maio 29, 2022

A Democracia Termina Onde A Hierarquia Começa e Na Prática, Não Existe Democracia Pura





 


De uma forma simples, democracia seria como atender o pedido da maioria.

Imagine uma casal com 3 filhos na faixa de 13 a 17 anos, idades difíceis, quando o jovem quer exercer sua liberdade mas ainda não tem plena consciência de suas possibilidades e capacidade de julgamento.

Todo ano, esses pais promovem férias familiares, e sendo uma tradição de uma "família democrática", o destino é escolhido por votação. Durante bom tempo, o hábito tem sido um ponto alto para o convívio deles, um momento de aproximação e de diversão para todos.

No último ano, o contexto foi modificado por duas premissas: um dos filhos precisa se preparar para admissão em escola superior, já que vem apresentando fraco desempenho precisa de muito reforço. Concomitantemente, os pais, diante das instabilidades pandêmicas, viram que o risco de viagem implicava em risco para a saude de todos.

Durante a reunião familiar para decidir o novo local das férias daquele ano, os pais anunciam que não haverá nenhuma viagem. Os filhos indignados pelo posicionamento dos pais cobram o princípio democrático que foi sempre defendido por eles através da votação. Naturalmente os pais vão perder porque os três jovens não vêm os riscos apontados pelos pais, principalmente o mais velho que deseja fugir das aulas de reforço.

A história termina, após muitas tentativas dos pais em arrazoar a necessidade daquela decisão, quando os pais então encerram a questão informando que o debate está fora de cogitação e que não haverá viagem de férias naquele ano, já que o mais velho precisa se preparar melhor para admissão na faculdade e também não podem e não querem correr o risco de ver alguém da família, ou toda ela, prejudicada pelos efeitos de uma possível contaminação.

As "crianças" (não mais tão crianças) ficam revoltadas e a reação é intensa, gerando um clima de "guerra familiar".

Os pais neste exemplo representam aqueles que, mediante uma visão mais precisa e madura, fariam o papel do governo, supondo um governo sério e competente. Vamos excluir temporariamente incompetências, sejam elas técnicas ou morais (corrupção).

A corte suprema estadunidense está prestes a anular a liberdade dada ao aborto, estabelecendo regras mais rígidas.

Supreme Court has voted to overturn abortion rights, draft opinion shows


Alguns podem ver o momento como uma questão apenas ética, porém americanos são muito pragmáticos e podem existir razões adicionais, além daquelas religiosas e éticas, pois a redução da população de um país abaixo de certo nível torna aquele país 
enfraquecido e descaracterizado culturalmente, pois decréscimo populacional implica em consequências de ordem econômica.


A taxa de natalidade vem caindo em todo o mundo, ao passo que adeptos da religião mulçumana têm taxas superiores.

"Segundo relatório do Pew Research Center, em 2050 os muçulmanos deverão chegar a 29,7% da população mundial, bem perto dos 31,4% de cristãos. A proporção atual é de 22,5% para 33%. Uma das grandes surpresas é que a Europa deverá ter 10% de muçulmanos em 2050. A população cristã na Europa e nos Estados Unidos encolheu de 93% em 1910 para 63% em 2010, embora tenha crescido na África e América do Sul."
Fonte: 
O islã e a profecia

À medida que a população original de um país decresce vai deixando lacunas que são preenchidas mediante a intensa migração de mulçumanos de outros países. Países europeus como França e Alemanha poderão ter maioria mulçumana se as taxas destes países não forem capazes de reverter esta tendência.


A Corte Suprema estadunidense deve ter em mente outros pilares que sustentam a batalha atual cujo custo político é alto, e que certamente não compartilhariam com a população.

Há momentos em que a Democracia desaba e se confunde com autocracia!

Os pais quando precisam adotar posicionamento contrário aos filhos, ou os dirigentes de uma empresa ou nação cuja visão mais ampla e perspicaz entende uma necessidade ainda não compreendida pela massa.

Não existe Democracia Pura.
Não existe Liberdade Total, ilimitada.

Elon Musk defende liberdade total no Twitter.
Ele que me perdoe!
Assim como qualquer um não pode entrar na SpaceX, na Tesla ou na Boring, também não podemos invadir "espaços" alheios ao nosso, a exemplo dos discursos de ódio que incitam toda sorte de violência e transgressão de direitos.


Todo processo tem suas restrições.

Infelizmente, é justamente no limiar entre o direito de impor e o direito de escolha que se infiltra a corrupção moral para estabelecer e justificar as imposições de qualquer espécie a favor de si mesma.

O discernimento apurado às necessidades maiores é o antídoto à ditadura.
Se o povo está muito distante destas necessidades maiores, cresce sua subjugação, seja pelas mãos políticas ou pelas contingências econômicas, ou ainda pelas imposições da guerra de conquista sobre os povos enfraquecidos.

O texto visa dar ao leitor uma visão mais ampla das várias injunções que um tema carrega.
Então não basta opinar com base em um aspecto do problema.
É preciso buscar outras injunções que participam das consequências que advirão daquela decisão.

Raramente, as pessoas são levadas a raciocinar em múltiplas dimensões de um problema.
A escola normalmente não ensina a racionar dessa forma.
Não há interesse.

Quando dei um curso rápido a um grupo de crianças sobre a forma de pensar nas coisas por vários meios, elas vibraram. Os pais não gostaram porque algumas crianças começaram a mostrar resultados superiores em termos de lógica conclusiva. 

Esse breve fato ajuda a ilustrar o tema, onde o interesse político começa em casa.
Filhos mais espertos que os pais são um problema.
Povo mais esperto que os políticos também!  :-)

Contudo, democracia depende exatamente dessa capacidade de raciocínio e percepção.
Consequentemente, a democracia nasce e morre em casa.

A origem de nossos problemas geralmente residem nos sentimentos primários relativos ao nosso ego inflado.

Se deseja contribuir para a melhora do mundo, comece por você mesmo, e depois pelo seu lar.
Nesta singela estratégia começa a solução de vários problemas.

De qualquer forma, quando falamos de democracia precisamos ter em mente que tudo tem limite, sendo este limite o que vai definir se a democracia converteu-se em autocracia.

Democracia pura requer inexistência de hierarquia e portanto a liderança ficaria restrita apenas à organização e proteção democrática sem direito a legislar ou estabelecer regras de qualquer ordem que não tivessem sido anteriormente aprovadas pela maioria.

Se há hierarquia, então há exercício de autoridade não consubstanciada pela maioria mas a partir de um topo social, e retorna-se para o que conhecemos bem:
"Manda quem pode e obedece quem tem juízo."



Mais informações sobre o tema:

 Pew Research Center

 The Future of the Global Muslim Population

O Crescimento da População Mulçumana

Falling birth rates are an economic issue. Here’s how we can fix it

Bye, bye, baby? Birthrates are declining globally – here's why it matters

Germany's birth rate drops, confirming dramatic predictions for the whole world

Islam Is Taking Over Europe—’Without Swords, Without Guns, Without Conquest’

Will Britain have a Muslim majority by 2050?

Which European country will become Muslim majority by which year? Here is what one research says




maio 27, 2022

Espiritualista ou Positivista? Uma Visão Otimista da Evolução

 

Nem um, nem outro, mas ambos.

Para um niilista, este texto soará ingênuo, sonhador.

Diante de tanta destruição, seja ela planetária ou moral, através da agressão constante ao equilíbrio do meio ambiente, ou pela desconstrução dos valores que se oponham à corrupção, ficamos tomados do pessimismo ou do medo que o futuro passa a representar.

E tomados por sentimentos negativos de medo, pessimismo, insegurança e dúvida, acabamos por somarmos ao padrão corrente dessa desconstrução social.

Acreditar no melhor, só por opção, também torna o indivíduo refém da fuga que procura pensar que está tudo bem porque é mais conveniente.

Extremos são excessos onde o desequilíbrio encontra moradia.

Como construir uma atitude positiva diante de um panorama tão destrutivo?

A desconstrução não é boa nem ruim, é apenas um estágio de instabilidade na reconstrução de algo melhor.

Para espiritualistas/reencarnacionistas, a existência física é uma projeção na matéria do pensamento do espírito. O exemplo mais próximo que podemos encontrar é tema do filme "Avatar".



Àqueles que acham inconcebíveis as ideias reencarnacionistas, este filme oferece uma trilha que facilita o entendimento do conceito.
O espírito é eterno, e a sua existência projeta-se no meio físico através do pensamento, onde o corpo é apenas um meio físico inerente ao meio que lhe permite transitar em dimensões de estado mais denso da matéria já que o pensamento/alma pertencem a outro muito mais etéreo.

Do ponto de vista físico é algo complacente com a ciência atual, embora ainda não consubstanciado pela mesma, mas tecnicamente viável já que a existência de Universos em dimensões diversas vem sendo longamente contemplada pelos cientistas.

Com base nesse pensamento que a fé não precisa distar da ciência, necessariamente, podemos construir um modelo de pensamento que promova suporte ao aparente caos do possível ocaso da nossa civilização.

