VOCÊ E O TEMPO
Se você ao
lembrar-se de você mesmo lá no seu passado, você diria que hoje você sabe mais
ou menos que ontem?
Se
responder que continua a mesma coisa, então o tempo passou e você não saiu do
lugar, não aproveitou.
Se sabe menos, então é melhor consultar um médico.
Se
responder que hoje você sabe muito mais que aquele garoto ou garota do ontem,
então você aproveitou bem o seu tempo para crescer, progredir, e superar os seus
limites do hoje.
Se hoje
você tem 20 anos, e ao se lembrar de quando tinha 15 você chega à conclusão que a pessoa
de 20 teve um tremendo "upgrade", então imagine o
que será a pessoa de 30, de 40, etc.
Tirando-se
os problemas de saude que afetam a eficiência de aprender e relembrar nossas
lições, tal como Alzheimer e outras circunstâncias, enquanto você permanecer
ativo e aberto para as coisas novas continuará enriquecendo sua percepção.
CONFLITO DE GERAÇÕES
Se você pudesse voltar no tempo, talvez gostasse de conversar com o seu eu menos
experiente e adiantar algumas informações para livrá-lo de problemas e
sofrimentos.
Isto é o que geralmente os pais fazem com seus filhos.
A questão
é que, em geral, um estado anterior de compreensão nem sempre tem os meios de
entender um estado posterior. Então acontece o conflito de gerações.
Aconteceria até com você mesmo, entre o eu do hoje e o do ontem, se as viagens
no tempo fossem uma realidade disponível para nós.
A CONTA DO TEMPO
O tempo
passa e inevitavelmente apresentará a conta de como foi aproveitado.
Se nos excedemos em gastá-lo com diversão pura, aquela que nos acrescenta pouco,
mas nos diverte muito, certamente o tempo contará em seu desfavor.
Em
contrapartida, quando somos hábeis no uso do tempo, ele passa de inimigo para
aliado.
Certas perguntas ajudam a manter o foco sobre o aproveitamento do tempo.
Por exemplo, o que aprendi no dia de hoje?
Ou ainda, dessa atividade, o que restará dela para o amanhã?
O QUE É VELHO?
Depois do que foi dito, o conceito de velhice pode ser repensado.
Uma coisa torna-se velha quando fica superada.
A questão temporal é relativa e não determinante, ou seja, o tempo por si só
não serve como base de julgamento.
Se um determinado equipamento não tem substituto, então ele continuará
atualizado, vencendo o tempo. Um exemplo disso são as seringas utilizadas pela medicina para injeções.
O princípio da "seringa" já era utilizado desde os tempos do velho Egito, Grécia e Roma.
Recebeu avanços tecnológicos a partir do século XVII em diante.
O início da adoção da seringa plástica descartável começa na década de 50 e até
hoje permanece em uso, ou seja, ela tem por volta de 70 anos e ninguém ao pegar
uma seringa descartável diz que é algo velho, pelo contrário, a percepção é de
algo moderno e mais seguro, que faz parte do presente e não de algo que
pertence ao passado.
Ao mesmo
tempo, se analisarmos os computadores, podemos lembrar que um processador (CPU)
e sua respectiva placa mãe podem ficar ultrapassados em seis meses a um ano, ou
ainda menos.
Em poucos anos você estará olhando para aquela sua estação de jogos como uma
relíquia.
Aplicando
o mesmo raciocínio ao ser humano, podemos ter um velhinho de 18 anos de idade
que se tornou obsoleto pela incapacidade de absorver novas informações, ou
seja, de aprender, de mudar e se adaptar às novas necessidades.
Paralelamente
podemos ter um homem de 70 anos acompanhando o seu tempo ou mesmo liderando o seu
tempo, a exemplo de muitos cientistas e políticos.
Pouco
importa se o jovem tem 18 anos se a sua utilidade social foi comprometida!
Em contrapartida, um lider de 70 anos permanece liderando porque continua
criando soluções.
Hoje,
mediante as próteses, o conceito de velhice fica ainda mais diluído pela
possibilidade de trocarmos partes do nosso corpo que perdem a sua funcionalidade,
independente da idade do paciente.
Um jovem de 18 anos pode ter problemas que um homem saudável de 70 não tem!
A velhice
depende de ao menos quatro vetores:
- herança genética
- modo de
viver
-
capacidade de aprender.
- sorte:
o imprevisível que não controlamos.
O VALOR DAS COISAS
Tudo o mais que busca medir as coisas por conceitos que não atendem o sentido
de utilidade e superação é expressão de futilidade e preconceito.
