Pressionados pela frequência das más notícias, o desânimo e o medo nos sequestram para o pessimismo, e o otimismo sem fundamento é fuga da realidade.
Evolução é processo de transformação.
Tudo o que conhecemos do Universo tem seu ciclo, assim como
as estrelas que nascem, brilham e morrem, toda a natureza que nos cerca, assim como
nós mesmos fazemos parte dessa transformação contínua.
Não existe morte no sentido extenso e definitivo de inexistência, ou seja, de deixar de existir, que nós usualmente emprestamos ao termo.
Morte é apenas transformação.
Lavoisier que o diga:
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Já em pleno século XVIII, este químico francês entendeu aquilo que em pleno século XXI muitos ainda negam através do ceticismo materialista ou da religiosidade.
Os fenômenos físicos são guiados por princípios que buscam o
equilíbrio, a exemplo da corrente elétrica, dos relâmpagos, dos fenômenos de
difusão nos estados da matéria, e etc.
O texto preliminar coloca o leitor em posição vantajosa de
entendimento para perceber que a mesma tendência que notamos na física e na
química que nos cerca, também atua na física e na química das relações humanas
em suas próprias transformações.
Parece uma lei única, universal!
Temos dois grandes vetores de transformação social que surgem com a IA e os "wearables"(dispositivos que podemos usá-los integrados às nossas vestimentas).
Recentemente lançado, o AI Pin é o novo dispositivo que
busca integrar os recursos da eletrônica e da IA na facilitação das nossas
tarefas cotidianas, cuja tendência é reduzir a nossa dependência das telas de smartphones ou notebooks.
O aparelho já nasce com um visual velho e desajeitado, mas é
o que temos de "top" com as possibilidades técnicas do hoje. Um tijolão como os
antigos celulares. Melhores soluções advirão da evolução das pastilhas
flexíveis e adaptáveis à pele humana, da miniaturização extrema que permitirá
que um adereço contenha algo que hoje toma o espaço de um notebook.
Enquanto este futuro não chega, o que temos hoje é isso e como isso vai influenciar nossas vidas?
À medida que os dispositivos inteligentes forem surgindo, a influência da IA no comportamento humano será proporcionalmente potencializada ao extremo pelo carácter prático que ela agrega ao contidiano. Será mesmo impossível abter-se dessa onda.
Nada que se cria está isento de algum viés de seu criador.
Faz parte da sua “assinatura”,
assim como este texto, tem o viés do autor, a IA terá o viés dos grupos de
capitais que sustentam o empreendimento e, por conseguinte, também a serviço da
política, pois tais forças são irmãs siamesas, difíceis de separar até pelo
mais talentoso “cirurgião filosófico”.
A história é repleta das tentativas e promessas dos mais
diversos filósofos ao propor sistemas que conciliassem melhor o péssimo da natureza
humana com o sentido de humanidade dessa mesma natureza.
As diversas ciências podem ser resumidas em apenas três grupos:
- a física, que engloba a química, a engenharia, etc., pois
tudo termina no comportamento das partículas que compõem a matéria.
- a matemática, que é a ciência da descrição, pois através
dela podemos caracterizar um fenômeno, quando então temos como predizê-lo ou efetivar algum controle que nos favoreça.
- a filosofia, a ciência que trabalha para conciliar a volição ao sentido
da vida, sendo que uma é consequência da outra, conduzindo a vários sistemas de
crenças religiosas, terrenos onde a ciência ainda não conseguiu chegar ou não
pode disputar com o desejo humano de acreditar naquilo que deseja, através da expressão
mais sagrada da vida: o livre arbítrio — algo que sustenta o sentido de
premiação ou punição.
Qualquer outra ciência acaba se encaixando em um destes
três grupos que eu chamaria de primários. Por exemplo, pedagogia é a filosofia
que aprende a ensinar, enquanto a medicina é a operária dos recursos que a física do corpo
humano provê através da física que o ser humano já consegue oferecer. E assim
vai...
