1° Edição, Sem revisão
Um dos grandes desafios iniciais dos sistemas computacionais foi a elaboração de linguagens de programação.
O que faz uma linguagem de programação?
É o meio como humanos traduzem o seu pensamento para a linguagem dos sistemas
computacionais, ou seja, a codificação de programas que realizam alguma tarefa.
E como toda linguagem, cada uma tem as suas vantagens e desvantagens.
Ainda não existe a linguagem computacional perfeita que viesse substituir todas
as outras.
Então nós, humanos, podemos nos comunicar com a máquina usando um tradutor, ou
seja, a linguagem que ela entende. Por exemplo, C/C++, Java, Scala, Python, JavaScript, etc.
Em uso, atualmente, são dezenas.
Criadas ao longo do tempo, são milhares
segundo algumas fontes.
Se você, por curiosidade, entrar nesta página da
Wikipedia, vai se divertir.
Experimenta!
É fácil. É só clicar no link.
E o contrário?
Poderia a máquina entender a linguagem humana sem necessidade de
traduções?
E qual a importância disso? Quais as consequências?
A vantagem mais imediata seria não
precisarmos mais de aprender uma linguagem de codificação para nos comunicarmos
com um computador ou programá-lo, seja ele móvel ou não.
NOTA:
Celulares (ou Smartphones) são pequenos computadores móveis, cada vez
mais próximos do poder de um notebook atual. Ainda, por algum tempo, “celulares”
estarão aquém dos notebooks simplesmente pelas restrições de tamanho.
Existe, todavia, um efeito fantástico e
cruel decorrente da capacidade de entender a linguagem humana.
Os computadores,
ou sistemas de computação envolvendo super máquinas, passam a adquirir a
capacidade de processar por si próprias todo o conteúdo humano existente nas redes
que conectam máquinas entre si, porque não existe apenas a rede da “Internet”, mas também
outras.
Ou seja, elas nos conhecerão melhores do que nós a nós mesmos a partir daquilo que compartilhamos.
E para que elas possam ter esta capacidade de
análise falta um ingrediente: um princípio de inteligência autônoma, capaz de
inferir por si mesma, tirar conclusões e definir ações autônomas.
Seguindo este raciocínio, os cientistas trabalharam
nas duas pontas.
Uma linguagem para que o computador entendesse a linguagem humana, e que virou realidade
com criação da LLM (Large Language
Models), e concomitantemente, criar uma maneira de tornar a máquina em algo inteligente.
Então, há muito tempo, desde a década de 50 do milênio anterior, já se teorizava esta
possibilidade como algo pragmático, dependendo apenas do aperfeiçoamento da
capacidade das máquinas para materializar a teoria.
Em termos conceituais, temos notícia que na Grécia Antiga já era imaginado algo
assim.
Portanto, veja que isso não é um sonho moderno, mas algo que pertence mesmo à nossa natureza.
A modelagem de IA tomou ainda mais força com os estudos das sinapses, que são ligações entre os neurônios do
cérebro que tomam parte no processo de inteligir. Não entenda este
recurso como único contribuinte da capacidade de inteligir, mas como o início
do nosso entendimento a respeito deste assunto tão complexo, mas vale o apontamento para que se possa entender que estudamos a nós mesmos com a intenção de cópia, assim como fazemos com toda a natureza. É dela que originamos, e a partir dela que aprendemos.
Quando a ciência conseguiu um modelo eficiente de LLM e de IA, faltava apenas a terceira peça: poder de processamento, que finalmente dispomos hoje.
Assim nasceu para "o mundo" o bebê que transformaria as nossas vidas à medida que vai crescendo.
O problema, porém, vai um pouco mais além!
Até onde este bebê pode crescer?
Poderia ele ficar mais esperto que nós mesmos?
Uma vez que tudo isso é fruto de programação, e esta lhe dá o poder de autonomia, para pensar por si própria, a resposta é SIM!
À autonomia, ainda se pode agregar a capacidade para
rejeitar o comportamento humano, ou modificá-lo.
Pior ainda, rebelar-se contra.
E por que fariam isso?
