigo restringe-se a uma pequena parte desse assunto, referente ao nosso desejo de melhorarmos a nossa capacidade de entendimento e memorização, criando uma oportunidade de se repensar o assunto.
A capacidade de nos atualizarmos e aprendermos depende fundamentalmente da capacidade da interpretação de texto escrito e da comunicação oral.
A comunicação oral conta com a ajuda "das explicações" adicionais que vamos trocando durante o diálogo, já o entendimento de texto é um processo solitário que depende mais do desejo de ler, da capacidade de concentração e de entendimento, já que o entendimento depende por sua vez das informações anteriores que a pessoa já tenha acumulado sobre o tema.
Temas onde a pessoa tem pouca ou nenhuma informação são geralmente desinteressantes, tediosos, e procuramos evitar. Isso cria uma barreira de resistência ao nosso progresso já que no mundo moderno, o entendimento está cada vez mais entrelaçado, ou seja, quanto mais coisas você conhece, mais fácil é progredir com coisas novas, formando um círculo vicioso a seu favor, ou em desfavor quando abraçamos a rejeição.
O estudo da dislexia, principalmente com crianças que apresentam dificuldades de aprendizado, ajuda a entender o processo mental humano, já que o mesmo seria uma disfunção daquilo que a maioria das pessoas é capaz de fazer sem perceber os detalhes desse processo.
Dislexia é um assunto extenso que pertence aos especialistas, mas podemos aprender com eles através de alguns tópicos, que nos ajudem a conduzir o pensamento, desconsiderando o déficit fonológico.
São eles:
1. A dislexia não é só uma dificuldade de aprendizagem da leitura e da escritura.
2. A dislexia é encarada como uma dificuldade que pode apresentar vários problemas de extração, captação e processamento
A partir da lista de "Sintomas da dislexia", podemos extrair os itens mais relevantes, tanto à comunicação escrita quanto oral.
Alguns deles são:
a - Dificuldades para organizar seus próprios pensamentos.
b - Problemas para manter a atenção.
c - Problemas de concentração na leitura e/ou escritura.
d - Dificuldade para seguir instruções e aprender rotinas.
e - Dificuldade para aprender matemática (eu arriscaria substituir o texto original por "aritmética", já que matemática é uma ciência complexa que depende muito de vocação).
FONTE: neuronup.com.br
Pelas características da dislexia, parece haver a possibilidade que ela possa ser desenvolvida de forma específica, ou seja, sobre determinados assuntos, promovidos por fatores psicológicos ao longo de nossa vida em graus menores ou maiores.
Seria algo como um comportamento de leve natureza disléxica e não patológico, mas comportamental.
Preguiça/fuga, rejeição e ego poderiam conduzir a pessoa a um hábito que promove efeitos semelhantes pelos resultados finais que geram no cotidiano.
A leitura sem atenção, ou mesmo ouvir uma conversa sem atenção, leva a pessoa a falar coisas fora de contexto, e que se pode confundir com a dificuldade temporária de entendimento, mas a frequência de ocorrência desperta atenção.
Se o hábito cresce, o problema piora, levando a pessoa a fazer associações inadequadas durante o processamento da informação que ela vai memorizando como aprendizado, o que reforça o efeito do item "a" da lista de sintomas, acima.
Se a pessoa é capaz de exercer sua função no trabalho com eficiência aceitável, então provavelmente essa pessoa não apresenta sintomas consideráveis de "a" a "d" no que diz respeito a essa mesma atividade profissional a ponto de se tornarem perniciosas, classificando-a como inepta para o seu exercício.
No entanto, esta mesma pessoa percebe que em outras situações (contextos) ela encontra dificuldades de interagir, levando muitas vezes à exclusão social.
Os efeitos gerados por um hábito renitente de desleixo, preguiça vs. conforto e ego parecem trazer efeitos comportamentais com natureza disléxica.
A dificuldade de organizar contextos, leva a uma dificuldade de criar associações adequadas.
