1° Edição, 2° revisão
Na sequência da publicação do post "Compromisso Com o Leitor - Este Blog e a Sua Política de Edição", não comentei sobre a escolha de como fazê-lo.
Ao longo do tempo, recebi alguns convites de "promotores" de blogs ofereceram-me a possibilidade de ampliar a divulgação do site.
Tenho declinado.
O site não tem um único anúncio, nunca os tive, e não os quero.
O objetivo não é econômico, mas social, através do desejo de compartilhar o que fui construindo pelo próprio esforço ao longo da vida no sentido de contribuir com aqueles que também buscam sentido de vida, ou seja, o sentido do sentido de viver.
Isso é o que me motiva a escrever, retribuindo aquilo que recebi daqueles que também, tanto no passado quanto no presente, escreveram e escrevem com a mesma intenção.
É fundamental ressaltar que o esforço pessoal precisa vir sempre acompanhado do exercício da análise própria, filtrando as informações conforme a nossa natureza, nesse processo chamado vida, que se renova pelas consequências da aplicação prática através do exercício constante das nossas decisões.
"Examinai tudo. Retende o que é bom."
— 1 Tessalonicenses 5:21
A intenção não é captar seguidores, mas leitores que pensam, o que faz uma diferença
enorme!
Seguidores são mentes com lacunas vazias, buscando preenchê-las através do deslumbramento, tentando emprestar alguma qualidade que desejam ardentemente de outra pessoa, qualidade esta que os seguidores imaginam que seus ídolos possuam.
O fato é que não raramente caem na desilusão da frustração, e se contentam com a revolta da decepção para ofuscar a própria responsabilidade pela escolha feita.
Copiar, seguir, dá ao seguidor a sensação de se tornar parte daquilo que ele próprio não pode alcançar.
Quando crianças, naturalmente copiamos nossos “heróis”.
Quando adultos, se a fase infantil ainda habita o ser com as suas fantasias, seguimos na construção desse "EU" sem a edificação pelo próprio esforço, algo que exige trabalho de pesquisa e ponderação.
Seguidores tornam-se as mariposas ofuscadas pela iluminação noturna, que no amanhecer de suas maturidades acabam com os seus corpos inertes sobre o solo da desilusão e do sofrimento.
Leitores são diferentes.
Eu me julgo um leitor.
Leio tudo, analiso, comparo com aquilo que eu já construí dentro de mim, e jogo
fora o que definitivamente já tenho prova da inutilidade ou da impropriedade,
deixando na reserva (“stand-by”) aquilo que merece revisão posterior, ou que ainda eu não alcance, pondo em prática aquilo que preciso testar na vida, no dia-a-dia turbulento pelas oscilações de humor e ânimo.
Sou eu quem vai pagar pelos meus erros, então é bom escolher muito bem o meio como eu vou testando na vida aquilo que imagino ser o melhor caminho para a evolução.
E por que evoluir?
Qual o sentido prático disso?
O sofrimento é fruto da ignorância.
Livres da ignorância, ficamos livres do sofrimento, pois a ignorância nos direciona no sentido errado, onde a falta da razão é suplantada pela emoção instintiva.
À medida que o ser cresce em compreensão, vai avançando do estado instintivo para o sentimento moderado pela razão, modelando a alma no caminho da harmonia com as Leis Universais.
Ainda somos guiados pelas paixões instintivas, que nem mesmo conseguimos explicar a sua origem, submetendo-nos a elas em regime de autoescravidão.
"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará"
João 8:32
Talvez o leitor imagine que eu tenha uma veia evangélica por citar passagens da bíblia.
Ledo engano. Minha origem é kardecista.
Estas citações visam mostrar ao leitor como eu vou encaixando as minhas buscas ao sentido de frases, que sem a ponderação amadurecida, parecem sem sentido.
A primeira vez que ouvi esta "passagem" na bíblia, lida pelo meu pai quando eu era ainda criança, fez surgir imediatamente o seguinte pensamento:
"Libertarmo-nos do quê? Eu não sou escravo!"
