A sociedade cibernética precisará vencer o desafio autoimposto para evitar a exclusão social em massa que poderá escalar até consequências graves fecundando ainda mais os problemas econômicos e comportamentais que alimentarão as correntes radicalistas com o combustível inesgotável da marginalização que busca a sobrevivência. Os desesperados e revoltados são os mais suscetíveis.
Além da ideologia, também o desespero pela falta de alternativa torna-se uma fonte adicional de radicalismo. A última talvez seja numericamente mais significativa que a primeira diante de condições extremas. Afinal, a subsistência corre sempre à frente dos princípios para a maioria de todos nós.
A fome não pensa em outra coisa que não seja obter comida.
O radicalismo é como um rio cuja nascente tem origem na rejeição de modelos tradicionais como meio de estratégia ágil, cuja corrente vai arrastando a todos que se aproximam premidos pelo desejo de solução.
A robótica é a inteligência artificial (IA) embarcada, ou seja, móvel, representando talvez a competição mais severa que o ser humano já criou para si mesmo.
A ciência da computação viabilizou o tratamento da informação em larga escala e com isso multiplicamos a produção do volume de informação que é preciso absorver para acompanhar as novas necessidades.
Gerações anteriores necessitavam de menos informação para se tornarem "produtoras aptas".
A título de exemplo, vamos usar a própria informática como demonstração através de uma linguagem de programação, escolhendo entre as muitas, uma das mais populares, por exemplo, a linguagem Java que nasceu para embarcar qualquer dispositivo.
No momento que escrevo este post, a linguagem Java está consolidando sua 21° versão, e seguindo para a próxima em ciclos semestrais.
Quando essa linguagem teve seu grande impulso há alguns anos atrás, o aluno tinha àquela ocasião cinco versões para estudar.
Compare com o aluno atual que terá que conhecer todos os detalhes de 21 versões, ao invés de apenas cinco delas.
Convém ainda lembrar que sistemas digitais normalmente utilizam uma malha de linguagens e recursos estruturais onde todos têm suas versões próprias, em constante evolução através da criação de novos recursos e métodos de trabalho ou pela modificação dos anteriores em busca do aperfeiçoamento ou da correção (eliminação de bugs).
Conclui-se que o conhecimento necessário é diretamente proporcional ao número de versões multiplicadas pelo número de tecnologias utilizadas em um projeto, que atualmente é superior a pelo menos meia dúzia delas.
Por essa conta simples, o leitor pode perceber a quantidade de informação adicional que a geração atual precisa assimilar, e então ponderar o que será exigido das gerações seguintes.
A informática é a nascente da cibernética, o que amplia ainda mais o escopo de conhecimento, cuja tendência natural irá modificar todos os campos do conhecimento humano pois que a cibernética tomará parte em todas as atividades como o meio e a forma de materializar não somente a informação mas o gerenciamento de processos através de seus eventos e correspondentes ações pertinentes a cada atividade.
Conclusão!
O volume de informação cresceu e continua crescendo exponencialmente, mas a capacidade do cérebro humano não acompanhou nem acompanhará, a não ser que venhamos a sofrer uma mutação genética à moda X-men! :-)
A questão da aceleração crescente ficará cada vez mais intensa, pois o crescimento desse crescimento é assustador.
A grande maioria da sociedade não pode lidar com esse volume de dados.
Dessa forma, aumentaremos a fragmentação das atividades que por si só acrescerão mais problemas de gerenciamento e integração, e inevitavelmente constituirão o caminho para o impasse de uma complexidade crescente.
Neste contexto, quando tudo urge novas medidas, ainda fazemos provas baseadas em repetição por memorização quando deveríamos tratar da "habilidade informacional" e aperfeiçoar nossas habilidades interativas levando esse conhecimento como a base fundamental que deve alicerçar o ensino!
Desculpas por cunhar um termo na frase acima (em itálico), mas no restante do texto fará sentido.
Por exemplo, quando um candidato é indicado para ser sabatinado, as questões exigem mais memória que a capacidade de organizar e concluir de forma produtiva e harmônica às necessidades do cargo mediante um fluxo de coleta de informações que ele precisará administrar durante o seu exercício.
Nossos métodos de avaliação estão ultrapassados, insistindo em uma fórmula adaptada para outra era cujo tempo vai obrigatoriamente colocá-la em cheque e em desuso na atual.
Vejamos um exemplo.
Através de serviços inteligentes, um juiz não precisa conhecer a legislação completa, porque a mesma cresce e se modifica continuamente. A tentativa de atualizar-se abordando estratégias antigas acabaria por roubar o tempo disponível para exercer a profissão.
Os sistemas inteligentes serão capazes de lidar com a complexidade dessa volumetria de dados, e portanto, a educação necessita apenas revisar seus métodos de modo a não continuar exigindo a inutilidade de disputar habilidades de memória quando a habilidade que realmente fará diferença está na integração e utilização dos recursos ditos "inteligentes", de modo a acrescer valor aos mesmos oferecendo resultados compilados pela nossa capacidade de inteligir que seja efetiva à sociedade e não um simples repasse de uma "cola" de algo oferecido por uma máquina, que parece conduzir a percepção atual dos usuários.
