1° Edição, sem revisão
Em todos nós habita dois seres.
Um conectado ao lado maior da alma, e outro ao lado menor.
Um bom filme sempre alavanca sua história em alguma ponta de verdade para
contar suas mentiras divertidas. Esse é o caminho da mentira inteligente.
A habilidade de Spielberg propõe termos mais simpáticos, onde os dois lados da
força disputam suas hegemonias, materializados em personagens criativos que
evocam o nosso lado infantil, que nunca morre, o que é bom!
Pinóquio usa a mesma técnica da dualidade, assim como Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, e a maioria
das histórias, sejam elas para o público infantil ou não, estão baseadas na
dicotomia entre o bem e o mal, apenas variando o contexto, personagens, etc.
Isso é fruto do reflexo da saga humana em sua viagem pelo cosmos mental com
destino à evolução da alma. Vivemos mergulhados nisso a cada decisão, em cada
ação, momento a momento, tudo amenizado pela mesma lição que se transforma a
todo instante, renovando nossa percepção como se vivêssemos experiências novas,
porém são sempre as mesmas em sua natureza e objetivo, repetidas milhares de
vezes tal como o treinamento de um sistema inteligente através das técnicas
atuais, que hoje abreviamos como IA.
IA é feita por humanos, e refletirá consequentemente a nossa humanidade.
IA, portanto, tem seu lado negro, e o lado oposto.
Um bot inteligente precisa armazenar um
perfil e um contexto de modo que possa estabelecer um diálogo à semelhança
daquele que fazemos.
Quando seu filho busca sua atenção, imediatamente seu cérebro recupera “a ficha”
de perfil, sem que você possa notar, mas instintivamente você sabe que está
lidando com a pessoa tal, cujo comportamento é decorrente de sua idade e
vocações. Se, ao mesmo tempo, seu cônjuge pede sua atenção, você realiza a mesma
tarefa e direciona a resposta de acordo com cada um.
Esta atividade do cérebro passa desapercebida, como um presente divino embutido
no que chamamos vida.
Animais também fazem isso. Mudam seu comportamento conforme a pessoa.
Essa é a base de um comportamento inteligente.
Um bot precisa seguir o mesmo processo, e não pode sair disso, do contrário
perderia autenticidade.
Em função disso, ele vai coletando informação sobre você, assim como fazemos
naturalmente com qualquer pessoa com quem nos relacionamos.
O lado negro da alma humana poderá, e
certamente o fará, já que atualmente predomina um cenário global complexo relativo ao convívio entre
as diferenças de opções e perspectivas de vida, guiado pelo viés daquilo
que tem definido o panorama mundial.
O dia que perdermos a Internet tal como a conhecemos atualmente, com suas
máquinas de buscas não tão inteligentes, substituídas
integralmente pelos bots de IA, estaremos completamente amarrados à
máquina do Estado que disputa o poder sobre a liberdade individual.
Muito provável, que em futuro breve, só teremos plataformas inteligentes
intermediando a interface homem-máquina, quando então a nossa liberdade,
privacidade e direito ao exercício do livre-arbítrio ficarão completamente atados à máquina de Estado, que nada mais é do que outra mente humana que por algum tempo
consegue se impor aos demais, arvorando-se na justificativa dos salvadores, através
da esperança daqueles que corroboram com o exercício de seu poder para usufruir vantagens que não teriam em outras circunstâncias.
A IA, tal como o espelho da rainha má, exercerá a mesma função para aqueles que vivem sob o
fascínio de si, no culto da egolatria sem limites, sempre questionando:
"Espelho, espelho meu! Quem é mais bonita do que eu?”
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