O planeta é regido por leis muito precisas e acreditar que tudo seja obra do acaso é encontrar uma solução muito simples para as coincidências voluptuosas com que nos deparamos. É o mesmo que negar algo muito maior que nós mesmos, seja por mera ignorância ou extrema prepotência.

Seguindo o raciocínio emprestado do filme "Avatar", podemos entender que atrás de cada avatar existe uma organização que o mantém, que nós podemos chamar de "coordenadores da vida na Terra".
Se o objetivo é evolução, a Terra torna-se sua escola.

Quando o aluno é extremamente renitente, só restam as experiências vividas pelos desfavores da sua renitência para que possa aprender através da reflexão de seus próprios atos aquilo que rejeita através de terceiros.
Faz sentido, não faz?

Sendo assim, esse aparente caos é apenas a etapa inicial desse processo que vai conduzir a etapas mais desafiadoras que proporcionarão o espelhamento comportamental coletivo em prol da evolução social, massivamente.

Repare, que hoje, porque temos um poder destrutivo que nos levaria facilmente à autodestruição, estamos mais atentos aos seus riscos.

Repare, que hoje, o desiquilíbrio do ecossistema vai nos reconduzindo o comportamento, vagarosamente, mas ainda assim constante. Carne animal sendo substituída pela vegetal, redefinição de políticas energéticas, crescimento da administração compartilhada dos recursos e políticas mundiais que começam a formar consenso para uma ética internacional.

Não estamos aprendendo pelo amor, como Cristo desejava, mas tão pouco o amor deixa de existir como participante vital deste processo através dos laços sentimentais da família e da sociedade.

Não avançamos pela estrada desse amor que partilha, mas pela estrada que começa a aprender compartilhar para não fenecer.

Toda escola tem seus níveis de graduação.

Após o ímpeto de destruição que prevalece hoje, que será deposto pela insustentabilidade de suas ações, advirá o período de reconstrução física onde o amor aprenderá galgar degraus mais altos na escalada da vida.




"We are slowed down sound and light waves, a walking bundle of frequencies tuned into the cosmos. We are souls dressed up in sacred biochemical garments and our bodies are the instruments through which our souls play their music."

"Somos ondas de som e luz desaceleradas, um feixe ambulante de frequências sintonizadas no cosmos. Somos almas vestidas com vestimentas bioquímicas sagradas e nossos corpos são os instrumentos pelos quais nossas almas tocam sua música."

Albert Einstein


maio 22, 2022

Os Descaminhos do STF, Crise Institucional e a Ameaça ao Estado de Direito





Lula foi condenado por três instâncias.

Após o vazamento dos diálogos nos celulares de Moro e Deltan, o STF simplesmente foi anulando os processos de Lula que acaba retornando livre, como se houvesse havido um grande engano processual consubstanciado pela parcialidade do juiz.

Em toda essa estranha história, muita coisa gera questionamentos.

Um julgamento é feito com base na natureza das provas.
Não importa a opinião pessoal do juiz.
Todo juiz é antes um ser humano, e certamente sempre acaba adotando uma opinião pessoal independente dos autos do processo, pois tem ideologia como qualquer cidadão.

O que garante o "Estado de Direito" é que, independente da opinião pessoal do juiz, o mesmo não pode proferir uma decisão incoerente com as provas feitas no processo, o que resultaria em grave falta e justa anulação de suas decisões.

Oras, no caso de Lula, temos três cortes confirmando a decisão dada pela primeira, incluindo o STF que corroborou a sentença de Lula que o levou à prisão.


Se um documento a posteriori de caráter espúrio ao processo já transitado em julgado tem a força de reverter tudo, podemos concluir algumas coisas constrangedoras:


1. A lei e o sistema processual não seriam suficientemente eficientes para garantir que, mesmo diante de um posicionamento pessoal do juiz, o mesmo não pudesse alterar a força da provas apresentadas.
Só isso é suficiente para abalar qualquer confiança no processo judicial.


2. A mesma falha teria sido cometida por todas as três instâncias.
Isto resulta em uma desconfiança cuja intensidade do abalo é multiplicada por três. Surreal.

3. O STF com base em uma documentação que não tem amparo legal decide anular o que já foi julgado, levando a população à confusão que posteriormente vai resultando no descrédito do sistema.
É justo que todos os brasileiros que confiaram nos trâmites legais tivessem acesso transparente aos detalhes que levaram o STF a "atirar nos próprios pés", pois que revogar uma decisão reiterada várias vezes por várias instâncias é equivalente a anular a credibilidade no sistema judicial.

O STF está sofrendo as consequências da desmoralização crescente que vem construindo através de suas decisões.
Não se trata apenas de Lula, mas de todos os envolvidos em crimes que foram liberados intensivamente  e especialmente por um ou outro ministro do STF.
Não é necessário menção a nome algum, pois está na boca de qualquer cidadão inconformado, fazendo prova que para bandido rico não tem lei que o prenda e o mantenha preso.

O desgaste tremendo de um poder cuja estabilidade deveria ser o estandarte da credibilidade e da estabilidade, já que aquilo que é certo é certo, não se torna errado da noite para o dia por equívoco, o que leva a questionar a competência do sistema que se torna seriamente comprometido.

Os desafios constantes de Silveira ao STF, cujo poder desgastado vem arguindo com réus, coisa inaceitável para aquela instância, sofrendo descréditos constantes à sua autoridade, é resultado do desempenho que o mesmo vem apresentando ao longo do tempo.

Ministros de outras pastas, quando não são capazes de atender às metas esperadas, são exonerados e substituídos, algo normal em qualquer sistema de produção.

O STF jamais deveria ser composto por indicação, porque até aqueles que indicam podem um dia sentar no banco dos réus, o que tornaria o ministro indicado pelo réu inábil para o seu julgamento. Mesmo que esse ministro não venha a participar do processo de um caso assim, ainda assim ficaria muito conveniente para ele o seu afastamento evitando morder a mão que lhe deu comida.

O STF precisa ser composto por meritocracia independente de qualquer indicação porque justiça imparcial não pode ser composta por mãos políticas.

O STF também deveria ter cargos por tempo determinado, evitando que se formem as crostas de ego cuja estabilidade lhes dá a sensação de divindade, resultando nas mesmas desvantagens de quando se concede poder indeterminado a um ser humano, a exemplo de reis que invariavelmente acabam imbuídos de arrogância, prepotência e outros excessos psicológicos a que todos estão sujeitos.

Silveira, INFELIZMENTE, representa o sentimento represado no coração da maioria dos brasileiros inconformados com os descaminhos do STF, embora sua atitude seja deplorável como um cidadão público que deveria proteger a Democracia pelas mãos do "Estado de Direito".


maio 17, 2022

O Cenário Mundial e Suas Boas Lições Para O Brasil Em Dois Tópicos

 




É mais um exemplo de radicalismo o recente massacre ocorrido em Buffalo (EUA), onde um atirador disparou contra as pessoas no supermercado motivado por crenças supremacistas adotadas por Republicanos nos EUA, atualmente partido de extrema direita, que tornou-se ainda mais exacerbado depois de Trump.




Segundo o noticiário internacional, o autor do ataque motivou-se pela "doutrina da substituição", cujo autor Camus é um escritor militante da esquerda cultural da França na década de 60 e teórico usado pelos supremacistas brancos.


Como tem sido constantemente frisado neste site, os extremos se confundem, e os fatos vão comprovando e falando por si.


EUA, um país consagradamente democrático e anticomunista, acaba contaminado por doutrinas de esquerda ameaçando o "país da liberdade democrática mundial" que moveu e move "céus e terras" para protegê-la, o que "justificou" a sua participação nas guerras da Coréia e do Vietnã.

No Brasil, a extrema direita é hoje representada por Bolsonaro.
Da primeira lição aprendida com o cenário mundial conclui-se que extrema direita acaba trilhando os descaminhos da esquerda.

É uma pena que tantas pessoas ainda não percebam que a reação de rejeição aos partidos de esquerda, atualmente representados por Lula, acabe por atirá-los em solução cujo "tiro pode sair pela culatra" — expressão à gosto do clima belicoso do "Partido Bolsonaro", já que ele não tem partido, mas o partido que o tem, o que é comum aos partidos de extrema direita, a exemplo do "Partido dos Trabalhadores Alemães (Deutsches Arbeit Partei, ou DAP)", como era denominado o partido no início da carreira de Hitler durante suas campanhas eleitorais na Alemanha, e que posteriormente evoluiu para o partido nazista quando então o partido passou a ser o próprio "Hitler", como ocorre nos casos dos ditadores onde o "partido que o tem", já que o ditador é o partido.

O leitor se for atencioso, irá conectando os pontos que formarão a imagem das possibilidades brasileiras.


Outro tópico interessante, que vai se encaixando na sequência da degradação da democracia no mundo, é o exemplo do que ocorreu na Rússia, publicado ainda hoje (17/05/2022) na BBC, onde um coronel aposentado expõe a realidade da delicada posição militar da "operação especial russa", conforme eles denominam por lá, furando o bloqueio de informações imposto por Putin através de forte censura que mantém o povo desinformado, buscando fazê-lo acreditar que a Rússia está sob a ameaça mundial, ou seja, o contrário da realidade imposta pelos fatos pois a Rússia que representa a ameaça como o país agressor ao invadir seu vizinho na esperança de uma conquista fácil, relâmpago, como aquela em que Israel se consagrou na guerra de 6 dias (Six-Day War). 




