Ao longo da uma série de publicações venho mostrando várias facetas de ordem social, econômica e política.
A sociedade é uma cadeia de relações onde cada pessoa é conectada a outra por uma relação de interesse.
Interesse no sentido amplo é qualquer sentimento ou necessidade que mantém a relação entre pessoas.
O interesse dos pais no bem dos filhos, o interesse político no bem da nação ou dos próprios interesses, o interesse do povo em manter condições de subsistência dignas, e assim por diante.
Tentar entender o panorama geral implica analisar essa cadeia de interesses à luz do comportamento humano face às suas necessidades através da malha econômica e política.
É preciso analisar por tópicos e depois, ao poucos, ir conectando as coisas assim como fazemos com as nossas amizades.
Primeiro fazemos um amigo que depois nos apresenta à família e seus amigos, e progressivamente você vai conhecendo um a um e aprendendo como eles se relacionam.
Não existe sistema de gestão política que possa sobrepujar as contingências da natureza humana.
Pelo contrário, se a natureza humana fosse melhor, o tipo de sistema político seria secundário, e não ao contrário, como pensamos hoje.
Nua e cruamente, o principal estímulo das lutas é a luta pela liberdade.
Ela começa cedo, logo em nossa adolescência marcada pela contestação ao pátrio poder que começa a incomodar à medida que vamos "criando asas". Então descobre-se que dinheiro sustenta a liberdade e resulta na solução de muitos problemas imediatos.
Sistemas políticos têm raízes profundas na temática das drogas.
Assim como as drogas provêm escravos, as ditaduras e os excessos capitalistas (Síndrome de Burnout) também.
Escravos são fontes de recursos extremamente lucrativas e embora a escravidão tenha sido abolida na maior parte do mundo, ela continua sendo exercida de múltiplas formas.
O "tráfico de escravos" em formas equivalentes ainda é a fonte de renda mais lucrativa e praticada.
As drogas provêm um rio "absurdo" de dinheiro cuja correnteza arrasta tudo que se aproxima, incluindo a democracia, fazendo mover as turbinas do poder que sustentam ditadores, políticos, guerras e etc.
Provendo fonte de recurso inesgotável, infiltra-se no sistema, seja qual for a sua ideologia.
A sua ilegalidade é justamente o adubo que sustenta ambos os lados: aqueles que lutam contra e os que se beneficiam dela, por mais incongruente e inverossímil que isso pareça ser à primeira vista.
É como a natureza que provê lobos para controlar a quantidade de mamíferos herbívoros, pois do contrário estes exaurem a terra, ficando sujeitos às epidemias pela excessiva concentração de indivíduos que acabam desequilibrando o ecossistema.
As drogas — álcool, alcalóides, alucinógenos, psicotrópicos — sustentam a necessidade da fuga de si mesmo como meio de encontrar alívio rapidamente e acabou criando uma "espécie invasora" que foi promovendo um ecossistema próprio através da produção em abundância de escravos por dependência química que vai desestruturando o equilíbrio social original a exemplo da natureza, tais como os casos do javali, coral-sol e peixe-leão.
Esse paralelo com a ecologia (uma vez que estuda a interdependência dos seres) permite entender melhor que a nossa sociedade econômica segue regras semelhantes à natureza uma vez que fazemos parte dela.
Tudo está conectado na grande teia da vida.
A tática que sustenta as drogas terce os fios de interesse que se atam ao poder da forma mais discreta possível e vão provendo os recursos que financiam vários interesses políticos que por sua vez viabilizam suas atividades. É um exemplo clássico de simbiose que atravessa séculos.
Lembrando Sun Tzu:
"O máximo em dispor de tropas é não ter forma determinável.
Então os espiões mais penetrantes não podem se intrometer, nem os sábios podem fazer planos contra você."
Sun Tzu (544 BC-496 BC)
Simplificando Tzu, significa que manter o sistema disperso faz parte da estratégia de disfarce e proteção.
A troca de poder acaba cumprindo parte deste objetivo, renovando as fontes já que as velhas tornaram-se muito expostas.
O povo alimenta-se da esperança a cada vez que ouve notícias que determinado líder foi preso, e que a sua quadrilha foi desfeita ou eliminada, trazendo a sensação de proteção, de equilíbrio social e de que o mal está sob controle.
Apenas a redução da demanda e a sua descriminalização seriam efetivas na redução drástica desse problema.
Dessa forma, apenas educação e reeducação poderiam prover o controle que esperamos, mas ambas necessitam de contexto social favorável e não só de recursos.
O antídoto eficaz para as drogas depende da vontade do dependente em abraçá-lo, que por sua vez depende da crença e da força de vontade de construir a solução de redução da dor por outros meios que não sejam os químicos. Os meios químicos são rápidos, mas temporários, deixando sequelas em que o vício desmantela o autocontrole.
