novembro 11, 2023

A IA e Seus Dispositivos Inteligentes - O Caos é Mera Transição a Serviço da Evolução. O Desafio Está na Redução do Sofrimento Social.

 




Pressionados pela frequência das más notícias, o desânimo e o medo nos sequestram para o pessimismo, e o otimismo sem fundamento é fuga da realidade.

Evolução é processo de transformação.

Tudo o que conhecemos do Universo tem seu ciclo, assim como as estrelas que nascem, brilham e morrem, toda a natureza que nos cerca, assim como nós mesmos fazemos parte dessa transformação contínua.

Não existe morte no sentido extenso e definitivo de inexistência, ou seja, de deixar de existir, que nós usualmente emprestamos ao termo.


Morte é apenas transformação.


Lavoisier que o diga:
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Já em pleno século XVIII, este químico francês entendeu aquilo que em pleno século XXI muitos ainda negam através do ceticismo materialista ou da religiosidade.

Os fenômenos físicos são guiados por princípios que buscam o equilíbrio, a exemplo da corrente elétrica, dos relâmpagos, dos fenômenos de difusão nos estados da matéria, e etc.

O texto preliminar coloca o leitor em posição vantajosa de entendimento para perceber que a mesma tendência que notamos na física e na química que nos cerca, também atua na física e na química das relações humanas em suas próprias transformações.

Parece uma lei única, universal!

Temos dois grandes vetores de transformação social que surgem com a IA e os "wearables"(dispositivos que podemos usá-los integrados às nossas vestimentas).

Recentemente lançado, o AI Pin é o novo dispositivo que busca integrar os recursos da eletrônica e da IA na facilitação das nossas tarefas cotidianas, cuja tendência é reduzir a nossa dependência das telas de smartphones ou notebooks.

O aparelho já nasce com um visual velho e desajeitado, mas é o que temos de "top" com as possibilidades técnicas do hoje. Um tijolão como os antigos celulares. Melhores soluções advirão da evolução das pastilhas flexíveis e adaptáveis à pele humana, da miniaturização extrema que permitirá que um adereço contenha algo que hoje toma o espaço de um notebook.

Enquanto este futuro não chega, o que temos hoje é isso e como isso vai influenciar nossas vidas?

À medida que os dispositivos inteligentes forem surgindo, a influência da IA no comportamento humano será proporcionalmente potencializada ao extremo pelo carácter prático que ela agrega ao contidiano. Será mesmo impossível abter-se dessa onda.



Nada que se cria está isento de algum viés de seu criador.
Faz parte da sua “assinatura”, assim como este texto, tem o viés do autor, a IA terá o viés dos grupos de capitais que sustentam o empreendimento e, por conseguinte, também a serviço da política, pois tais forças são irmãs siamesas, difíceis de separar até pelo mais talentoso “cirurgião filosófico”.


A história é repleta das tentativas e promessas dos mais diversos filósofos ao propor sistemas que conciliassem melhor o péssimo da natureza humana com o sentido de humanidade dessa mesma natureza.


As diversas ciências podem ser resumidas em apenas três grupos:

- a física, que engloba a química, a engenharia, etc., pois tudo termina no comportamento das partículas que compõem a matéria.

- a matemática, que é a ciência da descrição, pois através dela podemos caracterizar um fenômeno, quando então temos como predizê-lo ou efetivar algum controle que nos favoreça.

- a filosofia, a ciência que trabalha para conciliar a volição ao sentido da vida, sendo que uma é consequência da outra, conduzindo a vários sistemas de crenças religiosas, terrenos onde a ciência ainda não conseguiu chegar ou não pode disputar com o desejo humano de acreditar naquilo que deseja, através da expressão mais sagrada da vida: o livre arbítrio — algo que sustenta o sentido de premiação ou punição.

Qualquer outra ciência acaba se encaixando em um destes três grupos que eu chamaria de primários. Por exemplo, pedagogia é a filosofia que aprende a ensinar, enquanto a medicina é a operária dos recursos que a física do corpo humano provê através da física que o ser humano já consegue oferecer. E assim vai...

O ser humano, quanto à sua percepção, também pode ser analisado através de grupos primários de acordo com o índice de livre arbítrio adquirido, que por sua vez sustenta o crescimento da sua percepção.

Neste contexto, podemos imaginar quatro grupos:

Grupo A: a mais baixa condição de livre arbítrio e percepção, que os torna plenamente dependentes daqueles que estão nos estágios acima. Aceitam tudo por não poderem diferir conscientemente, mas podem ser dotados de grande capacidade de copiar comportamentos, o que lhes permitem integrar-se socialmente.

Grupo B: adquiriram alguma capacidade de análise independente mas ainda se confundem com a própria lógica decorrente das restrições impostas pela pequena percepção.

Grupo C: este grupo já exercita a sua lógica com bastante independência, é marcado pelo questionamento persistente e sistemático de tudo, e seu comportamento é pautado pela desconfiança que é fruto da percepção de que ela própria é deficiente. Eles exercem o seu livre arbítrio no espaço intermediário entre o topo e a base.

Grupo D: altíssimo livre arbítrio e percepção relativos aos demais grupos, e por isso podem assumir posições de liderança independentes das próprias deficiências, tudo simplesmente porque não há nada melhor para competir, não necessariamente que estejam realmente próximos do próximo passo desejável desse processo evolutivo.


Uma vez que os grupos foram definidos, fica mais fácil entender como as novas tecnologias vão influciá-los.

A manipulação dos grupos A, B e C por D sempre existiu desde que nasceu o primeiro grupo social.

Então o que muda com a IA e seus dispositivos inteligentes?

É a velocidade desse processo de transformação que vai imprimir consequências sociais dramáticas.

Fomos acostumados e treinados a acreditar, porque essa é a base pedagógica do ensino.
Se não colocarmos na prova o que os examinadores desejam, seremos punidos com a reprovação.

Um belo exemplo disso é o último exame da Enem!

O objeto que conhecemos como "livro" — aquele objeto com capa e páginas de papel   :-)  — está na base dos primórdios dessa crença de que aquilo que está escrito tem o dom da verdade, do crível, estivesse ele em papiro, pergaminho, pedras, etc.

O lado positivo das “fake news” nas mídias sociais é que se promove a transformação dessa veneração por aquilo que está escrito para algo que antes precisamos analisar com muito cuidado.

