1° Revisão
Resumindo e retomando parte do contexto
formado a partir de posts anteriores com o objetivo de concluí-los através
de pensamento único, buscando uma forma simples de expor um assunto complexo,
sigo lembrando que, se um país tem tecnologia para vender, ele precisa de
compradores, e como forma de viabilizar a troca e aumentar as vendas, ele também
precisa ser flexível no modo de pagamento para viabilizar os negócios, ampliando
o leque de possibilidades que seus clientes têm à oferecer como base de troca,
mesmo quando encontram similares internos no país vendedor, de modo a sustentar
a balança comercial de ambos.
Mesmo que se penalize parte do mercado
interno de um país, aquela outra parte que oferece mais vantagens agregadas à
proteção de divisas de uma nação é favorecida, ou seja, a segurança e o crescimento
são prioridades.
A liderança econômica e tecnológica dos EUA permitiram que pudessem exercer por
algum tempo o papel de protetores desse status quo definido após a segunda
grande guerra mundial, porque favorecia o “stablishment”, ou seja, o
estado da situação quando é favorável como está.
Nesta posição de vantagem, os meios militares tornaram-se um grande “business”
estadunidenses, mas como em todo negócio, se mal aplicado, não há retorno mas
prejuízo. E os EUA aplicaram mal seus recursos em muitas ações militares.
O tempo passou, e por circunstâncias
internas do próprio país, os EUA acabaram por colaborar na construção de seus
concorrentes, além de adquirir o fardo dos reveses de suas ações militares
mundiais.
A “águia” não aproveitou bem seu voo.
O papel estadunidense perdeu preponderância
com o crescimento de países que foram descentralizando e deslocando os polos
tecnológicos através de seu próprio crescimento interno, com ajuda do próprio EUA.
Temos então uma nova situação, como a de um
“vendedor” que já não mais está sozinho em seu mercado, ou até mesmo nem mais
tem os produtos que tinha antes, porque a concorrência cresceu, mas a empresa
que ele representa nem tanto.
Nessa situação, à medida que as vendas de um país caem, é preciso controlar
melhor os gastos, escolhendo melhor com o que se gasta, com o que se importa, do
contrário o país adquire débito crescente, como quem gasta mais do que ganha.
Os EUA tinham um papel mundial que dependiam justamente daquela situação
anterior, e com a mudança, o equilíbrio de suas contas começa a mudar,
fazendo-se necessário transicionar seu papel mundial, porém exigindo a forma
certa.
É comum o comentário na mídia, inclusive nos
EUA, culpando e criticando o seu presidente, no caso o Trump, contudo, quem o
colocou lá? Não foi seu próprio povo?
Decorrente disso, assumindo os efeitos da
democracia, pode-se concluir que a percepção da maioria do povo americano é que
mudou à medida que “os tempos de fartura” vão se tornando menos fartos e mais
competitivos.
As pessoas já regidas em sua maioria por um
desejo de mudança imediata, sem levar em conta as consequências de suas
próprias ações passadas e as prováveis futuras, foram se posicionando de
maneira cada vez mais radical, típica do desespero míope.
Trump é consequência disso, e também do desejo de se acreditar em líderes que
façam milagres rapidamente. Esse comportamento, no sentido oposto, é exatamente o mesmo de muitos
empregadores que transferem para os seus empregados tal responsabilidade.
Toda mudança abrupta exige uma dosagem proporcional de autoritarismo.
Os meios democráticos são lentos, exceto quando há uma grande convergência de
opinião, o que não é a tendência mundial nesse momento.
Essa é uma das razões porque a democracia começa a ceder espaço no panorama
mundial.
Como se já não bastasse o sentimento rebelde crescente subsidiado pela
contestação radical do senso moral tradicional, afirmando a criminalidade como
uma atividade concorrente ao modelo legalizado de negócios, que por si só
obriga o crescimento de forças controladoras de natureza autoritária, como são
as estruturas de policiamento, ainda precisa suportar uma agilidade crescente
de mudanças onde não basta mais haver espaço para a discussão, mas também é
vital considerar o seu tempo de conclusão e a sua efetivação.
Os partidos democráticos mundiais agonizam e se afundam neste desafio diante da
profusão de digressões divergentes de seus membros, onde o sucesso aparente e
temporário desse tipo de conduta que materializa o senso democrático redunda em
caos e atrasos durante as lutas que advém desse consenso leiloado durante a sua
formação.
Democracia que transforma consenso em balcão de negócios, não é de fato a democracia
que coloca à frente a transformação social, mas prioriza a cartelização do
poder econômico. Uma aberração.
Então eu penso se vivemos uma “democracia virtual”, ou “um leilão de oportunidades”?
Diante da diversidade de opiniões e da necessidade de mudanças drásticas, só
mesmo a autocracia logra sucesso na empreitada em sociedades moralmente
atrasadas, todavia não garante sucesso em suas consequências.
Muda-se rápido, corre-se velozmente, mas para onde?
Pressa para o abraço ou para o atoleiro?
Esta resposta ninguém sabe ao certo, mas os que são adeptos da força bruta ganham
apoio popular, e a massa, como quem assina em branco uma procuração — faça o
que quiser contanto que você me beneficie — acaba vítima da própria ilusão.
Esta situação nasce do desespero que vai tomando conta do senso popular.
NOTA:
Eu quero ressaltar que o autor é democrata diante da cruel escolha à opção
restante de espírito autocrata, mas que também não podemos partir para o
negacionismo dos defeitos e qualidades de ambas.
É preciso renovar o sentido do senso de democracia, como venho tratando em
várias publicações anteriores.
Acredito que vivemos a farsa da
ignorância, de boa fé ou não.
Em um mundo cuja dinâmica socioeconômica fosse outra, menor e mais restrita, seria
possível pensar em isolacionismo como forma de proteção interna.
O mundo atual é completamente diverso do anterior porque os meios de integração
ao somarem competências reformulou o dinamismo evolutivo pelas mãos da globalização,
uma realidade que conflita com o senso de territorialismo, conforme já
mencionado em outro post.
É como se na sua vida pessoal as coisas não fossem bem, porém, dependendo de
várias pessoas, precisasse ir negociando com cada uma delas um relacionamento
melhor para ajustar às suas necessidades, ao invés de criar animosidades com
todos ao mesmo tempo.
Nada esperto seria.
Trump, ao que parece, talvez ainda não tenha aprendido essa lição, mas se blefa,
imagina que a “sua mão” não esteja tão pior que a dos outros parceiros de jogo.
Um país pode ser visto como uma pessoa no modo coletivo, porque conceitualmente
é isto que representa.
Vivemos um momento incrível, em que os modelos superados estão no ocaso de seus
seguidores pelas consequências que advirão, enquanto os novos modelos
socioeconômicos desafiam a percepção cega pela inércia moral daqueles que
carecem dos meios principais para subsidiar a compreensão desse novo mundo que
nasce, enquanto mergulhados na inconsciência das vantagens individuais a
qualquer preço.
E fechando o nosso quebra-cabeça, podemos entender que o panorama mundial é de
renovação intensa, e não existe progresso sem os ruídos que ele causa, mas que
certamente são compensados pelos passos seguintes em direção à melhoria social.
E se uma ponta de descrença tomar conta de seus sentimentos, basta comparar o
momento atual com as condições de vida dos séculos anteriores.
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