É notável a coragem desse militar aposentado e a forma educada e sagaz com que vai se opondo à apresentadora daquele programa semanal russo de 60 minutos, buscando mostrar e sinalizar ao povo russo que as coisas não são bem assim como o governo tem noticiado, driblando a apresentadora que vai visivelmente apresentando tom de voz e expressão agressivas.


Desse exemplo, podemos tirar mais outra lição de um tópico tão cabalmente ilustrativo:

Não acreditar necessariamente naquilo que um governo publica, principalmente quando tem veia ditatorial e extremista, mesmo disfarçado em governo eleito pelo povo, já que isso não serve de base uma vez que Putin foi eleito pelo povo, Hitler foi eleito pelo povo, e assim por diante, uma vez que o povo não sabe bem o que elege já que uma boa parte dele não condiz com o perfil necessário para avaliar adequadamente a escolha do líder de uma nação.

O exemplo russo serve para qualquer país, inclusive o Brasil.
Acreditar em propagandas governamentais é um sinal de desinformação cultural, ingenuidade e falta do conhecimento contemporâneo para entender o contexto do país onde se vive.

A solução para a desinformação é o cruzamento de informações através do maior número de fontes possível e mesmo assim, sempre paira no ar a necessidade da comprovação pelos fatos posteriores que irão reafirmando ou desmentindo as informações que vamos colhendo.






maio 04, 2022

Democracia de Mãos Amarradas


 


Teoricamente, democracia oferece mais liberdade que regimes autocráticos, monocráticos, ditatoriais, etc. etc. etc.

Maravilhoso... porém, na prática o que você pode fazer quando:

- A corrupção corre solta em escândalos um atrás do outro..

- Quanto a polícia não cumpre seu papel, ou pior, age no papel inverso...

- Quando políticos agem em desacordo com suas promessas...

- Quando temos ações do STF completamente em desacordo com o desestímulo ao crime.
Processos revertidos ou arquivados, ou pior ainda, colocados para frente num tempo em que ninguém mais se lembre, de condenados e pessoas autoras de ações ilegais com passado desabonador, etc...

- Quando o presidente da nação age contrariamente ao desejo da maioria do seu povo...

- Quando não temos um candidato em quem votar porque nenhum deles representa avanço, mas retrocesso, ou seja, quando o processo eleitoral foi monopolizado!!!...


- Quando "isso ou aquilo", que daria para fazer um lista imensa, não tem meios efetivos pelos quais o seu povo possa efetivar a sua vontade e que não passe por mãos já contaminadas?...


Então?

Temos alguma forma efetiva de exercer o direito democrático que não seja outro senão o voto de curral (monopolizado)?

A falta de representatividade dos candidatos nas eleições através da manifestação clara pelos números de votos brancos ou nulos farão alguma diferença?
Não, mas ainda assim é o único meio que resta.


Democracia de mãos atadas soa algo democrático?

Democracia de mão atadas, onde o exercício torna-se uma propaganda de época na época da colheita na lavoura de um povo de mão atadas e com apenas duas opções de voto: o ruim e o pior.


Se o povo tivesse consciência, não lutaria por uma democracia mais representativa?!


Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção
Democracia e Voto Útil - Prós e Contras



abril 30, 2022

Putin: Um Caminho Sem Volta

 



Eu não sei se foi o tempo ou se foi o conhecimento que vai tecendo as estradas do meu pensamento e da minha emoção.
Certamente, ambos!

O que sei é que à medida que entendo melhor o mundo, a emoção adapta-se muito melhor às contingências que a vida vai impondo, e a minha convicção é o que me sustenta o equilíbrio onde a depressão tem pouco ou nenhum espaço.

Eu não sou um homem religioso, porém também não sou areligioso no sentido geral que as pessoas normalmente emprestam ao termo.

Eu não acho que a fé deva ser o sustentáculo de nossas atitudes sem o apoio da razão esclarecida.

Onde a razão falha, sobra a convicção cega que é presa fácil da demagogia e da manipulação ideológica.

Hoje, eu posso olhar para esse homem, Putin!, não como um líder da Rússia, já que líderes não reprimem seu povo nem tão pouco o mantém sob a ignorância da propaganda política como única fonte de informação, mas como um homem lutando por uma convicção equivocada.

Coitados dos russos.
Se ligam a TV, o que escutam é notícia filtrada pelo Kremlin de modo a conduzí-los à lavagem cerebral através da desinformação. Apenas aqueles que conseguem vencer a barreira da comunicação obtêm notícias do ocidente de modo a poder analisar melhor a situação de seu país.

O povo russo é refém do ditador que elegeram sem que o soubessem.

O mesmo pode acontecer com o Brasil pelas mãos dos candidatos extremistas.

E com a tranquilidade que os anos me proveram, eu olho para Putin sem qualquer sentimento que não seja de respeito pela queda a que todos estamos submetidos: a luta por nossas convicções até que se provem equivocadas.

Putin é um "Russo" com letra maiúscula, lutando por aquilo que entende como sendo a luta pela identidade do povo russo, da recuperação do poder de uma malograda União Soviética que marcou a alma dos seus nacionalistas extremistas.

Até o amor tem suas contraindicações.
Em excesso, perde a mão e se mete pelos descaminhos da paixão.

Putin é isso: um nacionalista apaixonado, crente que a sua missão é devolver à Rússia o patrimônio perdido.

O caminho de Putin é sem volta.
Retrocesso é a sua decadência total.

Como havia dito em post anterior, quem imagina que Putin esteja blefando, vai se decepcionar.

Qual o lado positivo que podemos aproveitar de um processo tão doloroso, cujo preço mal começamos a pagar?

Diz o ditado que Deus escreve certo por linhas tortas.
Ou seja, Deus aproveita nossos descaminhos na recondução de nossas condutas.

Os atos de Putin eclodem num momento global onde ideologias extremistas polarizaram a atenção popular.

Isto significa que o povo está extremista.
Razão do extremismo?
A resposta infelizmente não é curta, porque é uma colcha de retalhos, ou seja, muitos motivos diferentes resultantes num efeito comum: descontentamento.

Já começamos a sentir os efeitos no "bolso" dessa crise mundial que clama por uma definição ideológica, onde a luta pelos extremos "parece a solução".

Nazismo, nunca morreu!
Fascismo, nunca morreu!
Escravatura, nunca morreu!

Enfim, as mazelas do desespero humano através de uma solução radical sempre persistiram na alma humana através de gerações.

Ela nasce do extremo desejo que um indivíduo nutre por um "desejo-ideal", onde não há preço estipulado a se pagar pela sua conquista.

Putin é uma ferramenta da vida, originada por ela mesma, que conduzirá o extremismo à sua redefinição.

A guerra na Ucrânia apenas começou.
Perdurará por um bom tempo, mesmo que por um milagre os combates fossem suspensos.
No entanto, o problema permaneceria em solução.

EUA que abraçaram Trump com força, aproximadamente 43% da opinião popular.
Venezuela tomada por Maduro.
Myanmar tomado pelo general Min Aung Hlaing.
França optando em mais de 40% por Le Pen, uma candidata de extrema direita.
Alemanha sob a influência de líderes conectados à causa russa.
Espanha que navegou pelo despotismo e conta com a democracia restaurada recentemente.
Brasil disputando preliminarmente duas extremidades já testadas e com passado nada recomendável: Lula e Bolsonaro.

Bolsonaro apresentando uma tendência declarada ao golpe militar e Lula cuja indicação (Dilma) não evitou utilizar as cores vermelhas no planalto, mesmo sob a desculpa de comemorar-se outra coisa.
Nossas cores são: verde, amarelo, azul e branco, se é que ela (Dilma) ainda não sabe disso!

Duas facções cujos destinos não parecem muito democratas!

E por aí vai...
E o povo na sua ingenuidade e desconhecimento também vai...


Tudo isso é bom apesar da negritude do horizonte!

O mundo precisa amadurecer.
O extremismo precisa ser varrido da esperança humana como solução social.


Putin é apenas um estopim de um processo acumulado ao longo da história humana e que assume proporções mundiais porque a tecnologia nos uniu em tempo real através de todas as regiões do planeta.

Esse fenômeno já era esperado quando a Internet começou a prover tal integração.

AI (Inteligência Artificial) virá multiplicando o "modus operandi" cujas consequências poderemos reconhecer através dos resultados de suas consequências.
A alma humana multiplicada pelos bits da própria inexperiência, espelhando-se no processo de autoconhecimento. 

Este processo ira produzir uma aceleração do amadurecimento planetário através do estímulo de massa que, aliado à guerra que obriga à escolha de um lado, e portanto à definição de seu carácter, irá imprimir pelas consequências da própria escolha o caminho do aprendizado que precisamos percorrer como nações.

É uma oportunidade de aprendizado fantástica provida por uma força maior que sustenta a vida desde os primórdios quando nem mesmo sabíamos que seríamos descendentes de "homo sapiens".

