agosto 25, 2025

A Armadilha Sob o Excesso de Poder

 

1° Edição, Sem revisão

 

Quando imaginamos homens que alcançam o topo do poder, imaginamos algo como ter toda a liberdade para mandar, mas dificilmente paramos para pensar sobre as armadilhas e os limites que o poder traz.

Quanto mais delirante é a ambição de poder, mais míope a sua percepção.

Tenho pensado sobre as notícias a respeito da fome na Faixa de Gaza que repercutem insistentemente no noticiário. Concomitantemente, o mesmo noticiário levou ao ar informações em que Netanyahu nega o “status quo” dessa situação.

Também temos ouvido afirmações de Trump que não são confirmadas por conjunturas diversas.

Isto nos leva a pensar em pelo menos duas hipóteses plausíveis:

1. M
á-fé.

2. Isolacionismo.


A má-fé é o primeiro pensamento que surge quando um líder insiste em negar as consequências de seus interesses.

A segunda, isolacionismo, é mais sutil.

Quando garoto, meu pai me apresentou um senhor muito distinto.
Ao entrarmos no carro, meu pai comentou que aquela pessoa havia sido muito rica e perdera muito, porque fora enganado pelo sócio.
Aquilo me marcou muito, e nunca mais esqueci.
O primeiro pensamento que me ocorreu naquele momento foi imaginar que a pessoa tinha sido ingênua por confiar, ou mesmo displicente, ou quem sabe tenha faltado esperteza, mas algo não batia e acabou em "posição de espera", aguardando reavaliar algum dia, lá na frente.

Mais tarde, já na fase adulta, ocupei um cargo que, circunstancialmente, me colocou em contato direto com a diretoria, que era o último degrau antes da presidência, e que se tornava um meio caminho para acessá-la. Pois bem, nesta ocasião tive a oportunidade para vivenciar o efeito do isolacionismo no topo da cadeia de comando, seja pelo espelhamento ou pela construção de "verdades virtuais" levadas pelos subalternos.

Notei que a diretoria vivia uma realidade construída pelas mãos de seus outros gerentes. Essa diretoria não tinha feedback direto por outros seguimentos da hierarquia como alternativa para avaliar a informação que recebia.

A relação era baseada no senso de confiança que se depositava ao delegar, ou seja, o mesmo critério utilizado por aquele senhor que meu pai havia me contado que perdera sua fortuna.


Por outro lado, imagine que você precise levar para o seu superior, uma realidade que não espelhe seus desejos!
Você sabe que é problema!!!

Quanto mais incompetente for o superior, maior a pressão para delegar a responsabilidade única da solução para o seu colo.

Superiores competentes têm outra postura.
Diante de um problema difícil, eles veem uma oportunidade de solução que pode ser construída com a soma de esforços ao invés de redobrar a pressão. Eles também sabem que o excesso de pressão estoura o pneu sobre o qual o carro desliza, e por isso sabem dosar os meios de produtividade face aos limites de competência mediante alternativas inteligentes.

O subalterno, percebendo que o seu superior "come somente pelas suas mãos", com certeza vai levar a realidade mais próxima possível daquela que se deseja ouvir — o instinto de autopreservação prevalece.

Se o assessor for hábil para envolver emocionalmente, seja pela simpatia ou outra qualidade que possua, o seu superior só vai descobrir a realidade quando se transformar em tragédia que fugiu do controle de contenção.

Quando o comando é delirante, demonstrando uma natureza que nega tudo que não seja seu reflexo, não resta ao subalterno opção que não seja a manipulação dos fatos ou a própria demissão.


Então nasce aqui a pergunta:

Até onde esses líderes, quando rejeitam os fatos, estão de fato abusando da confiança de seus eleitores ou fãs por meio de deslavadas inverdades, ou até onde isso é o efeito da informação manipulada que estão recebendo?
Ou quem sabe ambos?
 

O chefe da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, Tenente-General Jeffrey Kruse, foi demitido.

A causa da demissão, segundo o jornal “France 24”, seria que a avaliação inicial da agência sobre os danos causados ​​pelos ataques dos EUA ao programa nuclear do Irã contradiz as alegações de Trump de que os locais haviam sido "obliterados".

Surge então a segunda pergunta:

Será mesmo apenas o fruto de informação manipulada de sua assessoria ou a consequência de quem demite aquele que discorda em confirmar a realidade que seu autocrata gostaria de divulgar?
Ou ainda, ambos?

Recentemente, Xi Jinping(China) afastou vários elementos da sua cadeia de comando, demonstrando um momento de instabilidade do seu governo, uma vez que o poder repousa sobre as escolhas daqueles que rodeiam o líder.

Ditadores têm a tendência de eliminar a oposição à força à medida que se veem ameaçados.

Fechando uma conclusão:

Observando o perfil desses homens ao longo da sucessão de fatos, podemos perceber que frequentemente trabalham duas forças — eliminação da oposição e uma assessoria que busca salvar as suas cabeças.

Tudo leva o "pobre todo-poderoso" ao delírio pela perda da conexão com a realidade, cuja conta o povo paga, mais cedo ou mais tarde.

E quando eu me refiro ao povo, expresso em sentido amplamente genérico, porque as elites ao longo da história participaram das decisões, e também foram arrastadas pelos devaneios dos poderosos que ajudaram a eleger ou a sustentar.


Veja também:
Cadeia de comando - Do Filme A Corte Marcial do Motim do Caine



 

 

 

 

 

 

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