julho 24, 2022

Céu e Inferno: Razão e Fé - Inferno Eterno Faz Sentido?


 

Um dos pontos que sempre despertou minha atenção é o conceito de eternidade na premiação ou punição de nossos atos.

Todos os nossos erros ou acertos ocorridos durante nossa existência física têm duração finita, já que se encerra o ciclo ao final da nossa existência — aliás, único evento com absolutamente 100% de ocorrência. Não escapa uma única alma...

Quando eu penso nas crenças que contemplam o céu ou inferno eternos como recompensas de nossos atos durante a existência, fico perplexo diante do carácter infinito da recompensa ou da punição em face da contrapartida de acerto ou de erro sem a mesma natureza de eternidade.

Se pensarmos um pouco com os olhos da matemática, quando dividimos qualquer número por infinito, ele tende a zero. Assim fica que a duração de qualquer ação humana durante a existência, quando comparada ao infinito, torna-se tão pequena que tende a zero.

Então, pagar-se por algo infinitamente pequeno com preço infinitamente grande torna-se um absurdo cruel, acrescendo-se o agravo que todos nascem e vivem em circunstâncias tão desiguais sendo cobrados da mesma forma.


Eu vejo Deus como expressão de amor, o que é compatível com a mensagem de Cristo.
Um homem simples nas vestes e no falar, buscando traduzir conceitos avançados da forma mais assimilável possível, através de suas parábolas e pelo seu modo de explicar.

Não construiu templos, não criou igrejas.
Concentrou-se em pregar, divulgando os conceitos, e também em preparar seus discípulos para que continuassem a fazê-lo assim que voltasse para o Pai.

Um "Deus" de amor extremo não combina com punição eterna para algo finito, nem recompensaria eternamente por um acerto também finito já que estaria estimulando o ócio.
Fica estranho. De um lado pune demais, do outro dá mole total.

Se a alma humana realmente aceitasse esse princípio como verdadeiro, lá no fundo do coração, estaria diante do melhor investimento jamais oferecido. Viva sua vida corretamente, seja lá quanto for pois não passa de 150 anos, e terá regalias por toda a eternidade!!!
Não existiria melhor negócio que esse!


Quando a esmola é demais o santo desconfia! :-)


Um "Deus" de amor proveria sim a chance eterna para que absolutamente todos encontrassem um meio de corrigir suas falhas e alcançar a felicidade através de quantas oportunidades fossem necessárias, sem exceção, até que a natureza de nossos espíritos passem a refletir a luz dos ensinamentos de seu mestre.

Faz mais sentido que sempre exista um tempo de correção e outro para seguir adiante através de uma nova oportunidade de aprendizado até que a nossa alma não precise mais ditar-se pelo medo mas pelo desejo de amar.

E na grandiosidade dessa generosidade, nem a morte soa como congo de término, mas sim como uma nova oportunidade de recomeço que permita estabelecer uma nova chance mais promissora de superarmos os limites que ainda nos impedem de viver a felicidade plena, onde a consciência troca o chicote do arrependimento pelo amparo seguro da consciência tranquila forjada no equilíbrio do amor.

E se a morte é recomeço, a vida se renova sempre, assim como todo o planeta a cada amanhecer, favorecendo a conquista paulatina através de oportunidades recorrentes, quantas forem necessárias.
Isso sim, soa como um "Deus" de amor.

No fundo, se as pessoas levassem realmente a sério a lenda de "inferno eterno", ninguém realmente vacilaria. Um dia no hospital com queimaduras severas já tem sabor de eternidade, o que se dirá da própria eternidade!!!

A lenda dessa "punição eterna" de tão exagerada, perdeu efetividade porque compromete a credibilidade.

Se de fato assim fosse, também não haveria céu sem que estivesse povoado de almas aflitas vivendo o "inferno" por não suportar a perspectiva de sofrimento de seus entes queridos que estivessem no inferno.
Se o céu é expressão de amor, como então estas almas poderiam conviver com a perspectiva de impotência diante do imenso sofrimento diário e sem fim de seus entes amados?!

Imagine o amor de um Pai ou uma Mãe sabendo de seus filhos naquela situação?
Não rogariam a Deus, dia e noite, uma oportunidade de redenção para eles?
Ou ficariam conformados e "anestesiados" pelo conforto pessoal que desfrutam no céu conseguindo esquecer o sofrimento daqueles que amam?

Alguém que realmente ama consegue paz para desfrutar diante do sofrimento alheio?
Isso soaria mais como indiferença e egoísmo que não combinam com o conceito de amor àqueles cuja natureza pertenceria ao céu.

O sofrimento seria eterno para todos e o sentido de céu esmaeceria...

Realmente, não faz sentido pagar com a eternidade por um erro que não tem a mesma natureza.

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