A coragem, a pré-disposição em aprender e o desejo de acertar são os nossos únicos aliados na sustentação do equilíbrio durante a nova fase de aprendizado que iremos vivenciar coletivamente.


Democracia Sem Meritocracia Adoece

 



Este post estende uma análise sob a perspectiva de senso comum, dando continuidade ao post anterior neste link: "Repensando a Democracia (Raciocina Comigo...)", onde o conceito de "Igualdade Democrática" é revisado, apresentando a distorção de um entendimento amplamente adotado mas inadequado à manutenção saudável da Democracia.



Consertar a Democracia é relativamente simples.
Destruí-la, também!

Agora concertar a Democracia no sentido de harmonizá-la com os vários entendimentos é o grande desafio.

Grandes desafios têm solução desde que se encontre uma estratégia de lidar com a questão complexa em segmentos menores, cuja solução final provê a interação deles.

Se eliminarmos da análise apenas um princípio — corrupção, teremos um bom início de solução.

Por que desconsiderar justamente a corrupção, um ponto tido hoje como central?

Porque a corrupção é falta de comprometimento.
Ou seja, corrupção é qualquer ato contrário às regras pré-estabelecidas, sejam elas morais, econômicas, sociais, religiosas, etc. Dessa forma,  considerar a "corrupção" seria uma decorrência óbvia do não cumprimento do esperado. Oras! Qualquer ação cujo objetivo não conta com o comprometimento dos envolvidos é fadada ao fracasso como consequência natural. O ponto vital é o que está por trás dela, ou seja, o que alimenta a corrupção, já que ela é a causa genérica.


Podemos começar por dois princípios fundamentais que barram o desempenho da Democracia:

- Ego
e
- Meritocracia


Ego encandecido destrói tudo! 
Empresas, famílias, ambientes de trabalho, amizades, e tudo o mais que você puder elencar aqui.


Nós ficamos cegos pelo medo, pela ambição e pelo orgulho e nossas ações perdem coerência com o objetivo principal.
É uma espécie de autosuicídio social e econômico que "adoramos" praticar diariamente, em pequenas ações ou em grandes. As pequenas até que passam batidas, mas as grandes nos colocam no buraco.

Ego é fruto do medo.
Medo de perdermos o respeito, a dignidade e o apreço que julgamos necessários à nossa sobrevivência psicológica — o valor que precisamos construir sobre nós mesmos face à percepção de que somos apenas um mero "ponto" na vastidão do contexto externo. Essa percepção alimenta o medo que atiça o instinto de sobrevivência e se externaliza inconscientemente na idolatria de nós mesmos.

A ambição conduz ao egocentrismo diante de uma necessidade pessoal insaciável que se torna insensível à necessidade alheia.

A humildade nasce da aceitação incondicional da superioridade de tudo o mais que nos cerca sem que o medo faça parte desse sentimento, portanto sem competir com o nosso senso de existência, seu propósito e o sentido de segurança de que necessitamos.

Humildade necessita de coragem, muita coragem, e uma convicção plena de que a única ameaça real vem daquela que justamente o ego insufla.

Seria talvez, a mais difícil conquista que desafia a nossa persistência já que a humildade é uma das últimas qualidades que construímos porque parece colidir com o nosso instinto de autopreservação.


Uma sociedade com leis que incentivassem seus cidadãos a controlar seu ego, certamente obteria uma divisão de trabalho mais harmoniosa, pois esta é um dos alicerces da democracia.

É bom frisar o termo utilizado: "incentivo".
A luta contra o medo e a sensação de ameaça ao ego não pode ser imposta, justamente porque alimentaria o efeito que se procura reduzir — imposições açulam o ego.


A segundo ponto é a "meritocracia".

Esse é um assunto também muito difícil porque todos nós naturalmente entendemos que é preciso "merecer a recompensa", mas na prática ignoramos isso em diversas circunstâncias.

Um exemplo muito comum vem da distorção de critério quando estamos muito envolvidos emocionalmente. A título de ilustração vamos lembrar de um exemplo clássico: "os pais".
A relação pais vs. filhos é algo único. Pais decididamente têm o critério de análise muito influenciado pela emotividade. Embora natural, pode prejudicar o "juízo" de análise.

Casos assim, onde há muito envolvimento emocional, colocam a "meritocracia" no fundo do poço, porque para analisar mérito dependemos do senso de "justiça" e da equidade emocional que conduz à imparcialidade.

Mais uma vez, observe o termo utilizado — foi dito "equidade emocional" e não "distanciamento emocional". No segundo, corremos o risco de cairmos na indiferença que alimenta a insensibilidade aos problemas que não sejam os próprios, o que também gera distorção de julgamento.
Na "equidade emocional" conseguimos manter o equilíbrio das emoções às partes envolvidas de forma equilibrada, harmoniosa.

A emoção é algo fundamental ao comportamento humano e quando inexistente transforma a alma humana descaracterizando-a, e portanto inábil para julgamentos com humanidade.


A "emoção" é um dom único,  exclusivo da vida e que lhe sustenta o sentido, portanto vital desde que equilibrada.

Finalmente chegamos no "cerne do problema".

A maioria das ocorrências que populam as manchetes dos nossos jornais vêm justamente desta temática — a parcialidade no julgamento.

Censo de justiça é algo que varia de um extremo a outro.

Se uma sociedade justa é construída sobre a contrapartida do mérito devido, sem um senso de justiça comum também não há leis comuns que possam estabelecer um critério de mérito aceito pela maioria e através disso formar a base que sustenta a ordem.

Suponha um país com 60% de criminosos.
Logo, a maioria da população achará justo que os mais espertos tirem vantagem dos menos espertos na forma que puderem.
É a lei do mais forte, típica prevalecente das sociedades atrasadas.

Hoje, as nações no mundo começam a construir um senso comum onde a superioridade de armas não pode ser argumento de conquista. A recente ação de Putin vai agilizando e fortalecendo esta construção. É um dos efeitos positivos de algo que está sendo construído por um preço doloroso.


Se olharmos para o passado até o presente, fica fácil entender as sociedades cuja ordem social era estabelecida pela disputa em arena, ou através de guerras, algo que ainda faz parte do presente de uma sociedade cujo avanço tecnológico começa a vasculhar o Universo em busca de contatos interplanetários — com o nosso comportamento atual, o resultado final ficaria bem aquém das esperanças dos ideólogos e cientistas defensores dessa "confraternização extraterrestre"...

(Sinceramente desejo que ainda leve um bom tempo para que se logre sucesso pelo nosso bem e pelo bem deles.)  :-))  

Como é possível estabelecer uma democracia fortemente contaminada pelo conceito de vitória disputada pela força quando o senso de direito vem da justiça pelo mérito?

Não faz sentido algum — é contraditório uma vez que a força é uma estratégia antidemocrata, arma da ditadura, autocracia, monocracia, etc.


A democracia desse país fictício seria um apanágio para o crime organizado que assumiria o poder e o manteria como um rótulo de um vinho nobre aplicado sobre uma garrafa de vinagre.
O "Povo" compra pelo rótulo.

Se a população desse país fictício estiver ciente da situação e se mantiver condescendente, então ela faz parte desse processo, é conivente à mentalidade de seus líderes.

Na maioria dos casos, a crítica existe enquanto o cidadão não tem a chance de abocanhar uma fatia do bolo de impunidades. Repare isso nos jornais. A oposição reclama, ganha a importância dos holofotes jornalísticos e depois, mais valorizada, repentinamente, sob o mistério do silencio, ganha a "graça do esquecimento oportuno". No jargão da política isso recebe o nome de negociação. No meu recebe outro...


Não existe governo corrupto para sociedade "honesta" onde os ânimos estejam aplacados como solução de longo prazo.

A Democracia adoece quando seu povo adoece primeiro.


Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção


abril 28, 2022

Repensando a Democracia

 


Repensando a democracia que se acredita democrata!


Pensa nessa frase:

Nada mais desigual que tratamentos iguais para pessoas diferentes.

Esta frase induz que se você trabalhou, merece receber pelo trabalho.
Se você não trabalhou, também merece?

Se você se esforçou e logrou sucesso, merece a recompensa.
Se vc não se esforçou e nem logrou sucesso, também?

Se você é formado em medicina pode ser médico.
Se você é formado em engenharia pode ser engenheiro.
Se você é mulher pode engravidar e ser mãe.

Se você não é médico, nem engenheiro e nem mulher grávida, também pode ser ou médico, ou engenheiro ou mãe?


Agora analisa a frase aceita como uma "verdade democrática":

Todos os cidadãos têm os mesmos direitos.
Todos podem votar para tudo.


A frase soaria como um sofisma "demagógico"?

Por que?

Conversando com um cidadão, comentei:
Estamos às portas de uma ditadura... Correndo no fio da navalha...

A pessoa quieta.
Então perguntei:
Você sabe o que é uma ditadura?
Ela respondeu — Não!

Então, agora, eu torno a perguntar para você:

Como o voto para qualquer cargo pode ser concedido a qualquer pessoa mesmo que ela não faça a menor ideia em que esteja realmente votando?

