março 03, 2022

Ucrânia vs. Rússia – Escolha o seu lado, se puder!



 

Enquanto cidadãos, precisamos assumir posturas e opiniões porque delas dependemos para votar, reagir, apoiar e participar de um processo que sustenta nossas vidas através do entrelaçamento dos contextos sociais, econômicos e políticos, sendo este último o resultado dos dois primeiros.

O maior problema é que precisando entender o processo para assumir postura, deparamo-nos com a desinformação, seja por meios de inverdades, ou seja pela omissão de detalhes.

O evento da invasão da Ucrânia pela Rússia é um exemplo perfeito.

De um lado, a priori, é fácil entender que a invasão de um país por outro em tempos modernos, século XXI, é algo dinossáurico, insustentável.
Isso justifica e explica a postura ocidental rechaçando e condenando as ações de Putin, pela Rússia.

Se fosse só por isso, simples assim, o julgamento seria algo trivial.

A coisa complica quando começamos a “pinçar” os detalhes que vazam à medida que os eventos prosseguem.

Observe os detalhes deste fragmento de texto publicado hoje pelo Jornal Estadão

“Rússia exige "desmilitarização e desnazificação" da Ucrânia, assim como o reconhecimento da soberania russa sobre a península da Crimeia, anexada em 2014, e da independência das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, assim como o status neutro ucraniano em relação à Otan.”

Estadão



Se fizermos uma pesquisa em qualquer máquina de busca, por exemplo Google, com os termos “ukrania denazification” vamos coletar uma montanha de informações julgando ser um pretexto de Putin, explorando um trauma mundial.
É uma possibilidade!

Isso poderia também servir como  uma desculpa para o início de uma expansão à semelhança da expansão da OTAN, mas no sentido inverso, empregada por Putin como uma forma de defesa. Muito provável como uma reação ao expansionismo de regimes simpáticos à democracia, ou que fogem da tutela “Russa”.

Quanto ao argumento de “desnazificação” ficamos novamente diante de algo que não temos informação suficiente para dizer se de fato houve uma intensificação do movimento neonazista na Ucrânia em especial, no entanto, sabemos que o neonazismo está crescendo no mundo, tanto na Alemanha como nos EUA.

Vamos fazer um “Gedankenlabor”   “laboratório do pensamento”, termo alemão muito utilizado como a base de experimentação de Einstein nas elaborações das suas teorias, incluindo a da relatividade, já que muitas vezes o cientista não dispões de meios e avanços tecnológicos que permitam concretizar seus experimentos.

Aliás, prática esta já realizada em várias áreas da ciência há muito tempo atrás a exemplo de Platão e seu mestre Sócrates.


“By the way”, somente recentemente vão-se comprovando na prática os princípios da teorias da relatividade de Einstein elaboradas no seu “Gedankenlabor”, como por exemplo a compressão do tempo, através da viabilização de técnicas mais avançadas tais como os relógios atômicos e quânticos.


Em nosso “Gedankenlabor” vamos supor uma hipótese e dela testar a nossa tese: “o respeito incondicional às fronteiras de um país”, que é justamente o tema atual no caso da Ucrânia.

Suponha que um país X venha desenvolvendo um forte crescimento de atividades extremistas de direita, como por exemplo  neofascismo, o neonazismo, a Terceira Posição, a direita alternativa, a supremacia branca, o nacionalismo branco. Wikipedia 

Ou seja, tão ruim quanto os extremos da esquerda.

Suponha que você é líder de um país que faz fronteira com esse país X.
Então fica a questão:

Você deixa que esse movimento neonazista no país vizinho cresça e repita a história?
E se já tiver esgotados todos os outros meios possíveis?

De repente, chega seu assessor de assuntos externos e sugere uma medida mais drástica: invadir o país e cortar o mal pela raiz?

Parece absurdo para você?

Então acontece a dicotomia cruel:

De um lado, se não fizer nada, aquele país provavelmente pode repetir o exemplo da Alemanha de Hitler.

Se no passado a Europa e o mundo soubessem o que viria a ser o partido de Hitler, teriam certamente cortado o mal pela raiz enquanto partido nascente mesmo que tivessem que invadir fronteiras e desrespeitar a vontade de um povo.

