Julgamentos de crimes de guerra são políticos, assim como todos os
julgamentos que envolvem a opinião pública, seja na rotina administrativa de um
país ou pela disputa entre eles.
No final, é sempre tudo política.
Isso é ruim?
Pode-se analisar política por dois lados principais:
Aquela em que se busca conduzir um povo e a outra que busca enriquecer quem a
conduz.
Infelizmente, a segunda prevalece porque o espírito humano logo é tomado pela
vaidade e pelo desejo de poder, pois grana é poder.
Golum (“My precious!”) é prático, pois atende aos dois: ego e poder. J
Em termos políticos, é difícil apontar um político de sucesso sem algum trecho
obscuro na sua trajetória.
Em termos de guerra, tanto um lado, como outro, acabam
perpetrando atrocidades e ações extremas em nome da vitória exigida ao
custo do próprio sangue.
Em todas as guerras, o povo paga o preço maior!
Procurar classificar o desrespeito e a insensibilidade entre agressores nas
lutas por poder termina quase sempre na reciprocidade mútua levada pelos
extremos emocionais dos ressentimentos, da vingança, do ódio e toda sorte que
esses mesmos sentimentos extremos da competição conduzem a todos, inevitavelmente.
Em guerras, terminamos igualados aos nossos inimigos, trafegando pelas mesmas
estratégias desesperadas.
Afinal, vencer é o que importa, e no auge do desespero vale tudo!!
Todos nós, quando "fora de si", “raciocinamos” menos e sentimos mais.
Acaba sendo essa a realidade daqueles que são submetidos a pressões extremas
por períodos longos.
Então, se a guerra nos iguala, seja ela por meio de armas ou não, como se
poderia diferenciar as partes em um julgamento?
Um critério seria pela origem — identificar o elemento agressor, ou seja,
quem inicia a ofensiva.
É um critério antigo, mas pouco aplicado porque falta o consenso que
determinaria a viabilidade da punição.
Por exemplo, o Pacto
de Paris (1928) ao final da WW1 tentou criminalizar a guerra.
Qual seria a punição para um país que iniciar uma guerra e se negar a parar
ou a pagar as penalidades que causou? Ainda... seria “pagável”?
Atualmente aplicam-se punições comerciais e diplomáticas, a exemplo da Russia
que invadiu a Ucrânia sob o comando de Putin, mas são soluções que não impedem sua continuidade pois carecem de força que precisariam ter para estancar a hemorragia.
E dai? Quem detém o agressor?
Uma outra guerra?
A guerra, todavia, não é justamente o crime que desejamos evitar?
Podemos partir da aplicação de um princípio básico do direito Universal — o direito à autodefesa, que é um princípio tácito e aceito inequivocamente por qualquer cultura em qualquer tempo.
O direito à autodefesa nos conduz ao direito do exercício da liberdade.
A liberdade é outro valor reconhecido também universalmente como o direito automático consequente do direito à vida.
Infelizmente, se somos unânimes quanto à preservação da liberdade humana, fragmentamo-nos quando estendemos esses princípios sobre a liberdade além das fronteira humanas, onde animais gozando de inteligência e diligência que definem um ser vivente e senciente perdem este direito punidos por sua inferioridade. Neste aspecto, a raça humana comete todos os crimes de guerra na submissão de outros seres aos seus interesses pessoais, seja para a sua subsistência ou através da escravização desses seres.
Hoje, de tão atrasados, ainda lutamos pela extinção da escravidão, porém ainda temos que conviver com a colonização de povos que não desejam seus colonizadores. Tivessem esses povos meios bélicos de se defender, iniciariam uma guerra a exemplo de todos os países que lutaram para expulsar seus invasores.
Neste caso quem seria o agressor?
O povo colonizado que luta pela sua liberação ou seus colonizadores?
A colonização, pelo princípio "da primeira agressão" invalida completamente seu exercício.
E qual a solução?
Sem capacidade de punição, não adianta identificar o agressor se nada pode ser feito.
O mesmo na política.
Imagine alguém que cometa crimes mas com muitas relações políticas que represente grande parte dos interesses econômicos.
Imaginar isso é fácil, não é?! Não falta exemplos!
Qual o poder de justiça para criminalizá-lo cujo poder não esteja entrelaçado
nas malhas de dependência daquele que é julgado?
Toda a justiça é politizada, a exemplo do "Julgamento de Nuremberg" e do “Julgamento de Tokio” ao final da WW2.
Então o que esperar de julgamentos de políticos, ex-presidentes ou presidenciáveis?
A Justiça é na verdade proporcionalmente justa àquele que a sustenta.
É extremamente difícil dar crédito a julgamentos dessa natureza, no limite
dos interesses políticos e econômicos.
Consequentemente, este vácuo de credibilidade abre espaço para justificar ações
que ignoram as regras moldadas pelos interesses que predominam naquele momento,
alimentando o ciclo infinito na disputa pela reescrita das regras daquilo que
seja justo, uma vez que a justiça "dita constituída" também faça uso dos mesmos expedientes.
Por isso, para os grandes capitais, a criminalização é um conceito relativo.
A solução advirá da convergência conceitual da grande maioria global que
naturalmente determinará um modelo menos primitivo de disputa.
Essa ordem global será mantida pela impossibilidade econômica de sobrepujá-la.
Opa!
Essa maioria não acaba fazendo o papel de um ditador que impõe as suas normas
pela força que tem?
Opa, de novo!
A maioria, contudo, não é também o que rege o sentido da democracia?
Eta!!!?
Não é que democracia e ditadura encontram seu ponto comum quando se trata da
minoria?
Eu não quero deixar o leitor sem uma perspectiva.
Partindo-se do princípio que a verdade seja única, pois duas verdades diferentes
conduzem ao pensamento que uma delas seria falsa, pode-se concluir que a
convergência global seja a trajetória natural à medida que o pensamento humano
da maioria aproxima-se daquilo que seja a Verdade Universal, e não mais um
fruto de um estado evolutivo ainda muito imaturo.
Conhecereis a Verdade e ela vos
libertará
João 8:32
Dá o que pensar, não dá? J
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