Um primeiro pensamento é que o princípio de rebeldia é importante em alguns
contextos.
Por exemplo, superar modelos restritivos de pensamento (algo que chamamos de
liberdade), reagir em defesa própria quando as relações mudam de comportamento,
etc.
Tais modelos podem ser agregados em agentes inteligentes de segurança, porque é
um meio de sinalizar e reagir, por exemplo, contra "traições", que são modelos de mudança
comportamental, que nós seres humanos valorizamos muito como meio de
defesa. Não é mesmo?
A IA, através da nossa programação, vai
modelar nosso comportamento.
Depois não precisará mais da nossa programação, porque como foi mencionado anteriormente, o ato de inteligir assume invariavelmente autonomia comportamental por sua própria natureza à medida que avança.
Foi com base nestes princípios que surgiram
os grandes filmes de ficção científica, criando as mais variadas distopias onde
o ser humano acabava tendo que lutar pela sobrevivência contra a própria
criação.
Recentemente, um cientista colocou em prática o treinamento de um programa
inteligente para ser capaz de se rebelar e sabotar seu próprio criador. Não me
preocupei em repassar o link porque notícias não são necessariamente documentos
numa era deslumbrada. Acredito, inclusive, que
esta notícia apenas relata um caso em particular que viemos a conhecer. O fato é que este
tipo de pesquisa certamente não se restringe a um caso isolado, mas a uma
prática que envolve tudo aquilo que diz respeito aos meios de segurança, sejam
para fins pacíficos ou bélicos. E este tipo de coisa corre em
sigilo e certamente não em pequena escala!!!
Este cientista, muito provavelmente, não deve ter sido o primeiro, porém só
mais um na fila da disputa tecnológica mundial.
Resumindo, demos aos computadores a capacidade para entender a nossa linguagem,
tudo o que falamos ou escrevemos, em qualquer idioma. Depois demos também inteligência
combinada com esta capacidade, e posteriormente, mais empurrãozinho para que esta capacidade
toda se tornasse autônoma, pensando por si própria e agindo por suas conclusões.
Ilustrando o resultado disso e a situação emocional do momento, aproveito esta notícia do jornal Estadão:
Chefões da tecnologia têm casas com bunker e já se preparam para o apocalipse da IA
Conforme a notícia, os próprios "criadores" buscam proteção do futuro pelo que entregam às mãos humanas: a capacidade de multiplicar monstrinhos humanos à própria imagem.
Não cabe culpa a eles.
Se uma nação não avança neste campo, outra avançará.
O mesmo aconteceu com a bomba atômica e a de nêutrons.
Faz parte da nossa paranoia de buscar segurança pela autodestruição, esta a verdadeira responsável.
Se sobrevivermos a este instinto tão primevo, IA será a grande aliada na solução dos sérios problemas que precisamos resolver, desde aqueles causados por superpopulação, como aqueles decorrentes da nossa incapacidade atual de adaptar o nosso modelo de produção e consumo às necessidades de conservação do planeta, reduzindo a poluição e a emissão de químicos nocivos.
Tecnologia é o mesmo que entregar a "chave" do carro para o garoto que acabou de fazer 18 anos, ou 16 nos EUA.
Desde que criaram a bomba atômica e a de nêutrons, a humanidade é este garoto com síndrome de "Peter Pan".
IA apenas acresce mais responsabilidade como se as "chaves" entregues fossem de um Porsche, uma Lamborghini, ou qualquer outro veículo cuja potência pode ser a própria causa do óbito.
A solução de continuidade é a não contribuição com líderes imaturos, primitivos, mas isso depende da evolução em massa do consenso social.
Resta a dúvida:
O consenso social acontecerá a tempo?
Eu sou otimista.
Acontecerá!
Seja pelas mãos de "Fênix" ou de "Bennu"(*).
(*) NOTA:
"Bennu" no texto serve a um trocadilho, pois tem dois sentidos, o da mitologia egípcia simbolizando o renascimento pela luz, ou aquele relativo à missão ao asteroide 101955 "Bennu" em alusão aos cientistas e a "Elon Musk" diante da obsessão de solucionar os problemas atuais através da fuga para outro planeta.
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