Não se tem interesse na regeneração mesmo quando disponível.
Ainda, piorando o contexto, se o indivíduo observa que aqueles que trilharam o caminho pela educação acabaram de certa forma "traficados" pelo sistema sem a contrapartida necessária que sustente a sensação de realização e felicidade, ele continuará buscando outra alternativa para a realidade que ele rejeita intensamente, a ponto de assumir riscos abraçando a solução que imagina a menor dos males, a exemplo do que é feito nas eleições quando a polarização não oferece opção, levando muitos a adotar a mesma tática — votar no menos ruim.
Se é ruim, não é alternativa de escolha.
Paralelamente, o sistema judicial também se degradou e portanto a penalidade abrandou, o que serve de incentivo a soluções ilícitas. Esta é a responsabilidade que o Congresso, o Senado e o STF carregam nos ombros.
Como vêm, novamente, tudo está conectado, inter-relacionado.
É tal qual um defeito numa máquina. A peça ruim vai penalizando as demais.
Infelizmente, a imaturidade e uma natureza pessoal pouco afeita ao trabalho irá sempre conduzir ao caminho mais lucrativo pelo menor esforço, ao menos aparentemente, apesar de pouco duradouro para a maioria, através da extinção de si mesmo.
O mal se alimenta do mal numa cadeia de sinergia crescente.
Um canibal voraz sem ética, exceto a dele própria.
O indivíduo cuja natureza abraça esse caminho só tem dois destinos possíveis: tornar-se escravo desse sistema ou ter meios de disputar pela liderança que o obriga a se tornar o pior entre os piores.
Se ele alcança a glória fugaz da liderança seu tempo termina quando o sistema precisar renovar o poder.
Grande parte da sociedade, em todos os níveis sociais, é consumidora de drogas e portanto sustenta este desequilíbrio, enquanto cobra responsabilidade do sistema pela segurança e combate à corrupção e ao crime. A ironia é que, se de fato o "sistema" for realmente eficiente no combate ao crime organizado, ela acabaria sem as drogas, logo contraproducente aos seus interesses.
A hipocrisia espera um milagre delegando cinicamente a responsabilidade a um mágico que resolva o problema, e este realiza suas magias apenas em tempos de eleição.
O consumo de drogas não afeta apenas o indivíduo, mas o torna cúmplice desses crimes que transformam milhares em escravos que sustentam a corrupção, as ditaturas, as guerras e etc.
Nossas ações definem se somos parte do problema ou não.
Não resolve apenas transferir esta responsabilidade para líderes que prometem solução quando a base de sustentação desses mesmos líderes não sustenta na prática os ideais que serviram de pretexto para sua eleição. A maioria do que é dito é "puro discurso eleitoreiro", puro pretexto de palanque. Blá, blá, blá...
Tudo fica resumido num jogo de empurra-empurra entre povo e candidatos através de cinismo e muita hipocrisia.
Enquanto isso o clima agoniza.
Os cientistas já advertiram que o momento é agora, ou nunca.
Infelizmente, o "agora" está tomado pelo aumento de tensão crescente em direção a um conflito amplo, e talvez generalizado, agravando ainda mais o agonizante equilíbrio já que guerras aquecem ainda mais o planeta.
Leia "Mudança climática: 'é agora ou nunca' para evitar catástrofe, diz novo relatório".
É importante trabalhar nossas consciências de modo a reduzir cada vez mais nossa participação daquilo que repudiamos através de pequenos atos pessoais. Do contrário, fica difícil olhar no espelho.
Ao assistir o filme abaixo, nos emocionamos.
De fato, o filme documenta uma atitude maravilhosa, cujo trabalho foi realizado na forma mais discreta possível.
Infelizmente o holocausto não terminou não!!
Ele continua todos os dias através das milhares de pessoas que sucumbem pelas drogas, nas guerras, não só da Ucrânia, mas em todas, nos hospitais sem preparo para atender a população resultando em óbitos desnecessários, nas crianças abandonadas e uma lista infindável de outros holocaustos diários.
Se o vídeo fez diferença tocando sua emoção, então você pode fazer parte dela através de algo semelhante, contribuindo com instituições que cuidam de crianças, ou aquelas que tratam da saúde mundial como os "Médicos Sem Fronteiras", ou reduzindo seu consumo de carne para reduzir o aquecimento global, ou ainda compartilhar temas e notícias que encorajem as pessoas neste sentido, enfim... existe um zilhão de formas de nos tornamos um protagonista a exemplo do Sr. Nicholas Winton, lutando pela liberdade que sustenta o equilíbrio social.
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