Fala sério!
Democracia assim é uma piada de péssimo gosto.
Retifico: uma piada ao gosto daqueles que usam o povo como quem usa uma ferramenta para se dar bem!

Não faria mais sentido que as pessoas votassem dentro da estratosfera de sua compreensão para que o voto se tornasse realmente autêntico e efetivo?


Veja também:
Democracia e Voto Útil - Prós e Contras








abril 24, 2022

O Avanço Mundial da Tendência à Ditatura. Por quê?

 



Este post encerra uma série de outros dedicados ao entendimento da relação social, sua história e consequências através de seus frutos políticos como meios de minimizar as distorções da alma humana. Não existe solução perfeita para execuções imperfeitas. O problema maior reside em nossas mazelas comportamentais, no entanto, entendê-las como interagem e as consequências que causam, ajuda-nos a decidir e também a equilibrar nossas emoções no esforço de colaborar da melhor forma possível com o processo da vida.


À medida que cresce o caos na ordem de um sistema social, também cresce a disputa de poder que busca substituir o corrente que está em crise.

Essa disputa de poder tem regras semelhantes às regras de confrontos bélicos, mesmo que predomine o confronto verbal. Os embates aquecem o clima psicológico e o extremismo vai apadrinhando e justificando as reações na criação de estratégias do "vale tudo".

Neste ponto de superaquecimento de ânimos, fundem-se os ideais iniciais que os seus participantes pudessem ter, derretendo-se premissas, promessas, coerência de atitudes e etc. no amalgama da ambição a todo custo.

É justamente a disputa de poder exacerbada que estabelece o caminho para o despotismo, a ditadura, onde o vitorioso deseja sobrepujar. E este para manter-se no poder precisa da monocracia, já que dificilmente o vencedor deseja repartir a sua vitória e seu poder pelo medo de perdê-los.

Conquistadores são movidos por ambição e medo, nesta ordem, e suas ações podem ser constantemente avaliadas como frutos destes sentimentos.

É por isso que sistemas de governo democráticos, procurando evitar monocracias, fracionam o poder  para que as partes conjuntamente possam estabelecer o comando harmonioso, ao menos em teoria. Seria como um cofre que se abre apenas com todas as chaves presentes, concomitantemente.

Se esses poderes entram em conflito, é natural que abra vantagem para aqueles que tenham a oportunidade de submetê-los — os candidatos a ditadores.  Não sendo possível submeter, o conquistador buscará destruir.

Mianmar é um exemplo recente, resultando no golpe do exército que assumiu o governo civil, já que na prática, as forças militares são a organização dentro de uma nação que realmente detém o poder quando se trata de exercitá-lo pela força bruta.

Qualquer sistema de governo depende de forças militares para sustentar sua independência.
Ao mesmo tempo que a protege também pode subvertê-la.

As forças militares normalmente são divididas em terrestres, aéreas e navais.
Se as terrestres prevalecerem sobre as demais, como acontece na maioria dos casos, elas deterão o poder de decisão final sobre as outras. Dificilmente elas lutam entre si, porque o líder que busca o golpe trabalha antecipadamente para arregimentá-las, do contrário arrisca a própria cabeça.

Um antídoto às ditaduras é o não reconhecimento pelas outras nações de um regime tomado pela força das armas, que através de embargos tentarão inviabilizar a sua manutenção. 

O problema torna-se mais dramático à medida que o número de nações com governos ditatoriais vai crescendo, e portanto, o embargo torna-se cada vez menos efetivo pois menor é o isolamento, já que governos similares certamente apoiarão o golpe que conduziu àquela monocracia (ditadura, estadismo, autocracia, etc.) viabilizando economicamente a sua sustentação independente daquelas que embargam.

Ainda temos os interesses econômicos. A título de exemplo temos a Venezuela que sofreu embargos no governo de Maduro, porém, atualmente estes embargos estão sendo revisados em função das necessidades trazidas pela guerra na Ucrânia.

E assim tais ditaduras vão sobrevivendo.

Essa é uma das razões que países imbuídos no afã de preservar sua democracia, buscam lutar contra o crescimento das ditaduras e do terrorismo, e vice-e-versa.

O terrorismo é uma estratégia de guerra onde não havendo possibilidade de superioridade numérica para confrontação direta, utiliza meios para desestabilizar o poder corrente de um país de forma a fomentar a disputa interna para fragmentar a sua estabilidade.


Por que evitamos falar abertamente sobre essas coisas tanto na media como nas escolas?

Quando não é a restrição de ordem política, a maioria das vezes é a conveniência do agradável que favorece o status quo do sistema.

Quanto menor a consciência de estratégias de poder, mais facilmente esse povo é submetido.
O seu conhecimento permite a autodefesa mas também desperta o potencial daqueles que podem criar uma oportunidade de contestação do sistema vigente.

É uma faca de dois gumes. Corta para os dois lados.
Aqueles que estão no poder automaticamente não têm interesse em afiá-la.

A inteligência e o conhecimento dão asas e poder.
Isto não ajuda em nada quando se procura concentrá-lo na mão de poucos porque ditadores precisam de sustentação. Aqueles que os sustentam, abocanham uma parte privilegiada das vantagens. A sagacidade do ditador está na escolha daqueles a quem ele favorece especialmente.

Educação e escolas nunca foram amigas dos ditadores, exceto quando se tornam instrumentos do seu poder.

Se a educação liberal cria defensores, de outro lado também fomenta opositores.
Infelizmente, estes últimos dedicam-se muito mais ao estudo dos meandros do poder porque são impulsionados por sua ambição que se torna a sua razão de viver, o que raramente acontece com aqueles que estejam confortáveis com as suas conveniências pessoais.

À medida que a polarização aumenta, também recrudescem os conflitos, que por sua vez favorecem as ditaduras pelo surgimento da competição entre facções.

Esse processo é fruto de uma mudança social mundial, a exemplo do que ocorre recentemente nos EUA, França e Brasil.

A degradação social, por qualquer meio, é como a água que busca apagar o óleo que incandesceu.
Ao invés de combater, alimenta a combustão.

Ditadura é o destino de toda sociedade em degradação social e nas democracias começa pelas rivalidades entre os poderes.


Países que precisam justificar suas ditaduras certamente trabalham no sentido oposto daqueles que desejam manter suas democracias.
Ambos sentem-se ameaçados pela existência recíproca.
Os países sob ditaduras vêm a democracia com incentivo ao mau exemplo e antipropaganda que desgastam o governo autocrático.

As democracias vêm as ditaduras como sementes que se alastram buscando enfraquecê-las.

Essas diferenças na forma de constituição de uma nação alimentam uma guerra eterna que justifica a eterna ebulição do planeta Terra e que troca seis por meia-dúzia, alternando apenas a satisfação dos egos inflamados daqueles que se nutrem de poder como se dependessem do ar que respiram, enquanto as suas ações amparadas pela decadência social conduzem à extinção da vida abandonada pelos recursos que lhes foram roubados por esta interminável disputa sem sentido, que senão a alternância de poderes.

Todo déspota acredita que a sua gestão fará a diferença histórica que conduzirá a humanidade a uma sociedade mais perfeita, pródiga. Hitler é um exemplo clássico. O EI (Estado Islâmico) é outro, porém sob o manto da justificativa religiosa, quando religião deveria ser sinônimo de harmonia e não de pretexto para as guerras, assim como os ocidentais também fizeram com as Cruzadas.

Quando a sociedade retrocede socialmente, ressurgem os ímpetos para regimes monocráticos e ditatoriais. No sentido inverso, quando a sociedade melhora seu padrão social, aparece oportunidade para a distribuição de poder e o convívio mais harmonioso entre eles.

Distribuição é o resultado da capacidade social de trabalho dividido para alcançar objetivos comuns.
Concentração (centralização) é fruto dessa incapacidade sob as trevas do egocentrismo incentivando a escravidão como meio de produção.


A realidade é que a vida humana vai aos tropeços suportando sua própria inadaptação à construção de si mesma. É justamente esta dificuldade que define os estágios primitivos da alma na sua luta em absorver o sentido da vida.

Vida é sinônimo de criação e produção e não de morte e destruição.

O caminho de evolução da alma humana faz recordar uma frase de Thomas Hardy:

Poetry is emotion put into measure. The emotion must come by nature, but the measure can be acquired by art.

Poesia é emoção colocada em medida. A emoção deve vir por natureza, mas a medida pode ser adquirida pela arte.

Thomas Hardy (1840-1928)


A alma humana evolui enquanto aprende a medir a emoção pela métrica da razão adquirida na arte de viver. A razão forma-se pelo aprendizado acumulado através das experiências gravadas pelo sofrimento ou não, mas principalmente através dele. Concomitantemente, a emoção vai se tornando o fluxo da vida sob a razão domada.

Posteriormente, em estágios mais avançados, depois que a alma atravessa a escuridão do egocentrismo, seus passos seguem a luz da emoção e da razão sincronizadas pelo amor.


Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção


abril 21, 2022

Até Onde Vai o Direito da Democracia Defender-se?

