Depois de assistir uma entrevista da Greta Thunberg, comecei a pensar sobre uma das perguntas feitas pela repórter questionando se os ativistas, assim como os políticos, também não estariam praticando apenas "blá, blá, blá".
A estratégia do Ativismo tem sido praticada através de passeatas, discursos e atividades de bloqueio, a exemplo do Green Peace que no passado ganhou notoriedade através de
sua atividade mundial de denúncias e movimentos de resistências radicais, como também através de esforços individuais de manifestação como é o caso de Greta Thunberg e outros ativistas.
Greta Thunberg por ser ainda muito jovem quando começou e ter discurso eloquente logo ganhou as manchetes de jornais.
Essas estratégias pertenceram à fase inicial extremamente importante do início da concientização da necessidade de preservar o equilíbrio ambiental, mas agora, assim como tudo, precisa evoluir.
O ATIVISMO PRECISA EVOLUIR E ACOMPANHAR SEU TEMPO
O tempo passa inexoravelmente, e com ele, as nossas ações vão mudando o contexto.
É preciso repensar o ativismo ambiental ampliando suas estratégias de modo que sobreviva mais por sua efetividade que pela esperança, através do pragmatismo da coordenação mundial de atividades que direcionem a população à mudança de hábitos e à sustentação das lideranças políticas e vice-e-versa.
Uma das estratégias é despertar a consciência de poder econômico coordenado da sociedade e constituir meios de direcioná-la.
É necessário sinergia e representatividade entre povo e políticos, pois muitas vezes estes últimos não dispõe dos estímulos e do suporte necessários para
rivalizar com as forças econômicas que sustentam lobbies cujos ganhos se contrapõem às mudanças, sucumbindo às melhores ofertas destes.
Sempre existirão duas forças: a nova que deseja mudança, e a
velha que deseja manter o status quo de
onde vem seu lucro ou sobrevivência.
Esperar que as pessoas abandonem suas vidas em prol da humanidade sem nenhuma compensação foge ao senso comum. Seria exigir dos outros algo que nós mesmos não estaríamos dispostos a dar e que realmente também não damos enquanto consumidores que não querem abandonar as comodidades de seus hábitos correntes.
O MEIO DE TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE FORA O EXTREMO SOFRIMENTO
A sobrevivência não pode ser relegada, mas precisa ser garantida pela sua transformação através de uma das mais poderosas forças — como eu levo vantagem agora. A coisa do já, não do amanhã.
O lucro não pode ser abandonado, no máximo reduzido, pois sem a noção de ganho não existe estímulo para a transição da cadeia produtiva com fins econômicos.
Existe ainda o desafio das comonidades a que nos habituamos e que precisam encontrar alternativa, se não melhor, ao menos suportáveis.
Assim, vê-se que os desafios são imensos e numerosos, e portanto, o ativismo precisa evoluir assumindo uma postura de cooperação na busca de soluções mais que de delações, tornando-se esta última uma atividade complementar.
A NATUREZA HUMANA
Em uma análise anterior, aqui detalhada, comentei sobre os meios de mudança que realmente efetivam alterações sociais profundas — a humanidade é movida pela mesma força que a trouxe até aqui: medo e ambição.
São essas forças humanas que necessitam de atenção especial
e precisam ser trabalhadas a favor da preservação do planeta, pois que aquelas de
origem puramente ideológicas tornam-se meras intenções teóricas ignoradas diante de tantas outras que ocupam o espaço emocional imediato do dia-a-dia, ou seja, vira bla bla bla...
A natureza humana dificilmente aceita perder algo, exceto quando algo já foi inevitavelmente perdido, ou praticamente está em sua extinção ao mesmo tempo que faz sentir a dor da sua falta e que termina impondo medidas desesperadas.
O ser humano é muito eficiente em trocar para obter lucro.
E o melhor estímulo para essa troca é superar o medo e o comodismo oferecendo alternativa de lucro ou ganho de alguma forma.
Sim, eu disse “comodidade” e não “autopreservação”.
O segundo termo é fraco, porque o senso do indivíduo comum valoriza muito mais aquilo que é
seu no momento presente, a comodidade do agora, do que qualquer vantagem futura e
comunitária.
Em cada opção de troca ele pensa primeiro no que ele perderá de imediato, para depois aceitá-la ou não. Faz parte natural do nosso senso óbvio de autopreservação de curto prazo, o mais forte e instintivo sentimento que possuímos.
Dessa forma, a maneira mais efetiva de obter resultados práticos para a mudança de hábitos que preserve o ambiente planetário precisa nascer desse princípio de vantagem individual.
O ATIVISMO DEVE SEDUZIR A NATUREZA HUMANA
O ativismo ambiental precisa reformar suas estratégias em duas frentes.
Uma de
modo a se transformar no grande coordenador desse trabalho de “levar lucro
individual” para que o cidadão comum comece a adotar em massa as suas ideias e estratégias.
E outra frente, junto aos políticos, mediante a força da sua representatividade popular adquirida pela anterior.
É justamente isso que o momento pede.
A fase dos discursos ambientalistas que no passado geraram sensação já é algo como "chover no molhado", tornaram-se a rotina do "bla, bla, bla" inclusive pelos próprios políticos.
A humanidade sempre foi movida por instintos básicos premidos pela necessidade do momento, e tal comportamento, a curto prazo, não mudará.
Antes é preciso mudar a estratégia daqueles que orientam suas vidas pela
compreensão desse objetivo, e neste caso, os ativistas são opções melhores que os políticos, uma vez que a política é "consequência" do jogo de interesses populares e econômicos, ao passo que ativismo é "projeção ideológica" que busca direcionar.