Por respeito às decisões de um povo, o mundo assistiu quieto o crescimento da vontade popular do povo alemão aderindo em massa às propostas de Hitler e suas manobras políticas até que ele alcançasse o poder total tornando-se um ditador.

A democracia tem disso: cria seus próprios monstros, efeito colateral da liberdade extrema.

NOTA:
Até que tentaram assassinar Hitler muitas vezes, mas exterminar uma cobra “sortuda” depois de adulta e cheia de filhotes iguais a ela fica muito mais difícil. Hitler, para o nosso azar, teve muita sorte. Escapou de muitos atentados, até mesmo do próprio namoro com o suicídio.


Se por outro lado, o mal cresceu a tal ponto que a única solução é uma confrontação bélica logo no início do problema, antes que o baobá crie raízes que engulam o planeta (Pequeno Príncipe), você estará “desrespeitando a vontade de um povo e suas fronteiras”, repetindo o mesmo erro de Putin.

O Estado Islâmico é um exemplo clássico que justificou as incursões estadunidenses a título de segurança nacional da mesma forma que Putin argumenta em defesa de sua invasão na Ucrânia.

O assunto é vasto, mas buscando encurtar o texto que já vai longo e não sem razão, podemos ver que a solução do assunto não é simples.


“Então, André!... Eu li tudo isso para não ter nem ao mesmo uma sugestão de solução? “
“Fala sério... Qual a sua posição, ou vai ficar em cima do muro?”  :-)

 

Bom, então aqui vai a minha.

Eu imagino que teremos uma solução quando for consenso mundial que os direitos de um povo sejam respeitados desde que esse mesmo povo não adote nenhuma filosofia ou comportamento que coloque em risco a harmonia mundial.

Infelizmente, essa sugestão também falha, porque poderia servir de pretexto e justificativa para invasões diversas, a exemplo do que está acontecendo. Então é preciso algo mais.

Haveria de existir uma entidade internacional realmente efetiva para que dirimisse a legitimidade de ações críticas, no caso uma “ONU” de verdade (uma UMP: união mundial de pacificação), mas como pode existir uma “ONU autêntica” em meio a tanta diversidade de posições, sendo que o espírito humano ainda adota a mentira e a ambição como estratégia válida de sobrevivência?


CONCLUSÃO:


Putin pode estar usando as desculpas certas para fins errados.
Americanos e OTAN, idem.

Putin pode ter sua parcela de razão já que a OTAN se alastra à sombra da “democracia” ou em nome dela.

Estaria a Ucrânia bem como o resto da Europa sendo gradativamente consumida por movimentos extremistas tais como o “Estado Islâmico”, Neonazismo ou seja lá o que for?
Isto então serviria de justificativa para Putin ir mais além, não serviria?

Em meio a tantas possibilidades, tenho apenas uma certeza:

O respeito aos direitos de um povo depende da forma como esse povo exercita sua liberdade sem que comprometa a liberdade de outro povo.

Não é com base nisso que prendemos “bandidos” e lotamos cadeias quando um indivíduo extrapola o comportamento em sociedade?

É... Mas nem isso fazemos corretamente... o que se dirá entre nações!

Então eu me posiciono sim: sou contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, sendo a favor de levar a questão para um tribunal mundial, mesmo sabendo que um tribunal absolutamente íntegro inexiste.
Se o mundo todo reagir dessa forma e com firmeza, incluindo a China, colocando-se interesses econômicos à parte (coisa difícil) teríamos uma boa chance de sucesso.

Fora isso, o que sobra é o enfrentamento e a conflagração mundial pela “força bruta” onde vence o “mais forte”.
O problema é que "a rinha já não aguenta mais". O planeta está doente.

Ou o Homem aprende a viver por princípios autênticos ou perecerá pela falta deles.

A esperança é a última que morre e a evolução sobrevive aos grandes conflitos, sempre, mesmo que disfarçada de algo novo ou recomeço.

Enquanto isso, o planeta agoniza, seu equilíbrio mingua ainda mais aceleradamente pelas atividades belicosas.
Guerra que acontece lá, ou em qualquer lugar, também mata geral e aos poucos!

É preciso que as pessoas compreendam isso de forma muito clara e firme.
O povo será salvo por ele mesmo, através de sua conscientização geral.
O resto é esperança e comodismo aguardando que alguém faça a nossa lição de casa.
Pura ilusão.

 


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