agosto 14, 2021

EFEITOS PANDEMIA




"Only as we live, think, feel, and work outside the home, do we become humanly developed, civilized, socialized."

"Somente quando vivemos, pensamos, sentimos e trabalhamos fora de casa, nos tornamos humanamente desenvolvidos, civilizados, socializados."

John F. Kennedy (1917-1963) 


COLORÁRIO:

Após o advento das comunicações virtuais impulsionadas ao extremo pelas imposições da pandemia, caminharemos então para alguma forma de regressão desses valores apontados por Kennedy?

Ou evoluiremos tais conceitos de modo a superar uma forma de pensar tão arraigada ao conceito de espaço físico, caminhando em direção à dimensão do pensamento?


Ta ram!!!  👀😏


Não só a pandemia serviu de estímulo às mudanças de hábitos como ainda teremos outros estímulos impostos por novas necessidades que parecem somar forças ao acaso e que impulsionam a humanidade numa nova e inusitada direção que acerela a transposição de conceitos tão arraigados que dificilmente seriam despojados espontaneamente. A natureza até mesmo quando agoniza, insiste em prover aprendizado, enquanto não subsidiando o alimento do corpo mas sustentando o espírito coletivo em novas conquistas.

O aquecimento planetário impõe redução de emissões de carbono.
O transporte diário entre trabalho e o lar é um dispêndio de esforço. Um desperdício que se pode evitar em muitos casos.
Mesmo que os carros tornem-se elétricos, ainda assim todo esforço gera carbono, porque um carro , ou qualquer outro bem, precisa ser fabricado e a nossa cadeia produtora em algum ponto emite carbono para produzí-lo, quando não em muitos.

O balanço entre produção de carbono e a sua absorção (via natureza — florestas, oceanos, e outros meios, até mesmo aqueles que ainda virão despontar pelas mãos do homem) precisará regulamentar as atividades humanas a partir de uma população planetária cujo número de indivíduos e a sua respectiva intensidade de atividades podem comprometê-lo.

Supondo-se uma taxa de ocupação demográfica como a atual ou ainda maior, a não ser que algum fator ou um conjunto deles viesse a dizimar a maior parte da população planetária, não haverá outro meio que senão buscar o equilíbrio do "aquário Terra", literalmente, já que a superfície do planeta apresenta mais área coberta por oceanos que por continentes.

Dessa forma, tanto o trânsito criado por nossas atividades, como também a forma como praticamos turismo, necessitarão otimização para reduzir o impacto ambiental.

O sucateamento dos navios de turismo pela falta de passageiros em virtude da pandemia teve seu efeito positivo já que os navios atuais são poluidores extremos. Neste caso, o sucateamento foi contingencial, no entanto, precisaremos aprender a prover serviços compatíveis com a nova realidade em busca de lucro sustentável, seja espontâneamente, ou inevitavelmente coagidos pelo desespero do ocaso.

O consumidor tem papel relevante no processo como vetor de consumo. Precisamos aprender a selecionar serviços e produtos, mesmo em detrimento de algumas vantagens aparentes, fortalecendo iniciativas "verdes" e desistimulando velhos hábitos que sustentam o indejável aquecimento da nossa casa "Terra".

Torna-se muito provável, ou mesmo evidente, que tenhamos que readaptar nossas necessidades psicológicas àquelas em que a dimensão do pensamento venha substituir a necessidade de contato físico direto.

Se a ciência não puder prover uma solução a tempo, de modo que possamos manter o nosso estilo de vida como o conhecemos hoje, tudo indica que o caminho futuro nos levará ao aperfeiçoamento das nossas capacidades emocionais e psicológicas em direção à dimensão do pensamento, quando ver, ouvir e pensar tornem-se suficientes, ou ao menos tão importantes quanto estar, sentir ou tocar.

As novas gerações que foram perdendo  a intensidade do convívio social físico, substituído  por atividades solitárias em comunidades sociais virtuais, proverão a popularização do que hoje é desafio para as gerações anteriores que herdaram, ainda, toda a intensidade desse convívio social físico por força de um status quo. Essa mesma geração, no entanto, absorverá tal mudança, senão pela mão da pandemia, outrossim pela mão do tempo quando a velhice inevitavelmente reduz o convívio social.
Somando-se estes dois fatores, tanto a nova geração impulsionando novos hábitos quanto as anteriores através do fluxo natural da vida, construirão a sociedade onde o pensamento prepondera sobre todas as emoções da proximidade física, contribuindo com o avanço do espírito sobre o corpo.

Isso tudo faz lembrar o dito popular: "Deus escreve certo por linhas tortas".



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