outubro 21, 2023

Religião & Ciência - Uma Origem Comum


NOTA:

Este texto não tem imagem propositalmente.
Ele reflete a dificuldade de uma percepção que precisa ser construída pelo leitor, individualmente, sem interferência ou sugestão.

 

A eterna dicotomia entre religião e ciência que ao longo do tempo fomentou a busca pela forma como pensamos e buscamos o que não temos.

As religiões e filosofias vão sendo pressionadas pelos avanços da ciência, não importa a sua origem, se criadas por mentes que negam a existência de Deus ou não.

A elucidação vai substituindo o milagre, que é a forma antiga de explicar o que a ciência ainda não pode àqueles que delegam o mistério à autoria pelo Deus que imaginam.

A fé prega o sentimento sobre a razão e a ciência o contrário, mas ambas nascem e bebem das mesmas fontes do desejo e da percepção intuitiva que nos dirigem a um destino cujo único esteio é o sentimento de certeza.

Um cientista antes que possa provar a sua tese nutre-se desse sentimento de certeza intuitiva.

Um religioso vive do mesmo sentimento de certeza, porém nega a necessidade de prová-lo como prova de submissão e humildade a um  Deus que imagina, o que torna uma armadilha da razão e um instrumento de submissão onde a razão é persona non grata.

A diferença básica entre ambos está no resultado final de seus objetivos, mas ambos alimentam-se de sentimento onde a razão não pode alcançar.

Enquanto a ciência ao concluir seu trajeto pode controlar o que antes não entendia, a religião é por definição a ciência da inferioridade submissa a uma força toda poderosa e por conseguinte sempre dela dependente, sempre incapaz de compreender seus propósitos, deixando a razão à deriva como ato de fé.


O notável desse processo através de um sentimento não comprovável é que ele não garante  o sucesso, mas sustenta-se apenas por um sentido de certeza pessoal.
Uns chamam de intuição, outros de Fé, e ainda outros não fazem distinção entre ambos, mas tudo não passa do inexplicável que habita em nós ditando nossas ações compulsivas.


A pessoa imbuída dessa certeza pode realmente sentir-se possuidora de uma percepção não racionalizável, ou seja, aquela que ela não consegue explicar claramente a sua origem, e que pode nascer de uma ideia obsessiva ou simplesmente daquilo que chamamos inspiração, um momento em que o pensamento desperta para algo novo de um velho problema ainda sem solução.

Inspiração é o termo para a magia em que crédulos ou não crédulos encontram seu ponto comum mas com raízes diferentes. Os crédulos atribuem a uma força maior. Os incrédulos que precisam negar tal princípio, levantam hipóteses baseadas em um poder conferido pela natureza que ainda não conseguem explicar. De qualquer maneira, ambos carecem da incerteza das origens.

Afinal, explicações nem sempre são necessárias.
Não importa que eu saiba ou não explicar o funcionamento de um carro quando o que importa mesmo é que eu possa conduzi-lo para o destino que preciso alcançar.

A necessidade da explicação de seu funcionamento só aparece quando o carro quebra no meio do caminho. Então, neste momento, só resta caminhar ou pegar uma carona quando não temos as explicações que poderiam subsidiar os ajustes necessários!

A maioria pega carona no pensamento alheio porque caminhar pelas próprias pernas demora e sacrifica.

Assim nascem os líderes que se dizem possuidores das soluções que as massas preferem delegar a terceiros na esperança que resolvam seus problemas, pagando o preço da conivência e da lealdade cuja garantia muitas vezes decepciona diante da ilusão que se desfaz.

Milhões e milhares morrem dessa forma, pelo sonho de que alguém sozinho possa fazer o milagre de resolver seus problemas quando ele próprio é parte deles.

Nós somos isso, a construção do Eu que se apoia no coletivo até que adquira a maioridade que lhe permita expressar-se por si mesma, quando então agrega-se àqueles que lhe fazem juz num corpo único e coeso pela unicidade de pensamento.


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