dezembro 06, 2023

Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.3

 




Um mundo dividido em dois blocos.

Um bloco liderado pelos EUA, formado pelos países que apoiam democracias e outro bloco formado por China, Rússia, Coréia do Norte, Irã, Iraque, Afeganistão, Paquistão além de outros jogando dos dois lados conforme a maré, porém simpáticos às autocracias, ou seja, aos modelos centralizadores, as famosas ditaduras.

Os blocos buscam conciliar interesses econômicos e políticos como meio de combater os modelos divergentes, apesar de que entre eles próprios as relações seriam inamistosas se não fosse o objetivo comum que os une temporariamente.

Outros países buscam flutuar sobre as correntes principais em busca da vantagem própria, já que não estão plenamente à vontade nos cenários predominantes, como é o caso da Índia.

O mundo não goza de um patamar centralizador que seja suficiente para dar suporte ao papel preponderante da ONU e  da UN no afã de garantir a preservação de relações mais equilibradas entre as nações conflitantes, ameaçando até mesmo o sentindo e a utilidade de suas existências como organizações efetivas. 

A ONU tornou-se mais uma espécie de "área neutra" para a discussão de conflitos cuja solução fica sempre para uma próxima oportunidade, ou seja, na prática é apenas um playground do desabafo e do exercício do ego.

O terrorismo é uma estratégia de guerra sustentada pelo radicalismo.

É também o meio ideal quando a superioridade do inimigo impossibilita o confrontamento convencional, direto, mas faz-se necessário disputar  liderança a qualquer custo.


O "eixo", sob o comando nazista de Hitler, foi o maior exemplo de guerra convencional e terrorismo aplicados conjuntamente, em larga escala, algo jamais visto até então, onde o delírio de hegemonia de três nações tentou se impor sobre todas as demais.

Infelizmente, esse tipo de delírio parece que também foi globalizado.
Vai se formando um grande bloco de enfrentamento em defesa de regimes que concentram poder e o desejo de dominar o modelo mundial socioeconômico através de uma visão impositiva através da força bruta.

Este bloco autocrático por sua vez também não se sustenta sem que haja o inimigo comum que serve como "cola" às suas diferenças. Se o bloco sair vencedor, um novo ciclo de disputa inicia-se entre seus participantes, exatamente como aconteceu na WW2 com relação à cooperação da Rússia junto aos aliados.

Felizmente, àquela época o problema era pequeno porque o poder de destruição também o era, porém hoje o problema é grande e o planeta é que se tornou pequeno para tanto conflito com tanto poder de autoexterminação.


Extermínio de civis desarmados servindo a um propósito ideológico e desrespeito às convenções faz parte da base do radicalismo, lembrando que Hitler era um radical de extrema direita.

Stalin, um radical de extrema esquerda, também não ficou atrás, agregando o sentido de matança dirigido  até mesmo contra seu próprio povo.

O leitor já se perguntou de onde saem tantos recursos que alimentam as retaliações atuais de países pequenos e grupos armados com menor poder econômico que ainda assim buscam enfrentamento com grandes potências?

Uma conta simples dá uma ideia do volume absurdo de capital que se faz necessário.
Já procurou saber o custo de um míssil?
Então multiplique por milhares deles.

Além de mísseis também é preciso tudo o mais, como veículos, construções (fortalezas, túneis, etc.), armamentos diversos, contraespionagem, logística, sustentação de tropas (alimentação, vestimenta, treino, etc.), subornos e uma lista infinita de necessidades extremamente organizadas e planejadas, lembrando que organização custa caro.

É algo colossal, que flui com a pujança de um rio Amazonas, e que se fosse empregado de outra forma, já teríamos resolvido boa parte dos nossos piores desafios, tais como a poluição, o aquecimento planetário e etc.

Provavelmente a disseminação de doenças já estaria sob o controle mais efetivo pela vacinação proficiente contando com o suporte à vida pela oferta de água potável de qualidade e saneamento básico porque saude e educação continuam sendo os melhores meios de prevenção.

No passado os meios reguladores exercidos por um poder de destruição bem menor, cuja sustentação econômica era mais frágil, amenizava as consequências posteriores aos conflitos.

Com a evolução tecnológica, as atividades econômicas foram se libertando de restrições locais, incluindo não só aquelas lícitas como favorecendo também as ilícitas.

As drogas estão na base dos sistemas paralelos ao poder constituído, por serem extremamente lucrativas, uma vez que são sustentadas por uma base mundial de escravos completamente dominados pela dependência química que não oferece escolha — algo muito conveniente a todos os regimes que precisam consolidar poder independentes do viés político que se queira agregar a eles.

As drogas têm ainda um efeito dobrado, muito conveniente àqueles que vivem como abutres da indústria da morte.

Ao mesmo tempo que as drogas suprem com fartura de capital às necessidades bélicas, também minam a sociedade do inimigo que é inundada com apelos de solução emocional através de seu consumo.

Como diz o ditado: "Mata-se dois coelhos com uma única cajadada".

Assim, o povo da nação inimiga vai perdendo sua liberdade, sua capacidade de dicernimento que atende apenas à satisfação do vício, enquanto sustenta a indústria do terrorismo e do crime mundial.

Grupos radicais são apoiados por países, porque isto atenua o envolvimento direto do Estado na ação criminosa, exercendo a função de um proxy de guerra, ou um proxy do crime, porém ambos com objetivos comuns em penalizar o inimigo obtendo disso o lucro para a continuidade dessas mesmas ações, indefinidamente.

Vamos ilustrar com um exemplo simples.
O Irã é um dos países que contribuem com o Hamas.

Lembrando que o Irã também sofre sanções econômicas, de onde este país tira tanto capital já que não é uma potência econômica? E por que o interesse desse tipo de patrocínio?

O interesse é sempre desestabilizar o bloco adversário na tentativa de obter mais uma vantagem na direção da longa trajetória de conquista que sonham obter algum dia lá na frente de um futuro sombrio de um mundo tomado à força, pelas mãos da morte que nega tudo o mais que não seja espelho de suas convicções funestas meramente baseadas no desejo de poder infinito.

É a eterna reedição dos romanos, dos vikings, das cruzadas, dos conquistadores, dos nazistas e de todo tipo de ambição a qualquer pretexto, que sempre se extingue, de uma forma ou de outra, mas que condenado o mundo a essa pena perpétua de constante conflito e sofrimento com nomes diferentes, comandada por alguns que se acham "dirigidos por uma força maior", seja de Allah, Joshua, Cristo, Deus, ou "whatever", mas cujo resultado é sempre a causa de sofrimentos extremos, morte e destruição.

Deus de verdade é vida pela reeducação através da construção constante de um amanhã melhor, mais feliz, mais leve.


É nesse jogo sinistro que as drogas assumem papel vital em nosso incrível contexto contemporâneo.


Hoje, no mundo, talvez a droga seja uma das commodities mais rentáveis, sendo perfeita às necessidades da criminalidade justamente por ser proibida, por ser ilegal.


É o negócio mundial perfeito às necessidades de prover grandes capitais. 
Afinal de contas, o crime só subsiste quando se sustenta do proibido!


A China é hoje a maior produtora de insumos para a produção de fentanyl, segundo algumas fontes, ou certamente um dos maiores produtores da droga campeã de causa mortis dos EUA. 

A máfia russa sustenta-se de uma boa fatia do tráfico mundial.

Convém lembrar que o ópio sempre foi uma tradição econômica no Oriente.
A rota "Golden Crescent"é formada por Irã, Iraque, Afeganistão e Paquistão.


O Talibã subsidiou e subsidia sua economia com uma série de atividades criminosas, onde as drogas representam boa parcela de contribuição.

Na América, de Norte a Sul, temos Canada, EUA, México, Colômbia, Venezuela, Paraguai, Brasil e etc., mas um "ETC" bem grande.

Precisamos lembrar que tanto o produtor da droga quanto o consumidor são responsáveis.

Sem o consumidor, não existe produtor.
Sem o produtor não existe incentivo ao consumo.

Toda corda tem no mínimo duas pontas, e por isso é preciso cuidar de todas.