A “pegadinha” e a mentira institucionalizada são grandes estímulos à esperteza, ou seja, à necessidade de se aperfeiçoar a percepção através do livre arbítrio usando a desconfiança como base estratégica. 

É por isso que os ditadores restringem tanto o livre arbítrio, que é a porta por onde trafega a percepção colocando em risco a verdade alternativa que eles promovem como justificativa de seus desmandos.

Diante da velocidade da IA que vai libertar parte das restrições de memória e de velocidade de aprendizagem do ser humano, a IA também vai acelerar o caos pelo viés que elabora a mentira como sua matéria prima de sustentação e liderança.


Os grupos A e B sofrerão intensamente, sofrimento este que energizará a sua diligência no sentido da evolução da própria percepção como estratégia de autodefesa para fugir do seu papel de argamassa na construção do poder.

Talvez, pessoas como Elon Musk, Rishi Sunak, Steve Wosniak e tantos outros que pedem que se regule a IA, vêm no retardamento desse processo uma iniciativa humanitária para reduzir o impacto sofrido pelos grupos mais vulneráveis e que sustentam a base da pirâmide econômica.


A divergência é parte intrínseca do processo evolutivo, pois a verdade é o limite da pluralidade quando tende à unicidade.

A percepção é o meio em que a alma trafega através das pernas do livre arbítrio entre a sua origem e o seu destino. Tudo o mais é ferramenta evolutiva desse processo universal.



novembro 10, 2023

A Mania de Torcer - A vida não é futebol: Nem Isralenses, Nem Palestinos, Porém Ambos

 



Todos nós seguimos na inércia cultural que herdamos do ambiente em que nascemos ou vivemos.

O mundo ama futebol.

O esporte é a oportunidade para se pegar um lado e torcer por ele.
É algo nativo da nossa natureza.

Parece mesmo uma necessidade psicológica torcer por algo!

A vida real, no entanto, não é sempre como no esporte.
Muitas vezes não tem lado certo, muitas vezes não tem um lado vencedor, mesmo que alguém vença.


Israelenses não estão isentos de erros.
Tão pouco os palestinos.

A contabilidade do balanço da vingança e da punição redunda em um número infinito e sem perspectiva de solução, para ambos os lados.

O Hamas conseguiu o que queria.
Aproveitando-se do sangue quente dos radicais, sejam eles de esquerda ou de direita, quebrou a magia de segurança que o “domo israelense” proporcionava a Israel com o objetivo único de desestabilizar psicologicamente o inimigo e provocar uma reação igualmente única, exacerbada, algo típico e sob encomenda para radicais.

Israel mordeu a isca.
O Hamas sabendo que o escudo(domo) era a sensação de segurança que mantinha o frágil equilíbrio, depois de quebrá-lo, ainda arrastou duas centenas de reféns como arremate de seu ardiloso plano, nada comparado em número às vítimas que Israel já fez desde que começou a ofensiva de retaliação.

O Hamas sabia que assim chamaria Israel para uma reação inédita onde o orgulho ferido, a insegurança e o desespero do inimigo não avaliariam o preço adequado à sua reação com o equilíbrio necessário, pois radicais não têm tal equilíbrio, por isso são radicais!

E o Hamas sabia disso.
O Hamas apenas esperava o alvo ideal para a sua estratégia: aguardavam um radical tão exacerbado quanto eles próprios.

Israel mordeu a isca sinistra da estratégia do oponente que busca desprestigiar o inimigo a qualquer custo, mesmo que seja ao custo de seu próprio povo, porque o que é uma guerra senão o sangue derramado de seus compatriotas? Não é essa a visão que temos de patriotismo? Seja espontâneo, ou compulsório como no caso dos palestinos?

Se o Hamas cair, ao menos por algum tempo, certamente Netanyahu poderá não sobreviver politicamente à empreitada por muito tempo, levando os israelenses onde os palestinos queriam: do papel de vítimas da WW2 para os mais novos algozes de um novo panorama mundial que se desenha no horizonte político entre a competição de dois blocos econômicos e que pode culminar na WW3.

Mesmo que Israel reduza a cinzas a faixa de Gaza, ainda assim não se garante que o Hamas não renascerá do ódio, do ressentimento pelo sofrimento imposto aos palestinos, não só àqueles de Gaza, mas em todos os corações que assistem o conflito.

Acho mesmo que o Hamas estava inspirado pelo espírito de Goebbels.

Perdoem-me a ousadia da comparação, mas não vejo propaganda tão engendrada assim desde a segunda guerra mundial. Se estou enganado, peço antecipadamente desculpas, mas é o que sinto, e que grande parte do mundo também sente.

Não haveria modo mais massivo de gerar uma propaganda tão intensa e patrocinada pelo próprio inimigo que algo assim. 

Se contabilizarmos os custos que o Hamas teve com o ataque e os custos que Israel está tendo com a reação, versus a repercussão mundial a serviço do antissemitismo, diríamos que a ideia é horrorosamente eficaz a favor dos agressores, no caso o Hamas, que apesar de serem os agressores iniciantes do ataque ainda podem acabar como vítimas, levando junto o equilíbrio de nações que apoiam a iniciativa judia, desestabilizando o moral americano e do bloco ocidental que o apoia.

Biden está correto em defender a autodefesa já que é um princípio básico?
Porém, se alguém mata a sua família, você poderia dizimar a vizinhança à caça do assassino?
A caçada de Bin Laden foi uma empreitada inteligente dos EUA, construída por uma estratégia mais discreta sob a tenacidade, a tecnologia e a capacidade política, algo que Netanyahu não parece cogitar.


Os palestinos acabaram como uma amalgama indistinta entre o apoio ao Hamas e o cotidiano imposto pelas circunstâncias socioeconômicas de tão entremeadas que são, assim como também todos os demais povos acabam por subjugar-se em circunstâncias onde os cidadãos não têm como se opor ao poderio econômico que se estabelece através das armas, a exemplo do que acontece na Rússia, China, Myanmar, Coreia do Norte, Venezuela e por aí vai uma enorme lista, atualmente crescente, infelizmente.
Radicalismo e ditadura estão na moda, em alta.

Mesmo que o Hamas perca essa guerra, ainda assim o Hamas conseguiu o que almejava tal como uma medusa, que após a sua morte, seus pedaços irão se regenerando à sombra do esquecimento.

Aos palestinos sobra apenas o sofrimento e a conta da despesa, assim como sobra para qualquer povo liderado por um radical.

No final, uma certeza ao menos: todos os lados perdem.

