março 01, 2023

ChatGPT e O Boom da Inteligência Artificial - Reflexos Sociais

 





Assim que você, após o seu cadastro (sing-up), acessa o site do ChatGPT, vem imediatamente o aviso informando que as suas informações "poderão" ser analisadas (vide acima).

O aviso é necessário pois um grande ponto fraco desta tecnologia é que a privacidade inexiste em virtude da forma como o dado precisa ser manipulado, e sem criptografia.

Um efeito interessante é que a maioria da sociedade jogou pelo ralo a noção de privacidade pessoal quando surgiu o Facebook e outras medias pessoais.

Depois, então, vão acontecendo os problemas...

O indivíduo não entende como o criminoso tinha tantas informações a seu respeito a ponto de permitir planejar um sequestro, roubos ou golpes de todos os tipos e etc., como se já não  bastassem as "viroses digitais" e toda sorte de meios de invasões de sistemas, além dos vazamentos de senhas de serviços importantes como Google Gmail e uma fila sem fim de notícias do gênero.

Inteligência Artificial (IA), como a maioria das coisas da vida, traz o lado bom e o ruim.

O lado ruim também ganhou mais um apoio funcional poderoso:
Versão ‘do mal’ de ChatGPT ignora filtros da IA e cria softwares maliciosos


As notícias vão aparecendo, muitas delas anúncios disfarçados, mostrando como o indivíduo pode "se dar bem" usando ChatGPT para seus negócios.

4 ways ChatGPT can radically up your job search
(4 maneiras pelas quais o ChatGPT pode melhorar radicalmente sua busca por emprego)


É bom lembrar que quando você está "logado" em uma plataforma, a sua identidade é conhecida, os seus dados e tudo o mais que você digitar poderão ficar gravados de tal forma a compor um banco de dados com um perfil inteligente a seu respeito, mais esperto do que você desejaria.

A sua atividade e o seu perfil ficarão tão mapeados, que talvez o sistema venha a lhe conhecer melhor que você mesmo, dependendo da intensidade com que você troca informação com a plataforma.

Assim como outras plataformas de serviços, o ChatGPT também fica sujeito a vazamentos de informações.

Ficará cada vez mais difícil preservar o siligo de empresas, porque seus empregados em perfis próprios vão buscar socorro neste tipo de ferramenta diante dos prazos apertados, insanos, ou simplesmente por comodidade ou necessidade competitiva.

O Walmart destacou-se pela sua visão aguçada, arrancando na frente diante do perigo:

(Preocupações com a privacidade do ChatGPT: Walmart diz não discutir segredos comerciais com a IA)


Algumas notícias vão surgindo, onde se discute também os efeitos sobre o nosso comportamento psicológico pessoal e coletivo.

Uma hipótese sugere a crescente dependência do ser humano na tomada de decisão através da ajuda desse tipo de ferramenta de consulta que propõe solução pronta, estimulando o indivíduo a comprar "comida pronta", e portanto "saber cozinhar" vai ficar cada vez mais raro, o que vai contribuir gradualmente com a perda da capacidade de fazê-lo por si mesmo.
Uma hipótese que faz sentido porque, ao gênero humano, o que é fácil vicia, e quanto menos se pensa, menor é o desejo de pensar.

Pais, professores e filhos terão mais tensão social.

Se antes o indivíduo incauto entregou seu "bate-papo", agora vai entregar todo o resto, incluindo sua proatividade, paulatinamente.


Outro aspecto negro da IA é a manipulação implícita do viés.

IA é programação, e portanto programas podem ser programados para ter viés de qualquer natureza, exercendo dessa forma influência ideológica.

Seria o mesmo que "fake news" com "esteróides", capaz de reagir com inteligência de acordo com o perfil do leitor, e portanto, tornando-se muito mais efetivo na arte do convencimento e da condução de massa.


('Eu trabalhei na IA do Google. Meus medos estão se tornando realidade')


Temos ainda, ao menos, mais um efeito colateral de viés.
O robô do chat utiliza a Internet como fonte de consulta.
À medida que aumenta o conteúdo enviesado na rede, maior a tendência de que a informação acabe fazendo parte da base de dados do sistema, contaminando a elaboração da informação entregue.

Os filtros de informação agem .por duas formas antagônicas.
Se muito restritivo, empobrece os resultados. 
Se mais flexível, deixará vazar o viés indesejável.