Ambos, produtor e consumidor, são coniventes e sustentam o crime que é uma das grandes fontes de patrocínio às ações radicais, tais como sequestros, guerras, terrorismo e etc., pois têm a mesma origem e propósito: imposição, violência e morte.

É IMPORTANTE lembrar que o crime é uma atividade de natureza radical.
Não existe criminoso de vida longa sem ousadia extrema e radicalismo.

O criminoso encontra na autocracia seu meio, seu braço forte para se organizar e disputar seu lugar à força, porque o crime não fala outro idioma exceto  a linguagem do mais forte. Ponto final!

O crime só negocia diante de ameaça à própria subsistência, do contrário controla.
Não tem meio-termo.


Executivos, políticos, artistas, intelectuais diversos, empresários, famosos ou não, consomem o produto que publicamente condenam, mas que na intimidade utilizam, seja esse consumo exclusivo para o uso pessoal ou não. E pessoas notáveis, quando não estão diretamente envolvidas, têm algum parente que os atingi diretamente.

Então querem atenuar o carácter criminoso da droga quando a quantidade é para uso pessoal!

O fazem exclusivamente por conveniência pessoal, quando o que importa mesmo é que uma vez adquirida, torna o comprador um consumidor conivente e corresponsável por alimentar o sistema criminoso que deteriora a sociedade em que todos vivem, inclusive ele mesmo, sustentando todo tipo de atividade ilícita, seja pelo terrorismo, pela guerra, ou pela violência que se impõe como a autoridade que deseja comandar as nossas vidas, seja através de um governo autocrático ou através de "gangs do medo" que definem as regras nas comunidades.

Está tudo conectado, literalmente, através de uma teia única.

No Brasil, deram o azar que descobriram a primeira dama do crime (a mulher do chefão do CV) fazendo uma visitinha ao MJ e sendo recebida por quem é indicado pelo próprio presidente como futuro ministro do STF. 

Diante da notícia ainda mais acrescida da atenção que desperta o estado caótico da segurança, buscaram amenizar levando o exército para fazer rondas inúteis, o que não é função das forças armadas.

Pura propaganda! Pura distração! Puro desperdício de nossos impostos!
Ninguém comprou o macete político, muito menos a imprensa.

O crime hoje tem endereço certo, portanto se algum dia houver de fato o empenho no seu extermínio, sabem exatamente onde encontrar os focos de problemas e o que fazer para terminá-los,

É necessário legalizar as drogas e regulamentá-las, roubando do tráfico o filão de lucro que o sustenta.

Legalizar as drogas, por si só, não vai resolver o problema de consumo, mas vai penalizar o tráfico, que então deixa de ser tráfico e vira apenas contrabando, porém sob as regras da competição.

Disto resulta a redução dos lucros e o aumento da competitividade entre a produção legalizada local e o contrabando distante que precisa também competir arcando com os riscos da distribuição informal, tornando o negócio bem menos atraente.

Um bom exemplo disso aconteceu no início do século XX nos EUA, onde a máfia encontrou na criação da Lei Seca estadunidense um de seus maiores subsídios para sustentar e formalizar o crime organizado. Al Capone que o diga, pois a venda de álcool foi um de seus meios para o seu apogeu e subsistência, porque crime organizado só existe com muito capital, porque organização, volto a repetir, custa caro.

A extinção  da lei seca estadunidense foi um golpe duro nas finanças dos grupos mafiosos que precisaram procurar outra fonte que substituísse a produção de álcool ilegal, que deixou de ser interessante, encontrando nas drogas alucinógenas o seu novo e enorme filão econômico.

Se a política de legalização das drogas alucinógenas for adequada, grande parte da receita que hoje sustenta o crescimento do crime poderá ser revertida em benefício social. Atualmente, todo lucro finda na mão do criminoso para investir em mais criminalidade. 

Criminosos só sabem fazer isso.
Eles são profissionais especializados no ilícito.

Hoje, a renda obtida através das drogas patrocina a infiltração do crime no governo pela sedução através da corrupção, enfraquecendo-o cada vez mais ameaçando a soberania das forças institucionais, seja pela dominação de seu topo hierárquico, como é o caso em muitos países onde os cartéis da droga já competiram com o governo, e portanto com as forças armadas, e hoje estas fazem parte do circuito de sustentação do crime organizado.

Se o Brasil continuar seguindo o rumo atual, muito provavelmente acabará como Colômbia, Venezuela, etc. A nossa sorte é que o Brasil tem dimensão continental, mas isto não é impeditivo, pois a organização criminosa sustentada pelas drogas tem dimensão planetária.


Na Venezuela o tráfico de drogas é organizado "não oficialmente" por indivíduos também responsáveis pelas forças institucionais daquele país. Em sumo, o crime infiltrou-se profundamente no poder governante. Isto, porém, não é uma novidade única daquele país.

Então o leitor se pergunta por que o radicalismo ganhou tanta força?!

A droga provê o capital.
A força do crime reside no capital.

O crime é por natureza radical e despótico.
O despotismo é o meio organizacional natural do crime, a exemplo dele próprio.

E você pensa que isso é tudo?
Nada disso... 

O crime adquiriu uma faceta muito mais  sofisticada, ficou muito mais inteligente.

Ele entendeu que parte do capital também precisa ser aplicada em atividades lícitas, porém utilizando a força bruta para quebrar a concorrência estabelecendo uma nova ordem econômica sob o escudo da lei, que por sua vez vai sendo "flexibilizada" pelo lobby político que ele sustenta.

O exemplo disso é o que o ocorre no México com a produção de abacates.

Cartéis da droga diversificaram seu modelo econômico subjugando os produtores de abacate.


Onde existir um produto cobiçado, bom gerador de receita, ilegal ou não, a força do capital aliada ao modelo da violência toma conta, porque à medida que o crime se torna tão rico, vai comprando tudo, por bem ou por mal.


Outro exemplo ocorre  com a pesca do atum, que regulamentada para preservar sua sustentabilidade, sofre pela transgressão imposta por atividades criminosas.


Isso torna tudo muito mais sério, infinitamente mais triste, porque o consumo de droga mundial está "modificando o modelo econômico" do mundo contemporâneo.

As pessoas quando pensam em tráfico de drogas, dificilmente também pensam na intensa degeneração que se está operando em todos os patamares, não só sociais, mas também econômicos e políticos.


O drogado sustenta esse sistema como mero escravo do vício a que se voluntariou espontaneamente ao tentar fugir de si mesmo ou experimentar uma diversão radical para fugir de uma prisão caindo em outra pior, uma armadilha fatal e espetacular, quase infalível.

Se o modelo continuar se expandindo, inevitavelmente as democracias serão submetidas, porque a base econômica estará paulatinamente corrompida por um modelo em expansão incompatível  com o exercício da liberdade individual.


É!... 
Agora o leitor pode começar a entender o tamanho das consequências, dos danos colaterais.
E venho escrevendo sobre este cenário há alguns anos em posts anteriores, aqui mesmo neste site.

Infelizmente, as antevisões de todos os artigos foram se consubstanciando.

O fracasso político da extrema direita fomentando o retorno retumbante de Lula que surgiu qual Fênix das cinzas de suas mazelas do sistema judiciário e da transformação do modelo econômico social.


Eu, na verdade, gostaria muito mais de escrever que a Branca de Neve e os sete anões encontraram a fada madrinha que os tornou lindos e glamorosos. Então todos os anões deixaram de babar na Branca de Neve, casaram, e a Branca pode então tomar um bronze à sós com seu príncipe em alguma praia que ainda não estivesse completamente tomada pela poluição plástica ou pelas fibras de tecidos das vestimentas que são despojadas ao longo dos séculos, muitas vezes sem necessidade, apenas pela vaidade.

Sinto muito, leitor!
Vou ficar devendo.
Mesmo!
Parece que fada madrinha não existe, ou está se drogando em algum canto junto com os anões e a Branca de Neve.


Achou que terminou?!
Negativo!


Não temos apenas a droga química na base da economia.
Temos também a ideologia vendida como droga psicológica, somando ao processo que vivemos.
Aliás, são as duas drogas mais consumidas no mundo: uma concreta e a outra abstrata.