Essa guerra não é futebol, porque não importa qual seja o placar do jogo, não terá vencedor.

Na maioria das vezes, o certo é relevar os erros recíprocos reescrevendo o passado através de um futuro novo, onde a esperança possa florescer apesar de alguns sacrifícios multilaterais.

Não há outra solução.


novembro 09, 2023

A Repetição Que Doi - Contornando o Problema de Eficiência Pessoal



 


Eu não sei se a maioria de vocês repararam como os artigos, os posts ou notícias, são repetitivos.

A notícia ou o post sempre vem com um título.

Esse item geralmente merece parabéns quando não descamba para o artifício de chamar leitor para um conteúdo que não confere exatamente com os objetivos iniciais do autor.  Infelizmente, esse tipo de "fake news" temos que descartar e nem compensa maiores comentários.

Depois do título, ou seja, a manchete, segue um texto preliminar.
Normalmente uma repetição enfadonha do título.

A seguir o autor se aproveita do seu interesse para discorrer uma série de pontos que não interessam de acordo com a lógica principal da manchete, ou seja, o objetivo do título do artigo.

Ao longo do texto, o autor torna a repetir o que já foi dito antes, mas adicionado de alguma coisa que realmente valeria a pena.

No final das contas, dois ou três períodos do artigo realmente valem o seu tempo.

Eu adquiri uma prática enorme na leitura de páginas pela Internet e cheguei à conclusão de algumas possibilidades;

- Ou os leitores sofrem em geral de algum tipo de Alzheimer e por isso precisam dessas repetições ao estilo "Sílvio Santos" (para quem se lembra o Sílvio tinha essa mania ou estratégia...).

- Ou os autores precisam encher linguiça, ou seja, atingir um determinado número de palavras para que possam publicar.

- Ou, sadicamente, adoram perder o nosso tempo!!!


Isso me desestimulava a leitura de jornais e etc.

Eu tive sorte quando pude me tornar um usuário beta (um tipo de testador na imensa cadeia de testes de um software) de uma aplicação chamada "drillback" que me ajuda a contornar este problema.
Eu não mais preciso ler toda a ladainha, mas preciso guardar um apontamento para o recurso.
E se o recurso é de muita importância, eu já faço o resumo copiando os dois ou três tópicos que realmente fazem valer o artigo.

Isto tem economizado muito meu tempo e me livrado da sensação de inutilidade de ler tanto "fru-fru-fru" antes de chegar "nos finalmentes".

Quando preciso do que é realmente importante, eu recupero através do drillback e vou direto ao que importa. Isso significa otimização do meu tempo e uma tremenda melhoria da minha performance, sem dizer que a sensação de "perda", de inutilidade, também foi resolvida porque tudo isso restringia a possibilidade de aumentar o volume de informação analisada.

Se IA realmente vier para redigir textos, espero que até lá ela já tenha se tornado mais concisa, porque pela experiência atual, ao menos o ChatGPT fala "pra caramba". Seria muito mais interessante se ele se tornasse como aqueles super computadores futuristas super concisos e objetivos.

Quem sabe!


NOTA OPORTUNA:

Verbosidade aumenta tempo de leitura e portanto rouba o tempo de outras oportunidades.

A  Internet (www) foi criada baseada no princípio de hyperlinks, que são apontamentos para outro local.
Não utilizar este recuros massivamente, desperdiça o conceito principal que lhe deu origem.

O ideal seria oferecer um bloco sintético de informação específica ao objetivo e o complemento pode e deve ser tratado por links ou eventos que habilitam blocos de texto que ficam desabilitados, deixando ao leitor uma oportunidade melhor para administrar o seu tempo à medida da sua necessidade.

A repetição é outro tipo de verbosidade, completamente desnecessária.
Se está escrito, pode ser relido.

E finalmente, temos a verbosidade essencial, quando o autor precisa levar o leitor paulatinamente ao entendimento através da construção das bases e contextos que subsidiam o texto.





novembro 07, 2023

Vencendo o Tempo e o Preconceito


 

VOCÊ E O TEMPO 

Se você ao lembrar-se de você mesmo lá no seu passado, você diria que hoje você sabe mais ou menos que ontem?

Se responder que continua a mesma coisa, então o tempo passou e você não saiu do lugar, não aproveitou.
Se sabe menos, então é melhor consultar um médico.

Se responder que hoje você sabe muito mais que aquele garoto ou garota do ontem, então você aproveitou bem o seu tempo para crescer, progredir, e superar os seus limites do hoje.

Se hoje você tem 20 anos, e ao se lembrar de quando tinha 15 você chega à conclusão que a pessoa de 20 teve um tremendo "upgrade", então imagine o que será a pessoa de 30, de 40, etc.

Tirando-se os problemas de saude que afetam a eficiência de aprender e relembrar nossas lições, tal como Alzheimer e outras circunstâncias, enquanto você permanecer ativo e aberto para as coisas novas continuará enriquecendo sua percepção.


CONFLITO DE GERAÇÕES

Se você pudesse voltar no tempo, talvez gostasse de conversar com o seu eu menos experiente e adiantar algumas informações para livrá-lo de problemas e sofrimentos.
Isto é o que geralmente os pais fazem com seus filhos.

A questão é que, em geral, um estado anterior de compreensão nem sempre tem os meios de entender um estado posterior. Então acontece o conflito de gerações.
Aconteceria até com você mesmo, entre o eu do hoje e o do ontem, se as viagens no tempo fossem uma realidade disponível para nós.


A CONTA DO TEMPO

O tempo passa e inevitavelmente apresentará a conta de como foi aproveitado.

Se nos excedemos em gastá-lo com diversão pura, aquela que nos acrescenta pouco, mas nos diverte muito, certamente o tempo contará em seu desfavor.

Em contrapartida, quando somos hábeis no uso do tempo, ele passa de inimigo para aliado.

Certas perguntas ajudam a manter o foco sobre o aproveitamento do tempo.
Por exemplo, o que aprendi no dia de hoje?
Ou ainda, dessa atividade, o que restará dela para o amanhã?


O QUE É VELHO?

Depois do que foi dito, o conceito de velhice pode ser repensado.
Uma coisa torna-se velha quando fica superada.

A questão temporal é relativa e não determinante, ou seja, o tempo por si só não serve como base de julgamento.

Se um determinado equipamento não tem substituto, então ele continuará atualizado, vencendo o tempo. Um exemplo disso são as seringas utilizadas pela medicina para injeções.