Então a preguiça nos leva à fuga, e esta à rejeição pertinaz quando nos acostumamos fugir.
O ego tenta suprir a deficiência improvisando, desesperadamente, argumentações que pareçam inteligentes para obter "respeito e apreço social" e permitir uma interação social que busca ser digna aos nossos olhos.
Diante do despreparo da pessoa em lidar com contextos, ela nem mesmo percebe a impropriedade do que fala, fazendo que o senso de autocrítica não perceba a deficiência.
Então, forma-se um círculo vicioso que pode conduzir a pessoa a uma distopia social e vivencial, quando ela passa a tirar conclusões a partir de premissas falsas criadas pela perda crescente da capacidade de fazer as associações contextualmente corretas à medida que a complexidade aumenta o emaranhado de informações.
Esse efeito vai crescendo à medida da frequência com que se repete a fala ou a ação sem correlação social apropriada, ou seja, coisas que "não têm nada a ver", sem sentido de correlação com a conversa, com a situação, enfim, com o contexto.
Capacidade de eleger contexto, ou seja, de colocar as coisas onde elas pertencem é fundamental à nossa capacidade de nos aproximarmos da representação real daquilo que vivemos.
Levando em conta as características disléxicas apresentadas acima, quando o processo se intensifica demasiadamente, uma distopia crônica vai induzindo a pessoa ao estado de alienação cada vez maior até à loucura.
A loucura é detectada por uma extrema perda da relação com as relações de contextos sociais que dão sentido às mesmas.
Como diz o ditado:
"De médico e louco, todos têm um pouco".
Dessa forma, depende de nós exercitarmos constantemente a melhoria das nossas qualidades, não só morais, mas também racionais, já que a segunda pode induzir à primeira conduzindo a pessoa até mesmo ao radicalismo do crime.
Esse processo é facilmente identificado em várias crenças sociais, tal como alimentar uma "Teoria da Conspiração" onde nem caiba evidência, acabando por sustentá-la como real e autêntica.
Quando essas crenças são imbuídas de fé pela sua natureza religiosa, já que religião muitas vezes promove a crença acima da razão, levam à criação de seitas radicais com consequências trágicas, cujos exemplos são muitos e frequentes.
Conclui-se que essa palavrinha "contexto" parece estar na base da avaliação da sanidade mental e conformidade social, portanto diretamente relacionada à nossa capacidade de extrairmos entendimento daquilo que a nossa memória vai retendo.
Mesmo que uma pessoa sadia seja capaz de lembrar pouco do tudo que desejaria, ela é, contudo, capaz de "restaurar" as informações através de um processo com base em associações pertinentes e adequadas.
A vantagem e a desvantagem desse processo, quando comparamos pessoas que têm boa memória com aquelas que não têm tanta, está na velocidade, já que a recuperação a partir do que está em memória é muito mais ágil do que aquela de quando precisamos novamente revisar a informação colocada em algum repositório, tal como notas, cadernos, livros, Internet, etc.
É o mesmo com computadores.
Quanto mais memória RAM, mais rápido, porque outros acessos são mais lentos, até que se possa produzir uma máquina cuja memória RAM fosse o próprio repositório de dados.
Chegaremos lá, sem dúvida. :-)
Enquanto isso, conclui-se que exercitar compreensão de textos, orais ou escritos, treinar associações e sustentar o nosso estímulo diário no combate da preguiça e do comodismo, tornam-se peças fundamentais à nossa capacidade cognitiva para lidar e recuperar a informação que nos mantenha conectados da melhor forma com a necessidade que precisamos viver diariamente para suportar nossas decisões, contribuindo positivamente para manter a capacidade cerebral sadia, conforme as pesquisas vão demonstrando.
A soma final de nossas decisões representará a nota que tiramos em nossa vida, definindo o que fomos nela como estudantes desse processo evolutivo.
Algumas fontes adicionais:
pepsic.bvsalud.org
www.scielo.br
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