MÚLTIPLAS ESTRATÉGIAS PARA O ATIVISMO
O ser humano também é pródigo em criar ideias, o instinto criativo
e inovador faz parte da sua natureza, e certamente teremos um imenso fluxo de propostas de soluções, e sobre isso não resta dúvida. É preciso apenas canalizar, coordenar e prover.
Existem companhias comerciais que surgem com empreendimentos
de conceito avançado, antecipando-se na solução de problemas, tais como as
iniciativas da indústria alimentícia que buscam substituir a carne animal pela
vegetal, já que a criação de gado extensiva e intensiva contribui para a emissão de
CO2.
A indústria automobilística avançou muito neste propósito e já começa a disponibilizar
veículos elétricos, concomitantemente à criação de infraestrutura de
reabastecimento.
O empenho científico de viabilizar a vida em Marte a despeito de todas as adversidades extremas, trará como efeito colateral uma grande diversidade de soluções tecnológicas assim como aconteceu na Segunda Guerra Mundial (WWII), onde premidos pelas necessidades demos um salto tecnológico em várias áreas da ciência.
A indústria da reciclagem, assim como todos os segmentos produtivos vitais, precisa do
apoio popular através da preferência na hora do consumo, prestigiando empresas empenhadas em soluções sustentáveis.
Startups podem estimular o consumo através de cupons verdes
que conferem descontos àqueles que consomem produtos verdes.
O que importa para o bolso, importa agora!
O direcionamento de fundos de propaganda para direcionar o
consumo da massa a favor das indústrias baseadas em produção autossustentável é
a vertente que poderá efetivar as mudanças pelas quais os ambientalistas vêm
trabalhando.
Legislação incentivando propostas verdes e penalizando aquelas que ainda não se adaptaram às novas necessidades poderão advir da força política da massa bem direcionada pelo ativismo global.
Sites que agreguem as atividades verdes seriam catalizadores na interação com a população, formentando as bases dessa interação que viabiliza a troca de informações e influência recíprocas.
É preciso ouvir e ser ouvido. Essa é a essência do diálogo que o ativismo necessita e que a tecnologia da informação poderá prover.
É necessário mostrar resultados para incentivar os céticos e estimular todos aqueles que lutam pelo amanhã sustentável.
Se fake news (notícias falsas) têm sido tão efetivas pela sua produção e disseminação em massa, então a produção de notícias autênticas deve adotar a mesma estratégia.
É preciso envolver todos, atrair o povo.
Só o poder econômico muda a economia através da relação produção/consumo.
A economia é fruto do consumo.
Quem faz o consumo e a política é a atitude da maioria do povo em regimes não ditatoriais.
Hoje, precisamos mais de ativistas "marketeiros" que "ideólogos", porque o espaço da ideologia já se extinguiu pelo óbvio e virou "bla bla bla".
SE VIVEMOS PELO LUCRO, ENTÃO PELO LUCRO SOBREVIVEREMOS
Só a competição pelo lucro sensibiliza a indústria para promover seu esforço em mudar suas estratégias.
Só a ambição muda o rumo da ambição, só o medo cuida do medo.
Só um hábito, muda outro.
Ao menos, por enquanto, é assim até que um dia nossa evolução moral e intelectual venha a definir novos padrões comportamentais.
A exceção não conta para mudanças.
O empresário só para de fabricar algo nocivo ao planeta se o consumo despenca.
O prejuízo e o lucro são os meios de propagar as mudanças
que precisamos, e nossa estratégias precisam pautar-se por estes estímulos.
Ideologia pura e denúncia tiveram seus momentos mas hoje é mais "blá, blá, blá".
Ocupa o espaço na media por fugazes momentos, mas diante da profusão de tantas outras, fica diluída, contribuindo apenas para aumentar o sentimento de impotência do povo, o que é contraproducente.
É preciso novamente contextualizar o ativismo para que ele faça diferença.
E os ativistas que ainda se imaginarem fazendo a mesma coisa que vinham fazendo, o mesmo tipo de "blá, blá, blá" seguindo na mesma linha do passado, estarão fadados ao esquecimento paulatino.
A proposta é materializar o importante e necessário "blá, blá, blá" transformando-o em ações de incentivo, não só político, mas também de mudanças dos hábitos da população através da estratégia do ganho individual, uma vez que só um hábito muda outro e só uma vantagem substitui outra, então precisamos da reeducação através da propaganda que traga ganho direto e pessoal que o indivíduo pode obter no seu dia-a-dia, em larga escala, massivamente.
O ser humano só muda quando ganha com a mudança ou quando já é demasiadamente tarde através da dor e do desespero.
É preciso levar ganho imediato ao pequeno mundo da individualidade, seja pela competição comercial ou pelos ganhos individuais nas regras de consumo.
A essa altura você poderia pensar em trabalhar a emotividade, assim como o cinema o faz, mas isso funciona mais como um recurso de marketing para angariar empatia. Emoção é fundamental, mas ainda mais importante que isso é o senso de aquisição, ou seja, o que você consegue para si.
A concientização na "vida prática" vem do lucro, porque enquanto temos comida e respiramos, vamos chorando e rindo enquanto o medo do futuro ficará sempre onde está, no futuro.
Chegou a hora dos ativistas se provarem melhores que os políticos, mas não pela contestação violenta, porém pelos meios que disparam a nossa mudança de hábitos.
Não foi essa a estratégia de Gandhi?
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