2° Revisão
Dando
continuidade a esta série de análise socioeconômica e política traduzindo o
"economês" e as amenidades do "politiquês", tudo regado a
termos "socialmente corretos" — que são até capazes de apresentar um
oásis onde temos apenas um buraco nas areias de um deserto —, vamos
reconstruindo uma parcela da razão mais realista que nos move como seres
coletivos, e cuja individualidade, muitas vezes ludibriada, soma aos erros
políticos através do voto não suficientemente consciente, que nos remete para a
citação de Joseph de Maistre, um filósofo e diplomata francês do século
XIX:
"Toute nation a le gouvernement qu’elle
mérite."
("Toda nação tem o
governo que merece.")
A ironia
dessa frase, cuja crueza é tão intensa quanto apropriada, é que grande parte do
povo acaba recebendo as consequências pela participação de um ato cuja intenção
não consolida o mérito da reprovação.
Pondo em
miúdos a sutileza da frase anterior através de um exemplo prático, imagine que
seu filho de 5 anos derruba uma cadeira sobre si mesmo. Os pais certamente
terão um comportamento diferente quando o irmão de 15 anos faz o mesmo. Então o
filho mais velho, revoltado diz que o caçula é protegido, e pode tudo.
Somos
capazes de entender este contexto familiar de forma tão simples e intuitiva,
mas não conseguimos ver as similitudes existentes em contextos mais diversos,
mas cujo princípio é o mesmo, ou seja, quando as nossas ações refletem "a intenção
do que fazemos" ou "do que esperávamos fazer".
O pai não
pune o filho menor porque não vê consciência, mas dependendo da gravidade da
ação do filho maior, poderá reagir para não incentivar comportamentos similares.
E a democracia hegemônica pune pelas consequências os “filhos de uma nação”,
sejam eles menores ou maiores, indistintamente, pelas consequências que traz.
À primeira vista, o leitor pode imaginar que a solução do problema esteja
apenas no nível acadêmico de um povo.
Vamos
continuar analisando...
A determinação de Trump ao aplicar pesadas tarifas alfandegárias aos países,
especialmente a China, aprofunda as raízes chinesas quanto à posse e
propriedade daquelas empresas que tiveram origem americana quando para lá
migraram.
A Apple produzindo na China torna-se ainda mais chinesa, porque não mais se
trata apenas de uma transposição de localidade de fabricação, mas de um recurso
estrangeiro sendo discriminado e tarifado no seu próprio país de origem.
Os empresários e investidores tornaram seus capitais "chineses".
Simplificando, é algo como um filho que abandona a casa dos pais e deixa de ser
família, e passa a ter um tratamento diferenciado.
O termo
"globalização" de tão "gracioso" enfeitiçou a todos, independente de níveis acadêmicos.
Neste
contexto percebemos que a ação da solução expatriando um recurso nacional
esqueceu-se de lembrar que somos seres eminentemente territorialistas, e que a
"globalização" era uma abstração que colocava um conceito tão forte à
parte com base em premissas conjecturais temporais.
As guerras são territorialistas, e de uma forma ou de outra terminam na defesa
de algum valor sustentado por seu espaço territorial.
Notamos que a inconsciência não é reflexo exclusivo do grau de instrução, sendo
movida e condicionada por diversos valores racionais e emocionais.
A conclusão
é que não só o povo mais iletrado vota mal, mas também empresários,
investidores e etc.
A ironia é que Trump colocou o dedo na ferida, ressuscitando a verdade que nos rege, resgatando-nos de nossas ilusões. Suas atitudes trazem consequências boas e ruins, apesar dos custos discutíveis de suas estratégias abruptas na defesa da parcela de realidade que elas contêm.
Uma dessas consequências boas foi levantar o véu da nossa realidade evolutiva
que restringe as nossas soluções produtivas interativas de natureza universal.
Globalização
e territorialismo sempre disputarão enquanto a nossa capacidade de "amar o
próximo como a nós mesmos" não pavimentar as estradas da humanização
global.
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