Imagine que você vai morar numa cidade onde pretende criar seus filhos.
Então você descobre que só existem dois supermercados na cidade, embora com muitas lojas espalhadas pelos bairros.
Ao fazer compra em qualquer um deles, descobre que as opções de marcas também são restritas.
Cada cadeia tem seu lobby de produtos, o que restringe a oferta, embora que, para disfarçar, uma marca ou outra apareça na prateleira para depois desaparecer, dando aquele toque de "diversidade" aparente.
Tentando tomar um partido, ou seja, escolher qual desses supermercados é o melhor, você chega a conclusão que ambos tomam o seu dinheiro, porque o desconto em alguns produtos é compensado com sobrepreço em outros.
No auge do seu desespero, você logo pensa em comprar apenas as ofertas, no entanto descobre que a estratégia não atende às suas necessidades e ainda adiciona um custo em tempo e transporte que acaba não compensando o esforço.
Embora este exemplo seja hipotético, ele foi inspirado em casos reais.
Algo como um filme da Netflix, Disney+, etc.
A arte imita a vida ou a vida imita a arte? :- )
Então, cansado, abatido e com um sentimento de impotência monstruosamente grande, você se descobre vítima de um lobby, quando o poder encurrala o seu direito de escolha e de opção, tornando-o um boi indo para o seu curral, conformado embora ansioso.
Já viu a expressão do gado nestas situações?
Nestas horas é que você entende que a sua cidadania agoniza na mão do lobby.
Nenhum deles "vende" o produto que vai resolver as necessidades reais, porque ambos já tiveram a sua chance.
Nenhum deles melhora a sua vida.
O que você faz?
Alguns tentam mudar para outra cidade ou estado, ou até mesmo país, na esperança de fugir da situação de encurralamento.
Outros não têm a mesma chance, então tentam comprar farinha em outra cidade, ou evitam simplesmente comprar farinha.
Para quem pôde acompanhar a série de posts neste blog (alguns links ao final), certamente terá uma visão bem mais ampla do problema aqui retratado, não só em termos nacionais mas também em termos globais e vai perceber que a conclusão final deste post é apolítica mas sobretudo pró-humana.
Hoje, as opções partidárias com chance de sucesso para o próximo pleito estão polarizadas em dois partidos extremistas.
Se votar em um ou outro é como tentar escolher farinhas de marcas diferentes porém embaladas do mesmo saco. E pior de tudo, uma farinha ruim, que lá na frente dá dor de barriga e diarreia, "brabíssimas"! :-)
Eu não creio em nenhuma orientação extremista.
Eu não creio que se conserte o mal tornando-se parte do problema.
Eu não creio que se conserte um país pelas mãos do revanchismo, pelo contrário, piora tudo ainda mais porque exacerba os ânimos e todos perdem porque soluções extremas trazem consequências extremas.
Então, qual a saída?
Se houver um grande número de votos brancos ou nulos, a representatividade do processo eletivo fica comprometida, o primeiro passo para se começar uma mudança democraticamente através da pressão popular.
E qual a diferença entre voto nulo e branco.
Na prática, ambos não contam e são excluídos.
É justamente isto que fará contar ao mundo que o Brasil talvez esteja na mesma situação do povo russo em que você não concorda com a orientação de seu governo — é claro e sem dúvida que guardando as devidas proporções, ao menos por enquanto...
NOTA: o povo russo à ocasião em que este post foi escrito fez severa oposição à postura do governo, através de muitas manifestações. Algumas semanas depois, através de forte repressão às líderanças que se opunham ao ataque à Ucrânia, somada à manipulação através da media, o governo de Putin começa a reverter este quadro através do convencimento popular de que a Rússia defendeu-se de eminente risco à sua soberania e segurança. Atualmente cresce o apoio popular a favor dele e quem continua contra é considerado "traidor". (02/04/2022)
Só resta a manifestação do seu repúdio à tudo isso que vivemos hoje.
Partido dificilmente têm bandeira.
Eles fazem coalizão e negociam com qualquer um que lhes permita ganhar.
Partidos são fidelizados com eles próprios, como regra geral mas não universal.
Não importa a favor de qual extremo você seja, ambos fazem a mesma coisa.
Quem nega não lê jornal ou de má fé argumenta que "vale tudo" para ganhar. Eu não escrevo para este último, porque ele faria parte daquilo que rejeito e a razão do lodo em que se enterra o nosso país.
Mas então as pessoas argumentam:
Se você não votar em A, então B vai ganhar.
E que diferença faz se os dois são farinha do mesmo saco?
Quem argumenta assim é ingênuo, talvez por falta de informação ou quem sabe um idealismo imaturo ou simplesmente porque "trabalha" para algum partido porque tem algum interesso pessoal em seu sucesso. Ou é um alienado!
O medo é o melhor meio de manipular a massa.
Infelizmente, o medo já não faz mais diferença quando no final, não importa a farinha que venha a escolher, ambas lhe darão dor de barriga.
Ao menos, o voto em branco ou nulo deixará sua consciência tranquila ao fazer exercício do seu repúdio a tanta corrupção que aos poucos vai sendo legalizada, que através de pequenas mudanças "vão passando a boiada", encurralando cada vais mais as suas opões de cidadão no supermercado das ideologias.
Torne o seu voto uma extensão da sua crença, porque votando "no menos ruim", seja por medo, estratégia ou por defesa, sempre estaremos aderindo às polarizações sem que se efetive a razão daquilo que dá sentido ao voto — a representatividade.
Embora o voto nulo ou branco não dê direito a reprovar os candidatos, ainda assim demonstra rejeição, portanto tornando os eleitos menos representativos (mais detalhes aqui).
Se o voto deixa de ser representativo e se torna reativo, o sistema perde autenticidade e abre uma chance para mudança, do contrário você estará reforçando e validando a situação atual.
Esse é justamente o meio pacífico de exercer a democracia para dar início a uma grande mudança.
A desaprovação fica evidente se houver um grande número de votos brancos e nulos.
É o mesmo que fazer passeatas, bater panelas, porém muito mais simples.
O segredo da liberdade de um povo é evitar a concentração de poder.
Do contrário, continue na mesma cidade, comprando nos mesmos supermercados que drenam seu salário, e consumindo a mesma farinha que lhe dá dor de barriga.
ALGUNS DOS POSTS ANTERIORES DA SEQUÊNCIA DESTE
VOTO DE REPROVAÇÃO NÃO É VOTO NULO OU BRANCO
Leituras adicionais:
As Democracias em Perigo de Extinção
Democracia e Voto Útil - Prós e Contras
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