O ser humano, quanto à sua percepção, também pode ser analisado
através de grupos primários de acordo com o índice de livre arbítrio adquirido, que por sua vez sustenta o crescimento da sua percepção.
Neste contexto, podemos imaginar quatro grupos:
Grupo A: a mais baixa condição de livre arbítrio e
percepção, que os torna plenamente dependentes daqueles que estão nos estágios
acima. Aceitam tudo por não poderem diferir conscientemente, mas podem ser dotados de grande capacidade de copiar comportamentos, o que lhes permitem integrar-se socialmente.
Grupo B: adquiriram alguma capacidade de análise independente mas ainda se
confundem com a própria lógica decorrente das restrições impostas pela pequena percepção.
Grupo C: este grupo já exercita a sua lógica com bastante independência, é
marcado pelo questionamento persistente e sistemático de tudo, e seu
comportamento é pautado pela desconfiança que é fruto da percepção de que ela
própria é deficiente. Eles exercem o seu livre arbítrio no espaço intermediário
entre o topo e a base.
Grupo D: altíssimo livre arbítrio e percepção relativos aos demais grupos, e por isso
podem assumir posições de liderança independentes das próprias deficiências, tudo simplesmente porque não há nada melhor para competir, não necessariamente que estejam realmente próximos do próximo passo desejável desse processo evolutivo.
Uma vez que os grupos foram definidos, fica mais fácil entender como as novas tecnologias vão influciá-los.
A manipulação dos grupos A, B e C por D sempre existiu desde que nasceu o primeiro grupo social.
Então o que muda com a IA e seus dispositivos inteligentes?
É a velocidade desse processo de transformação que vai imprimir consequências
sociais dramáticas.
Fomos acostumados e treinados a acreditar, porque essa é a
base pedagógica do ensino.
Se não colocarmos na prova o que os examinadores desejam, seremos punidos com a
reprovação.
Um belo exemplo disso é o último exame da Enem!
O objeto que conhecemos como "livro" — aquele objeto com capa e páginas de papel :-) — está na base dos primórdios dessa crença de que aquilo que está
escrito tem o dom da verdade, do crível, estivesse ele em papiro, pergaminho, pedras, etc.
O lado positivo das “fake news” nas mídias sociais é que se promove a transformação dessa veneração por aquilo que está escrito para algo que
antes precisamos analisar com muito cuidado.
A “pegadinha” e a mentira institucionalizada são grandes
estímulos à esperteza, ou seja, à necessidade de se aperfeiçoar a percepção
através do livre arbítrio usando a desconfiança como base estratégica.
É por isso
que os ditadores restringem tanto o livre arbítrio, que é a porta por onde
trafega a percepção colocando em risco a verdade alternativa que eles promovem como
justificativa de seus desmandos.
Diante da velocidade da IA que vai libertar parte das
restrições de memória e de velocidade de aprendizagem do ser humano, a IA também vai acelerar o caos
pelo viés que elabora a mentira como sua matéria prima de sustentação e
liderança.
Os grupos A e B sofrerão intensamente, sofrimento este que
energizará a sua diligência no sentido da evolução da própria percepção como estratégia de autodefesa para fugir do seu papel de argamassa na construção do poder.
Talvez, pessoas como Elon Musk, Rishi Sunak, Steve Wosniak e
tantos outros que pedem que se regule a IA, vêm no retardamento desse
processo uma iniciativa humanitária para reduzir o impacto sofrido pelos grupos
mais vulneráveis e que sustentam a base da pirâmide econômica.
A divergência é parte intrínseca do processo evolutivo, pois
a verdade é o limite da pluralidade quando tende à unicidade.
A percepção é o meio em que a alma trafega através das pernas
do livre arbítrio entre a sua origem e o seu destino. Tudo o mais é ferramenta
evolutiva desse processo universal.
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