setembro 24, 2022

Mariposas e Humanos: Alguma coisa em comum!





Mariposas e Humanos trafegam na escuridão.
Mariposas por serem insetos de hábitos noturnos.
Humanos por serem seres navegando através do tempo pela busca do conhecimento na escuridão da ignorância. É a força que provém do "dom da razão" e que disputa pela curiosidade o domínio do meio que o subjuga.

Humanos e mariposas, ambos se deslumbram com a luz, podendo eventualmente fenecer por essa mesma atração irresistível.

Diante da "débil razão", o instinto de sobrevivência toma lugar nas decisões, assessorado pela intuição e estimulado pelo desejo. 

Quanto menor a nossa capacidade de compreensão, maior é o papel do sentimento na definição de valores e ações.

Em nossa busca, emprestamos "conhecimento" daqueles que admiramos por ter uma qualidade que não possuímos, acreditando que esse processo seja confiável justamente porque, de tão natural, passa mesmo desapercebido à nossa autocrítica.

Alguém, cuja projeção social se destaque, é candidato a influenciar seus admiradores pelo ofuscamento da razão que o brilho do sucesso lhes causa. Almas desejosas de preencher o vazio daquilo que tanto estimam, mas não possuem, são presas fáceis do deslumbramento.
Esse processo de transferência alivia o "void" da impotência e da frustração.

Fãs "emprestam" ou "copiam" algo que muitas vezes nem mesmo ponderam a respeito.
Simplesmente copiam.
Simplesmente replicam.
Simplesmente endossam.
Simplesmente aplaudem por estarem felizes em idolatrar seus ídolos.
Simplesmente agem no embalo do deslumbramento.
Um processo hipnótico autoinduzido.

E a propaganda, através do marketing, tira imenso proveito desse deslumbramento hipnótico, tornando obrigatória a rotina da associação de imagens, ícones e comportamentos que são avidamente consumidos pela compulsão psicológica de massa.

Esse processo é tão velho e intrínseco à alma humana quanto ela mesma.
Civilizações mais antigas idolatravam, e algumas ainda idolatram, elementos naturais (fogo, água, terra, ar, etc.) como seres divinos.
À medida que fomos aprendendo um pouquinho, começando a entender melhor o ambiente que nos sustenta a vida, fizemos a transposição de nossas crenças dos elementos naturais para as entidades imaginárias, caminhando pela criatividade do universo politeísta à singularidade do monoteísmo.

É justamente este instinto de idolatria que alimenta grande parte dos fenômenos sociais, dos quais muitos terminaram conduzindo seus seguidores às catástrofes que a história vai catalogando aos milhares.


Hitler magnetizou a geração de uma nação.
A população em massa votou espontaneamente endossando suas ideias que refletiam a falsa luz do ressurgimento da dignidade alemã através da submissão pela força de outros povos, usando a discriminação como meio agregador para fortalecer o sentido de união de um povo através da pretensa superioridade de uma raça.

Vivemos ainda o extremo absurdo onde um povo justifica o direito de submeter outro, ou mesmo exterminar, a pretexto de razões diversas que acabam diluídas pelo tempo no caldo da insanidade dos genocidas, deixando escorrer de seus escombros os efeitos deletérios às nossas construções do hoje, infectando o presente e o futuro, como se já não bastasse destruir o passado.

E assim, vemos o ressurgimento do fascismo, do nazismo, além de outros extremismos, tais como fantasmas ressurgindo da morte trágica causada por seus próprios efeitos, voltando a assombrar a paz mundial, tirando vantagem do "esquecimento do aprendizado social" que foi virando passado para as gerações futuras, algo que passa a pertencer ao imaginário sem a experiência da dor que é vivenciada.

Simplesmente copiar o pensamento daqueles que admiramos é um movimento do sentimento que rouba à razão a sua função de análise.

È preciso colocar o sentimento em seu devido lugar, sob a contenção da cautela e da parcimônia.
Mais ainda, exige cuidado redobrado com aqueles que nos cercam de afetividade construída no cotidiano da convivência orientados pelo desejo de influenciar e controlar as nossas ações.

A razão precisa pautar-se pela imparcialidade enquanto busca um aprendizado.
O processo exige esforço contínuo na busca da resposta que muitas vezes só a persistência logra sucesso.

É cômodo e prazeroso "clonarmos" o comportamento daqueles que admiramos.
É como se estivéssemos adquirindo uma parte dos poderes e qualidades dos nossos heróis, algo que tanto ambicionamos a ponto de tornar o nosso bom senso cego, de fato!

Os sentimentos podem se transformar na tumba da razão enterrada sob a laje do prazer e da preguiça que buscam o caminho mais fácil e confortável ao ego.

Infelizmente, o sentimento não raciocina, apenas compila a soma de nossos desejos, consolidando o seu atestado de incompetência para dirimir as decisões. Baseia-se naquilo que somos hoje, quando a razão busca construir aquilo que podemos ser amanhã à procura de suprir as lacunas do hoje que tanto nos prejudicam.

O melhor caminho indica o controle que suporta esse sentimento de ansiedade até encontrarmos a resposta daquilo que procuramos, porém através de nós mesmos, para então consolidar ou não o pensamento daqueles que admiramos e respeitamos. Não existe aprendizado real sem a vivência na prática através da experiência que marca as nossas almas. E este processo exige paciência e espera, tal como amadurecem as boas bebidas que pagam o seu tributo ao tempo até que possam assumir seu lugar no topo do paladar mais exigente.

É preciso sempre questionar os nossos heróis, agindo ora como promotores públicos na defesa da sociedade, ora como seus advogados de defesa.
A imparcialidade é o que faz diferença na qualidade final da destilação de nossos pensamentos.

Afinal de contas, seremos nós que arcaremos com as consequências de nossas decisões e não aqueles que elegemos como ídolos.

Proteja o seu corpo pela sua cabeça, que é o seu melhor escudo.

É preciso caminhar pelas próprias pernas ao invés de buscar a carona de um "colo" mesmo que elas sejam fracas, porque o seu fortalecimento se consolida justamente por essa caminhada.

Os lobos se alimentam de cordeiros.
Os influenciadores de mariposas.



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"Every man has his own courage, and is betrayed because he seeks in himself the courage of other persons."

"Todo homem tem sua própria coragem e é traído porque busca em si mesmo a coragem de outras pessoas."

Ralph Waldo Emerson (1803-1882) 



"Men often bear little grievances with less courage than they do large misfortunes."

"Os homens muitas vezes suportam pequenas queixas com menos coragem do que grandes infortúnios."

Aesop (620 BC-560 BC) 



"Efforts and courage are not enough without purpose and direction."

"Esforços e coragem não são suficientes sem propósito e direção."

John F. Kennedy (1917-1963) 



"There is no living thing that is not afraid when it faces danger. The True courage is in facing danger when you are afraid"

"Não há ser vivo que não tenha medo quando enfrenta o perigo. A verdadeira coragem está em enfrentar o perigo quando você está com medo"

Frank Baum (1856-1919)


Coragem é a capacidade de conviver com a incerteza apesar do medo que nos aconselha.

O sinismo precede ao golpe, que sucede ao aprendizado, muitas vezes adicionado das consequências da vingança.

Do autor do post


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