O princípio da "seringa" já era utilizado desde os tempos do velho Egito, Grécia e Roma.
Recebeu avanços tecnológicos a partir do século XVII em diante.
O início da adoção da seringa plástica descartável começa na década de 50 e até hoje permanece em uso, ou seja, ela tem por volta de 70 anos e ninguém ao pegar uma seringa descartável diz que é algo velho, pelo contrário, a percepção é de algo moderno e mais seguro, que faz parte do presente e não de algo que pertence ao passado.

Ao mesmo tempo, se analisarmos os computadores, podemos lembrar que um processador (CPU) e sua respectiva placa mãe podem ficar ultrapassados em seis meses a um ano, ou ainda menos.
Em poucos anos você estará olhando para aquela sua estação de jogos como uma relíquia.

Aplicando o mesmo raciocínio ao ser humano, podemos ter um velhinho de 18 anos de idade que se tornou obsoleto pela incapacidade de absorver novas informações, ou seja, de aprender, de mudar e se adaptar às novas necessidades.

Paralelamente podemos ter um homem de 70 anos acompanhando o seu tempo ou mesmo liderando o seu tempo, a exemplo de muitos cientistas e políticos.

Pouco importa se o jovem tem 18 anos se a sua utilidade social foi comprometida!
Em contrapartida, um lider de 70 anos permanece liderando porque continua criando soluções.

Hoje, mediante as próteses, o conceito de velhice fica ainda mais diluído pela possibilidade de trocarmos partes do nosso corpo que perdem a sua funcionalidade, independente da idade do paciente.
Um jovem de 18 anos pode ter problemas que um homem saudável de 70 não tem!


A velhice depende de ao menos quatro vetores:

- herança genética

- modo de viver

- capacidade de aprender.

- sorte: o imprevisível que não controlamos.


O VALOR DAS COISAS


Tudo o mais que busca medir as coisas por conceitos que não atendem o sentido de utilidade e superação é expressão de futilidade e preconceito.


FUTILIDADE

A futilidade busca fazer prevalecer o conceito estético, que é temporário e relativo, como também duvidoso e pessoal, sobre quaisquer outros.
O que era moda há seis meses torna-se descartável apesar de útil, consumindo desnecessariamente novos recursos do planeta, já que aquilo que é substituído continua plenamente funcional, mas vaidosamente inútil.

O conceito de moda precisa ser revisto para tornar-se adequado à política verde que visa conter o aquecimento do planeta. As fibras de tecidos são um dos principais poluentes do ambiente marinho já que a sua decomposição é muito lenta. Cientistas identificaram a presença de fibras de séculos anteriores.

A vaidade e a futilidade aquecem o planeta e precisa se adequar aos novos tempos.

 

PRECONCEITO

O preconceito estabelece padrões cujo foco é a discriminação sem senso de justiça à utilidade e à meritocracia. O preconceito é apenas uma justificativa para o ódio e a impotência da frustração.

O preconceito está na base das maiorias dos conflitos e guerras.
Guerras aquecem o planeta.
Os recursos que destinamos às guerras precisam ser convertidos na restauração do equilíbrio climático.
Guerras e conflitos precisam encontrar penalidades globais e modos alternativos de solução.
Quando o ser humano, em sua maioria, entender o óbvio, talvez seja tarde demais quando então o sacrifício para a recuperação planetária arrancará lágrimas de saudades dos tempos em que poderíamos ter resolvido, mas não o fizemos.

 

COMPROMETIMENTO COM O TEMPO

Na estrada do tempo, acelerada pela competição do homem com as máquinas inteligentes, só aqueles que não pararem de caminhar todos os dias terão alguma chance de viver pelo que acreditam.

Um futuro que não é ruim se pensarmos que o descompromisso da juventude vem das facilidades do presente, mesmo que o presente pareça suficientemente desafiador, o futuro vai prover ainda mais desafio diante da evolução tecnológica e do aquecimento global.

Os pais protegem excessivamente suas crianças imaginando que as preservam.
Na adolescência encontram-se despreparados para a realidade que lhes foi omitida.
Então os pais se perguntam onde erraram.
 

Enquanto na Coréia do Sul as crianças são submetidas a um regime excessivo que lhes rouba a infância, os latino-americanos seguem nos excessos opostos criando jovens que não conhecem o valor do tempo, alheios ao futuro pela fuga através das drogas ou dos "Tik Toks", sem interesse ou condições emocionais de entenderem seu tempo, pois apenas cultuam o preconceito da velhice imaginando que a juventude por si própria é um valor superior e suficiente para lhes garantir o futuro quando então não serão jovens!
Incoerência. Esquecem que a cada dia envelhecem.


A educação continua obsoleta, aquém das necessidades de seu tempo.
Professores mal remunerados, mal treinados, mal orientados, insistem em aplicar didáticas superadas  e medíocres, muitas vezes, ou talvez em sua maioria, tendo que suportar a falta de apoio dos pais que então mais interessados em proteger o ego de seus filhos quanto os próprios, quando deveriam incentivar o sentimento de respeito que é a matéria-prima da base do aprendizado, e abraçar o esforço de contribuir para reduzir a mediocridade do ensino. 

Como alguém pode estar disposto a aprender alguma coisa de uma fonte que despreza?

A sociedade investe pouco e mal diante de um círculo vicioso onde os filhos mal-educados de hoje serão os pais mal-educados de amanhã criando filhos igualmente mal-educados, porque milagre não acontece. Ninguém deixa de ser o que é porque se tornou pai!!!

Como esperar um comportamento diferente dos pais de hoje que foram os alunos mal educados do ontem?

A facção da sociedade que insiste em viver aquém das necessidades de seu tempo vai ser alijada socialmente e, portanto, a marginalização vai aumentar aceleradamente, sobrecarregando aqueles que entendem o seu tempo.

 

O COMPLEMENTO NECESSÁRIO

Esperar soluções apenas pelas mãos da ciência para continuar viabilizando nossa existência não será suficiente.

É preciso mudança de atitude social.

Se não podemos mudar pelo amor ao próximo, precisamos mudar pelo amor a nós mesmos através do senso prático como meio de sobrevivência.

 

O Efeito de Impermeabilização do Tempo Sobre a Psiquê

À medida que envelhecemos ficamos cada vez menos receptivos aos pensamentos alheios.

A carência potencializa esse efeito.