E para finalizar este texto, talvez eu escandalize o leitor com uma opinião não muito usual.

E se o capital se empenhasse em pesquisas científicas que viabilizassem a criação de uma droga menos nociva, mas cujo efeito de fuga fosse similar aos efeitos das drogas atuais, entretanto sem o vício de dependência química tão desesperador que  acaba conduzindo à morte?

Uma boa droga seria a única alternativa de solução à redução de consumo da má droga que patrocina todo o lixo decorrente das ações de mentes criminosas, tal como abutres que se alimentam da deterioração de outros seres vivos.

Não temos como estancar o consumo porque ele faz parte do desejo do indivíduo.
Só resta a solução de ajudá-lo de outra forma.
Não adianta chibata, prisão, violência ou qualquer outra forma que só vai agregar mais força ao radicalismo e ao desejo de fuga da realidade.

A "droga do bem" (ou a droga menos nociva) seria um golpe fatal no consumo ilícito, já que a "boa droga" ofereceria uma meio legal de consumo para o cidadão incapaz de conviver com a realidade sem promover tantas penalidades à sociedade e a ele próprio.

Então... Diante de uma nova perspectiva...

Sobraria ao crime o trivial variado, ou seja, o sequestro, o roubo, a extorsão e etc., porém sem o rio de dinheiro da dependência química com propriedade exclusiva de produção e distribuição que o torna tão poderoso.


Continuar combatendo o tráfico de droga e seu consumo usando as mesmas estratégias do crime — radicalismo e violência —, apenas contribui com o seu crescimento, algo que está mais que demonstrado pela realidade atual.

... Então, se continuarmos assim, haverá um tempo que o crime não mais dependerá das drogas, mas a economia dependerá do crime.


Depois de você ler este post, o astral deve ter pesado diante de um futuro que parece pouco promissor.

É uma oportunidade para você testar a sua fé!
Se de fato Deus é supremo poder e se nada acontece sem que o Pai dê permissão, na hora certa, o curso dos acontecimentos toma novo caminho.

Afinal de contas, existe apenas uma maneira de entrar na vida, mas infinitas para sair dela.


Enquanto isso, precisamos agir e fazer a nossa parte na construção de um amanhã melhor e pela sustentação de uma consciência tranquila que nos subsidie o equilíbrio físico e emocional, sempre lembrando que:

"Portanto, não se preocupem, dizendo: 'Que vamos comer?' ou 'Que vamos beber?' ou 'Que vamos vestir?'

Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.

Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês."

Mateus 6:31-33


"Por isso digo: Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta.
Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta."

Lucas 11:9-10


novembro 17, 2023

Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.2


Nos posts anteriores, abordei o radicalismo sobre alguns aspectos.

Adiantei que a posição estadunidense sob o comando de Biden tinha escolhido uma retórica nada adequada nem conciliadora, porque entre israelenses e palestinos não é possível determinar um culpado, mas sim uma situação que acumula as desmazelas de ambos ao longo do tempo e que seria necessário repassar o presente sob novos olhos para que haja um futuro mais promissor.

O presidente estadunidense já paga seu preço por seu posicionamento afoito diante do conflito em virtude de forte reação interna e externa ao EUA, lembrando que ele caminha para disputar novamente as eleições presidenciais.

Israel ocupa uma área que desde a sua formação é contestada e disputada não só geograficamente mas ideologicamente. Conflitos levam ambos os lados a situações extremas.


O Hamas usou da estratégia mais árdua possível com a política israelense que tem lutado pela sua soberania na região com a intensidade econômica de sua soberania.


Não existe outra maneira de se combater o radicalismo que não seja desfavorecer os fatores que o impulsionam, tal como um físico reduz a temperatura para diminuir a reação em cadeia, do contrário o processo sai fora de controle.

A Jihad expõe o radicalismo como um produto religioso cuja fidelidade não conhece limites.

Em contrapartida, todos nós sabemos que Israel é teocrático por natureza e disputa as diferenças com a mesma convicção religiosa que os mantém unidos através do mundo.

Grupos ideológicos radicais são formados por extremistas que acreditam que a força é o meio de se promover mudanças.

É preciso, no entanto, de massa crítica, ou seja, de um número de pessoas que seja suficiente para impor o processo à força. 

Seguindo os padrões proselitistas da religião ou da política, ou seja, a mesma estratégia para alavancar adeptos, as convicções fanáticas vão sendo inseminadas nos meios sociais mais propícios, onde a carência torna-se o vetor de adesão, tanto do ponto de vista econômico quanto psicológico, ou pelas mãos da tradição cultural.

Unir religião e política é a forma convencional mais intensa de promover poder.

A teocracia é uma velha ferramenta de liderança, tão velha como a humanidade, mas seus efeitos são ainda imbatíveis.
A situação fica muito difícil quando o embate ocorre através de bases teocráticas.


É latente que uma parte da nossa sociedade avança com uma velocidade invejável deixando à deriva dois quesitos fundamentais ao equilíbrio de seu próprio avanço:

- o equilíbrio do ambiente físico que a sustenta, e

- o equilíbrio do ambiente psíquico de onde emerge e se sustenta.

A solução ao radicalismo vem da construção e da distribuição desse progresso de crescimento e oferta de recursos de forma mais equânime, não pela esmola como pregam os demagogos, mas pelo favorecimento dos meios que permitam ao indivíduo integrar-se ao processo. O indivíduo estimulado pela possibilidade da integração torna-se mais impermeável às sugestões do radicalismo, pois ele passa a ter algo a perder, do contrário, diante do caos provocado por sua miséria pessoal. a desconstrução dos outros já é alguma coisa que compensa o vácuo da frustração.


A concentração do progresso é como uma bolha social.

Não se sustenta por si só, isoladamente.

A forma de conter os processos radicais é reduzir os fatores que contribuem para a sua proliferação, da mesma forma que se controla uma lavoura, uma reação atômica, etc.

Como sabemos, os inseticidas conseguem apenas controlar as pragas de uma plantação, porém jamais exterminá-las.

As deficiências emocionais do ser humano fazem parte de nossas vidas assim como os insetos, fungos, virus e outras formas de vida que não se pode exterminar, contudo o controle é suficiente para promover uma boa colheita. Alguma perda faz parte do processo.

A guerra é como um agricultor tresloucado, que tomado por radicalismo na sua intenção de exterminar as pragas da lavoura queimasse todo o seu solo e despejasse toneladas de pesticidas.

Ao final, só conseguiria destruir o próprio solo e envenenar a terra, os rios e os lençóis subterrâneos que alimentam a vida, trazendo para si mesmo e para os outros um resultado desastroso.

O tempo passa e as pragas sempre voltam.
Sempre voltam!

Se Hitler que tanto se empenhou em numerosos processos de exterminação em massa de judeus estivesse ainda vivo, certamente diante da criação de Israel e sua evolução como país pujante, viria isso tudo como uma pá de cal sobre suas convicções sobre a efetividade da matança que patrocinou através de seus sonhos alucinados e radicais.

Guerra é uma solução tão desajeitada quanto temporária, cujo custo é altíssimo, não apenas socialmente, mas também nocivo à preservação climática do planeta e à economia, quando os recursos poderiam ser empregados na construção da qualidade de vida humana, e não na sua destruição como meio de solução. Dessa qualidade de vida distribuída adviriam as bases sociais para liquefazer tanto radicalismo pela redução das frustrações acomodadas pelos confortos sociais.

Fala-se tanto em ativismo e novas “leis verdes”, porém guerra é um assunto posto mais de lado, quando deveria ser um dos tópicos mais relevantes. E ao invés de combatê-la apenas pela proibição, seria desestimulada pelas ações conjuntas da economia mundial.

Não faz mais sentido a guerra territorial que precisa ser substituída pela cooperação comercial indistinta de fronteiras.


Destruir uma sociedade e seu planeta por disputa de quem vai mandar naquele espaço econômico é tão insano e primitivo quanto achar que por se ter extrema certeza do que se pensa é justificativa única e necessária para que se imponha o pensamento próprio aos outros a qualquer custo.


