Quantos pais não leem para seus filhos histórias de reis e rainhas?
Nós mesmos, quando adultos, gostamos de assistir os filmes que seguem as histórias de realezas.
A maioria dos países já abandonou a monarquia, mas a monarquia nunca abandonou nosso imaginário.
Grande parte das nossas condutas é formada a partir desse imaginário, consciente ou inconscientemente, a partir do que sentimos e sem questionar muito o porquê.
É o prazer sobre a razão prevalecendo.
E se a consciência sinaliza, então "tapamos a boca dela". :-)
A razão é chata!
O prazer é simpático, legal!
As escolhas são livres, mas as consequências não!
Então, neste caso, é melhor acolher a chatice da razão antes que tenhamos que engolir uma "chatice" pior através de um sofrimento desnecessário.
O que tem a ver o prazer e o nosso deslumbre por histórias de realeza com o sofrimento?
Qual a influência sobre nosso comportamento?
A monarquia vai sendo extinta no mundo porque é um sistema ultrapassado, ruim.
Até a realeza britânica está em franco desgaste — este ano passa a receber metade dos subsídios que vinha recebendo do governo (BBC)!
A maioria dos reis foram despóticos, extremamente egoístas e indiferentes com seu povo.
A monarquia partia da crença que a hereditariedade permitiria a Deus encaminhar o próximo lider com destino certo.
Inglaterra, Egito, França e outros países imaginavam que a monarquia, através do rei, estivesse imbuída da magia da representação da divindade na Terra.
Ledo engano!!!
Deus que é Deus não precisa de cartas marcadas para realizar o que deve realizar.
Deus fraco seria este que dependesse dos homens.
Pura pretensão humana!!! Delírio!!!
Então, por que ainda assim reverenciamos algo superado que nos maltrata e nos atropela?
Porque é uma história embalada pelas inebriantes seduções e místicas de poder e riqueza.
Quando imaginamos reis, imaginamos alguém assim, extremamente rico e poderoso, e isso nos seduz porque está na raiz do pacote de desejos de todos — Poder e grana! Grana e poder!
É justamente o "my precious" trabalhando nosso inconsciente através de histórias e interesses aparentemente inofensivos, ingênuos.
À medida que fui conhecendo história, e conhecendo a realidade, essa conotação foi assumindo algo diferente que foi desconectando esse mundo imaginário herdado, e reconectando com outro real nada glamoroso.
É por isso que ditadores adoram "apagar a história" para reescrevê-la a seu modo!!!
Putin tem se empenhado em destruir acervos da cultura ucraniana.
A China fez e faz a mesma coisa, inclusive combatendo cultos religiosos.
Revisei todos os quesitos que a minha cultura trouxe como um legado.
Joguei muita coisa fora, porque a cultura que recebemos traz a tradição que se consolida pela falta do hábito do questionamento.
Então um pai ou uma mãe pensam:
Eu não quero acabar com a mística!
Vai tirar a graça, a magia da vida dos meus filhos!!!
O que vou oferecer para eles?
O raciocínio acima segue o mesmo princípio que sustenta os pais que acham "mágico" manter a mística do Papai Noel e etc.
O mundo mudou.
A competição aumentou muito, globalizou.
Enquanto o seu filho navega passeando na ilusão, o filho de outro corre pela realidade.
Alguém vai ficar atrasado nesta corrida, tendo que correr atrás do atraso de reescrevê-la com a realidade.
Uma coisa é certa!
A felicidade não vem de sonhos irreais mas da construção dos sonhos que temos a chance de realizar.
A melhor maneira de aumentarmos essa chance de vitória é encararmos a realidade tal como ela é!
EFEITO COLATERAL DA MÍSTICA
Um dos efeitos colaterais na vida adulta dessas místicas é que o nosso julgamento acaba influenciado na direção errada com base em sentimentos que foram construídos na tradição da cultura que não se renova pela revisão das gerações, repetindo velhos erros e mentiras ultrapassadas pelos hábitos que foram criados em épocas anteriores para atender aos interesses socioeconômicos daquele tempo.
O EFEITO CHICLETE
Outro aspecto importante do pensamento é o seu "efeito chiclete"!
Quando mascamos, muitas vezes fazemos bolas enormes que estouram em nossas faces.
Quanto mais mascamos, mais se reforça o hábito!
Quando descobri que marcar chicletes afastava o meu sono, comecei a fazer uso intenso achando que era uma solução inofensiva, melhor que café!
Com o tempo veio o bruxismo — enquanto dormia eu continuava, por força do hábito, a mascar chicletes.
Parei!!!
Meus dentes valem muito mais!!
Resolvi dormir mais...
O nosso pensamento é assim, como um chiclete, quanto mais você "masca" (repete), mais hábito você cria. É tal qual um chiclete que gruda na sua "roupa mental", difícil de tirar sem deixar resíduo.
O hábito nada mais é que um pensamento "chiclete", fica lá sendo mascado o tempo todo pelo pensamento, remoendo, repetindo a mesma coisa infinitamente.
Cada história e cada pensamento que repetimos reforça o hábito e nos torna consequência deles — viramos seus escravos.
A MEDIA SOCIAL NÃO É RESPONSÁVEL, MAS MERO TRANSPORTE DOS NOSSOS PENSAMENTOS
A media social não é culpada pelo mau uso que fazemos dela.
Não é o TikTok, Facebook, Twitter e etc. que nos conduzem.
Somos nós que alimentamos as medias criando aquilo que dá audiência, e nada melhor do que alimentar viciados — pois é certeza de consumo.
Somos nós mesmos que ficamos repetindo a procura daquilo que fica vagando em nossas mentes e pedindo mais, mais, mais, mais!
Um hábito reforça o vício e vice-versa.
Quebrar um vício é reduzir até parar, ou mesmo parar repentinamente quando possível, quando não vem o desejo que se represa.
Represas não represam para sempre.
Em algum momento essa represa estoura quebrando o nosso moral, fazendo-nos retornar o hábito anterior ainda com mais força e levando de roldão a certeza de que éramos capazes de vencê-lo.
Se o hábito nos determina, e se ele nasce pequeno, acabe com o hábito ruim pelo mesmo processo.
Crie uma pequena ideia substituta e vá gradativamente substituindo por força da repetição que vai sobrescrevendo o hábito anterior.
Foi o melhor método que encontrei.
Identificar os nossos sutis hábitos ruins, nascidos de erros culturais aceitos inconscientementes, como parte da nossa cultura, exige um tanto de autocrítica sincera e análise cuidadosa.
Do contrário, você embora sabendo que Papai Noel não existe, vai continuar esperando por um lá no fundinho da sua esperança.
Muitos dos nossos problemas nascem de um tempo em que a gente acreditava mais do que podia raciocinar. Crianças são assim e não são culpadas por isso. É o processo.
Não ponha também a culpa nos seus pais ou na sociedade.
Assuma a responsabilidade de reavaliá-los por você mesmo, o que fica, e o que vai!
Enquanto isso, olha para os reis como seres que tinham poder e fortuna enormes às custas de seus vassalos, da sua exploração.
Se você não é escravocrata, isso vai realmente arrefecer seu deslumbramento por esses tristes seres.
Olhar para a vida e ver a realidade só dependem de parar de "mascar" fábulas sob o manto benevolente da esperança de uma mística que nasceu na obscuridade de um passado engolido pela inconsciência da infância.
Dizem que a esperança é a última que morre.
Eu não acredito.
Você morre depois dela! :-)
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