Embora este impacto tenha tido breve existência, ainda assim foi o pensamento inicial pego de surpresa pelo despreparo. Eu nem trazia, ainda, a percepção que a minha natureza, regida pelo instinto puro que alimenta nossos desejos descontrolados, era justamente a escravidão que eu desconhecia.
Ao longo do tempo eu procurei a paz interior como quem morre de sede no deserto à procura de água.
Hoje, eu posso dizer que já não morro de sede, embora ainda precise esforçar-me constantemente para encontrar a água que me mantém não só vivo em espírito e ânimo, mas também subsidia a consciência pelas decisões que tranquilizam e aplacam o sofrimento, porque viver em guerra com a própria consciência é sinônimo de "inferno".
E essa felicidade íntima que vai brotando, tranquila, sem os estertores das explosões sentimentais, me estimula a compartilhar, ao menos uma pequenina parcela, retribuindo o que recebi de outros que também expuseram seus pensamentos.
A minha escolha ao compartilhar foi apresentar a vida, mas não da forma beata pela crença da fé
pela fé, mas através da fé construída pela lógica que procura conciliar a prática com a teoria da “gramática”
religiosa.
Sim, usei o termo gramática, porque religião é como a gramática de um idioma, porém ditando as regras da alma.
Todos sabem que a gramática existe para regular a comunicação, mas no dia-a-dia prevalece a
pragmática sobre a gramática.
Eu passei a vida com alguns dilemas.
Apesar da admiração enorme que tenho por Gandhi, a questão de como lidar com Hitler pelas suas estratégias, persiste para mim como uma incógnita até hoje, aguardando o tempo em que a minha maturidade espiritual possa decifrar esse enigma.
E qual a importância disso?
“Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.”
Jesus no Sermão da Montanha, Evangelho de Mateus 5:39:
Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr. adotaram a não-violência como princípio de luta por justiça.
São raros os líderes que buscaram colocar como solução prática algum ensinamento de Jesus, não apenas através de suas citações, mas vivendo-as, alcançando sucesso ou projeção histórica.
É fácil aceitar a anulação pessoal quando ninguém mais depende de você.
Anular-se como pai ou mãe, parece um
erro de egoísmo atrelado a uma solução de anulação pessoal resolvendo pelos filhos que ainda não têm a opção de optar.
O mesmo acontece quando das suas decisões dependem muitas almas.
Até onde podemos fazer isso com a consciência tranquila?
É uma resposta, cujos riscos, cabe a cada um.
Muitos outros dilemas foram se resolvendo ao longo do tempo, consolidando a
difícil experiência do autoaperfeiçoamento em um contexto social totalmente
adverso.
Este objetivo é o que dá sentido à criação do blog.
Caminhar pela lógica, abraçando a razão para conciliar-se à emoção, harmonizando ambas, porque de ambas dependemos para que o sentido da vida seja pleno e feliz.
Rejeito a beatificação, mas abraço a exemplificação daqueles que superaram a natureza comum da nossa humanidade, a maneira como vejo "os santos".
Rejeito “influencers profissionais”, onde o aspecto financeiro prevalece.
Isto os coloca em pé de igualdade conceitual ao tráfico de drogas, onde realmente não importa o destino de seus clientes enquanto eles ainda puderem obter lucro com o prestígio de seus seguidores.
Rejeito o capitalismo extremo, cego pela ambição que deteriora a sociedade e seu planeta, assim como as teorias opositoras que, na prática, resultaram no exercício do despotismo tão visceral quanto a escravidão não declarada, mas implícita, de suas teorias socialistas desvirtuadas pelo mesmo desejo de controle do próximo sob o apanágio da ambição, tal como no capitalismo radical.
Não é pela vertente de uma teoria que atingiremos o equilíbrio e a justiça, não importa qual, mas pelo seu exercício sem os excessos de nossas deficiências morais.
Rejeito o comodismo de comprar "comida espiritual pronta", tipo fast food nas lojas das religiões, e mergulho na cozinha preparando o meu próprio alimento, aquela comidinha caseira que sustenta o espírito com a transparência da sua qualidade genuína pela construção da própria habilidade em prepará-la.
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