 



Para os que acompanharam os posts anteriores, onde as formas de governo foram analisadas por vários ângulos, incluindo as suas transformações como uma consequência da transformação social, neste post propõe-se uma busca pelo próprio leitor pela revisão de seus pontos de vistas. Algo pessoal que precisa estar consolidado antecipadamente para que não se fique à deriva na tempestade de tendências e decisões a que estamos submetidos.


Hoje, na primeira página do Jornal "Estadão" li esta pérola!
E das grandes!!!  

Mesmo que você não assine o Jornal, ao menos hoje poderá acessar a notícia na primeira página.
(clique na foto abaixo).




Supondo que a notícia seja fiel aos fatos, vamos aproveitar a oportunidade para avaliar um assunto que se transformou em manchete mundial, presente no cotidiano das primeiras páginas dos jornais e que vai trazendo consequências drásticas à paz mundial e à sua economia e por conseguinte ao nosso modo de viver.


A "democracia pura" é suicida porque permite que o "seu inimigo" a mate em nome da liberdade que ela defende a qualquer preço.
Lindo conceito. Os puristas amam.

Popularmente, entende-se democracia como liberdade de expressão, tanto pelos jornais brasileiros como americanos e etc. O STF com essa decisão,  parece querer proteger algo que também parece ter começado a  ser extinto em nosso país, como em outros, já que a Internet acelerou este processo de avaliação da conduta social.

Este post é apartidário e não defende políticos nem seus funcionário públicos, já que ministros também o são.

Portanto, aqui não se faz a defesa de "Daniel Silveira", contudo, a decisão do STF parece algo como "enxugar água", ou cuidar de algo terminando com ele — visto pelo prisma da democracia purista.


Se entendermos que a democracia precisa de proteção, decisões de prender oposição nos tornam semelhantes àquilo que queremos evitar, tal como acontece na Rússia, China, Belarus, Coréia do Norte, Mianmar, Venezuela, etc., etc., etc.

Penas severas por expressão de opinião não ocorrem apenas na "democracia" brasileira.
EUA, a grande nação defensora da democracia, também têm seus problemas e citando o exemplo mais popular do momento, temos Elon Musk buscando comprar o Twitter  para garantir total expressão de liberdade.

Elon Musk parece um democrata purista, ou não?
Interesse e jogada econômica? Ou de fato a defesa da liberdade total de expressão?!!!
Só na prática saberíamos...


Seria o purismo factível?
Pode um direito buscar defender-se de algo que já tirou?

Não sei, mas parece meio estranho...
Contraditório?

Se pensarmos em uma democracia de meio termo que não seja suicida, mas que busque defender-se, seria necessário um senso de equilíbrio que o modismo atual pelo extremismo não tem.

Democracia que prende a liberdade de expressão?
Como regular essa liberdade?

Talvez esteja na hora de criar um novo "regime de governo" com nova denominação.
Semidemocracia, Liberalismo Contido?
Sei lá. Deixo para os sociólogos.

O fato é que Putin virou moda no mundo!!

Sucedendo à pandemia do Covid-19, temos agora a pandemia Putin-22.


Podemos resumir as mazela mundiais numa simples frase:

Extremismo: onde sobra a emoção falta a inteligência e o respeito.

E você, o que defende?
Prisão seria excesso?
Sem prisão, quais os limites de contenção até onde não se tornem contraditórios aos objetivos que pretende defender?

A minha opinião, contudo, é muito simples.
Tudo reside na qualidade social do planeta.
Os excessos de uma parte evocam os excessos da contraparte.

Enquanto isso... continuaremos na gangorra dos ajustes que desajustam exigindo novos ajustes, sustentando a oscilação desse círculo vicioso que compromete o equilíbrio e aumenta a confusão.


Qualquer regime funcionaria bem com boa qualidade social.
Dessa forma, a solução maior não está na política e seus regimes, mas no amadurecimento do ser humano como humanidade, nos dois sentidos que a palavra evoca.

Tudo o mais é evolução — um processo lento em que a melhoria da vida é o prêmio.

Esta é uma questão que a evolução vai encontrar a resposta no senso comum daqueles que viverem.


abril 19, 2022

A Democracia em Cheque no Tabuleiro Político da Globalização E Alguns Desfechos Possíveis

 




A maioria do eventos humanos tem dois lados: o bom e o ruim de acordo com o ponto de vista do observador.

Apesar dos vários interesses em jogo na guerra entre Ucrânia e Rússia, vamos abordar aquele que é mais divulgado: a luta pelo direito de um povo decidir seu próprio destino, ou seja, o que está em jogo é o direito de escolha.

Esse princípio é basicamente o modelo político que sustenta o conceito de "democracia".

O direito de escolha (democracia) está sob ameaça não apenas na Ucrânia, mas no mundo.
É um modelo de governo que está na corda bamba do panorama futuro do cenário político mundial.


Por que a democracia adoeceu?


A história da humanidade sempre foi a luta pela disputa de interesses.
Uma das formas de amenizar esse processo foi delegar para outra entidade o arbítrio da disputa. Nos regimes democráticos delega-se ao povo o direito de escolha do viés político assim como se delega a um juiz o julgamento de um conflito.

Dessa forma, a democracia é extremamente dependente do imaginário social popular cuja maioria detém o poder.

Suponha que tenhamos um país onde a maioria da população é dedicada ao trabalho e se concentra em produzir. Em determinado momento é atacada por outra que não é afeita à produção, mas à exploração de terceiros, como era o modelo econômico de Roma à época dos imperadores. Eles eram especialistas na arte da guerra e através dela dominavam povos em desvantagem. Mediante a pilhagem e a cobrança de impostos mantinham o luxo de sua capital e sustentavam o seu povo.

Certamente um povo que foi subjugado passará a ter uma visão diferente daquela que vinha tendo diante da perda da liberdade e da exploração a que foram submetidos. Só um povo que já perdeu a liberdade pode entender o sacrifício de mantê-la, a exemplo do povo judeu.


Agora imagine uma outra sociedade onde a criminalização é crescente.
Esse processo vai gradativamente reformulando os padrões de conduta social e econômica.
Atingindo a maioria da população, certamente os cargos chaves de comando daquela sociedade irão sendo substituídos por pessoas dessa maioria, incluindo suas leis e meios que lhes sustentem o poder à força de coerção pela propaganda ou pela injunção da dependência econômica e da pobreza.

O crime depende de apoio legal para sobreviver já que a base econômica das suas atividades está no poder imposto, não consentido, e portanto é escravocrata por natureza pois que nada adiantaria tal poder se não for possível submetê-lo a outros. Afinal, o homem mais poderoso do mundo, se isolado, tem tanto poder quanto um lavrador nas mesmas condições cujo trabalho vira a própria subsistência.

O crime se legaliza à medida que vai reformulando leis e desconstruindo a cultura de um povo para atender seus objetivos. Tudo o mais se resume na disputa entre os próprios poderosos, enquanto os demais terão utilidade à medida que atenderem aos seus propósitos.

Amor???
Respeito???

O crime floresce justamente por se opor a esses conceitos, idolatrando a ambição, egoísmo, a insensibilidade e a violência como modus operandi e filosofia de vida.

Então, o que prevalece é a monetização do trabalho serviçal alheio onde o fim em si mesmo resume-se apenas em construção de poder para garanti-lo apto à disputa com os outros candidatos a essas lideranças.

Com base nesse raciocínio sociológico, econômico e político podemos agora observar alguns dos prováveis cenários emergentes do conflito na Ucrânia, que foi apenas o estopim de uma bomba que vem sendo construída desde o período anterior à segunda grande guerra mundial, que terminou na sua expressão bélica mas perdura até hoje através de ideologias.


CENÁRIO PESSIMISTA - O ENFRAQUECIMENTO DA OTAN

O aparente "rejuvenescimento" da OTAN é mais uma esperança que uma sólida aliança.

A UE (União Europeia) é uma colcha de retalhos costurada à força de uma necessidade comum e várias conflitantes.

A Alemanha retarda sua ajuda à Ucrânia, também evitando o envio de armas pesadas, tendo uma participação bem menor que países como a Letônia que tem contribuído muito mais com a causa da Ucrânia, apesar do seu potencial econômico menor que o da Alemanha. Tal conduta da Alemanha é bastante sugestiva.

Na França temos Le Pen (extrema direita que prefere a aproximação com Moscou ao invés do embate), e competindo com ela nesta eleição de 2022, temos Macron cuja política é oposta.

Se Le Pen sair vitoriosa das eleições francesas, somando com a Alemanha que vem manobrando uma política à semelhança de Pequim pelas mãos de Xi Jinping, vai reconduzir os destinos da UE para outra direção cujos ventos favorecerão Putin, pois ambos os países são pesos pesados dessa frágil união.

A Espanha que já foi a última a se manifestar e cuja tendência não se distancia muito da Alemanha e da França, poderá provavelmente também mudar a orientação diante da mudança desses dois países,  fragilizando a perspectiva de vitória do bloco, que pode apressar o efeito cascata sobre outros que adotarão a estratégia de minimização de perdas juntando-se àqueles que venham a ter mais chances de sucesso.

Aos demais restará contemporizar para não terminar da mesma forma que a Ucrânia.

França e Alemanha podem ser peças valiosas, se não vitais, para o sucesso de Putin.

