DRAFT - 250522
Nossos limites talvez sejam os nossos piores desafios, os mais cruéis, porque a dor parte daquilo que ainda não somos, mas desejamos ardentemente ser, livrando-nos da dor por ser o que ainda somos.
"Maluco!"
Talvez alguém possa pensar assim.
Por quê?
Porque quando somos muito complacentes com nós mesmos, fechamos os olhos para as nossas limitações.
Não queremos manchar a nossa autoimagem, ou seja, aquilo que pensamos de nós mesmos, nossos julgamentos pessoais que nos levam a efetivar nossas decisões ao longo da vida mediante uma imagem que criamos para nós mesmos, e que desejamos preservar pelo sentido de dignidade daquilo que imaginamos ser — nosso ego!
Quando não conseguimos ignorar a limitação, geralmente caímos no complexo, ou na depressão, ou ainda pior, na revolta.
Eu passei por estas fases, e ainda passo, porém agora, o processo é muito atenuado pelo aprendizado, este que vou compartilhar com você, e que me permitiu encontrar mais paz de espírito e um certo sentimento de felicidade contínuo.
Veja bem!!!
Não é o "céu", porém longe do "inferno" em que vivi até aproximadamente 35 anos, e que hoje me permite ser uma pessoa relativamente feliz, bem humorada, leve!
Durmo bem! Tranquilo.
Vivo em paz comigo mesmo.
E isso me basta.
Desde garoto, tinha uma necessidade de aprender nata, que levou meu pai à loucura.
Apesar de meu pai ser muito culto, paciencioso e um ótimo pai, certo dia ele me disse, no auge do desespero, fixando-me com os olhos bondosos:
"Porque sim!"
"Sabe o que é isso, meu filho?"
"Então... Porque sim!"
Eu entendi, embora muito garoto.
Minha quota de perguntas tinha extrapolado.
Desde criança, minha noção de dignidade pessoal e orgulho eram intensas.
A partir daquele dia passei a buscar nos livros porque não mais queria perguntar às pessoas tudo aquilo que necessitava aprender.
"Um porquê sim!", nunca mais!!!
Aprendi a moderar!
A lição do mestre foi assimilada.
Àquela época não tínhamos Internet, celulares (smartphones), redes sociais, etc.
Sobrava à nossa geração duas ou três fontes de informação:
- família
- colégio
- biblioteca
Tempos medíocres, limitados.
Amo a evolução e todos os seus recursos!
Hoje, estou velho, mas se perguntarem dos bons tempos, vou apenas responder que as praias não tinham plásticos.
O resto era pior. 😀
Para mim, família ou colégio caiam no mesmo problema:
"O Zé Pergunta!".
Este foi o apelido que o meu pai me deu.
Sofri quieto porque merecia, mas entendi a mensagem.
Ok! Ok!
Então caí matando nos livros.
A sede de aprender era tanta... e ainda é!!!
Algo incontrolável!!!
Você deve se perguntar do porquê que alguém nasce assim?
Eu sempre entendi, desde que existo, ou descobri que existia, porque bebê nem sabe que existe e só mais tarde você descobre isso, que a informação era o caminho para a felicidade.
Era, e é, algo tão intenso em mim, como é o instinto de procurar a felicidade para todos nós.
Muitas pessoas buscam a felicidade pela fuga, outras por algo que imaginam possuir como a chave para a felicidade: roupa, posição, dinheiro, beleza, etc.
Eu persegui a busca da informação, literalmente, como o meio de atingir a felicidade, ou ao menos, reduzir a infelicidade.
Acabei me graduando em quê?
Informática!!!
A ciência da informação.
Lógico!!!
A ignorância mata, e quando não mata o corpo, mata a alma.
As pessoas tinham dificuldade de me aceitar, até eu mesmo.
Essa minha compulsão ficou justificada quando então "descobri" a frase atribuída a Jesus:
"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."
(João 8:32 – Almeida Revista e Atualizada)
Enquanto isso, eu me punia, ou me achava estranho.
Infelizmente não conseguia evitar. Havia nascido com isso!
Diante da frase de Jesus, tudo se esclareceu.
Eu passei a entender que esse instinto era de fato um bom caminho.
Em tudo o que li, nunca encontrei nada mais "além do que imaginamos ser" do que aquilo que encontramos nos evangelhos referente às mensagens atribuídas a Jesus.
Vejam bem!
Eu não sou beato, não gosto da fé pela fé!
Vade retro!!! Sai fora!!!
Realmente preciso entender para aceitar, e meu ato de fé vem da compreensão, ou melhor, da capacidade de entender algo que podemos testar de múltiplas maneiras e continua válido, porque acreditar nos outros com as suas respostas prontas, quando é o nosso corpo que paga, é mau negócio.
É bom para aqueles que recebem dízimos, donativos, contribuições, "donations"!
Nada contra, mas nada a favor.
Que sirva a quem servir.
Democracia!
Religiões adoram respostas prontas e simples, tal como comprar comida enlatada.
Comida enlata é geralmente boa?!
Digo isso em relação a todas elas, todas as religiões, sem exceção!
Meu berço foi o Kardecismo, mas mesmo ele foi questionado, e também não deixei de procurar respostas em todas as outras.
Tive o prazer de ter alguns mestres queridos que me "adotaram" (porque um "Mestre" é quem te chama, você não se convida ou paga um curso), e até eles próprios foram questionados.
Muito do que aprendi não adotei, ou talvez porque não esteja preparado, ou talvez porque não seja de fato a verdade.