 

outubro 21, 2023

Religião & Ciência - Uma Origem Comum


NOTA:

Este texto não tem imagem propositalmente.
Ele reflete a dificuldade de uma percepção que precisa ser construída pelo leitor, individualmente, sem interferência ou sugestão.

 

A eterna dicotomia entre religião e ciência que ao longo do tempo fomentou a busca pela forma como pensamos e buscamos o que não temos.

As religiões e filosofias vão sendo pressionadas pelos avanços da ciência, não importa a sua origem, se criadas por mentes que negam a existência de Deus ou não.

A elucidação vai substituindo o milagre, que é a forma antiga de explicar o que a ciência ainda não pode àqueles que delegam o mistério à autoria pelo Deus que imaginam.

A fé prega o sentimento sobre a razão e a ciência o contrário, mas ambas nascem e bebem das mesmas fontes do desejo e da percepção intuitiva que nos dirigem a um destino cujo único esteio é o sentimento de certeza.

Um cientista antes que possa provar a sua tese nutre-se desse sentimento de certeza intuitiva.

Um religioso vive do mesmo sentimento de certeza, porém nega a necessidade de prová-lo como prova de submissão e humildade a um  Deus que imagina, o que torna uma armadilha da razão e um instrumento de submissão onde a razão é persona non grata.

A diferença básica entre ambos está no resultado final de seus objetivos, mas ambos alimentam-se de sentimento onde a razão não pode alcançar.

Enquanto a ciência ao concluir seu trajeto pode controlar o que antes não entendia, a religião é por definição a ciência da inferioridade submissa a uma força toda poderosa e por conseguinte sempre dela dependente, sempre incapaz de compreender seus propósitos, deixando a razão à deriva como ato de fé.


O notável desse processo através de um sentimento não comprovável é que ele não garante  o sucesso, mas sustenta-se apenas por um sentido de certeza pessoal.
Uns chamam de intuição, outros de Fé, e ainda outros não fazem distinção entre ambos, mas tudo não passa do inexplicável que habita em nós ditando nossas ações compulsivas.


A pessoa imbuída dessa certeza pode realmente sentir-se possuidora de uma percepção não racionalizável, ou seja, aquela que ela não consegue explicar claramente a sua origem, e que pode nascer de uma ideia obsessiva ou simplesmente daquilo que chamamos inspiração, um momento em que o pensamento desperta para algo novo de um velho problema ainda sem solução.

Inspiração é o termo para a magia em que crédulos ou não crédulos encontram seu ponto comum mas com raízes diferentes. Os crédulos atribuem a uma força maior. Os incrédulos que precisam negar tal princípio, levantam hipóteses baseadas em um poder conferido pela natureza que ainda não conseguem explicar. De qualquer maneira, ambos carecem da incerteza das origens.

Afinal, explicações nem sempre são necessárias.
Não importa que eu saiba ou não explicar o funcionamento de um carro quando o que importa mesmo é que eu possa conduzi-lo para o destino que preciso alcançar.

A necessidade da explicação de seu funcionamento só aparece quando o carro quebra no meio do caminho. Então, neste momento, só resta caminhar ou pegar uma carona quando não temos as explicações que poderiam subsidiar os ajustes necessários!

A maioria pega carona no pensamento alheio porque caminhar pelas próprias pernas demora e sacrifica.

Assim nascem os líderes que se dizem possuidores das soluções que as massas preferem delegar a terceiros na esperança que resolvam seus problemas, pagando o preço da conivência e da lealdade cuja garantia muitas vezes decepciona diante da ilusão que se desfaz.

Milhões e milhares morrem dessa forma, pelo sonho de que alguém sozinho possa fazer o milagre de resolver seus problemas quando ele próprio é parte deles.

Nós somos isso, a construção do Eu que se apoia no coletivo até que adquira a maioridade que lhe permita expressar-se por si mesma, quando então agrega-se àqueles que lhe fazem juz num corpo único e coeso pela unicidade de pensamento.


setembro 26, 2023

Instintos Básicos e as Consequências Sociopolíticas



SERIA ISSO MESMO???


Existem frases soltas que parecem tão verdadeiras!!!

Este texto é uma pequena viagem que nos ajuda revisar coisas que sentimos verdadeiras, mas seriam realmente verdadeiras?

Seria o sentimento puro, na sua forma não elaborada, o melhor conselheiro?


Eu convido você a um mergulho sobre o tema.


Haverá um tempo em que o comportamento autodestrutivo e genocida será considerado um crime mundial não tolerável, um tipo de transtorno mental gravíssimo, ainda mais sério que o transtorno dos assassinos seriais, uma vez que seu efeito é coletivo, em larga escala.

No presente milênio é inconcebível o pretexto que justifica a invasão territorial que busca submeter a cultura de uma população à outra.


Mesmo que a tolerância levasse a uma fragmentação cultural-geográfica, ainda assim pouco importaria pois diante da necessidade de interagir comercialmente encontraríamos os caminhos da convivência pacífica, ou insidiosamente menos assassina.

A intolerância religiosa e cultural vem servindo de trampolim para déspotas ao longo dos séculos, cujo exemplo mais popular é o de Hitler, e infelizmente tal prática continua pujante onde o princípio é o mesmo, porém só mudam os nomes e os locais.

Os horrores da WWII, segunda guerra mundial, nunca terminaram.

Judeus foram substituídos por outras etnias e o assassinato indiscriminado é parte do cotidiano ora ali e acolá sempre a pretexto de alguma desculpa.

Nada justifica a pretensão de que uma única pessoa tenha todas as respostas e que esta utilize a morte como instrumento de manutenção de seu poder.

É algo tão intensamente absurdo que as côrtes mundiais condenem assassinos, contudo tolerem líderes que praticam assassinato coletivo, em massa. Esses tribunais têm respostas lentas para o óbvio e pouco efetivas.


Se não houvesse ameaça, também não fariam diferença as subdivisões sociais refletindo-se geograficamente.

Você não pode matar uma ou mais pessoas para satisfazer seus interesses, mas pode matar milhares para sustentá-los. 

Pessoas assim também seguem seus instintos — lembre-se da imagem acima.


Eu não mais consigo perceber tais côrtes como expressão de justiça, mas sim como um "patch" (remendo) às necessidades menores de um país para manter a ordem social sobre os mais fracos, quando deveriam trabalhar para penalizar líderes que realizam assassinatos coletivos, operando livremente porque as nações não encontram maioria segura acima de interesses menores para estabelecer uma ordem social efetiva. O que temos mais próximo disso seria a ONU(Organização das Nações Unidas) e UN (United Nations/Nações Unidas), ambas enfraquecidas por falta de um consenso mais agregador entre as nações.