A Inglaterra por sua vez ficará em posição de extrema desvantagem.

O EUA diante de uma OTAN esfacelada, poderão contar com o provável apoio da Inglaterra, do Canadá e da Austrália, este último também em posição de desvantagem dada à localização geográfica e à falta de investimento militar que o momento está requerendo.

O bloco de oposição à supremacia oriental acabaria muito enfraquecido.

Dentro deste cenário, teríamos uma Europa sob a influência da Russa e da China, invertendo-se o cenário anterior cuja influência era americana. remodelando a forma de governo na Europa.

Este é justamente um dos objetivos de Putin, o enfraquecimento da OTAN e da nação rival americana desde os tempos da guerra fria, que por sua vez atende aos interesses da China que soube tirar vantagem dos EUA oferecendo mão de obra e condições mais favoráveis às suas indústrias — uma guerra fria executada com outra estratégia tirando vantagem de um sentimento muito forte no ser humano: a ambição de mais lucro a qualquer preço.

Enquanto a União Soviética falia como bloco, a China construía seu futuro.
O desejo de Putin é reconstruir esse passado, porém reescrevendo a história com poder suficiente para angariar o apoio chinês sem terminar súdito pela relatividade de forças.

O partido Democrático estadunidense, através de Joe Biden, já trabalha na correção desses erros do passado e será preciso que a consolidação do sucesso dessa política renove a mentalidade americana contribuindo para atenuar as suas discrepâncias que enfraquecem o país como nação.

O Brasil e outros países da América que caminham para as ditaduras (ou Estadismo) pelas mãos do extremismo, ou aqueles que já caminharam, ficariam numa posição relativamente confortável politicamente, mas o povo precisaria se adaptar às consequências da nova realidade que decorreria do apoio e do "modismo" ditatorial mundial.

No Brasil, a reformulação trabalhista é um dos processos que poderá ser convertido para atender tais objetivos de concentração de poder.

Não improvável, que qualquer partido extremista que venha ganhar as eleições, diante de um Congresso rebelde e face a um cenário mundial favorável ao despotismo, acabe solucionando o problema de governabilidade da forma que já conhecemos, e como já temos experiência anterior, o que dispensa comentário.


CENÁRIO OTIMISTA


A interrupção do ataque comprometeria a estabilidade da política russa atual e a sua imagem perante o mundo, o que abriria oportunidades para o fortalecimento interno dos opositores de Putin, embora seja uma hipótese frágil diante da determinação de Putin, do apoio interno que recebe e da superioridade numérica das suas forças militares.

Um eventual fracasso de Putin na Ucrânia , também abriria caminho para a exacerbação dos ânimos contemplando recursos nucleares de efeitos menores, o que recai no cenário pessimista.

Se a OTAN ressurgir das cinzas com toda a força, já que o próprio Macron antes era favorável de substituí-la por um tratado "mais europeu", os ventos da democracia ocidental voltariam a alimentar as velas das naus políticas e econômicas de oposição às tendências ditatoriais do oriente, contendo-o.

O EUA saem fortalecidos e a política brasileira torna-se mais contida quanto às suas tendências centralizadoras.

O extremismo de Trump simpático a Putin seria reavaliado pelo partido Republicano gerando oportunidade para uma nova liderança que precisaria endossar o crescimento interno a exemplo do que o partido Democrático já faz. Esta circunstância poderá contribuir para redução das consequências de um país fortemente dividido, polarizado. Americanos têm um senso prático extremo e poderão resgatar sua força com um país mais unido.


ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO

Na mão dos Democratas, o EUA voltam à sua lição de casa quando resolveram abandonar a produção interna em busca da mão de obra farta e barata do oriente, reaquecendo sua economia interna em direção à sua reconstrução e fortalecimento, a exemplo da China.

O mundo entendeu que a interdependência econômica não é suficiente para conter guerras, como muitos políticos de liderança acreditaram para formular suas estratégias nacionais e internacionais, que agora foram pegas desprevenidas e se provaram equivocadas.

O mundo buscará mais coesão de alianças e de recursos, passando a intensificar a concentração em blocos. Teremos um remanejamento do modelo de globalização e um retrocesso, algo semelhante a uma feudalização desse processo mundial.

O remanejamento de recursos causará uma lacuna temporária agredindo as economias e consequentemente o equilíbrio de suas moedas. A inflação retornará, impulsionada pela especulação e pela demanda de esforços no redirecionamento dos novos recursos que cobrarão o ônus da insensatez mundial. Posteriormente a esta fase de adaptação, os novos recursos proverão o suporte necessário contribuindo para reequilibrar o quadro mundial.

O INESPERADO

Sabemos que a história conta com muitos exemplos em que acontecimentos inesperados acabem por mudar o rumo dos destinos da humanidade.
E contando com o otimismo, ficamos na torcida por algo assim, que possa atenuar a nossa insanidade.

LIÇÃO QUE A UCRÂNIA DEIXA INDEPENDENTE DE RESULTADO

A força da determinação de um povo que compreendeu a importância da liberdade.


abril 16, 2022

Sinais de Alerta... Hora de Reagir Dizendo Não!




Através de uma pequena retrospectiva, um mini resumo de 1985 até 2022 apresentado uma sucessão de eventos, vamos alavancar no passado a contextualização do presente, porque o hoje é consequência do ontem.

É relembrando ou conhecendo os fatos que tomamos decisões mais racionais, pois diante do esquecimento ou do desconhecimento, tanto a emoção quanto o impulso assumem a direção dos nossos atos. Não deveriam, já que a razão e a calma são a base do equilíbrio e da melhor escolha, dependendo esta da lembrança ou do aprendizado que nem sempre estão vivos em nosso pensamento. Afinal, são tantas coisas num mundo atolado de informação, que dificilmente temos cabeça e tempo para tudo, mas que em épocas eletivas, relembrar ou conhecer é útil e necessário.

É do esquecimento ou do desconhecimento que os políticos tiram vantagem.

 Diz o ditado:
"O povo tem memória curta".


Iniciamos com Tancredo até o primeiro mandato de Lula, período já descrito no link a seguir, através de um post anterior. 

Um Resumo Para Entender o Brasil das “Eleições 2018” de Uma Forma Simples e Seu Possível Futuro...

Àquela época este post e subsequentes já antecipavam a polarização pelo extremismo.


Agora passamos para 2011, quando Lula permaneceu por dois mandatos e entregou o bastão para a Dilma Rousseff, que também, assim como Lula, conseguiu reeleger-se.

O PT vai perdurando no poder por quatro mandatos sucessivos, acumulando 13 anos quando em 5 de agosto de 2016 o impeachment interrompe o mandato de Dilma.

Dilma classificou de golpe a aprovação do impeachment e acusou o então vice-presidente, Michel Temer, e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de conspiração.

Fonte: Agência Senado


Michel Temer sucede e exerce o mandato até o fim, encerrando em 2018, apesar da pressão para que renunciasse.

O PT durante tanto tempo no poder — 16 anos, foi gerando uma série de conveniências recíprocas  envolvendo a elite do empresariado nacional, causando distúrbios e escândalos que entre o vai-e-vem dos reveses, nem juízes e nem o próprio STF obtiveram a postura necessária para consolidar a imagem de respeito sobre as correções que se provassem devidas aos eventuais erros perpetrados, de tal forma que pudessem angariar solução de fato, impedindo que ocorrências tais como o caso da Odebrecht e outras construtoras conduzissem a nação pelos novos rumos da seriedade e do combate efetivo à corrupção.

Se de um lado a força tarefa da Lava Jato, que buscava higienizar a política brasileira, acabou percorrendo caminhos que conduziram a envolvimentos emocionais indesejáveis à imparcialidade que a justiça deve prover em seus julgamentos, também de outro lado os erros não são punidos e corrigidos adequadamente, conduzindo o STF para outra atitude igualmente questionável, fazendo uso de provas obtidas em condições discutíveis quanto à sua legalidade, penalizando decisões ulteriores que apenas serviram para desprestigiar ainda mais o cambaleante disvinculamento da jurisprudência das influências do poder político e dos estranhos vieses comportamentais sob a falta de transparência de um processo revertido sem a contrapartida da indenização que seria devida se de fato indevido tivesse sido todo o processo.

Algo como o velho "Deixa pra lá, que o bicho pegou. Encerra, passa a régua e chama o próximo, ou melhor, apaga a luz e deixa quieto pro povo esquecer, porque esse nó não dá pra desatar sem piorar ainda mais as coisas..."

Uma demanda perdida pelos entrelaçados caminhos do direito atabalhoado por interesses, conduz ao acerto de contas em retaliações futuras e sucessivas através de medidas que caracterizam a falta de pudor ético e o jogo da vingança típico das situações onde o desmando é a ordem do dia.


Michel Temer diante da baixíssima popularidade, representava uma esperança que também malogrou.

As decepções e os escândalos de corrupção do PT, sucessivamente, foram somando ao sentimento popular o desespero pela mudança a qualquer custo.
Então o velho ditado prevaleceu: "Quem não tem cão, caça com gato!"