Dessa forma, a guerra é um loop interminável que tenta impor algo que alguém buscou impor antes, pois isso trata da outra faceta da "economia verde" que é tão relevante quanto à preservação do carbono no solo terrestre quanto é preservar e conter o equilíbrio do indivíduo em sua localidade nativa evitando migrações em massa, pois uma coisa advém da outra.


Veremos nos próximos artigos da série alguns exemplos através da história, uma vez que o ser humano vem repetindo os mesmos erros há  séculos.

O interessante é que o momento vivido traz o sabor do novo, quando na verdade é uma repetição que se aproveita do esquecimento ou da ignorância de nosso próprio passado.


novembro 15, 2023

Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.1

Existe solução para o radicalismo?


Este artigo é o primeiro de uma série, já que o assunto é extenso por natureza e bastante controverso.


A resposta curta é que existe e depende que o avanço socioeconômico não deixe vácuos de crescimento tão acentuados em parcelas de civilizações, além do que, o número de radicais que influenciam os destinos globais não se torne uma superioridade numérica às demais opções.


Se o processo de contenção não for um trabalho contínuo, à medida que o tempo passa, o acúmulo do problema poderá atingir o ponto de massa crítica onde não haverá espaço para outras soluções que não sejam igualmente radicais.

É similar ao que acontece com uma explosão atômica, porém aqui, seria de ordem social, varrendo democracias e formas de governo que não possam competir com o novo modelo emergente.

A guerra armada contra o radicalismo é a solução igualmente radical para conter o radicalismo.

A frase acima parece incoerente, mas a coerência do radicalismo é restrita mesmo: atende apenas à imposição de interesses pela força.

Conflitos armados poderão ser reduzidos substancialmente quando a sociedade for mais eficiente para amenizar os vetores que fomentam o radicalismo.

O radicalismo tem ao menos três facetas:

- radicalismo emergencial,
- radicalismo incentivado,
- radicalismo nascido da natureza agressiva intrínsica ao indivíduo.


radicalismo emergencial torna-se desnecessário quando o radicalismo incentivado perde força à medida que seus vetores foram atenuados por soluções proativas.

O radicalismo que é fruto de agressividade extrema não tem solução porque faz parte da natureza do indivíduo, e o seu controle obedece apenas ao princípio da superioridade numérica para que possa ser contido, mas improvavelmente eliminado, porque mudar um indivíduo com características que marcam a sua natureza é um processo longo, de ordem muito pessoal, cujos resultados são pequenos sem que o mesmo deseje tal mudança.


E por que um indivíduo muda seu comportamento?

Geralmente pelo desconforto ou sofrimento que agregam penalidades que ele não deseja mais suportar.
Enquanto isso, dificilmente haverá espaço para mudança enquanto ele entende que o sofrimento que lhe é causado vem de terceiros, ou de contextos sociais, e não dele mesmo. 

Enquanto há justificativa, a inércia mantém o indivíduo sob o apanágio da própria desculpa.


Também é necessário lembrar que um indivíduo esta imerso no 
processo humano que é uma colcha de retalhos e que quando buscamos respostas muito simples através da política ou da luta armada, apenas continuamos a patinar na mesma ladainha que ao longo dos séculos retém o ser humano neste "loop" (ciclo) enfadonho de repetições dos mesmos problemas porém com nomes diferentes.

Você verá que a série conecta contextos aparentemente muito diferentes, mas que são na verdade partes de um mesmo todo, que exercendo sobre o indivíduo uma influência comum, indutora de seu comportamento, vai arregimentando novos radicais.


O texto foi construído como a engenharia constrói uma ponte grande, quando os pedaços menores são elaborados à parte e depois unidos. 
Esta união de pedaços é justamente o propósito da série, demonstrar que os acontecimentos estão interligados e que não são isolados, mas fazem parte de uma causa comum, cujo tratamento ainda não adquiriu consciência sociopolítica proficiente que possa alternar nossos destinos em curto prazo.

E se você for um radical, ou imediatista — do tipo muito apressado querendo tudo para ontem— , esta série é excelente para testar a efetividade da sua crença, desde que a sua vontade de agir seja tão intensa quanto a de pensar antes de fazê-lo, porque depois pode ser tarde demais.


Arrependimento não faz o relógio retroceder.



novembro 11, 2023

A IA e Seus Dispositivos Inteligentes - O Caos é Mera Transição a Serviço da Evolução. O Desafio Está na Redução do Sofrimento Social.

 




Pressionados pela frequência das más notícias, o desânimo e o medo nos sequestram para o pessimismo, e o otimismo sem fundamento é fuga da realidade.

Evolução é processo de transformação.

Tudo o que conhecemos do Universo tem seu ciclo, assim como as estrelas que nascem, brilham e morrem, toda a natureza que nos cerca, assim como nós mesmos fazemos parte dessa transformação contínua.

Não existe morte no sentido extenso e definitivo de inexistência, ou seja, de deixar de existir, que nós usualmente emprestamos ao termo.


Morte é apenas transformação.


Lavoisier que o diga:
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Já em pleno século XVIII, este químico francês entendeu aquilo que em pleno século XXI muitos ainda negam através do ceticismo materialista ou da religiosidade.

Os fenômenos físicos são guiados por princípios que buscam o equilíbrio, a exemplo da corrente elétrica, dos relâmpagos, dos fenômenos de difusão nos estados da matéria, e etc.

O texto preliminar coloca o leitor em posição vantajosa de entendimento para perceber que a mesma tendência que notamos na física e na química que nos cerca, também atua na física e na química das relações humanas em suas próprias transformações.

Parece uma lei única, universal!

Temos dois grandes vetores de transformação social que surgem com a IA e os "wearables"(dispositivos que podemos usá-los integrados às nossas vestimentas).

Recentemente lançado, o AI Pin é o novo dispositivo que busca integrar os recursos da eletrônica e da IA na facilitação das nossas tarefas cotidianas, cuja tendência é reduzir a nossa dependência das telas de smartphones ou notebooks.

O aparelho já nasce com um visual velho e desajeitado, mas é o que temos de "top" com as possibilidades técnicas do hoje. Um tijolão como os antigos celulares. Melhores soluções advirão da evolução das pastilhas flexíveis e adaptáveis à pele humana, da miniaturização extrema que permitirá que um adereço contenha algo que hoje toma o espaço de um notebook.

Enquanto este futuro não chega, o que temos hoje é isso e como isso vai influenciar nossas vidas?

À medida que os dispositivos inteligentes forem surgindo, a influência da IA no comportamento humano será proporcionalmente potencializada ao extremo pelo carácter prático que ela agrega ao contidiano. Será mesmo impossível abter-se dessa onda.



Nada que se cria está isento de algum viés de seu criador.
Faz parte da sua “assinatura”, assim como este texto, tem o viés do autor, a IA terá o viés dos grupos de capitais que sustentam o empreendimento e, por conseguinte, também a serviço da política, pois tais forças são irmãs siamesas, difíceis de separar até pelo mais talentoso “cirurgião filosófico”.


A história é repleta das tentativas e promessas dos mais diversos filósofos ao propor sistemas que conciliassem melhor o péssimo da natureza humana com o sentido de humanidade dessa mesma natureza.


As diversas ciências podem ser resumidas em apenas três grupos:

- a física, que engloba a química, a engenharia, etc., pois tudo termina no comportamento das partículas que compõem a matéria.

- a matemática, que é a ciência da descrição, pois através dela podemos caracterizar um fenômeno, quando então temos como predizê-lo ou efetivar algum controle que nos favoreça.

- a filosofia, a ciência que trabalha para conciliar a volição ao sentido da vida, sendo que uma é consequência da outra, conduzindo a vários sistemas de crenças religiosas, terrenos onde a ciência ainda não conseguiu chegar ou não pode disputar com o desejo humano de acreditar naquilo que deseja, através da expressão mais sagrada da vida: o livre arbítrio — algo que sustenta o sentido de premiação ou punição.

Qualquer outra ciência acaba se encaixando em um destes três grupos que eu chamaria de primários. Por exemplo, pedagogia é a filosofia que aprende a ensinar, enquanto a medicina é a operária dos recursos que a física do corpo humano provê através da física que o ser humano já consegue oferecer. E assim vai...

