agosto 22, 2022

Alguma Vez Já Pensamos: "Se Deus é Todo-Poderoso, Por Que Não Conserta o Mundo?"

 



Essa deve ser a dúvida de muitos, principalmente daqueles que creem na existência de algo maior que esteja no controle dos destinos de todos nós direcionando a evolução social.

A resposta a essa pergunta depende da premissa inicial que se adote.

Se partirmos da premissa que a vida é uma consequência aleatória de uma natureza Universal que deu a sorte de criar tudo isso, então a resposta é que ele não conserta porque ele inexiste! 😀
Tudo se resumiria numa mera coincidência de "zilhões" de eventos que deram a sorte de tecer e manter essa delicada e intrincada cadeia ecológica que sustenta o planeta.

Agnósticos gostam mesmo de apostar na sorte do acaso! E haja sorte e acaso!!!

Partindo da premissa que exista realmente um meio diretor que rege a vida e que este fosse extremamente evoluído, algo tendendo a infinito, uma coisa que a maioria de nós entende por divindade, então a indagação passa a fazer sentido.

Esse conceito de infinita evolução e poder é complicado para aceitarmos intuitivamente porque é difícil imaginar grandezas infinitas, então podemos facilitar substituindo por muito, muito grande.

Admitindo que Deus fosse algo assim, então por que Deus tendo todo esse poder não varre da Terra tanta contravenção às suas leis, tanta injustiça?

Qualquer pai (ou mãe) não colocaria ordem na bagunça da casa!!
Bom... depende da casa!

E se a casa fosse uma escola, você convidaria para alunos exatamente aqueles que precisam aprender o que você tem para ensinar, ou não?! 😊

Se nós considerarmos a Terra como um planeta-escola, então dar a oportunidade ao aluno de fazer seus exercícios com liberdade é o meio de aprendizado genuíno, do contrário sua escola seria convertida em campo de concentração onde todos teriam que obedecer à direção do campo independente da índole de cada um.

Porém...

A verdadeira conquista acontece quando adquirimos um padrão comportamental por livre-arbítrio.

Quem aprende, quem muda, não sente falta daquilo que superou, e nem dos hábitos que substituiu.

Alterar a índole é um processo introspectivo de causa e efeito elaborado no laboratório da individualidade de cada um à medida que a "experiência" ou o sofrimento vai indicando o melhor caminho.

É por isso que pais e filhos têm tantos conflitos.
Cuidar não implica em sufocar a liberdade mesmo diante do desespero zeloso que procura evitar o sofrimento do ente amado.

E quando digo "experiência" não me refiro necessariamente à idade do corpo, mas sim àquela do espírito. Há garotos mais "experientes" que seus próprios pais, trazendo uma bagagem que não conseguimos atinar com a sua origem, mas está lá.

Mozart começou a tocar cravo (um tipo de piano mais antigo) aos quatro anos de idade e aos cinco anos fez sua primeira composição.

Assim como ele, muitas outras ocorrências ao longo da história foram perpetuando a questão: de onde vêm os dons tão incomuns à maioria de nós? 

A resposta simples é que se trata de "uma graça divina".
Difícil aceitar — Ei! Fui com  a tua cara, vou te dar um presente! Opa, para esse outro não! — uma divindade agraciando alguns e deixando a maioria à deriva. Isso não combina com o sentido de perfeição de uma divindade.

Considerar que as aquisições tenham caráter evolutivo faz mais sentido porque traduz a meritocracia inerente ao sentido da vida igualando as oportunidades dadas a todos através de várias vivências.

Esse carácter evolutivo da vida parece acompanhar tudo o mais à nossa volta, em cada detalhe da natureza!
E por que não através também da alma que vai colhendo paulatinamente os aprendizados  que depois sustentam as vocações e as facilidades para alguma atividade?

Leonardo Da Vinci tinha muitas. Gênio múltiplo.

Acreditar que tudo isso venha do acaso, repentinamente e sem mérito, ou seja, "uma graça de graça" é o mesmo que voltar aos tempos de Pasteur e crer na teoria da geração espontânea, negando a existência dos microrganismos.

E olha que Pasteur sofreu, foi ridicularizado pelos cientistas da época.
Até isso Pasteur usou a seu favor. Tomando café da manhã em um hotel, ouviu os comentários jocosos a seu respeito na mesa ao lado:
"Micróbios... risadas, então haverá de ter lugares com tantos que turvariam as nossas vistas...  risadas". 

Pasteur ouvindo o comentário, absorveu o sentido racional da crítica deixando o ego de lado, e viu sentido! Inspirado pela crítica, então passou a estudar a concentração de vida microbiana em diferentes regiões, colhendo valiosas informações e conclusões, confirmando que de fato, realmente havia variação na densidade populacional microbiana.

Um homem desses não tem apenas evolução da inteligência, mas também a evolução da alma.
Qualquer um poderia se irritar com a provocação e ao invés de aproveitar a deixa, teria partido para a confrontação.

Uma personalidade assim não se constrói em uma vida.


A evolução tem uma característica psicológica peculiar. 
Por exemplo, quando se alcança um estágio de progresso genuíno, começamos a evitar erros, domando a vontade pela consciência da razão, ou seja, a vontade vai se desfazendo no caldo das lembranças ou da intuição. Esta última é a memória de resultados cujos detalhes fogem ao consciente.

O gosto pelos exageros cede lugar à precaução.
Não é mais necessário o policiamento dos hábitos simplesmente porque não há mais o desejo de alimentá-los.

Enquanto nos policiamos, estamos apenas represando o sentimento empregado no esforço de mudança, mas ainda não mudamos de fato. 
E diante do esforço maior que a determinação, então a pressão dessa "represa" estoura o dique da força de vontade colocando a perder as conquistas almejadas.

A conquista autêntica não precisa mais da disciplina, autocontenção ou qualquer outra forma de controle porque a natureza dela é outra e como tal não faz mais sentido desejar algo alheio à mesma.

Se Deus quebrasse o princípio do livre-arbítrio, ele não estaria educando, apenas punindo.

Educação transforma.
Punição represa desejos.

A evolução vem da transformação.

Isso me remete a uma frase de Gandhi: "Queremos educar, ou queremos punir?"
(do filme Gandhi - 1982)

Dentro desse contexto evolutivo, as reencarnações, ou sejam, as oportunidades de se repetir as experiências até a conquista da felicidade plena assumem coerência com os propósitos da vida,  convertendo-se em mensagens de esperança, justiça e de amor conforme foi pregado por Jesus até o extremo — entregando sua vida em defesa de seus princípios.

Foi mais uma forma Dele transmitir a todos nós a certeza daquilo que ensinava.
Foi seu último sermão, que sem palavras gravou sua mensagem final: a construção da convicção capaz de transcender à própria vida.



We are slowed down sound and light waves, a walking bundle of frequencies tuned into the cosmos. We are souls dressed up in sacred biochemical garments and our bodies are the instruments through which our souls play their music.

Somos ondas de som e luz desaceleradas, um feixe ambulante de frequências sintonizadas no cosmos. Somos almas vestidas com vestimentas bioquímicas sagradas e nossos corpos são os instrumentos pelos quais nossas almas tocam sua música.

Albert Einstein



Outras Fontes:
Pasteur, Editora Três




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