 

Nossa sociedade torna-se competente para criar enxames de equipamentos inteligentes que são capazes de coordenar ataques grupais via dispositivos eletrônicos para promover destruição em larga escala, mas ainda incompetente para administrar seu próprio poder de destruição.

Retornando ao passado longínquo, veremos que os Herodes, os Calígulas e toda sorte de psicopatas continuam recebendo apoio porque a vida humana só importa para enriquecê-los e é tida tão desprezível como um objeto descartável.

E o povo seguindo mais o seu instinto que a razão é mero combustível de sua própria incineração.


Ainda vivemos sob o domínio dos instintos básicos primários.

Não somos uma raça avançada, pelo contrário, quanto mais primitivo o ser, mais preponderantes são os instintos básicos.

No sentido inverso, à medida que a civilização progride em todos os aspectos, a compreensão vai controlando esses instintos primários e posteriormente substituindo.

Se você gosta de ficção, vai se lembrar de Spock em Star Trek, personificando apenas um lado desse crescimento — a racionalidade sobre o sentimento.

O outro lado é o aperfeiçoamento do sentimento em si através do amor, onde o maior mestre de todos foi o filósofo da Galileia, reconhecido por seus conhecimentos como rabino embora não excerce tal função oficialmente.

Quando faço referência a Jesus, insisto em despojá-lo das interpretações e influências de facções e credos religiosos, vendo-o exclusivamente como um filósofo e um ser com poderes transcendentais que sinalizam as incríveis possibilidades que o futuro dessa evolução pode atingir.

Os instintos básicos quando alimentados sem as forças da razão e do amor ao próximo conduzem o indivíduo às suas expressões mais animalescas que, uma vez frequentes, induzem às mais variadas neuroses.

A neurose humana por poder e discriminação sustenta a máquina da guerra, tornando-se um dos vetores de transformação tecnológica e cultural mais intensos de toda a história da humanidade.

A ironia vem do efeito colateral em que a procura de poder e defesa vai nos enfraquecendo e nos destruindo à medida que a estratégia não visa conciliação mas submissão ou destruição.

A natureza tem seus próprios caminhos.

Se de um lado nosso atraso serve de estímulo à competição e esta à evolução, do outro, as nossas ações destrutivas tornaram-se tão intensas pelo avanço da tecnologia que as suas consequências respingam por todo o planeta.

A autodestruição decorre da degradação socioambiental cada vez mais intensa, fortalecendo a criminalidade e o desequilíbrio climático.

Há algumas décadas iniciamos a competição onde países buscam substituir homens por máquinas como estratégia mais eficiente de produção,  ataque e defesa, todavia, não existe o mesmo empenho no desenvolvimento social. Não há sobra de recursos diante da sede dessa competição e do dreno de capitais dedicados à corrupção, seja ela do gênero político, comercial ou como estratégia de defesa pelas mãos da espionagem e da sabotagem.

Líderes obcecados com a necessidade de justificar a imposição de poder territorial e cultural como a cola que mantém a hegemonia geográfica e, dessa forma sustentam seus "reinados", atropelam os esforços dedicados às necessidades sociais já que não é a sociedade de fato o que lhes importa, mas o poder que dela provém independente da sua condição degradante.

Tais líderes que estimulam tal panorama são responsáveis não pelo genocídio mas por vários crimes genocidas. Não se contam apenas aqueles que morreram em combate, sejam civis ou militares, porém também aqueles que por falta de amparo social acabaram com suas almas mortas pela desesperança, pelo despreparo e pela fome, ou simplesmente não sobreviveram à falta de assistência médica de que precisavam.


O povo sente mais do que pensa, seguindo seu instinto, seu coração, e nem percebe que troca coisas preciosas por ninharias tal como aquelas nações indígenas fizeram porque mediam o valor de troca por sua própria noção de valor subjetivo. Eles não faziam ideia do valor real para quem adquiria o seu bem, pois viam apenas o seu  lado, trocando pedras preciosas por bugigangas.

Assim também continua agindo a população entregando seus dados por ninharias, sua liberdade pelo voto manipulado pela demagogia, seu futuro por pequenas vantagens quando relativamente comparadas aos valores que elas representam sob outros aspectos ainda mais importantes.



Diante dos fatos, podemos perceber que os instintos básicos podem ser um aliado, ou um inimigo.

Seria o sentimento puro, na sua forma não elaborada, o melhor conselheiro?





setembro 22, 2023

Observando Melhor o Que Olhamos Mas Não Vemos



Existe uma miríade de possibilidades que poderia descrever.
Escolhi algumas, nem as melhores, nem as piores, mas alguma coisa que nos estimule o olhar a vida como um cubo, cujas facetas não podemos ver mais que três ao mesmo tempo e, portanto, precisamos rodar o cubo para observar todas as combinações possíveis.


A NOSSA PERCEPÇÃO

Nossos ânimos oscilam diante do bombardeio constante de notícias ruins.
Clima, economia, política e segurança parecem os fantasmas que nos perseguem.

O clima de medo do presente.
A ansiedade sobre o futuro.
A necessidade de segurança e poder.
Tudo vai alimentando os sentimentos mais negativos da alma.

A felicidade parece uma ficção distante, apenas existente no presente enquanto desfrutamos de conforto.

Teremos jeito?

Se olharmos um resumo do passado, com outros olhos, as barbáries do cotidiano aos poucos vão assumindo o sentido do indesejável, do inaceitável, mas o presente continua sustentando a vida em múltiplos aspectos a despeito de tantos erros na construção do nosso aprendizado.

 

OS DITADORES

Ditadores invadem países aproveitando-se de sua superioridade militar.
Ditadores já foram considerados conquistadores.

Hoje são meros déspotas que procuram impor sua administração sobre aqueles povos com menor poder de defesa, geralmente fazendo fronteiras com seu país.

Hoje podemos entender melhor a relação de poder por uma visão mais amadurecida.
Realmente crescemos.

 

OS INTRÉPIDOS COLONIZADORES - UM JEITINHO DIFERENTE DE DITADURA

Eram chamados de colonizadores os países exploradores — no sentido duplo da palavra — que utilizavam a estratégia de dominação remota a pretexto da inferioridade do colonizado, não só bélica como também cultural.

A colonização no mundo agoniza.

Realmente crescemos.

