março 28, 2022

A Ditadura Está na Cultura do Povo - A Sagacidade Chinesa, A Política Ogra Russa e o Mundo Livre Refém do Despreparo de Sua Democracia




A estratégia política do partido comunista Chinês concedendo a Xi Jinping a honraria de digná-lo  como grande lider tal qual o fundador Mao e seu sucessor Deng (China's Xi Jinping cements his status with historic resolution) é uma manobra sagaz para encobrir uma permanência extensiva de Xi no poder, que vem consolidando mais um ditador.

Que outra justificativa sobra para manter um ditador exceto reconhecer suas qualidades insubstituíveis?


"Eu não compro essa!"


Mais uma vez a habilidade chinesa surpreende o ocidente, o que não é de agora.

A China soube converter seu problema social de desemprego mediante atrativas ofertas de lucro corporativo. Disponibilizando mão de obra barata sem as proteções sindicalistas ocidentais, que somadas à cultura oriental e à sua então "política de abertura", serviram como isca para atrair capital e "Know-How" ocidentais, tornando possível àquele país ingressar nesse rico grupo econômico e dele se beneficiar.

Estratégia lícita e inteligente que parecia resolver os problemas das economias abertas e capitalistas que lutavam, e continuam lutando, com as dificuldades domésticas da sua cadeia produtiva decorrentes da degradação social de seu sistema.

Assim nasceu uma nova potência mundial que agora rivaliza com os seus próprios patrocinadores.

Paralelamente, assistimos a retrógrada e ogra política russa que insiste nos velhos métodos de coerção pela violência através de poder exercido à força de bala, quando não bomba, onde a inteligência e a sagacidade deveriam convidar à sedução a exemplo da estratégia chinesa.

Ao que parece, muitos daqueles que já experimentaram a política russa, uma vez livres, preferem arriscar a morte que suportar seu regresso.

Potências comunistas sofriam do agravo da falta de estímulo e capacidade de produção.
A China construiu sua vocação sabendo seduzir o ocidente para crescer, e a Rússia amparou-se na sua rica natureza provedora de recursos energéticos e de insumos básicos que subsidia a riqueza de seus oligarcas. 

Agora que potências comunistas vão se firmando, aos poucos também vão deixando transparecer que o antigo ideal comunista nunca morreu a despeito de sua aparente abertura econômica e tolerância ao capitalismo.


E por que os sistemas comunistas tendem à ditadura?

Porque nascem de um princípio que a ordem comum deve prevalecer.


O princípio é a base da organização atual em qualquer regime, de uma forma ou de outra, já que a necessidade de todos sobrepuja a pessoal, porém necessita a dosagem correta, uma coisa que o extremismo não tem equilíbrio para quantificar.

O efeito colateral desse princípio é que também serve como ponte para ditadores que se arvoram como salvadores e detentores do que é melhor para o seu povo!!!

Encarnam Moisés atravessando o Mar Vermelho, mas sem o poder de apartar as águas.

Utilizando a desculpa de proteger valores pátrios, plantam-se em seus governos convertendo-se em "Deus", ou seja, naquela "entidade" que detém a verdade sobre tudo e sobre todos.

Faz lembrar o "princípio da natureza divina" que justifica os "reinados" e suas monarquias.


E por que o povo aceita isso?

Porque em qualquer regime humano, o princípio hierárquico vem embutido em suas almas, a exemplo do que acontece com muitos outros animais na natureza, inclusive insetos.

A hierarquia nas organizações militares e paramilitares segue o mesmo princípio, e o pátrio poder também.

No regime capitalista (e não confunda capitalismo com democracia, por favor!), o patrão é o mesmo "Deus", ou seja, é por definição o ditador de regras porque detém o poder econômico.
Na ditadura, o ditador detém o poder político, pelo menos.

Na democracia, o "efeito ditadura" é amenizado porque o poder fica mais distribuído.

Quando mal distribuído, todos mandam e ninguém manda, prevalecendo a luta entre os poderes a exemplo do que vivemos hoje no Brasil, ainda que com o apoio popular esteja às portas de uma ditadura pelas mãos da extrema direita ou da esquerda.
Arrisco que Lula possa radicalizar face às experiências passadas onde certamente terá o tom da desforra que já vem demonstrando, o que conduz ao extremismo, competindo com o status quo atual de um governo tomado pela mesma sanha.

O ódio e a vingança são péssimos conselheiros. São conselheiros extremos.


Enfim, todo sistema organizacional hierárquico do tipo top-down (de cima para baixo) é ditatorial por sua constituição estrutural.


Então o povo acostumado a receber ordens dos pais, depois dos professores, depois do patrão, de um superior qualquer, acaba acostumado e não vê diferença prática de receber ordens de um ditador.

