Já vamos passando da hora para perceber que o caminho que temos traçado ao longo de toda a existência da Humanidade apenas extinguiu seus grupos mais conturbados, mais radicalizados pela emotividade, porém sem poder para exterminar suas sementes.
A WWII é um exemplo vivo e recente.
A emoção é fundamental ao nosso sentido de vida, mas também converte-se no cerne do sentido oposto, onde a morte é a solução para tudo.
Somos uma civilização planetária que vem caminhando pelas mãos da caridade de uma natureza pródiga, sempre reconstruindo o que essa civilização destrói, ora pelo imediatismo tresloucado do ódio, ora conduzidos por estratégias que apenas adiam a solução real do problema.
A solução social pelos meios bélicos é uma fórmula gasta, já provada ineficiente diante de resultados colaterais que levam a replicar-se indefinidamente. Tal como a morfina que atenua a dor, mas não cura o paciente, até que a morte ocorra por uma dor maior cuja agonia encontra misericórdia no fim, uma vez que a causa reside na multiplicação das sementes que se deseja extinguir.
Parece que a nossa inteligência alcança capacidade para criar inteligência artificial, mas não alcança capacidade para aperfeiçoar a inteligência social.
O filho carrega o código genético de seus pais, assim como a IA carregará o código de regras que espelham nossas crenças.
Hoje somos limitados na capacidade de ação porque somos lentos.
A IA é um mero meio de reprodução de nossa capacidade de perceber padrões e evoluir na percepção de novos através dos anteriores pautados em regras e procedimentos que seus criadores escrevem, porém, com uma diferença: VELOCIDADE.
Estamos iniciando a maternidade da multiplicação de nós mesmos, de nossos erros que terá uma velocidade extrema e, portanto, também alcançaremos rapidamente o extremo de suas consequências.
Como se não bastasse a velocidade obtida por meios externos, também se empenham em transportar tais meios internamente, implantando chips em nossos cérebros.
Elon Musk, que ontem empenhava-se em advertir o mundo sobre os perigos da IA, agora destaca-se pelo pioneirismo através da sua empresa Neuralink com esse objetivo.
Qualquer equipamento carregando nossa frágil tecnologia cibernética pode ser hackeado, ou modificado por algoritmos que sejam executados sob certas condições, tornando esse equipamento um meio de controle ou destruição.
Nossos pensamentos, coletados através de seus sinais elétricos por sensores neurais, serão interpretados por sistemas inteligentes, promovendo a mesma privacidade que temos com os nossos dados pessoais nos celulares, ou seja, quase nenhuma.
Se nós, como raça, não detemos o controle do principal requisito que sustente relações sociais capazes de trazer paz e equilíbrio, então estes meios não só serão úteis para expandir nossas capacidades pessoais como também impô-las ao domínio de outros rumo a mais destruição na esperança de surpreender o inimigo para submetê-lo.
Muito provavelmente, implantaremos tais chips em nós mesmos consensualmente para continuarmos competitivos a qualquer preço, e aqueles que se negarem talvez sejam submetidos à força, paulatinamente.
O domínio da massa sempre coube aos oradores que tocam os seus sentimentos.
Agora, eles também, estão na fila do sucateamento, acompanhados por toda classe política e judiciária, porque o poder e a lei serão transferidos de mãos para os cérebros que conseguirem flutuar nessa luta pelo poder total.
Muitos desses homens são guiados pelo senso de autoproteção, alegando que se não o fizerem, outros o farão.
Outros dirão: "se não pode com o inimigo, junte-se a eles."
O eterno senso de autoproteção paradoxal que imagina proteger a vida sob o manto da morte.
Também estamos substituindo a parcela substituível da Humanidade, na falta desta, para disputar mais poder através da destruição. Estamos na era dos drones e robôs que vão aos campos de batalha em busca da destruição dos recursos adversários, para depois, quando o primeiro deles estiver exaurido, então tornar-se submisso ao vencedor.
Há quantos milênios temos repetido tal receita rudimentar e primitiva?!!
Nossos cérebros amadureceram, mas a alma continua infantil.