 

HACKERS E OUTROS CRIMINOSOS

Hackers invadem máquinas aproveitando-se da sua superioridade técnica a pretexto do próprio pretexto ou de qualquer outro pretexto que o valha para justificar a volúpia de ego envolta nas inebriantes vitórias que apaziguam suas frustrações, onde a capacidade não vê forma de obter resultados por meios que contribuam de forma menos nociva.

Essa atividade está no ocaso do seu glamour, tornando-os meros operários da guerra digital.

Evoluímos. Saímos do glamour da glorificação dos hackers para a sua proletarização.

 

NOSSO SENSO DE DEFESA

Se você tivesse uma pessoa prejudicando você através de dados que você precisasse destruir, você tentaria primeiro eliminar os dados, depois a causa.

Se você acredita que seu vizinho é um ameaça, não toma providências?

Essas duas questões não nos distam muito dos ditadores e dos hackers.

Evoluímos. Começamos a perceber que temos o que merecemos.

 

O SENTIDO DAS COISAS

O que você imagina da vida é formado pelo quotidiano da cultura em que você está submerso.

Um viking nascia vendo sacrifícios humanos.
Para eles era algo normal com se a vida fosse assim! 

A cultura do seu povo determina aquilo que você imagina que a vida seja e ela é definida pela maioria e vice-e-versa em um ciclo vicioso de autoalimentação.


EFEITOS COLATERAIS DA DEMOCRACIA

Esteja contra a maioria e estará em situação difícil, pois a maioria reflete o espírito da "democracia" e da segurança de pertencer ao time mais forte.

Tem uma frase de Millôr Fernandes:
Ditadura é quando ele manda em nós e democracia quando nós mandamos nele.

O fato do desejo da maioria impor-se sobre todos também é ditadura porque dita um jeito de viver que, ou você segue ou fica em dificuldades, da mesma forma quando se opõe a um ditador.


DEMAGOGIA PELA COMPLEXIDADE 

Um texto é subversivo quando contesta a lógica aparentemente e inabalável das crenças de uma cultura vista apenas pelo lado da maioria, quando também podemos vê-la de outro modo que a torne desgastada em seu prestígio social.

Um texto complexo que abala crenças que adotamos sem muito pensar pode ser prejudicial?
Pode sim!
A complexidade pode ser uma estratégia de coação onde ninguém deseja ser ferido em seu orgulho e apoia algo que não entendeu como se entendesse só para não ser excluído.


Se a pessoa não está preparada para pensar em algo distante daquilo em que ela sempre acreditou, vai sentir o chão escapar aos pés e poderá perder a fé naquilo que perdeu sentido ou foi destruído sem ter nada para por em seu lugar. Então, essa pessoa ficará como um barco sem leme solto no oceano da ignorância e da dúvida, ora carregado pelas correntezas da incerteza, ora empurrado pelos ventos do socialmente confortável, ora tragado pelas marés das consequências daquilo que não entendeu como devia.


OS DESAFIOS DA INTELIGÊNCIA

Inteligência necessita de coragem para perdermos o sentido da crença que tínhamos antes sem perder o sentido de vida e o compromisso com nós mesmos.

Inteligência necessita de coragem para conviver com a incerteza, o desconhecido e a falta de garantias.

Se prestarmos bem atenção, não há garantia absoluta para nada.

Então eu lembro uma frase de Jesus, quando disse:
Por que temeis se as aves do campo não fiam e nem tecem ...”

Evolução é transformar o cotidiano em revisão constante, sem medo do “gap” entre o abandonado e o tempo para alcançar seu substituto.

Evolução não se perde na decepção, mas se alimenta da busca contínua.

Evolução é ser capaz de entendermos que a grande parte das nossas crenças atuais serão as fantasias do amanhã quando tivermos alçado um patamar maior da capacidade de inteligir.

 

DECEPÇÃO

A decepção é a medida entre o sonho e a realidade.

 

FINALMENTE...

Ao ouvir a frase:

"Os fins justificam os meios."

as pessoas esquecem de se perguntar se "os fins" por si próprios se justificam!

Uma frase assumida com uma verdade e amplamente utilizada como justificativa para qualquer atrocidade onde a transitividade de valores é convenientemente esquecida.

As respostas para esse sofisma são:

"Se os fins são injustificáveis, os meios são inaceitáveis."

"Se os fins são justificáveis, os meios seriam também aceitáveis?"





setembro 19, 2023

Se É Democrático, É Para Todos?


 


Lendo este artigo no jornal Estadão:

Pedidos de admissão gerados por IA viram dor de cabeça para faculdades nos EUA

o texto faz a seguinte asserção:

"A fácil disponibilidade de chatbots de IA, como o ChatGPT, que pode produzir textos semelhantes aos humanos em resposta a solicitações curtas, está pronta para mudar o processo tradicional de inscrição em faculdades seletivas - dando início a uma era de plágio automatizado ou de acesso democratizado dos alunos à ajuda para escrever redações. Ou, talvez, ambos."

A autora, Natasha Singer, empregou o termo "democratizado" como um "eufemismo" popular, compreensível, mas totalmente inadequado.

É comum autores abusarem de eufemismos para se tornarem compreendidos, simpáticos ou socialmente aceitos.

O texto conduz ao reforço de uma compreensão distorcida sobre o que é democracia e à adoção de uma forma de pensar equivocada.


Se não fosse um conceito tão importante, certamente nem teria ânimo para escrever sobre o tema.

Frases assim, reforçando conceitos desfigurados, inadequados e impróprios vão contribuindo para uma confusão geral nada saudável, nada produtiva, confundindo democracia como um direito a todos, um acesso geral, como um estádio de futebol com bilheteria liberada.

Oferecer a possibilidade para que qualquer pessoa possa ter acesso à educação não significa democratizar o ensino, mas reconhecer o direito à igualdade de possibilidades. É um efeito direto do conceito de meritocracia. Algo como, se você é um ser humano (o mérito é ser um humano), então você pode frequentar um curso para humanos.

Acontece que a meritocracia é por natureza nivelada por conquistas, daí o termo "meritocracia" pois a cada conquista em que você adquire o mérito respectivo lhe proporciona direitos adicionais.

Democracia é um tipo de meritocracia, onde um cidadão, por ser cidadão, pode expressar sua opinião em eleições e pleitos. Não é efetivamente para todos.

Observe que o direito ao voto não vem de graça!
Ele embuti o conceito seletivo da meritocracia pois não é qualquer um que pode sair votando pois existem regras para que o indivíduo tenha este direito.

