abril 10, 2025

Analisando Governos III - As Ironias das Incompetências

 2° Revisão


Dando continuidade a esta série de análise socioeconômica e política traduzindo o "economês" e as amenidades do "politiquês", tudo regado a termos "socialmente corretos" — que são até capazes de apresentar um oásis onde temos apenas um buraco nas areias de um deserto —, vamos reconstruindo uma parcela da razão mais realista que nos move como seres coletivos, e cuja individualidade, muitas vezes ludibriada, soma aos erros políticos através do voto não suficientemente consciente, que nos remete para a citação de Joseph de Maistre, um filósofo e diplomata francês do século XIX:

"Toute nation a le gouvernement qu’elle mérite."
("Toda nação tem o governo que merece.")

A ironia dessa frase, cuja crueza é tão intensa quanto apropriada, é que grande parte do povo acaba recebendo as consequências pela participação de um ato cuja intenção não consolida o mérito da reprovação.

Pondo em miúdos a sutileza da frase anterior através de um exemplo prático, imagine que seu filho de 5 anos derruba uma cadeira sobre si mesmo. Os pais certamente terão um comportamento diferente quando o irmão de 15 anos faz o mesmo. Então o filho mais velho, revoltado diz que o caçula é protegido, e pode tudo.

Somos capazes de entender este contexto familiar de forma tão simples e intuitiva, mas não conseguimos ver as similitudes existentes em contextos mais diversos, mas cujo princípio é o mesmo, ou seja, quando as nossas ações refletem "a intenção do que fazemos" ou "do que esperávamos fazer".

O pai não pune o filho menor porque não vê consciência, mas dependendo da gravidade da ação do filho maior, poderá reagir para não incentivar comportamentos similares.

E a democracia hegemônica pune pelas consequências os “filhos de uma nação”, sejam eles menores ou maiores, indistintamente, pelas consequências que traz.

À primeira vista, o leitor pode imaginar que a solução do problema esteja apenas no nível acadêmico de um povo.

Vamos continuar analisando...

A determinação de Trump ao aplicar pesadas tarifas alfandegárias aos países, especialmente a China, aprofunda as raízes chinesas quanto à posse e propriedade daquelas empresas que tiveram origem americana quando para lá migraram.

A Apple produzindo na China torna-se ainda mais chinesa, porque não mais se trata apenas de uma transposição de localidade de fabricação, mas de um recurso estrangeiro sendo discriminado e tarifado no seu próprio país de origem.
Os empresários e investidores tornaram seus capitais "chineses".


Simplificando, é algo como um filho que abandona a casa dos pais e deixa de ser família, e passa a ter um tratamento diferenciado.

O termo "globalização" de tão "gracioso" enfeitiçou a todos, independente de níveis acadêmicos.

Neste contexto percebemos que a ação da solução expatriando um recurso nacional esqueceu-se de lembrar que somos seres eminentemente territorialistas, e que a "globalização" era uma abstração que colocava um conceito tão forte à parte com base em premissas conjecturais temporais.

As guerras são territorialistas, e de uma forma ou de outra terminam na defesa de algum valor sustentado por seu espaço territorial.

Notamos que a inconsciência não é reflexo exclusivo do grau de instrução, sendo movida e condicionada por diversos valores racionais e emocionais.

A conclusão é que não só o povo mais iletrado vota mal, mas também empresários, investidores e etc.

A ironia é que Trump colocou o dedo na ferida, ressuscitando a verdade que nos rege, resgatando-nos de nossas ilusões. Suas atitudes trazem consequências boas e ruins, apesar dos custos discutíveis de suas estratégias abruptas na defesa da parcela de realidade que elas contêm.


Uma dessas consequências boas foi levantar o véu da nossa realidade evolutiva que restringe as nossas soluções produtivas interativas de natureza universal.

Globalização e territorialismo sempre disputarão enquanto a nossa capacidade de "amar o próximo como a nós mesmos" não pavimentar as estradas da humanização global.

 

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