É muito pouco provável que não sejam escritos códigos que não espelhem a base do nosso erro, pois carregarão, em sua maioria, a imagem de seus criadores que encontram solução apenas pela competição através da destruição recíproca, tal como um filho que carrega o código genético de seus pais e a influência de seu meio.
Da mesma forma que aceleramos a IA no sentido equivocado do senso de segurança e sobrevivência, deveríamos começar a construir um novo código de ética, porque certamente temos pontos em comuns: o desejo de viver, e não apenas viver, mas em termos alguma felicidade que dê sentido à vida.
Precisamos de uma reengenharia social pelas mãos da negociação tão intensa quanto investimos nas alternativas inteligentes e bélicas.
Infelizmente não vemos isso com a mesma pujança no sentido contrário!
Quando vamos acordar que uma célula cancerosa contamina as demais, até que suas metástases tomem conta do corpo e impeçam a vida da maioria das células sãs, tomando-lhes sua energia até sugarem o último sopro de vida, quando então merecem o mesmo destino?
Basta isolar o suprimento de sangue que as alimenta e elas vão perecer por si mesmas.
Esse foi o princípio que Gandhi percebeu para enfraquecer a economia e a opinião pública da Inglaterra: a não cooperação como uma fórmula de solução.
Somos como médicos da morte que alimentam seu próprio câncer.
Em Marte, ou ficar orbitando a Terra, ou esconder-se num buraco, não sana o problema, mas apenas adia a continuidade desse processo, porque não será um novo início, seja em Marte ou não, que proverá solução de continuidade se não houver antes a extinção do amor à morte que carregamos dentro de nós mesmos.
Mesmo que Marte virasse uma realidade independente da Terra, apenas teríamos dois planetas com o mesmo problema. Então pegamos novamente nossas naves para infectar novos planetas, exatamente como o câncer se propaga, ou seja, viramos uma doença do Universo que nos abriga e que agora deseja propagar-se por ele como meio de sobrevivência que compromete o todo.
Certamente, devem existir civilizações que tenham alcançado o equilíbrio social e tecnológico muito superiores ao nosso, pois isto seria um requisito muito provável para evitar a sua autodestruição diante de muito poder tecnológico, tal qual o desafio que principiamos a viver hoje.
Ou será que é preferível imaginar que o Universo, esta vastidão que parece infinita, foi feita só para nós, e ainda, que a nossa tecnologia seja superior às demais?
O aumento das atividades não identificadas (UFOs), a ponto de entidades oficiais, ao que parece, começarem a reconhecê-las publicamente, talvez pela incapacidade de se continuar contendo-as, nos leva a considerar a possibilidade de uma clara preocupação neste sentido, de um código de ética Universal mais avançado que evita a intervenção direta, mas visa conter o desequilíbrio que podemos causar, ou talvez não tão avançado quando desejariam as nossas esperanças ou conclusões, no entanto, diante de tal superioridade técnica dessas naves, se o quisessem fazer, já o teriam feito.
Uma hipótese?!!
Talvez.
Ou será que o medo e a pretensão nos manterá acreditando que somos os únicos e ainda mais... os donos desse Universo contando com uma superioridade inquestionável?!!!
Bom, acredito que muita gente ainda pense assim.
Talvez ainda não pararam para pensar porque estão refém do medo que congela a razão ou causa pânico às massas despreparadas pela inconsciência de suas vidas pegas de surpresa.
É necessário mudar nossos rumos direcionando nossos esforços no sentido contrário à destruição, através da reconstrução social planetária que permitirá subsidiar a climática em larga escala.
Se não o fizermos, algo o fará, mas não sabemos a que preço, seja pela natureza intrínseca de nosso planeta ou não.
Talvez a verdadeira loucura não residiria em repetir eternamente os mesmos erros até uma destruição tão extensa que reduza a nossa capacidade de nos destruirmos mutuamente?
E quanta dor decorrerá de tão amargo remédio?
Então pensando assim...
Quem seria mais visionário?
Aqueles que analisam o futuro com base no aprendizado do passado ou aqueles que se negam a fazê-lo repetindo eternamente os mesmos erros e efeitos há milênios?