O ser humano, quanto à sua percepção, também pode ser analisado através de grupos primários de acordo com o índice de livre arbítrio adquirido, que por sua vez sustenta o crescimento da sua percepção.

Neste contexto, podemos imaginar quatro grupos:

Grupo A: a mais baixa condição de livre arbítrio e percepção, que os torna plenamente dependentes daqueles que estão nos estágios acima. Aceitam tudo por não poderem diferir conscientemente, mas podem ser dotados de grande capacidade de copiar comportamentos, o que lhes permitem integrar-se socialmente.

Grupo B: adquiriram alguma capacidade de análise independente mas ainda se confundem com a própria lógica decorrente das restrições impostas pela pequena percepção.

Grupo C: este grupo já exercita a sua lógica com bastante independência, é marcado pelo questionamento persistente e sistemático de tudo, e seu comportamento é pautado pela desconfiança que é fruto da percepção de que ela própria é deficiente. Eles exercem o seu livre arbítrio no espaço intermediário entre o topo e a base.

Grupo D: altíssimo livre arbítrio e percepção relativos aos demais grupos, e por isso podem assumir posições de liderança independentes das próprias deficiências, tudo simplesmente porque não há nada melhor para competir, não necessariamente que estejam realmente próximos do próximo passo desejável desse processo evolutivo.


Uma vez que os grupos foram definidos, fica mais fácil entender como as novas tecnologias vão influciá-los.

A manipulação dos grupos A, B e C por D sempre existiu desde que nasceu o primeiro grupo social.

Então o que muda com a IA e seus dispositivos inteligentes?

É a velocidade desse processo de transformação que vai imprimir consequências sociais dramáticas.

Fomos acostumados e treinados a acreditar, porque essa é a base pedagógica do ensino.
Se não colocarmos na prova o que os examinadores desejam, seremos punidos com a reprovação.

Um belo exemplo disso é o último exame da Enem!

O objeto que conhecemos como "livro" — aquele objeto com capa e páginas de papel   :-)  — está na base dos primórdios dessa crença de que aquilo que está escrito tem o dom da verdade, do crível, estivesse ele em papiro, pergaminho, pedras, etc.

O lado positivo das “fake news” nas mídias sociais é que se promove a transformação dessa veneração por aquilo que está escrito para algo que antes precisamos analisar com muito cuidado.

A “pegadinha” e a mentira institucionalizada são grandes estímulos à esperteza, ou seja, à necessidade de se aperfeiçoar a percepção através do livre arbítrio usando a desconfiança como base estratégica. 

É por isso que os ditadores restringem tanto o livre arbítrio, que é a porta por onde trafega a percepção colocando em risco a verdade alternativa que eles promovem como justificativa de seus desmandos.

Diante da velocidade da IA que vai libertar parte das restrições de memória e de velocidade de aprendizagem do ser humano, a IA também vai acelerar o caos pelo viés que elabora a mentira como sua matéria prima de sustentação e liderança.


Os grupos A e B sofrerão intensamente, sofrimento este que energizará a sua diligência no sentido da evolução da própria percepção como estratégia de autodefesa para fugir do seu papel de argamassa na construção do poder.

Talvez, pessoas como Elon Musk, Rishi Sunak, Steve Wosniak e tantos outros que pedem que se regule a IA, vêm no retardamento desse processo uma iniciativa humanitária para reduzir o impacto sofrido pelos grupos mais vulneráveis e que sustentam a base da pirâmide econômica.


A divergência é parte intrínseca do processo evolutivo, pois a verdade é o limite da pluralidade quando tende à unicidade.

A percepção é o meio em que a alma trafega através das pernas do livre arbítrio entre a sua origem e o seu destino. Tudo o mais é ferramenta evolutiva desse processo universal.



novembro 10, 2023

A Mania de Torcer - A vida não é futebol: Nem Isralenses, Nem Palestinos, Porém Ambos

 



Todos nós seguimos na inércia cultural que herdamos do ambiente em que nascemos ou vivemos.

O mundo ama futebol.

O esporte é a oportunidade para se pegar um lado e torcer por ele.
É algo nativo da nossa natureza.

Parece mesmo uma necessidade psicológica torcer por algo!

A vida real, no entanto, não é sempre como no esporte.
Muitas vezes não tem lado certo, muitas vezes não tem um lado vencedor, mesmo que alguém vença.


Israelenses não estão isentos de erros.
Tão pouco os palestinos.

A contabilidade do balanço da vingança e da punição redunda em um número infinito e sem perspectiva de solução, para ambos os lados.

O Hamas conseguiu o que queria.
Aproveitando-se do sangue quente dos radicais, sejam eles de esquerda ou de direita, quebrou a magia de segurança que o “domo israelense” proporcionava a Israel com o objetivo único de desestabilizar psicologicamente o inimigo e provocar uma reação igualmente única, exacerbada, algo típico e sob encomenda para radicais.

Israel mordeu a isca.
O Hamas sabendo que o escudo(domo) era a sensação de segurança que mantinha o frágil equilíbrio, depois de quebrá-lo, ainda arrastou duas centenas de reféns como arremate de seu ardiloso plano, nada comparado em número às vítimas que Israel já fez desde que começou a ofensiva de retaliação.

O Hamas sabia que assim chamaria Israel para uma reação inédita onde o orgulho ferido, a insegurança e o desespero do inimigo não avaliariam o preço adequado à sua reação com o equilíbrio necessário, pois radicais não têm tal equilíbrio, por isso são radicais!

E o Hamas sabia disso.
O Hamas apenas esperava o alvo ideal para a sua estratégia: aguardavam um radical tão exacerbado quanto eles próprios.

Israel mordeu a isca sinistra da estratégia do oponente que busca desprestigiar o inimigo a qualquer custo, mesmo que seja ao custo de seu próprio povo, porque o que é uma guerra senão o sangue derramado de seus compatriotas? Não é essa a visão que temos de patriotismo? Seja espontâneo, ou compulsório como no caso dos palestinos?

Se o Hamas cair, ao menos por algum tempo, certamente Netanyahu poderá não sobreviver politicamente à empreitada por muito tempo, levando os israelenses onde os palestinos queriam: do papel de vítimas da WW2 para os mais novos algozes de um novo panorama mundial que se desenha no horizonte político entre a competição de dois blocos econômicos e que pode culminar na WW3.

Mesmo que Israel reduza a cinzas a faixa de Gaza, ainda assim não se garante que o Hamas não renascerá do ódio, do ressentimento pelo sofrimento imposto aos palestinos, não só àqueles de Gaza, mas em todos os corações que assistem o conflito.

Acho mesmo que o Hamas estava inspirado pelo espírito de Goebbels.

Perdoem-me a ousadia da comparação, mas não vejo propaganda tão engendrada assim desde a segunda guerra mundial. Se estou enganado, peço antecipadamente desculpas, mas é o que sinto, e que grande parte do mundo também sente.

Não haveria modo mais massivo de gerar uma propaganda tão intensa e patrocinada pelo próprio inimigo que algo assim. 

Se contabilizarmos os custos que o Hamas teve com o ataque e os custos que Israel está tendo com a reação, versus a repercussão mundial a serviço do antissemitismo, diríamos que a ideia é horrorosamente eficaz a favor dos agressores, no caso o Hamas, que apesar de serem os agressores iniciantes do ataque ainda podem acabar como vítimas, levando junto o equilíbrio de nações que apoiam a iniciativa judia, desestabilizando o moral americano e do bloco ocidental que o apoia.

Biden está correto em defender a autodefesa já que é um princípio básico?
Porém, se alguém mata a sua família, você poderia dizimar a vizinhança à caça do assassino?
A caçada de Bin Laden foi uma empreitada inteligente dos EUA, construída por uma estratégia mais discreta sob a tenacidade, a tecnologia e a capacidade política, algo que Netanyahu não parece cogitar.


Os palestinos acabaram como uma amalgama indistinta entre o apoio ao Hamas e o cotidiano imposto pelas circunstâncias socioeconômicas de tão entremeadas que são, assim como também todos os demais povos acabam por subjugar-se em circunstâncias onde os cidadãos não têm como se opor ao poderio econômico que se estabelece através das armas, a exemplo do que acontece na Rússia, China, Myanmar, Coreia do Norte, Venezuela e por aí vai uma enorme lista, atualmente crescente, infelizmente.
Radicalismo e ditadura estão na moda, em alta.