Bolsonaro assume a presidência em 2019, ganhando as eleições pela tremenda vantagem provida pelo impacto emocional que as notícias foram construindo no sentimento do povo, levando a população a optar por um candidato que mesmo que eleito não governaria. O Povo não vê e não quer ver isso, porque o desespero é cego e a falta de opção é o curral eleitoral de uma massa que não sabe dizer não à falta de alternativa.




E diante dessa dificuldade de governança, a exaltação encontra seu quintal favorito onde as concessões da presidência foram se alastrando em busca de apoio em troca de negociações que beneficiaram o Congresso, desequilibrando ainda mais o exercício entre os poderes, o que conduz a mais exaltação e a mais extremismos, culminando em orçamentos secretos e uma sucessão de escândalos e subversões graduais dos padrões de transparência.

Então o jogo do vale tudo para uma reeleição aquece ainda mais o ebuliente caldeirão dos ânimos, face ao ressuscitamento do PT através do arquivamento súbito dos processos de seu líder que lhes renderam meses de encarceramento, não pelas vias judiciais mas pela improvisação de meios extra judiciais que pinçaram a recondução judicial de algo tido como julgado, conduzindo a uma competição eletiva onde ambos os candidatos advogam o extremismo de suas causas deixando o povo sem alternativa aparente e sem confiança no judiciário já que, enquanto os políticos ensaiam uma terceira via, ao mesmo tempo não desejam perder cadeiras uma vez que os ânimos nacionais exacerbados não deixam espaço para a moderação, reduzindo ainda mais as perspectivas de uma opção de centro já sem representatividade suficiente para angariar chances reais de vitória, transformando tal possibilidade em uma ilusão filosófica da media e de parte da população órfã de opção.

O povo termina mais frustrado, desesperado, exaltado e dividido por esses dois períodos sucessivos de naturezas tidas como opostas e capazes de correções e soluções mútuas, mas cujos resultados na prática parecem assemelhar-se,  onde o combate à corrupção e a conservação do poder de cidadania ficam à deriva, virando mero tema de palanque.

É necessário ter muita segurança para não se deixar envolver pelo desespero nessas horas e rejeitar as polarizações, mesmo não refletindo o consenso popular. Requer uma certeza que a maioria não consegue construir. 

Se não há opção, não há pelo que optar.
Neste contexto, o voto nulo ou branco passa a representar um não ao extremismo.

Chega de "Putins", "Xi Jinpings" e "Trumps".


No momento, infelizmente, ao que parece, estamos na mesma situação que os franceses entre Macron e Le Pen.

Resta o consolo que o Brasil não está só e não é o único na contramão da história.
Nestes momentos, mesmo os "países desenvolvidos" igualam-se aos "subdesenvolvidos" na gangorra da história.

Parece mesmo ser um problema mundial em que o extremismo vai nos deixando às portas da terceira guerra mundial, só que desta vez com o risco de confrontação nuclear já no tão agonizante equilíbrio térmico planetário, quando estes mesmos esforços e seus bilhões deveriam ser empregados em prol da restruturação da cadeia de produção que garantisse a reversão desse quadro de extinção da vida em larga escala.

Receberemos o que merecermos e infelizmente a minoria pagará pelo desatino da maioria exaltada.

O resto é coragem e tranquilidade para não acabar fazendo parte da maioria.

A consciência tranquila, ou não, é o único bem que levamos da vida.

Tudo o mais ficará mergulhado nas consequências do que restar, onde as desconstruções de um passado  furioso ficarão dissolvidas na poeira de um solo varrido pelas ventanias superaquecidas — o legado do extremismo do presente que decidiu olvidar o futuro.


Leituras adicionais:

As Democracias em Perigo de Extinção
Democracia e Voto Útil - Prós e Contras


abril 13, 2022

Quando faz Sentido o Diálogo?



Sempre ouvi, desde criança, a seguinte premissa:

"É preciso dialogar porque é conversando que se entende!"

Parecia uma premissa sensata aos ouvidos jovens.

Eu sentia, no entanto, que faltava alguma coisa nesse "ensinamento" martelado em meus ouvidos, mas na dúvida decidi vivê-lo.
Só o tempo veio me sussurrar as respostas cavalgando nas ventanias de meus erros.


Que tal dialogar com Putin sobre paz? 

👀 👀 👀


Talvez, a esperança justificou tantas reuniões para discutir a paz entre Ucrânia e Putin.

Afinal é uma premissa universal e que alimenta quase uma obrigação de uma "verdade" tida como básica, preliminar.
Enfim, dizem que a esperança é a última que morre (ou matam!).

Hoje, depois que os anos passaram, enquanto os fracassos foram somando os aprendizados, eu penso que o diálogo só é efetivo quando ambas as partes fazem uso da palavra sobre o mesmo leito de ética e crença.

Do contrário, é o mesmo que dialogar em idiomas diferentes que são reciprocamente desconhecidos.
Não faz sentido e nem faz pontes de entendimento.

O diálogo tem como pré-requisito a necessidade que haja algo em comum entre as partes.

Por exemplo, quando um casal perde o diálogo é porque seus valores e objetivos já estão tão distantes um do outro, que se abriu uma vala entre ambos que vai engolindo tudo, inclusive o sentido de razão.

Diálogo só faz mesmo sentido se ambos adotam códigos comportamentais e de ética compatíveis, onde haja pontos em comum (as pontes de entendimento) que tecem a costura que mantém o sentido desse diálogo.

As premissas de Putin são exclusivamente dele.
Idem de Zelensky.

Em necessidades diametralmente opostas, diálogo é mero blá, blá, blá.

Serve para ganhar tempo, ou apenas perder.
O risco é que, além do tempo, muitas vezes também arriscamos outros valores.

É muito custo sem retorno que faça diferença. 

Passei a ter muito mais retorno adotando a técnica da ação mediante o "diálogo silencioso". 👍



abril 12, 2022

Lidando Com A Decepção



 


A decepção é um padrão comportamental cultural entranhado em nossas almas como algo natural e que alicerça o direito de cobrar um indivíduo por algo que se esperava dele, mas que ele, por qualquer motivo, não delegou.

Pais, cônjuges, amigos, parentes, patrões e etc. penalizam suas "vítimas" sentindo-se com o amplo direito de expressar-lhes essa decepção em forma de amargor, repreensão, desprezo, afastamento ou qualquer outra maneira de punir.


Pensar através de exemplos permite ver as coisas por outros ângulos, principalmente quando nosso ego fica no meio bisbilhotando.

Imagine que você foi ao jóquei, gostou de um cavalo e apostou nele, mas ele perdeu.
De repente, o cavalo naquele dia não estava com toda aquela vontade de correr...
A culpa é sua ou do cavalo?

Se entender que é do cavalo, não vai ajudar muito você demonstrar todo o desprezo pelo animal.
Uma coisa é certa... brigar com cavalo, acaba em coice.  :-)

Se em contrapartida, ao invés de você se concentrar na própria frustração, você buscar aperfeiçoar sua percepção, o seu conhecimento sobre cavalos e corridas, as suas chances de sucesso na próxima aposta aumentarão muito.

Pois é...

Nós somos os únicos responsáveis por uma avaliação equivocada e pela expectativa que depositamos.

A decepção é uma projeção, também uma forma de "escravidão" imposta pela ditadura do sentimento, transpondo nossos anseios para que outra pessoa realize, seja amparada pelo dever de cuidar, amar ou qualquer outro argumento que o seu amor próprio improvise.

Nós não temos o direito de projetar nossos sonhos de realização como obrigações de terceiros.
As pessoas são livres para escolher seus próprios sonhos e construir suas vidas através dos próprios erros e acertos porque é justamente através desse livre arbítrio que nos defrontamos com nós mesmos. Do contrário, a culpa acaba repassada à contingência.

A decepção ainda carrega o viés da presunção.
Atitudes presunçosas alimentam o ego que uma vez confrontado com a realidade que nunca existiu torna a dor de aceitar nossa responsabilidade ainda maior.


É preciso ter coragem para assumir integralmente a responsabilidade pela avaliação errada que fizemos sem transferir a culpa para alguém.

Se a decepção é fruto daquilo que desejávamos de melhor para a pessoa, cabe no máximo suportar a tristeza da expectativa malograda e a nossa própria tristeza por descobrirmos que planejamos mal.
Um comportamento assim, abre espaço para substituir a acidez da crítica pelo silêncio do amor, ou a depressão pela reavaliação, lembrando sempre que certeza excessiva é sinal de comportamento presunçoso e de autoritária arrogância.

Sem esperar muito, sabendo observar melhor, a decepção mingua em nossas vidas, levando junto os ressentimento recíprocos que destroem as relações humanas.

Assim como as decepções andam de mãos dadas com as expectativas, estas alimentam as cobranças que são como os venenos que matam gradativamente, parecendo não deixar rastros, mas que o passado só potencializa seu efeito acumulativo.


Decepcionou-se?
Perdoe-se!



O Radicalismo, A Dualidade e A Polarização Fazem Parte do Nosso Carácter Sem Quem Nem Mesmo Tenhamos Consciência da Sua Origem

  NOTA: É recomendável conhecer o conteúdo do post anterior para compreender melhor este. O esporte atrai milhares de torcedores desde temp...