Infelizmente, com o passar do tempo, as coisas foram ficando confusas e misturadas pelos discursos demagógicos fazendo confundir "democracia" com vale tudo, bilheteria aberta, boca livre, o famoso "é pra todos, para quem quiser", de graça, free, etc.

Se você ainda tem dúvidas, eu lhe pergunto:
Cobrar ingresso restringe o acesso, logo a "cobrança de ingresso" seria democrática?


Na frase acima, temos uma prova pelo "absurdo", ou seja, é um método onde você parte de uma premissa que por fim lhe conduz ao absurdo, provando por lógica que a premissa é falsa.

A prova que a nossa sociedade é totalmente baseada em meritocracia vem do fato dela ser monetizada.
Receber e pagar é uma forma de avaliar e portanto é um efeito inegável de meritocracia.

Democracia é o direito de votar, mas em si mesma não é democrática no sentido usual que as pessoas costumam empregar porque não é para todos, pois exige um título eleitoral.
Percebe? É meritocracia!!
Existem exigências para se obter um título eleitoral.

A meritocracia é a base do julgamento humano em todas as nossas ações ao longo de todo o tempo de existência da humanidade.

Se você é mãe ou pai, então provavelmente já condicionou atender o pedido de seu filho a alguma coisa que ele deva antes cumprir.  Se você fizer isto, então pode aquilo.

Confundir que democracia significa liberação geral é o mesmo que tornar a mãe daquele garoto uma despótica autocrática ou o chefe que recompensa o melhor funcionário, um ditador!
Seria algo como pensar que o campeão que chegou ao primeiro lugar é fruto de um regime aristocrático.

Todos esses pensamentos são insanos, mas a mente humana funciona como o Titanic.

O Titanic era dividido por muitos compartimentos, e por isso era considerado um navio à prova de naufrágio, ou seja, mesmo havendo vazamento em dois ou três compartimentos ainda assim o navio continuaria flutuando.
Por pressão do dono do navio, John Pierpont (J.P.) Morgan, o Titanic navegava muito embalado em uma zona com muitos icebergs e névoa, bruma, onde a visibilidade é instável. O dono visava provar que o navio era rápido. Quando avistaram o iceberg, o Titanic não teve tempo de realizar uma manobra para desviar, principalmente considerando que ele tinha leme pequeno para o seu tamanho, mas suficiente para cumprir trajetórias oceânicas porém insuficiente para manobras radicais. Por um conjunto de fatores, conseguiram a proeza de rasgar o Titanic com um rasgo tão grande que a divisão em compartimentos se tornou inefetiva.

O que tem o Titanic em comum com o pensamento humano?
O pensamento humano funciona com compartimentos estanques, selados como o do Titanic.
Temos o hábito de pensar de forma isolada, restrita, ou seja, dentro de um compartimento que forma o contexto.
Então o nosso raciocínio parece valer dentro daquele restrito compartimento.
Quanto aplicamos o mesmo raciocínio a outro compartimento, muitas vezes alegamos que os resultados são diferentes porque são coisas diferentes.
A crise acontece, e precedendo a ela vem a confusão, quando nós somos obrigados a trabalhar um pensamento que se torne comum a todos os compartimentos, como se rasgássemos o corpo de nosso raciocínio de ponta a ponta. É justamente quando o indivíduo afunda na confusão.

Isolar raciocínio pode ser útil, mas é necessário que todos os compartimentos estejam trabalhando harmonicamente, ou seja, com coerência.

Analisar a democracia por esse método ajuda a entender que não existe igualdade para todos, mas tudo advém de algum mérito anterior, por menor ou mais óbvio que seja, até mesmo o direito à vida, cujo mérito é termos tido pais cuja gravidez teve sucesso.

Portando, democracia não significa igualdade para todos, mas possibilidades mais amplas e condescendentes com a representatividade do desejo da maioria.


E o que acontece quando a maioria excede a minoria pelo mínimo?

Por exemplo, imagine que a diferença entre os votos de dois candidatos a presidente seja algo em torno de 1%?

Então, os atos do presidente eleito serão de fato representativos da vontade daquela nação?
Ou apenas da metade dela?

O que acontece com uma nação representada apenas pela metade dela diante de posicionamentos políticos críticos?
A parte excluída estará disposta a pagar pelas consequências das decisões da metade ganhadora?
E por quanto tempo e intensidade de sofrimento?

Teria o presidente eleito o direito de se posicionar livremente de acordo com a ideologia do seu partido vencedor?

Se estendermos o raciocínio a uma relação conjugal, quanto tempo o casal poderá suportar a união diante de decisões unilaterais delicadas que levam a consequências muito indesejáveis?

Lembrando que o divórcio de um casal já é muito dolorido, o divórcio de um povo é ainda muito maior, insuportavelmente mais dolorido.


Resta ainda um longo caminho de aperfeiçoamento do processo democrático, que parece quase estagnado pelas bases alimentadas pela demagogia que trabalha conceitos falsos mantendo o status quo que fomenta o extremismo, tal como células do corpo que adoeceram, tornando-as o câncer que corrói a existência do todo.

A democracia precisa evoluir para reduzir a oscilação dessa gangorra ideológica, em que, quando um lado está em alta, conduz à sua própria queda para elevar o lado oposto.

E não sai disso!

Democracia conduzindo a regimes autoritários, sejam eles de esquerda ou de direita, e consequentemente os mesmos regimes outrora eleitos tornando-se desgastados por suas deficiências que conduzem às lutas internas para o retorno à democracia.

A dissolução da União Soviética resultando no conflito entre Rússia e Ucrânia, são exemplos vivos do nosso momento atual.

Se duas pessoas sentadas na ponta da gangorra caminharem em direção ao centro, a oscilação é reduzida.

Se aperfeiçoarmos o processo democrático tornando-o de fato mais representativo apesar de resultados desfavoráveis a este equilíbrio, então também reduziremos a oscilação dessa gangorra do sofrimento humano em busca da paz e da justiça que sustente uma distribuição mais equitativa das riquezas, já que esta última depende da primeira.

 


Série O Radicalismo e o Dilema Israel vs. Hamas - A Procura da Solução N.4 - A Origem

A CONTRIBUIÇÃO DA SOCIEDADE PARA O RADICALISMO A sociedade é fruto da base de sua origem, ou seja, de como ela incorpora nela própria as nov...