Mesmo que o Hamas perca essa guerra, ainda assim o Hamas conseguiu o que almejava tal como uma medusa, que após a sua morte, seus pedaços irão se regenerando à sombra do esquecimento.

Aos palestinos sobra apenas o sofrimento e a conta da despesa, assim como sobra para qualquer povo liderado por um radical.

No final, uma certeza ao menos: todos os lados perdem.

Essa guerra não é futebol, porque não importa qual seja o placar do jogo, não terá vencedor.

Na maioria das vezes, o certo é relevar os erros recíprocos reescrevendo o passado através de um futuro novo, onde a esperança possa florescer apesar de alguns sacrifícios multilaterais.

Não há outra solução.


novembro 09, 2023

A Repetição Que Doi - Contornando o Problema de Eficiência Pessoal



 


Eu não sei se a maioria de vocês repararam como os artigos, os posts ou notícias, são repetitivos.

A notícia ou o post sempre vem com um título.

Esse item geralmente merece parabéns quando não descamba para o artifício de chamar leitor para um conteúdo que não confere exatamente com os objetivos iniciais do autor.  Infelizmente, esse tipo de "fake news" temos que descartar e nem compensa maiores comentários.

Depois do título, ou seja, a manchete, segue um texto preliminar.
Normalmente uma repetição enfadonha do título.

A seguir o autor se aproveita do seu interesse para discorrer uma série de pontos que não interessam de acordo com a lógica principal da manchete, ou seja, o objetivo do título do artigo.

Ao longo do texto, o autor torna a repetir o que já foi dito antes, mas adicionado de alguma coisa que realmente valeria a pena.

No final das contas, dois ou três períodos do artigo realmente valem o seu tempo.

Eu adquiri uma prática enorme na leitura de páginas pela Internet e cheguei à conclusão de algumas possibilidades;

- Ou os leitores sofrem em geral de algum tipo de Alzheimer e por isso precisam dessas repetições ao estilo "Sílvio Santos" (para quem se lembra o Sílvio tinha essa mania ou estratégia...).

- Ou os autores precisam encher linguiça, ou seja, atingir um determinado número de palavras para que possam publicar.

- Ou, sadicamente, adoram perder o nosso tempo!!!


Isso me desestimulava a leitura de jornais e etc.

Eu tive sorte quando pude me tornar um usuário beta (um tipo de testador na imensa cadeia de testes de um software) de uma aplicação chamada "drillback" que me ajuda a contornar este problema.
Eu não mais preciso ler toda a ladainha, mas preciso guardar um apontamento para o recurso.
E se o recurso é de muita importância, eu já faço o resumo copiando os dois ou três tópicos que realmente fazem valer o artigo.

Isto tem economizado muito meu tempo e me livrado da sensação de inutilidade de ler tanto "fru-fru-fru" antes de chegar "nos finalmentes".

Quando preciso do que é realmente importante, eu recupero através do drillback e vou direto ao que importa. Isso significa otimização do meu tempo e uma tremenda melhoria da minha performance, sem dizer que a sensação de "perda", de inutilidade, também foi resolvida porque tudo isso restringia a possibilidade de aumentar o volume de informação analisada.

Se IA realmente vier para redigir textos, espero que até lá ela já tenha se tornado mais concisa, porque pela experiência atual, ao menos o ChatGPT fala "pra caramba". Seria muito mais interessante se ele se tornasse como aqueles super computadores futuristas super concisos e objetivos.

Quem sabe!


NOTA OPORTUNA:

Verbosidade aumenta tempo de leitura e portanto rouba o tempo de outras oportunidades.

A  Internet (www) foi criada baseada no princípio de hyperlinks, que são apontamentos para outro local.
Não utilizar este recuros massivamente, desperdiça o conceito principal que lhe deu origem.

O ideal seria oferecer um bloco sintético de informação específica ao objetivo e o complemento pode e deve ser tratado por links ou eventos que habilitam blocos de texto que ficam desabilitados, deixando ao leitor uma oportunidade melhor para administrar o seu tempo à medida da sua necessidade.

A repetição é outro tipo de verbosidade, completamente desnecessária.
Se está escrito, pode ser relido.

E finalmente, temos a verbosidade essencial, quando o autor precisa levar o leitor paulatinamente ao entendimento através da construção das bases e contextos que subsidiam o texto.





novembro 07, 2023

Vencendo o Tempo e o Preconceito


 

VOCÊ E O TEMPO 

Se você ao lembrar-se de você mesmo lá no seu passado, você diria que hoje você sabe mais ou menos que ontem?

Se responder que continua a mesma coisa, então o tempo passou e você não saiu do lugar, não aproveitou.
Se sabe menos, então é melhor consultar um médico.

Se responder que hoje você sabe muito mais que aquele garoto ou garota do ontem, então você aproveitou bem o seu tempo para crescer, progredir, e superar os seus limites do hoje.

Se hoje você tem 20 anos, e ao se lembrar de quando tinha 15 você chega à conclusão que a pessoa de 20 teve um tremendo "upgrade", então imagine o que será a pessoa de 30, de 40, etc.

Tirando-se os problemas de saude que afetam a eficiência de aprender e relembrar nossas lições, tal como Alzheimer e outras circunstâncias, enquanto você permanecer ativo e aberto para as coisas novas continuará enriquecendo sua percepção.


CONFLITO DE GERAÇÕES

Se você pudesse voltar no tempo, talvez gostasse de conversar com o seu eu menos experiente e adiantar algumas informações para livrá-lo de problemas e sofrimentos.
Isto é o que geralmente os pais fazem com seus filhos.

A questão é que, em geral, um estado anterior de compreensão nem sempre tem os meios de entender um estado posterior. Então acontece o conflito de gerações.
Aconteceria até com você mesmo, entre o eu do hoje e o do ontem, se as viagens no tempo fossem uma realidade disponível para nós.


A CONTA DO TEMPO

O tempo passa e inevitavelmente apresentará a conta de como foi aproveitado.

Se nos excedemos em gastá-lo com diversão pura, aquela que nos acrescenta pouco, mas nos diverte muito, certamente o tempo contará em seu desfavor.

Em contrapartida, quando somos hábeis no uso do tempo, ele passa de inimigo para aliado.

Certas perguntas ajudam a manter o foco sobre o aproveitamento do tempo.
Por exemplo, o que aprendi no dia de hoje?
Ou ainda, dessa atividade, o que restará dela para o amanhã?


O QUE É VELHO?

Depois do que foi dito, o conceito de velhice pode ser repensado.
Uma coisa torna-se velha quando fica superada.

A questão temporal é relativa e não determinante, ou seja, o tempo por si só não serve como base de julgamento.

Se um determinado equipamento não tem substituto, então ele continuará atualizado, vencendo o tempo. Um exemplo disso são as seringas utilizadas pela medicina para injeções.

O princípio da "seringa" já era utilizado desde os tempos do velho Egito, Grécia e Roma.
Recebeu avanços tecnológicos a partir do século XVII em diante.
O início da adoção da seringa plástica descartável começa na década de 50 e até hoje permanece em uso, ou seja, ela tem por volta de 70 anos e ninguém ao pegar uma seringa descartável diz que é algo velho, pelo contrário, a percepção é de algo moderno e mais seguro, que faz parte do presente e não de algo que pertence ao passado.

Ao mesmo tempo, se analisarmos os computadores, podemos lembrar que um processador (CPU) e sua respectiva placa mãe podem ficar ultrapassados em seis meses a um ano, ou ainda menos.
Em poucos anos você estará olhando para aquela sua estação de jogos como uma relíquia.

Aplicando o mesmo raciocínio ao ser humano, podemos ter um velhinho de 18 anos de idade que se tornou obsoleto pela incapacidade de absorver novas informações, ou seja, de aprender, de mudar e se adaptar às novas necessidades.

Paralelamente podemos ter um homem de 70 anos acompanhando o seu tempo ou mesmo liderando o seu tempo, a exemplo de muitos cientistas e políticos.