E se o volume de informação considerada "negativa" aumentar indefinidamente formando um perfil de pensamento predominante? 
Os administradores da plataforma ficarão em situação difícil, sujeitos às exigências legais, que por sua vez abrem também a oportunidade para a manipulação "legal" de conteúdo imposta à maioria — o nome disto é ditadura embalada na sua forma digital.

Internet e IA juntas apenas multiplicam o velho problema humano em lidar com a natureza do pensamento.

Anteriormente, as barreiras naturais de comunicação e produção de informação que não dispunham desses recursos conduziram o comportamento humano às revoluções e guerras.

Agora teremos um fator crescente de aceleração, dada às novas condições, intensificando o processo de convergência de pensamentos em massa e com mais intensidade, lembrando que antes havia o benefício de uma população planetária menor e com também menor poder destrutivo.

Dois fatores colaterais deste contexto, já por si só difícil de regular e governar, catalizarão a velocidade desse processo de transformação. São eles:

- Diante da velocidade da transformação, sobra menos tempo para o indivíduo pensar, refletir e observar os efeitos. Mais decisões em menor tempo.

- Estimula o "efeito cardume", ou seja, quando as decisões pessoais acabam seguindo a maioria já que decidir torna-se um processo mais difícil.


Serviços de media social — Twitter, Facebook, TikTok e etc. — agregarão tais recursos às suas plataformas, contribuindo ainda mais com a "produção de informação" que se transformará em uma fábrica mais sofisticada, produzindo a influência mediante o tom adequado ao receptor, como quem embala o vinho de acordo com o gosto do cliente, onde a qualidade do conteúdo é consumida pela aceitação da embalagem personalizada "ao gosto do freguês".

Teremos a customização da informação qualificada não apenas pelo tipo de público alvo como também adaptada à forma individual de cada um.

O que antes era feito pelo rádio e pela TV, esta última principalmente em horários privilegiados, hoje é ubíquo em horário integral por todos os meios de comunicação, levando o indivíduo a acreditar ainda com mais intensidade na realidade que lhe é projetada tal como uma avalanche de informação que desce o morro dos interesses humanos levando os mais incautos e desprotegidos.


Uma coisa é certa.
Inteligência própria e informação pessoal preservadas irão valer ainda mais, muito mais, porém será também mais difícil para quem não utilizar a ferramenta, podendo ficar em desvantagem competitiva.

O cachorro correndo atrás do próprio rabo?


Existe alguma contrapartida a favor do usuário.
Ele poderá, por exemplo, aperfeiçoar a criação de perfis falsos, mas poucos serão capazes.


A tecnologia não caminha de mãos dadas com a democracia, porque a perda da privacidade favorece a manipulação social.

A massificação da produção de informação "enlatada" por "robôs digitais" vai reduzir o valor da  produção de informação, muitos perderão o emprego e terão seus salários achatados, porém super valorizará a informação que não pode ser produzida por meios digitais inteligentes, e que portanto, depende da centelha do talento humano.


Hoje, nossa era dará à maioria a oportunidade do começo no uso de robôs.
Amanhã, serão os robôs que usarão os humanos sem "centelha divina" — robôs estes conduzidos por uma elite (intelectual/financeira) que elegerá o recurso como meio ainda mais poderoso de manipulação e controle.



Seria possível ver algo bom em tanta coisa aparentemente apenas negativa?

Dependendo das convicções pessoais do leitor, tais fatos podem ser positivos ou até mesmo extremamente ameaçadores.

Analisando a conjuntura pelos olhos do evolucionismo, aliados à crença de uma força maior diretriz, podemos então pensar no lado positivo dessa mente diretora extremamente superior à nossa.

Tal quadro de conjunturas negativas poderá reverter positivamente quando o ser humano começar também a mudar a sua índole e mentalidade social através da necessidade advinda da luta pela sobrevivência.

Talvez seja aquele caso em que as coisas precisem ficar realmente ruins para que tenham conserto.

Não é assim a maioria das vezes, quando só colocamos a tranca depois que a casa foi invadida?

Neste caso, a solução advirá quando entendermos melhor que é preciso respeitar uma porta, mesmo sem tranca!

Então saberemos entender pelo sofrimento onde realmente termina o nosso direito e começa o do próximo.

Por enquanto, é apenas teoria e plataforma para palanque político.

A solução existe.
Resta aplicar.
É só questão de tempo cobrado em muita destruição.

Fênix.



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