novembro 17, 2023

Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.2


Nos posts anteriores, abordei o radicalismo sobre alguns aspectos.

Adiantei que a posição estadunidense sob o comando de Biden tinha escolhido uma retórica nada adequada nem conciliadora, porque entre israelenses e palestinos não é possível determinar um culpado, mas sim uma situação que acumula as desmazelas de ambos ao longo do tempo e que seria necessário repassar o presente sob novos olhos para que haja um futuro mais promissor.

O presidente estadunidense já paga seu preço por seu posicionamento afoito diante do conflito em virtude de forte reação interna e externa ao EUA, lembrando que ele caminha para disputar novamente as eleições presidenciais.

Israel ocupa uma área que desde a sua formação é contestada e disputada não só geograficamente mas ideologicamente. Conflitos levam ambos os lados a situações extremas.


O Hamas usou da estratégia mais árdua possível com a política israelense que tem lutado pela sua soberania na região com a intensidade econômica de sua soberania.


Não existe outra maneira de se combater o radicalismo que não seja desfavorecer os fatores que o impulsionam, tal como um físico reduz a temperatura para diminuir a reação em cadeia, do contrário o processo sai fora de controle.

A Jihad expõe o radicalismo como um produto religioso cuja fidelidade não conhece limites.

Em contrapartida, todos nós sabemos que Israel é teocrático por natureza e disputa as diferenças com a mesma convicção religiosa que os mantém unidos através do mundo.

Grupos ideológicos radicais são formados por extremistas que acreditam que a força é o meio de se promover mudanças.

É preciso, no entanto, de massa crítica, ou seja, de um número de pessoas que seja suficiente para impor o processo à força. 

Seguindo os padrões proselitistas da religião ou da política, ou seja, a mesma estratégia para alavancar adeptos, as convicções fanáticas vão sendo inseminadas nos meios sociais mais propícios, onde a carência torna-se o vetor de adesão, tanto do ponto de vista econômico quanto psicológico, ou pelas mãos da tradição cultural.

Unir religião e política é a forma convencional mais intensa de promover poder.

A teocracia é uma velha ferramenta de liderança, tão velha como a humanidade, mas seus efeitos são ainda imbatíveis.
A situação fica muito difícil quando o embate ocorre através de bases teocráticas.


É latente que uma parte da nossa sociedade avança com uma velocidade invejável deixando à deriva dois quesitos fundamentais ao equilíbrio de seu próprio avanço:

- o equilíbrio do ambiente físico que a sustenta, e

- o equilíbrio do ambiente psíquico de onde emerge e se sustenta.

A solução ao radicalismo vem da construção e da distribuição desse progresso de crescimento e oferta de recursos de forma mais equânime, não pela esmola como pregam os demagogos, mas pelo favorecimento dos meios que permitam ao indivíduo integrar-se ao processo. O indivíduo estimulado pela possibilidade da integração torna-se mais impermeável às sugestões do radicalismo, pois ele passa a ter algo a perder, do contrário, diante do caos provocado por sua miséria pessoal. a desconstrução dos outros já é alguma coisa que compensa o vácuo da frustração.


A concentração do progresso é como uma bolha social.

Não se sustenta por si só, isoladamente.

A forma de conter os processos radicais é reduzir os fatores que contribuem para a sua proliferação, da mesma forma que se controla uma lavoura, uma reação atômica, etc.

Como sabemos, os inseticidas conseguem apenas controlar as pragas de uma plantação, porém jamais exterminá-las.

As deficiências emocionais do ser humano fazem parte de nossas vidas assim como os insetos, fungos, virus e outras formas de vida que não se pode exterminar, contudo o controle é suficiente para promover uma boa colheita. Alguma perda faz parte do processo.

A guerra é como um agricultor tresloucado, que tomado por radicalismo na sua intenção de exterminar as pragas da lavoura queimasse todo o seu solo e despejasse toneladas de pesticidas.

Ao final, só conseguiria destruir o próprio solo e envenenar a terra, os rios e os lençóis subterrâneos que alimentam a vida, trazendo para si mesmo e para os outros um resultado desastroso.

O tempo passa e as pragas sempre voltam.
Sempre voltam!

Se Hitler que tanto se empenhou em numerosos processos de exterminação em massa de judeus estivesse ainda vivo, certamente diante da criação de Israel e sua evolução como país pujante, viria isso tudo como uma pá de cal sobre suas convicções sobre a efetividade da matança que patrocinou através de seus sonhos alucinados e radicais.

Guerra é uma solução tão desajeitada quanto temporária, cujo custo é altíssimo, não apenas socialmente, mas também nocivo à preservação climática do planeta e à economia, quando os recursos poderiam ser empregados na construção da qualidade de vida humana, e não na sua destruição como meio de solução. Dessa qualidade de vida distribuída adviriam as bases sociais para liquefazer tanto radicalismo pela redução das frustrações acomodadas pelos confortos sociais.

Fala-se tanto em ativismo e novas “leis verdes”, porém guerra é um assunto posto mais de lado, quando deveria ser um dos tópicos mais relevantes. E ao invés de combatê-la apenas pela proibição, seria desestimulada pelas ações conjuntas da economia mundial.

Não faz mais sentido a guerra territorial que precisa ser substituída pela cooperação comercial indistinta de fronteiras.


Destruir uma sociedade e seu planeta por disputa de quem vai mandar naquele espaço econômico é tão insano e primitivo quanto achar que por se ter extrema certeza do que se pensa é justificativa única e necessária para que se imponha o pensamento próprio aos outros a qualquer custo.


Dessa forma, a guerra é um loop interminável que tenta impor algo que alguém buscou impor antes, pois isso trata da outra faceta da "economia verde" que é tão relevante quanto à preservação do carbono no solo terrestre quanto é preservar e conter o equilíbrio do indivíduo em sua localidade nativa evitando migrações em massa, pois uma coisa advém da outra.


Veremos nos próximos artigos da série alguns exemplos através da história, uma vez que o ser humano vem repetindo os mesmos erros há  séculos.

O interessante é que o momento vivido traz o sabor do novo, quando na verdade é uma repetição que se aproveita do esquecimento ou da ignorância de nosso próprio passado.


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