Ontem, estive no NY shopping com um amigo.
Erik é um jovem de seus 30 anos caminhando para a maturidade
dos 40.
Batemos papo, e depois acabamos assistindo ao filme "As
Vantagens de Ser Invisível" (The Perks of Being a Wallflower - USA 2012).
No final da noite, enquanto ele devorava seu “mega hamburger”
no Outback, eu me deliciava com um pedaço da torta "de New York".
Passamos a conversar sobre a importância de sermos capazes
de ouvir pontos de vista diferentes sem impor tantas barreiras que nos tornassem
completamente impermeáveis às novas ideias
e as suas possíveis vantagens.
Revivera aquele momento em papéis trocados, onde eu no papel
de Erik, o mais jovem, ouvia o que um mais velho falava, achando que
compreendia, porém interpretando tudo como uma tentativa de imposição de ideias, de me fazerem aceitar algo a mim
mesmo inaceitável.
Nós, enquanto mais jovens, temos uma sensação de
"eternidade" para as nossas verdades.
O tempo mais tarde vem transformando tudo, roubando tudo e
nos obrigando a entender que tudo é muito fugaz, até mesmo aquilo que somos
hoje.
A noite terminou sem que ele entendesse de fato o que eu
tentava expor.
Percebendo que havia feito a minha parte assim como outros
o fizeram, com a consciência leve por ter retornado à vida o que dela recebera, avaliei que todos nós entendemos quanto
estamos prontos, mas o conhecimento rejeitado, ainda assim fica ali, na memória
para ser ressuscitado pelas lembranças do futuro.
Já ao final de nossa conversa, contei que havia vivido o
mesmo momento, e que pudera compreender só mesmo depois dos 50 anos.
Ele guardou silêncio, e nos despedimos.
Ele tomou o taxi, retornando para casa já por volta de uma
hora da madrugada.
Enquanto dirigia-me ao estacionamento para pegar meu carro
fui avaliando a passadas largas o que havia dito, e concluí que naquela conversa
eu aprendera muito mais comigo mesmo.
Que naquele encontro, eu havia falado muito mais para mim
mesmo.
Irônico...
Talvez com ele ocorra o mesmo, garantindo a síndrome do
"Looper" - aquele filme "Looper
- Assassinos do Futuro"!
É impossível entender o espírito de ideias divergentes, sem
abandonarmos as próprias, ao menos por alguns momentos.
Um ator, que é um profissional treinado, muitas vezes
precisa de uma boa concentração, e várias tentativas para conseguir viver o
papel do personagem.
Nós que atores não somos, ficamos desprovidos dessa
habilidade de abandonarmos a nós próprios por alguns momentos, ao menos, para viver sem medo e preconceito, o papel de outro personagem, tendo a certeza
que retomaremos o que somos, sempre acrescidos com o que aprendemos.
Cada vez mais admiro essa profissão de ator.
Fica aqui minha sugestão: o MEC deveria incorporar a matéria como obrigatória
na grade dos cursos de formação infanto-juvenis.
Teatro deveria fazer parte do curso assim como o português e
o inglês - tudo elabora a capacidade do indivíduo comunicar-se e interagir
socialmente.
Afinal, representar também traz excelentes oportunidades de
melhorarmos o convívio social e profissional, e de quebra aumenta a chance de
aprendizado com algum personagem de forma muito mais intensa do que aquela que
a razão oferece.
Entender não basta
para compreender.
É preciso também
viver para sentir.
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