A educação precisa reinventar-se trabalhando novos métodos de desenvolvimento dessas habilidades aliados às novas estratégias de avaliação para adaptar-se à Cibernética.
Cibernética é a comunicação entre homem e máquina e vai definir o futuro em todas as atividades humanas cada vez mais intensamente, a exemplo dos carros autônomos.
Ontem e hoje, a educação trabalha mais policiando e rejeitando as novas ferramentas da Cibernética, enquanto mantém a tradição do mesmo estilo de avaliação quando o volume de informação e complexidade eram incomparavelmente menores, privilegiando mais a memória que a capacidade de se aliar aos novos recursos que expandem os limites do cotidiano às nossas vidas.
Esta política de rejeição que percebe mais a ameaça ao "status quo" do que as vantagens de crescimento, agindo em detrimento da construção da habilidade do futuro — a capacidade de conciliar e elaborar múltiplas fontes de informação e não simplesmente em armazená-las.
Esse comportamento é observado ao longo de toda história a cada novo degrau que impõe mudança ao anterior, e aqueles que permanecem no anterior sempre sucumbem.
Resistir às mudanças necessárias mantendo métodos ultrapassados produzirá cada vez mais exclusão em massa já que a maioria não dispõe dessa capacidade de memorização, algo que as máquinas podem suprir alternativamente, e que portanto já não faz mais sentido continuar acumulando tal tarefa para o ser humano.
Seria o mesmo que negar o valor das máquinas agrárias retornando às enxadas.
Os frutos da Cibernética, tal como ChatGPT e os demais serviços precisam ser absorvidos na grade educacional promovendo a habilidade de seu uso, e não sendo demovidos ou restringidos por seus efeitos causados pela falta de orientação dos professores justamente pelo despreparo destes!
Sem uma nova estratégia, continuaremos fazendo "cola", tanto alunos como não alunos, quando podemos de fato usar a capacidade de coordenar um conjunto de dados para suprir entendimento e elaboração sob demanda, cabendo às escolas educar seus alunos mais para a análise do que para a retenção de dados em memória.
Alguns podem argumentar que memorizar é útil, pois agiliza.
Sim, é verdade, mas uma verdade relativa e temporária.
A "computação vestível" (Wearable computer) irá suprir essa última lacuna completamente.
A memória digital integrada às atividades humanas será cada vez mais utilizada para interagir com esse universo, substituindo a forma tradicional de memorização que age na tentativa de competir com bancos de dados. Não faz sentido!
A pressão aumentará obrigando a remodelação dos conceitos de interação e educação.
Se não bastasse a mobilidade computacional, seremos nós mesmos biônicos, não por opção, mas pela necessidade de competirmos.
Recentemente, Elon Musk não obteve sucesso na liberação do uso de chips em humanos, mas outros virão.
U.S. regulators rejected Elon Musk’s bid to test brain chips in humansVideosPicturesGallery
É só questão de tempo, até que o primeiro chinês com um chip implantado em seu corpo comece a fazer maravilhas, e também desastrosas ameaças aos que ficarem de fora.
Esse povo tem uma visão muito pragmática da "utilidade humana".
E não duvidem disso, pois que o governo chinês não terá tantos pudores em utilizá-la, depreendendo-se pelo que conhecemos do perfil ditatorial de seu governo, recentemente consubstanciado durante a imposição da quarentena sobre o povo a qualquer custo — até onde puderam aguentar, quando então começaram as manifestações em massa apesar da repressão intensa — Afinal, é melhor ir para a rua apanhar que morrer dentro de casa sem tentar algo. Na rua, suas chances aumentam.
Se os chineses ainda não o fizeram, é porque lhes falta o chip, pois a China por enquanto não domina o processo da alta integração de chips, dependendo do ocidente para obtê-los.
Infelizmente, a implantação de chip tem o lado extremamente negativo já que potencialmente poderia terminar com o último bastião da liberdade humana — o pensamento.
As imposições da competição colocam a ética em segundo lugar.
A forma como pensamos e agimos hoje definem outras prioridades, colocando a sobrevivência pela competição no topo de todas as outras.
O comportamento humano não tem deixado outro recurso.
A reeducação da educação social deveria ser uma das mais altas prioridades para os governos que não pretendem ver a sua hegemonia implodida pela inadaptação de seu próprio povo.
Se hoje os governos secundarizam o incentivo ao raciocínio na educação, mantendo o foco na "repetição" pelo que guardamos na memória temporariamente, amanhã esse enfoque continuará a produzir cada vez mais uma casta de desajustados não pagadores de impostos, ameaçando a estabilidade desses governos e onerando as suas administrações.
A ironia do lado negativo da evolução é o seu poder pelo lado positivo.
Inevitavelmente o sistema terá que reverter o pensamento que povo educado é contrário aos seus interesses demagógicos já que a base econômica futura dependerá da capacidade de seu povo interagir de forma inteligente com a cibernética, extraindo o máximo. Este é um dos novos palcos da competição futura entre as nações.
Evolução é algo fantástico porque transforma a destruição no próximo capítulo da reconstrução que acresce um próximo passo.
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