setembro 03, 2022

Bem e Mal, Polarização e Decisão. Vivendo os Excessos da Dicotomia

 



A primeira impressão da foto acima é muito positiva, inspira carinho.
É a mística do Tarzan e da sua mãe Gorila que moldou nosso pensamento.

Lendo-se a notícia publicada pela BBC sobre esta foto(BBC tem versões em português, ou o tradutor do Google) verá, que segundo os especialistas, a interpretação é muito diferente da nossa singela cultura "cinematográfica".

Cinema é um misto de lenda sobre fatos reais, e por isso é tão amado.
Se o cinema espelhar uma realidade sem alavancagem no "background" do público, não emplaca bilheteria.

O problema é que a nossa cultura é formada por esta mistura entre realidade e ficção, e por falta de mais informação, acabamos incorporando a ficção como realidade.
Nós gostamos disso!

Talvez o sucesso das "fake news" seja também decorrente dessa cultura complacente com a ficção.
Não só adoramos ficção como também a mentira é parte do dia-a-dia.

O julgamento para formar a nossa opinião vive o período da dicotomia extrema, a polarização ditando que a sua escolha é o "Bem", portando os divergentes fazem parte do "Mal".

Essa lógica conduziu a muitas guerras, e ainda conduz.
Um exemplo clássico é "as cruzadas", promovidas por interesses econômicos sob o pretexto religioso cristão que à época era personalizado pela igreja católica. Erro crasso.

O "Estado Islâmico" reedita esta política.
Se não acredita no que eu acredito, ja era...

Por essa lógica, o indivíduo tomado de excesso de emocionalidade, acaba "encarnando o xerife que defende a sua cidade", como é caso ocorrido em Goiânia no link abaixo, pelo Jornal Estadão.

Violência política chega às igrejas e coloca em alerta lideranças evangélicas petistas
Fiel foi baleado na perna por um policial militar de folga após discordar do pastos; caso aconteceu no interior da igreja Congregação Cristã no Brasil em Goiânia

Esse comportamento em que o indivíduo encarna a personificação do "anjo vingador"  é fruto justamente do radicalismo, o que é aliás um contrassenso já que "anjo" que é anjo não poderia alimentar sentimentos de vingança. 
Neste caso, falta ao indivíduo o hábito de pensar sobre esses temas e diante de um conhecimento pobre adota soluções da mesma ordem.

Depois de ler o conteúdo da notícia da BBC (acima) ficamos diante de um fato mais realista.
Para alguns pode ser um "baque" no romantismo, gerando alguma decepção.

Saber que o macaco apenas preserva a futura comida (já que ele não tem geladeira), e que dificilmente um pet é adotado no clã, o nosso sentimento em relação à foto muda. Se a pessoa for radical, vai repudiar a natureza esquecendo que ela própria faz parte disso sendo carnívora e sustentando uma dieta baseada na indústria de consumo de outros seres vivos, inclusive semelhantes, pois muitos deles são também mamíferos.

Os estudos comportamentais sobre os golfinhos, animais com um halo mágico e que nem sempre são condizentes com as interpretações que damos, vão desvendando o lado negro destes seres tão maravilhosos.

Então autor? Está se contradizendo?
Chamando de "maravilhoso" o "lado negro da força"? (e viva Star War, um clássico!).

Então fica a pergunta no ar...
Como pode a natureza unir o bem e o mal, fazendo coexistir ambos na mesma criatura?

Nem amar ignorando a natureza intrínseca, nem tão pouco odiar.
O desafio é conquistar este equilíbrio.

Nisto resume justamente o processo evolutivo, ou seja, a trajetória da primitividade ao refinamento à medida que o mal é autodestrutivo, o bem vai se consolidando pela lenta experiência coletiva como solução às consequências que o mal sustenta.

É como olhar essa foto do macaco!
Tudo tem dois lados.
Se esta espécie de macaco não tivesse aprendido a guardar o alimento, simplesmente mataria o filhote ou o deixaria à mingua, já que a fome foi satisfeita devorando a mãe.
Os macacos aprenderam ao longo do tempo as vantagens de não desperdiçar "adotando os pets", o que é esperto!

Hoje, as culturas ocidentalizadas, não costumam comer seus "pets", a exemplo dos chineses que o fazem naturalmente, promovendo feiras permanentes que vendem cachorros e outros animais como vendemos coelhos, cabras, etc.

Nós não nos alimentamos dos "pets" simplesmente porque eles nos alimentam com algo mais importante que a sua proteína. Eles suprem a nossa carência emocional.

Não existe verdadeiramente "amor" onde há "carência".
Amor é dativo. Não pede nada em troca, nem mesmo atenção ou companhia.

Os cães e gatos conseguiram um bom emprego!
(o trocadilho faz sentido por ambos os lados...)

Nota: durante o cerco de Paris pelos nazistas, desapareceram todos os pets, inclusive os ratos que infestavam a cidade, quando as forças alemãs cortaram as linhas de suprimento.
Tudo é uma questão de momento e contexto!

Diante de uma análise comportamental rápida, fica claro que a radicalização da dicotomia só acresce emoção imprópria ao processo de aprendizado, conduzindo às soluções inadequadas, senão tristes que apenas retardam nosso caminho para conquistar a felicidade de uma sociedade melhor.

Não devemos acolher o mal, mas tão pouco combatê-lo com excessos já que eles, por si mesmos , são um erro. Não se combate o mal tornando-se parte dele.

Um dia, olhando para o problema como olhamos para a foto desse símio, podemos descobrir que não estávamos tão certos assim!

Temos hoje duas grandes lutas!
Esquerda ou direita, ambas radicalizadas.
Que diferença vai fazer se perdermos a minguante democracia que ainda temos, seja pelas mãos de um lado ou de outro, já que ambos buscam defender-se da mesma coisa?

O ódio, o rancor e o desejo de vingança vão alimentar muito provavelmente a composição do novo governo acirrando ações. 

E isso não é bom!

Encarar o que entendemos por mal ou por bem com equilíbrio emocional é a melhor forma de encontrarmos soluções melhores.

O dia que o povo comungar essa opinião, então a democracia vai se aproximar daquilo que idealizamos que ela possa se tornar.

Enquanto isso, só resta suportar com paciência e coragem o processo de aprendizado coletivo.





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