Ainda garoto, quando estudei o feudalismo no segundo grau, sentia-me aliviado que vivesse no século XX.
Na minha inexperiência jovial, sentia-me seguro e feliz por pensar que a humanidade houvesse superado uma fase tão negra de sua história.
Superamos o século XX, tido como um símbolo de progresso e avanço científico, entrando para o auspicioso século XXI sob o imaginário dos avanços da exploração espacial e da cibernética com todas as outras riquezas da criatividade humana pelas mãos da ciência.
Nesse cenário auspicioso, a política sempre representou um braço da atividade humana em dissonância com esse panorama.
À medida que o século XXI foi caminhando, se de um lado a ciência foi nos surpreendendo com a materialização de muitos sonhos, do outro parecemos retroceder a um feudalismo com nomes diferentes.
Afinal... O que é mesmo feudalismo?
"O feudalismo foi a forma de organização social e econômica instituída na Europa Ocidental entre os séculos V a XV, durante a Idade Média. Baseava-se em grandes propriedades de terra, chamadas de feudos, que pertenciam aos senhores feudais, e a mão de obra era servil."
fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/feudalismo.htm
Transpondo o conceito para os dias atuais, podería-se dizer que "feudalismo" é toda relação de poder que submete à servilidade seja através de hierarquias políticas e/ou econômicas.
A relação de 'poder" e "servilismo" são a base da nossa sociedade em todos os tempos.
O que muda é apenas o nome para caracterizar a época que ela marca através de suas características, porém mais ligadas ao desenvolvimento tecnológico do que ao social já que a relação de poder é intrinsecamente a mesma — quem detém o recurso determina a vassalagem de quem não o possui.
Socialmente, continuamos praticamente no mesmo lugar, com pequeninos avanços, porém sem mudança de base.
A conclusão é que a sociedade evoluiu mais em suas alternativas de produção de recursos que em sua estrutura social.
- A leis são aplicadas pelo poder que define quando atendê-las ou não.
- A leis são criadas pelo mesmo poder quando convenientes para mantê-lo.
- A relação de servilismo mantém-se com todas as gradações da hierarquia social em função do status econômico ou político, algo que sempre houve.
- O trabalho escravo é materializado através de pagamentos insuficientes, horas de trabalho excessivas, condições insalubres, e uma infinidade de circunstâncias que não deixam a "escravidão" pertencer ao passado, de uma forma ou de outra, respeitando a sua gradação.
Se você utilizar os tópicos acima para analisar a história em todas as suas fases, ignorando os avanços tecnológicos, poderá perceber que a música tem a mesma letra, só muda a melodia e o ritmo.
À maioria de todos nós nem mesmo consegue imaginar uma sociedade sem "servilismo", embora possível, e muitos ao lerem o texto podem estar indagando o autor sobre como poderia ser diferente de algo tão natural como "eu mando e você obedece"?!
E se for, como seria?
Se esse princípio fosse aplicado na prática, o servilismo sofreria um severo golpe, mesmo sem citar os princípios filosóficos defendidos por Jesus Cristo através de uma visão filosófica e humanitária que justificou uma divisão na forma como o tempo é contado para a maioria das civilizações atuais, mas não para todas.
Infelizmente a aplicação da assertiva de Marx falha dos dois lados.
Na realidade, em cada um há o desejo de dar o menos possível e obter o máximo de suas necessidades, quando não "infinitas", pois a ambição parece não conhecer limites.
Conclusão: o socialismo ou comunismo na prática apenas justificou a mudança de mãos no poder.
Quando trafegarmos do servilismo para uma sociedade cuja relação de trabalho não adoeça pelo poder e pela ambição, teremos então alcançado um novo marco da civilização humana, cujo resultado será um estado de consciência pessoal coerente com os meios que a sustenta, promovendo produção e a distribuição de recursos que sinergizam o progresso mediante o bem-estar geral.
Nossos problemas seriam relativamente simples se não fosse pelo caráter doentio de nossas emoções.
Então acabamos achando mais viável transferir o problema para uma provável civilização em Marte em condições muito mais adversas do que resolver nossos problemas por aqui mesmo à medida que vamos comprometendo nosso meio ambiente!
Sonhos de visionários cegos pelos egos megalomaníacos?!!!
Por acaso essa civilização colonizadora seria emocionalmente diferente da nossa?
E se continuarmos como estamos indo, "logo logo" nem precisaremos viajar tão longe para viver o desafio de habitar um planeta inóspito!!! :-|
Poderemos colonizar um planeta estéril por aqui mesmo! :-)
Marte só faria sentido se pudesse suprir a Terra.
Não é a primeira vez que se transfere a solução para o meio externo quando na verdade ela está dentro de nós mesmos, por nós mesmos!
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