O instinto rebelde que caracteriza líderes e livres-pensadores é dom de alguns, mas não da maioria, fazendo lembrar a música "Admirável Gado Novo" de Zé Ramalho.

A ditadura na prática não doe ao povo desde que o mesmo tenha "pão e circo".
O extinto império romano é um exemplo excepcional de poder através da manipulação do comportamento humano através de suas necessidades básicas.

Garanta ao seu povo o básico e governe como desejar.

Comida, moradia e diversão.
Quem se importa se é um ditador que provê tudo isso?
O ditador encarna "o grande pai", uma figura que a maioria sonha como provedor de suas fraquezas e necessidades.

Neste tipo de contexto sofrem as elites e a classe média alta que fica subjugada aos desmandos do "rei" à semelhança da nobreza nos tempos dos regimes monárquicos puros (não confundir com o sistema Inglês atual), e é geralmente essa camada social que subsidia as reformas e golpes sempre que a cinta do ditador aperta suas gordas barrigas, tornando suas vidas insuportáveis.
É neste momento que então fazem uso da velha mão-de-obra: o povo.
Literalmente a "massa", a massa de manobra política.

Estudando história, a repetição dos fatos chega a ser tão cansativa como aqueles filmes que mudam os protagonistas mas o enredo é sempre o mesmo.

Porque escolas no Brasil e no mundo "falham"? 
Ou seriam realmente eficientes em transformar a história numa sucessão de fatos desinteressantes através de uma didática dinossáurica?
Conveniente, não é mesmo?

Povo sem consciência histórica é massa de modelar nas mãos dos marketeiros do poder.
Prover consciência a um povo é dar-lhe poder de decisão.

Não combina com a estratégia de extremistas.



Liberdade é um princípio difícil de entender, viver e de estabelecer limites, já que a verdadeira liberdade é aquela em que ninguém precisa ser delimitado dada à consciência de cada um quanto ao papel que deve exercer na sociedade. Neste contexto, não existe restrição porque não há objeção, não há desconforto.

Liberdade é o prêmio da evolução do carácter humano que nasce do consenso comum.


Eu sei... eu sei!!!
Esse conceito parece vir de outro planeta, surreal e tão distante que vira "lenda".


Mas, continuando...


Dessa forma, pode-se concluir que a globalização do mundo fortalece a necessidade de "senso comum" da humanidade.

Vivemos a aurora do nascimento de uma nova organização mundial cuja natureza herdará os princípios daquela sociedade que prevalecer na disputa de valores.

Hoje, os líderes mundiais disputam através de conglomerados socioeconômicos a orientação social que será vencedora, mas o fracasso de ambas poderá ser o caminho para algo que fará nascer uma nova forma de organização livre desse ranço hierárquico unidirecionado. Então os novos tempos favorecerão a meritocracia, cuja sinergia entre organização e realização fluirá em todos os sentidos, constituindo os alicerces de uma nova sociedade em escala global.


Parafraseando Joe Biden,  lembramos que a liberdade  do mundo está em jogo (World freedoms at stake), palavras estas ditas durante a sua visita recente à base americana na Polônia agora em março.

Certamente Putin e Xi Jinping sabem que seus modelos socioeconômicos também estão na mesma situação.


Ucrânia é apenas o início de uma disputa protelada enquanto a economia global favoreceu a todos por tal espera. 

Ucrânia não é um momento, ou um acontecimento isolado.
Ucrânia é a continuidade da disputa que justificou o muro de Berlim.

Talvez a vitória da liberdade possa surgir do fortalecimento crescente de uma OTAN renascida, cujas sementes foram aspergidas pela força das explosões arrogantes do Kremlin, trazendo seus frutos regados pelo sangue daqueles que conhecem o valor da liberdade de escolha, consolidando a agregação de necessidades materializadas no senso comum de que não há mais espaço para extremos dessa ordem, formando um bloco cada vez mais hegemônico, coeso e abrangente.

Espero sinceramente que o Brasil não venha a ficar na contramão da história.


Do embate das duas forças antagônicas, leste e o oeste, frutificará parte desse destino.
Um destino que presumo será apenas testemunhado pelas gerações futuras.

O muro de Berlim foi derrubado, mas a disputa continua e através dela talvez venha a nascer essa nova consciência planetária pela preservação da vida através da manifestação da cooperação múltipla fortalecida pelas diferenças que antes enfraqueciam, e então, passarão a formar os laços necessários à reconstrução.

Num futuro distante, destilado pelas experiências do tempo, não haverá necessidade de partidos ou facções já que o consenso será esmagadoramente uniforme, a única cola selando os destinos de uma nova humanidade em seu caminho de ascensão material e espiritual.

A vida sempre reencontra seus caminhos nos descaminhos do Homem.



Este post é qual  uma carta que colocada dentro dessa garrafa digital, a Internet, flutuará no oceano do tempo rumo àquelas gerações.


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