FUTILIDADE
A
futilidade busca fazer prevalecer o conceito estético, que é temporário e
relativo, como também duvidoso e pessoal, sobre quaisquer outros.
O que era moda há seis meses torna-se descartável apesar de útil, consumindo
desnecessariamente novos recursos do planeta, já que aquilo que é substituído
continua plenamente funcional, mas vaidosamente inútil.
O
conceito de moda precisa ser revisto para tornar-se adequado à política verde
que visa conter o aquecimento do planeta. As fibras de tecidos são um dos
principais poluentes do ambiente marinho já que a sua decomposição é muito
lenta. Cientistas identificaram a presença de fibras de séculos anteriores.
A vaidade
e a futilidade aquecem o planeta e precisa se adequar aos novos tempos.
PRECONCEITO
O preconceito estabelece padrões cujo foco é a discriminação sem senso de justiça à utilidade e à meritocracia. O preconceito é apenas uma justificativa para o ódio e a impotência da frustração.
O
preconceito está na base das maiorias dos conflitos e guerras.
Guerras aquecem o planeta.
Os recursos que destinamos às guerras precisam ser convertidos na restauração
do equilíbrio climático.
Guerras e conflitos precisam encontrar penalidades globais e modos alternativos
de solução.
Quando o ser humano, em sua maioria, entender o óbvio, talvez seja tarde
demais quando então o sacrifício para a recuperação planetária arrancará lágrimas de saudades dos tempos em que poderíamos ter resolvido, mas não o fizemos.
COMPROMETIMENTO COM O TEMPO
Na estrada do tempo, acelerada pela competição do homem com as máquinas
inteligentes, só aqueles que não pararem de caminhar todos os dias terão
alguma chance de viver pelo que acreditam.
Um futuro
que não é ruim se pensarmos que o descompromisso da juventude vem das
facilidades do presente, mesmo que o presente pareça suficientemente
desafiador, o futuro vai prover ainda mais desafio diante da evolução
tecnológica e do aquecimento global.
Os pais
protegem excessivamente suas crianças imaginando que as preservam.
Na adolescência encontram-se despreparados para a realidade que lhes foi
omitida.
Então os pais se perguntam onde erraram.
Enquanto
na Coréia do Sul as crianças são submetidas a um regime excessivo que lhes
rouba a infância, os latino-americanos seguem nos excessos opostos criando
jovens que não conhecem o valor do tempo, alheios ao futuro pela fuga através das drogas ou dos "Tik Toks", sem
interesse ou condições emocionais de entenderem seu tempo, pois apenas cultuam
o preconceito da velhice imaginando que a juventude por si própria é um valor
superior e suficiente para lhes garantir o futuro quando então não serão jovens!
Incoerência. Esquecem que a cada dia envelhecem.
A educação continua obsoleta, aquém das necessidades de seu tempo.
Professores mal remunerados, mal treinados, mal orientados, insistem em aplicar
didáticas superadas e medíocres, muitas vezes, ou talvez em sua maioria,
tendo que suportar a falta de apoio dos pais que então mais interessados em proteger o
ego de seus filhos quanto os próprios, quando deveriam incentivar o sentimento de respeito que é a
matéria-prima da base do aprendizado, e abraçar o esforço de contribuir para
reduzir a mediocridade do ensino.
Como
alguém pode estar disposto a aprender alguma coisa de uma fonte que despreza?
A
sociedade investe pouco e mal diante de um círculo vicioso onde os filhos
mal-educados de hoje serão os pais mal-educados de amanhã criando filhos igualmente mal-educados, porque milagre não acontece. Ninguém deixa de ser o que é porque se tornou pai!!!
Como
esperar um comportamento diferente dos pais de hoje que foram os alunos mal
educados do ontem?
A facção
da sociedade que insiste em viver aquém das necessidades de seu tempo vai ser
alijada socialmente e, portanto, a marginalização vai aumentar aceleradamente,
sobrecarregando aqueles que entendem o seu tempo.
O COMPLEMENTO NECESSÁRIO
Esperar
soluções apenas pelas mãos da ciência para continuar viabilizando nossa existência não será
suficiente.
É preciso mudança de atitude social.
Se não podemos mudar pelo amor ao próximo, precisamos mudar pelo amor a nós
mesmos através do senso prático como meio de sobrevivência.
O Efeito de Impermeabilização do Tempo Sobre a Psiquê
À medida que envelhecemos ficamos cada vez menos receptivos aos pensamentos alheios.
A carência potencializa esse efeito.
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