Pouco importa se o jovem tem 18 anos se a sua utilidade social foi comprometida!
Em contrapartida, um lider de 70 anos permanece liderando porque continua criando soluções.

Hoje, mediante as próteses, o conceito de velhice fica ainda mais diluído pela possibilidade de trocarmos partes do nosso corpo que perdem a sua funcionalidade, independente da idade do paciente.
Um jovem de 18 anos pode ter problemas que um homem saudável de 70 não tem!


A velhice depende de ao menos quatro vetores:

- herança genética

- modo de viver

- capacidade de aprender.

- sorte: o imprevisível que não controlamos.


O VALOR DAS COISAS


Tudo o mais que busca medir as coisas por conceitos que não atendem o sentido de utilidade e superação é expressão de futilidade e preconceito.


FUTILIDADE

A futilidade busca fazer prevalecer o conceito estético, que é temporário e relativo, como também duvidoso e pessoal, sobre quaisquer outros.
O que era moda há seis meses torna-se descartável apesar de útil, consumindo desnecessariamente novos recursos do planeta, já que aquilo que é substituído continua plenamente funcional, mas vaidosamente inútil.

O conceito de moda precisa ser revisto para tornar-se adequado à política verde que visa conter o aquecimento do planeta. As fibras de tecidos são um dos principais poluentes do ambiente marinho já que a sua decomposição é muito lenta. Cientistas identificaram a presença de fibras de séculos anteriores.

A vaidade e a futilidade aquecem o planeta e precisa se adequar aos novos tempos.

 

PRECONCEITO

O preconceito estabelece padrões cujo foco é a discriminação sem senso de justiça à utilidade e à meritocracia. O preconceito é apenas uma justificativa para o ódio e a impotência da frustração.

O preconceito está na base das maiorias dos conflitos e guerras.
Guerras aquecem o planeta.
Os recursos que destinamos às guerras precisam ser convertidos na restauração do equilíbrio climático.
Guerras e conflitos precisam encontrar penalidades globais e modos alternativos de solução.
Quando o ser humano, em sua maioria, entender o óbvio, talvez seja tarde demais quando então o sacrifício para a recuperação planetária arrancará lágrimas de saudades dos tempos em que poderíamos ter resolvido, mas não o fizemos.

 

COMPROMETIMENTO COM O TEMPO

Na estrada do tempo, acelerada pela competição do homem com as máquinas inteligentes, só aqueles que não pararem de caminhar todos os dias terão alguma chance de viver pelo que acreditam.

Um futuro que não é ruim se pensarmos que o descompromisso da juventude vem das facilidades do presente, mesmo que o presente pareça suficientemente desafiador, o futuro vai prover ainda mais desafio diante da evolução tecnológica e do aquecimento global.

Os pais protegem excessivamente suas crianças imaginando que as preservam.
Na adolescência encontram-se despreparados para a realidade que lhes foi omitida.
Então os pais se perguntam onde erraram.
 

Enquanto na Coréia do Sul as crianças são submetidas a um regime excessivo que lhes rouba a infância, os latino-americanos seguem nos excessos opostos criando jovens que não conhecem o valor do tempo, alheios ao futuro pela fuga através das drogas ou dos "Tik Toks", sem interesse ou condições emocionais de entenderem seu tempo, pois apenas cultuam o preconceito da velhice imaginando que a juventude por si própria é um valor superior e suficiente para lhes garantir o futuro quando então não serão jovens!
Incoerência. Esquecem que a cada dia envelhecem.


A educação continua obsoleta, aquém das necessidades de seu tempo.
Professores mal remunerados, mal treinados, mal orientados, insistem em aplicar didáticas superadas  e medíocres, muitas vezes, ou talvez em sua maioria, tendo que suportar a falta de apoio dos pais que então mais interessados em proteger o ego de seus filhos quanto os próprios, quando deveriam incentivar o sentimento de respeito que é a matéria-prima da base do aprendizado, e abraçar o esforço de contribuir para reduzir a mediocridade do ensino. 

Como alguém pode estar disposto a aprender alguma coisa de uma fonte que despreza?

A sociedade investe pouco e mal diante de um círculo vicioso onde os filhos mal-educados de hoje serão os pais mal-educados de amanhã criando filhos igualmente mal-educados, porque milagre não acontece. Ninguém deixa de ser o que é porque se tornou pai!!!

Como esperar um comportamento diferente dos pais de hoje que foram os alunos mal educados do ontem?

A facção da sociedade que insiste em viver aquém das necessidades de seu tempo vai ser alijada socialmente e, portanto, a marginalização vai aumentar aceleradamente, sobrecarregando aqueles que entendem o seu tempo.

 

O COMPLEMENTO NECESSÁRIO

Esperar soluções apenas pelas mãos da ciência para continuar viabilizando nossa existência não será suficiente.

É preciso mudança de atitude social.

Se não podemos mudar pelo amor ao próximo, precisamos mudar pelo amor a nós mesmos através do senso prático como meio de sobrevivência.

 

O Efeito de Impermeabilização do Tempo Sobre a Psiquê

À medida que envelhecemos ficamos cada vez menos receptivos aos pensamentos alheios.

A carência potencializa esse efeito.

 

outubro 21, 2023

Religião & Ciência - Uma Origem Comum


NOTA:

Este texto não tem imagem propositalmente.
Ele reflete a dificuldade de uma percepção que precisa ser construída pelo leitor, individualmente, sem interferência ou sugestão.

 

A eterna dicotomia entre religião e ciência que ao longo do tempo fomentou a busca pela forma como pensamos e buscamos o que não temos.

As religiões e filosofias vão sendo pressionadas pelos avanços da ciência, não importa a sua origem, se criadas por mentes que negam a existência de Deus ou não.

A elucidação vai substituindo o milagre, que é a forma antiga de explicar o que a ciência ainda não pode àqueles que delegam o mistério à autoria pelo Deus que imaginam.

A fé prega o sentimento sobre a razão e a ciência o contrário, mas ambas nascem e bebem das mesmas fontes do desejo e da percepção intuitiva que nos dirigem a um destino cujo único esteio é o sentimento de certeza.

Um cientista antes que possa provar a sua tese nutre-se desse sentimento de certeza intuitiva.

Um religioso vive do mesmo sentimento de certeza, porém nega a necessidade de prová-lo como prova de submissão e humildade a um  Deus que imagina, o que torna uma armadilha da razão e um instrumento de submissão onde a razão é persona non grata.

A diferença básica entre ambos está no resultado final de seus objetivos, mas ambos alimentam-se de sentimento onde a razão não pode alcançar.

Enquanto a ciência ao concluir seu trajeto pode controlar o que antes não entendia, a religião é por definição a ciência da inferioridade submissa a uma força toda poderosa e por conseguinte sempre dela dependente, sempre incapaz de compreender seus propósitos, deixando a razão à deriva como ato de fé.


O notável desse processo através de um sentimento não comprovável é que ele não garante  o sucesso, mas sustenta-se apenas por um sentido de certeza pessoal.
Uns chamam de intuição, outros de Fé, e ainda outros não fazem distinção entre ambos, mas tudo não passa do inexplicável que habita em nós ditando nossas ações compulsivas.


A pessoa imbuída dessa certeza pode realmente sentir-se possuidora de uma percepção não racionalizável, ou seja, aquela que ela não consegue explicar claramente a sua origem, e que pode nascer de uma ideia obsessiva ou simplesmente daquilo que chamamos inspiração, um momento em que o pensamento desperta para algo novo de um velho problema ainda sem solução.

Inspiração é o termo para a magia em que crédulos ou não crédulos encontram seu ponto comum mas com raízes diferentes. Os crédulos atribuem a uma força maior. Os incrédulos que precisam negar tal princípio, levantam hipóteses baseadas em um poder conferido pela natureza que ainda não conseguem explicar. De qualquer maneira, ambos carecem da incerteza das origens.

Afinal, explicações nem sempre são necessárias.
Não importa que eu saiba ou não explicar o funcionamento de um carro quando o que importa mesmo é que eu possa conduzi-lo para o destino que preciso alcançar.

