1° Revisão
Talvez o leitor se pergunte porque essa
série tenha relevância.
Afinal de contas, problemas de outros países não são necessariamente problemas
nossos.
De fato, pode não ser necessariamente um problema
que nos implique, porém, a distinção daquilo que implica ou não depende de uma
percepção construída, e que habilita o indivíduo a entender as coisas de uma
forma diferente, bem como a perceber o que antes não percebia, tal como um
marido distraído que descobre tarde demais que a relação não é tão confiável.
A importância dos EUA para o Brasil depende
do conhecimento que o indivíduo tenha das implicações sociopolíticas e do
relacionamento comercial mundial, incluindo o nosso próprio. Afinal, tudo
converge para um ponto básico: grana para gastar com liberdade.
Todos nós, em todos os países, estamos sujeitos ao “efeito corno”.
O interessante é que tal efeito conduz até mesmo a atitudes extremas em virtude
dos brios masculinos ofendidos.
Eu, particularmente, entendo que a minha honra dependa apenas de mim mesmo, do
que eu faça, e não dos outros, uma vez que não posso ser responsável pela
dignidade alheia, apenas pela minha própria.
Tão logo percebida uma conduta inadequada para o seu ponto de vista, compete a
você mesmo distanciar-se dela ou não, e nisto reside de fato a sua honra, em se
tornar corno ou não.
No âmbito sociopolítico, o indivíduo parece
importar-se pouco ou nada com esse sentimento, já que a desgraça de muitos conforta seus egos.
Funciona mais ou menos como uma reunião de dependentes químicos ou emocionais,
onde a individualidade encontra conforto e apoio na coletividade para suportar
aquilo que tem dificuldade de mudar em si.
Esta característica social do ser humano, ou seja, quando em grupo, tem seu
lado negativo.
Quando algo não termina bem em consequência de atitudes tomadas pela maioria, que resultam num "corno político", o
indivíduo encontra conforto e se acomoda: “não foi só eu, mas muita gente”.
Pronto, ego justificado, paz encontrada.
Talvez seja por isso que quando um político traia as expectativas populares, a reação não tenha o mesmo efeito esperado de reação e contestação, e tudo isso se ameniza diante da desculpa da descrença, ou do sentimento de impotência, em se “tomar alguma atitude”.
Graças a isso, homens como Putin e Trump, que
já entenderam muito bem o comportamento sociopolítico, onde a força bruta do poder dá o toque
final na comodidade individual, anulando a participação nos seus próprios destinos.
Outro fator importante está no efeito da
individualidade.
Quando alguém fica sabendo de um garoto, ou garota, ou mesmo de uma geração, com
alto índice de rejeição à educação, sua atitude é um misto, que entre outras
coisas, pode resultar em pensamentos compensadores como, por exemplo:
“Melhor, sobra menos concorrência para os cargos de topo, e barateia a
mão-de-obra para quem quer produzir”.
“Isso não me prejudica e também não me compete.
O rapaz tem a liberdade de escolha, e a criança renitente não oferece solução”.
Pronto! Argumentação construída para sossegar a consciência míope.
O que não se pensa, ou não se quer pensar,
é que aquela parcela da população que rejeita a educação mais extensivamente, ou termina como
“funcionário” do crime organizado, ou termina sem muito preparo para entender o mundo em
que vive, e se torna “vítima pela ignorância”, que impede a percepção da
realidade e sustenta a ingenuidade onde a razão não alcança.
A popularização de teorias alopradas, sem qualquer fundamento científico, tal
como o terraplanismo,
bem como das intermináveis teorias de conspirações, revelando "segredos
super ocultos" cuja origem e veracidade vagam pelo imaginário do indivíduo, é
fruto de uma educação de massa sem estímulo à cultura e ao raciocínio.
A eleição de Trump é, na maioria,
consequência deste fenômeno social.
É notório para aqueles que acompanham Trump, que ele parece só ter compromissos
com os próprios objetivos, consequentemente, suas informações são moldadas para
atendê-las.
Em um email que assino, “TheFreeDictionary”, veio o anúncio para esta notícia abaixo, que
logo notei que seria fake:
Trump’s
Third Term - the hidden 150 trillion resource
Pensei de pronto, como seria possível manter este segredo tanto tempo com tanta gente se digladiando por poder, sem que a informação vazasse, sendo que a toda hora ouvimos vazamentos de informações secretas daquele país?
Após conferir com algumas pesquisas, já que confirmavam minha suspeita, comecei a pensar por outro prisma.
É extremamente importante para Trump, na próxima eleição, cultivar a esperança do povo em seus milagres, mesmo que seja necessário cultivar em grande parcela da população despreparada um milagre que possa tirá-los das dificuldades que os EUA plantaram para si. Certamente isto alimenta o mito do "salvador da pátria", literalmente, o herói que resolve o problema daqueles que não resolveram seus próprios.
Nota: Hitler, Putin e outros, usaram a mesma estratégia para tirar vantagem dos sistemas democráticos.
O leitor poderá conferir através da história, como eles se elegeram por plasmarem os sonhos de um povo.
Democracia é tão frágil quanto ingênua.
É um "prato cheio" para as águias do despotismo.
Na hora de votar, à medida que cresce o número de eleitores deste tipo, o total de seus votos fazem a grande diferença nos resultados.
Para suportar democracia é preciso que a maioria da população tenha um bom grau de instrução e conscientização.
Quanto maior o número de pessoas desassistidas culturalmente, como também
revoltadas com o próprio sofrimento, maior o ensejo para o despotismo, sem atinar que este efeito atribuído aos governantes é de fato compartilhado por eles próprios através de seus votos.
O velho caso do indivíduo que faz da vida
dele uma “caca” e depois joga a responsabilidade para os pais, as escolas de onde
ele fugia, para os governos insalubres em que ele votou, enfim, para tudo, menos
para si próprio.
E o que acontece lá nos EUA com a
deterioração da educação e da qualidade social é o mesmo que ocorre aqui no
Brasil.
Então quando um garoto rejeita a escola, ele também rejeita parte da solução
que beneficia a vida de todos.
E não é pelo conflito que devemos buscar a solução, mas renovando a
forma de educar, oferecendo a sedução necessária à imaturidade para aquela
parcela que participa, de uma forma ou de outra, de nossa sociedade, mas não encontra ânimo em estudar da forma como o ensino ensina hoje.
Um povo ingênuo não pode sustentar
democracia.
Termina sempre vítima da esperteza egocêntrica de ditadores, porque o caos só
favorece à ditadura, nunca à liberdade. Os regimes mais despóticos nasceram da degradação social culminada em
crises sociais.
E quando o número dessa parcela despreparada cresce, vemos o que acontece até na
maior economia democrática do mundo, prestes a fenecer pelas próprias mãos.
É por isso que os governos fazem o básico, mas nunca o melhor pela educação.
Não interessa povo instruído.
A eleição pelo voto popular precisa de massa moldável.
Diante do ataque de Trump a todas as universidades estadunidenses, fica claro a
intenção de tornar as massas futuras cada vez mais crédulas pela própria
ignorância, através da lavagem cerebral que nasce na fase mais suscetível
do indivíduo, quando ele chega nesse planeta para a jornada que começa com o corpo nu, e prossegue na trajetória da sua formação cultural, aprendendo fake news como tarefa de escola.
O mesmo plano de Putin para a Ucrânia, e certamente adaptada à Rússia.
Então leitor?
Será que os assuntos dos EUA, da Rússia, etc. são tão distantes dos nossos?