A responsabilidade daquilo em que se acredita é sua, não do padre, pastor, bispo, guro, pai de santo, e outras "eminências"...
Instintivamente percebia que a ignorância é a distância que nos separa da felicidade, e ao conhecer a frase atribuída a Jesus, eu passei a não me sentir tão-só ou desnorteado, todavia repleto da certeza de que precisava.
Então criei uma coragem silenciosa e mergulhei nos livros.
Eu devo ter sido um dos poucos filhos em que o pai "brigava" porque estudava muito.
Geralmente é o contrário, não é?!!
Discretamente, eu não explicava não...
Muitos pais não conseguem entender outro mundo que não sejam os deles mesmos.
É por isso que tantos filhos se fecham.
Basicamente, o aprendizado compreende dois processos principais:
- descobrir o novo,
- ou descobrir aquilo que pode confirmar o que já sabíamos sem saber de onde provém esse conhecimento.
Resumindo... Ou aquilo já está dentro de você, ou você está adquirindo algo novo.
Muita coisa me pareceu velha, como se já soubesse.
Isso sempre foi desconfortável e por isso comecei a entender que tinha que me fechar...
O seu mundo é seu próprio.
Os outros dizem entender você como uma forma de "solução social desejável".
Fazem média. Pura mentira ou boa intenção.
E se você me perguntar como se pode nascer já conhecendo algo, eu tenho a minha resposta.
Sou reencarnacionista, e se você não é, então vai ter dificuldade de explicar porque algumas pessoas nascem sabendo algo, ou têm mais vocação para isto ou aquilo. Certamente vai atribuir isso para a vontade de Deus, uma resposta fácil, mas difícil de explicar como um Deus pode ser tão bondoso com uns e com outros nem tanto.
Afinal, Ele não é um ser perfeito que amaria a todos com a mesma intensidade?
Então qual o porquê das diferenças?!!!
Até agora, daquilo que conheço, só a reencarnação oferece a melhor explicação.
Se descobrirem algo melhor, não terei o menor pudor de aprender e absorver.
Evoluir é o que importa.
Sem a reencarnação, fica difícil explicar porque você tem que pagar um erro no purgatório eternamente se o seu erro não tem a mesma natureza...
Isto nunca consegui aceitar.
Completamente louco e ilógico!!!!!!!!!!!!
Seria um Deus de crueldade inimaginável, já que até um "pai humano" dificilmente faria isso com seu filho.
Acreditar em castigos eternos é incongruente.
Será que realmente entra na cabeça dos religiosos que dizem isso aos seus fiéis?
Ou seguem o famoso refrão:
"Façam o que digo, não façam o que faço!"
Isso sempre foi um absurdo que rejeitei em todas as religiões não reencarnacionistas.
De fato, muitas eminências começam a entender que é preciso reformar o entendimento religioso, agora incompatível com o século das tecnologias e pensamentos racionais.
Outros dizem:
"Isto é para a "glória de Deus!!!"
Esta frase até doi aos ouvidos!
Não existe absurdo maior que esta afirmação.
Um Deus realmente perfeito não precisa de ser glorificado por sua criação, o que o tornaria um ser narcisista e egocêntrico, logo não seria perfeito, e, portanto, não seria "Deus".
Muitas religiões foram criadas e se sustentam daqueles que não querem descobrir por si só o que buscam. Assim como alguém que tem uma dor de cabeça, mas querem apenas um remédio que as faça sentir melhor, mesmo que temporariamente, sem se importar com a cura da causa.
A "religião-alívio rápido" não faz a minha cabeça.
No way!!! Sem chance!!!
Isto nunca vai construir a nossa paz de espírito.
É apenas um paliativo temporário.
Uma religião precisa, NECESSARIAMENTE, ampliar a nossa capacidade de responder às questões, mesmo sabendo que todas elas não poderão ser respondidas.
Religiões que criam dogmas limitam a nossa capacidade de inteligir.
E isto é um absurdo!!
Serve apenas ao proselitismo que visa criar uma legião de seguidores fieis, e através do poder de influência que têm, exercer o poder em seu próprio benefício, a exemplo dos "influencers" da Internet que fazem fortuna.
É da nossa capacidade PESSOAL de entendimento e do nosso conhecimento que nascem a felicidade e a paz interior, principalmente se a pessoa se diz cristã.
Religiões cristãs que pregam dogmas precisam ser reavaliadas já que Cristo diz exatamente o contrário!
Dogma é algo imposto, não compreendido.
Vamos pensar no lado bom de uma religião assim!
Existem pessoas que não querem pensar tanto, que não têm essa sede voraz de conhecer.
Para estas pessoas, uma religião como uma drágea de um medicamento — tome isso que ameniza a dor de cabeça — é uma boa diretriz.
Vamos lá!... É melhor que nada, não é mesmo?
Então, apesar das incongruências diante de seu próprio Mestre, ainda são úteis e precisam ser respeitadas.
Cada ser vai conquistando aos poucos o crescimento ao longo da evolução do espírito.
Todas as religiões direcionadas ao bem através do amor ao próximo são uma boa diretiva, e o ser, à medida que evolui, vai como uma criança abandonando a cartilha para dar os seus primeiros voos na literatura.
O mundo é repleto de seres, contemplando uma multitude de estados evolutivos da alma, porque o objetivo maior de viver é evoluir.
Não é ter conta bancária, comprar roupa nova, carro, etc.
Tudo isso é amenidade do processo evolutivo, assim como o "recreio" da escola.