A necessidade da explicação de seu funcionamento só aparece quando o carro quebra no meio do caminho. Então, neste momento, só resta caminhar ou pegar uma carona quando não temos as explicações que poderiam subsidiar os ajustes necessários!

A maioria pega carona no pensamento alheio porque caminhar pelas próprias pernas demora e sacrifica.

Assim nascem os líderes que se dizem possuidores das soluções que as massas preferem delegar a terceiros na esperança que resolvam seus problemas, pagando o preço da conivência e da lealdade cuja garantia muitas vezes decepciona diante da ilusão que se desfaz.

Milhões e milhares morrem dessa forma, pelo sonho de que alguém sozinho possa fazer o milagre de resolver seus problemas quando ele próprio é parte deles.

Nós somos isso, a construção do Eu que se apoia no coletivo até que adquira a maioridade que lhe permita expressar-se por si mesma, quando então agrega-se àqueles que lhe fazem juz num corpo único e coeso pela unicidade de pensamento.


setembro 26, 2023

Instintos Básicos e as Consequências Sociopolíticas



SERIA ISSO MESMO???


Existem frases soltas que parecem tão verdadeiras!!!

Este texto é uma pequena viagem que nos ajuda revisar coisas que sentimos verdadeiras, mas seriam realmente verdadeiras?

Seria o sentimento puro, na sua forma não elaborada, o melhor conselheiro?


Eu convido você a um mergulho sobre o tema.


Haverá um tempo em que o comportamento autodestrutivo e genocida será considerado um crime mundial não tolerável, um tipo de transtorno mental gravíssimo, ainda mais sério que o transtorno dos assassinos seriais, uma vez que seu efeito é coletivo, em larga escala.

No presente milênio é inconcebível o pretexto que justifica a invasão territorial que busca submeter a cultura de uma população à outra.


Mesmo que a tolerância levasse a uma fragmentação cultural-geográfica, ainda assim pouco importaria pois diante da necessidade de interagir comercialmente encontraríamos os caminhos da convivência pacífica, ou insidiosamente menos assassina.

A intolerância religiosa e cultural vem servindo de trampolim para déspotas ao longo dos séculos, cujo exemplo mais popular é o de Hitler, e infelizmente tal prática continua pujante onde o princípio é o mesmo, porém só mudam os nomes e os locais.

Os horrores da WWII, segunda guerra mundial, nunca terminaram.

Judeus foram substituídos por outras etnias e o assassinato indiscriminado é parte do cotidiano ora ali e acolá sempre a pretexto de alguma desculpa.

Nada justifica a pretensão de que uma única pessoa tenha todas as respostas e que esta utilize a morte como instrumento de manutenção de seu poder.

É algo tão intensamente absurdo que as côrtes mundiais condenem assassinos, contudo tolerem líderes que praticam assassinato coletivo, em massa. Esses tribunais têm respostas lentas para o óbvio e pouco efetivas.


Se não houvesse ameaça, também não fariam diferença as subdivisões sociais refletindo-se geograficamente.

Você não pode matar uma ou mais pessoas para satisfazer seus interesses, mas pode matar milhares para sustentá-los. 

Pessoas assim também seguem seus instintos — lembre-se da imagem acima.


Eu não mais consigo perceber tais côrtes como expressão de justiça, mas sim como um "patch" (remendo) às necessidades menores de um país para manter a ordem social sobre os mais fracos, quando deveriam trabalhar para penalizar líderes que realizam assassinatos coletivos, operando livremente porque as nações não encontram maioria segura acima de interesses menores para estabelecer uma ordem social efetiva. O que temos mais próximo disso seria a ONU(Organização das Nações Unidas) e UN (United Nations/Nações Unidas), ambas enfraquecidas por falta de um consenso mais agregador entre as nações.

 

Nossa sociedade torna-se competente para criar enxames de equipamentos inteligentes que são capazes de coordenar ataques grupais via dispositivos eletrônicos para promover destruição em larga escala, mas ainda incompetente para administrar seu próprio poder de destruição.

Retornando ao passado longínquo, veremos que os Herodes, os Calígulas e toda sorte de psicopatas continuam recebendo apoio porque a vida humana só importa para enriquecê-los e é tida tão desprezível como um objeto descartável.

E o povo seguindo mais o seu instinto que a razão é mero combustível de sua própria incineração.


Ainda vivemos sob o domínio dos instintos básicos primários.

Não somos uma raça avançada, pelo contrário, quanto mais primitivo o ser, mais preponderantes são os instintos básicos.

No sentido inverso, à medida que a civilização progride em todos os aspectos, a compreensão vai controlando esses instintos primários e posteriormente substituindo.

Se você gosta de ficção, vai se lembrar de Spock em Star Trek, personificando apenas um lado desse crescimento — a racionalidade sobre o sentimento.

O outro lado é o aperfeiçoamento do sentimento em si através do amor, onde o maior mestre de todos foi o filósofo da Galileia, reconhecido por seus conhecimentos como rabino embora não excerce tal função oficialmente.

Quando faço referência a Jesus, insisto em despojá-lo das interpretações e influências de facções e credos religiosos, vendo-o exclusivamente como um filósofo e um ser com poderes transcendentais que sinalizam as incríveis possibilidades que o futuro dessa evolução pode atingir.

Os instintos básicos quando alimentados sem as forças da razão e do amor ao próximo conduzem o indivíduo às suas expressões mais animalescas que, uma vez frequentes, induzem às mais variadas neuroses.

A neurose humana por poder e discriminação sustenta a máquina da guerra, tornando-se um dos vetores de transformação tecnológica e cultural mais intensos de toda a história da humanidade.

A ironia vem do efeito colateral em que a procura de poder e defesa vai nos enfraquecendo e nos destruindo à medida que a estratégia não visa conciliação mas submissão ou destruição.

A natureza tem seus próprios caminhos.

Se de um lado nosso atraso serve de estímulo à competição e esta à evolução, do outro, as nossas ações destrutivas tornaram-se tão intensas pelo avanço da tecnologia que as suas consequências respingam por todo o planeta.

A autodestruição decorre da degradação socioambiental cada vez mais intensa, fortalecendo a criminalidade e o desequilíbrio climático.

Há algumas décadas iniciamos a competição onde países buscam substituir homens por máquinas como estratégia mais eficiente de produção,  ataque e defesa, todavia, não existe o mesmo empenho no desenvolvimento social. Não há sobra de recursos diante da sede dessa competição e do dreno de capitais dedicados à corrupção, seja ela do gênero político, comercial ou como estratégia de defesa pelas mãos da espionagem e da sabotagem.

Líderes obcecados com a necessidade de justificar a imposição de poder territorial e cultural como a cola que mantém a hegemonia geográfica e, dessa forma sustentam seus "reinados", atropelam os esforços dedicados às necessidades sociais já que não é a sociedade de fato o que lhes importa, mas o poder que dela provém independente da sua condição degradante.

Tais líderes que estimulam tal panorama são responsáveis não pelo genocídio mas por vários crimes genocidas. Não se contam apenas aqueles que morreram em combate, sejam civis ou militares, porém também aqueles que por falta de amparo social acabaram com suas almas mortas pela desesperança, pelo despreparo e pela fome, ou simplesmente não sobreviveram à falta de assistência médica de que precisavam.


O povo sente mais do que pensa, seguindo seu instinto, seu coração, e nem percebe que troca coisas preciosas por ninharias tal como aquelas nações indígenas fizeram porque mediam o valor de troca por sua própria noção de valor subjetivo. Eles não faziam ideia do valor real para quem adquiria o seu bem, pois viam apenas o seu  lado, trocando pedras preciosas por bugigangas.

Assim também continua agindo a população entregando seus dados por ninharias, sua liberdade pelo voto manipulado pela demagogia, seu futuro por pequenas vantagens quando relativamente comparadas aos valores que elas representam sob outros aspectos ainda mais importantes.



Diante dos fatos, podemos perceber que os instintos básicos podem ser um aliado, ou um inimigo.

Seria o sentimento puro, na sua forma não elaborada, o melhor conselheiro?





Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.5

    Israel, A Jihad e O Mundo drillback.com/notes/viewinfo/6552781cc388f6d383edee68 ----------------------------------------------- Quais as...