abril 15, 2025

Analisando Governos IV - Completando o Quebra-cabeça




 

 1° Revisão


Resumindo e retomando parte do contexto formado a partir de posts anteriores com o objetivo de concluí-los através de pensamento único, buscando uma forma simples de expor um assunto complexo, sigo lembrando que, se um país tem tecnologia para vender, ele precisa de compradores, e como forma de viabilizar a troca e aumentar as vendas, ele também precisa ser flexível no modo de pagamento para viabilizar os negócios, ampliando o leque de possibilidades que seus clientes têm à oferecer como base de troca, mesmo quando encontram similares internos no país vendedor, de modo a sustentar a balança comercial de ambos.


Mesmo que se penalize parte do mercado interno de um país, aquela outra parte que oferece mais vantagens agregadas à proteção de divisas de uma nação é favorecida, ou seja, a segurança e o crescimento são prioridades.

A liderança econômica e tecnológica dos EUA permitiram que pudessem exercer por algum tempo o papel de protetores desse status quo definido após a segunda grande guerra mundial, porque favorecia o “stablishment”, ou seja, o estado da situação quando é favorável como está.

Nesta posição de vantagem, os meios militares tornaram-se um grande “business” estadunidenses, mas como em todo negócio, se mal aplicado, não há retorno mas prejuízo. E os EUA aplicaram mal seus recursos em muitas ações militares.

O tempo passou, e por circunstâncias internas do próprio país, os EUA acabaram por colaborar na construção de seus concorrentes, além de adquirir o fardo dos reveses de suas ações militares mundiais.

A “águia” não aproveitou bem seu voo.

O papel estadunidense perdeu preponderância com o crescimento de países que foram descentralizando e deslocando os polos tecnológicos através de seu próprio crescimento interno, com ajuda do próprio EUA.

Temos então uma nova situação, como a de um “vendedor” que já não mais está sozinho em seu mercado, ou até mesmo nem mais tem os produtos que tinha antes, porque a concorrência cresceu, mas a empresa que ele representa nem tanto.

Nessa situação, à medida que as vendas de um país caem, é preciso controlar melhor os gastos, escolhendo melhor com o que se gasta, com o que se importa, do contrário o país adquire débito crescente, como quem gasta mais do que ganha.

Os EUA tinham um papel mundial que dependiam justamente daquela situação anterior, e com a mudança, o equilíbrio de suas contas começa a mudar, fazendo-se necessário transicionar seu papel mundial, porém exigindo a forma certa.

É comum o comentário na mídia, inclusive nos EUA, culpando e criticando o seu presidente, no caso o Trump, contudo, quem o colocou lá? Não foi seu próprio povo?

Decorrente disso, assumindo os efeitos da democracia, pode-se concluir que a percepção da maioria do povo americano é que mudou à medida que “os tempos de fartura” vão se tornando menos fartos e mais competitivos.

As pessoas já regidas em sua maioria por um desejo de mudança imediata, sem levar em conta as consequências de suas próprias ações passadas e as prováveis futuras, foram se posicionando de maneira cada vez mais radical, típica do desespero míope.

Trump é consequência disso, e também do desejo de se acreditar em líderes que façam milagres rapidamente. Esse comportamento, no sentido oposto, é exatamente o mesmo de muitos empregadores que transferem para os seus empregados tal responsabilidade.

Toda mudança abrupta exige uma dosagem proporcional de autoritarismo.
Os meios democráticos são lentos, exceto quando há uma grande convergência de opinião, o que não é a tendência mundial nesse momento.
Essa é uma das razões porque a democracia começa a ceder espaço no panorama mundial.

Como se já não bastasse o sentimento rebelde crescente subsidiado pela contestação radical do senso moral tradicional, afirmando a criminalidade como uma atividade concorrente ao modelo legalizado de negócios, que por si só obriga o crescimento de forças controladoras de natureza autoritária, como são as estruturas de policiamento, ainda precisa suportar uma agilidade crescente de mudanças onde não basta mais haver espaço para a discussão, mas também é vital considerar o seu tempo de conclusão e a sua efetivação.

Os partidos democráticos mundiais agonizam e se afundam neste desafio diante da profusão de digressões divergentes de seus membros, onde o sucesso aparente e temporário desse tipo de conduta que materializa o senso democrático redunda em caos e atrasos durante as lutas que advém desse consenso leiloado durante a sua formação.

Democracia que transforma consenso em balcão de negócios, não é de fato a democracia que coloca à frente a transformação social, mas prioriza a cartelização do poder econômico. Uma aberração.

Então eu penso se vivemos uma “democracia virtual”, ou “um leilão de oportunidades”?

Diante da diversidade de opiniões e da necessidade de mudanças drásticas, só mesmo a autocracia logra sucesso na empreitada em sociedades moralmente atrasadas, todavia não garante sucesso em suas consequências.

Muda-se rápido, corre-se velozmente, mas para onde?
Pressa para o abraço ou para o atoleiro?
Esta resposta ninguém sabe ao certo, mas os que são adeptos da força bruta ganham apoio popular, e a massa, como quem assina em branco uma procuração — faça o que quiser contanto que você me beneficie — acaba vítima da própria ilusão.

Esta situação nasce do desespero que vai tomando conta do senso popular.

NOTA:
Eu quero ressaltar que o autor é democrata diante da cruel escolha à opção restante de espírito autocrata, mas que também não podemos partir para o negacionismo dos defeitos e qualidades de ambas.
É preciso renovar o sentido do senso de democracia, como venho tratando em várias publicações anteriores.

Acredito que vivemos a farsa da ignorância, de boa fé ou não.

Em um mundo cuja dinâmica socioeconômica fosse outra, menor e mais restrita, seria possível pensar em isolacionismo como forma de proteção interna.

O mundo atual é completamente diverso do anterior porque os meios de integração ao somarem competências reformulou o dinamismo evolutivo pelas mãos da globalização, uma realidade que conflita com o senso de territorialismo, conforme já mencionado em outro post.


É como se na sua vida pessoal as coisas não fossem bem, porém, dependendo de várias pessoas, precisasse ir negociando com cada uma delas um relacionamento melhor para ajustar às suas necessidades, ao invés de criar animosidades com todos ao mesmo tempo.
Nada esperto seria.

Trump, ao que parece, talvez ainda não tenha aprendido essa lição, mas se blefa, imagina que a “sua mão” não esteja tão pior que a dos outros parceiros de jogo.

Um país pode ser visto como uma pessoa no modo coletivo, porque conceitualmente é isto que representa.


Vivemos um momento incrível, em que os modelos superados estão no ocaso de seus seguidores pelas consequências que advirão, enquanto os novos modelos socioeconômicos desafiam a percepção cega pela inércia moral daqueles que carecem dos meios principais para subsidiar a compreensão desse novo mundo que nasce, enquanto mergulhados na inconsciência das vantagens individuais a qualquer preço.


E fechando o nosso quebra-cabeça, podemos entender que o panorama mundial é de renovação intensa, e não existe progresso sem os ruídos que ele causa, mas que certamente são compensados pelos passos seguintes em direção à melhoria social.

E se uma ponta de descrença tomar conta de seus sentimentos, basta comparar o momento atual com as condições de vida dos séculos anteriores.



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