outubro 22, 2022

Preconceito - Origens, Raízes e Polarizações






Antecipadamente, peço desculpas ao leitor.
Este é um texto de conteúdo intenso porque questiona hábitos sociais, entretanto são justamente eles que oferecem boas oportunidades de reavaliação e um bom teste de autoanálise e de percepção coletiva.
A imagem de um copo foi elegida por sua simbologia forte pois remete à última ceia de Cristo e à mística do Santo Graal, sendo contudo, parte do contexto cotidiano 
que também simboliza posturas sociais independentes de crenças religiosas ao longo de gerações desde tempos remotos.



Por que tanto preconceito?

O preconceito tem sua origem na necessidade de autodefesa através da vaidade pela busca da superação constante dos nossos complexos de inferioridade.

Sentir-se superior é fonte de autoconfiança e conforto emocional, mas depende da existência de algo relativamente inferior.


Por que tanto complexo de inferioridade?

Todos nós temos limitações, embora diferentes, que deixam claro a mensagem de que somos muito restritos e vulneráveis.

Temos intensa dificuldade de lidar com estes dois sentimentos porque ameaçam o nosso instinto de sobrevivência física e emocional. 

Então, para equilibrar esses sentimentos que as restrições instigam, criamos padrões e ações que busquem contrapor tudo isso.

Sentimos que beber em um copo especial faz de nós alguém também especial, superior em alguma forma.

Então criamos padrões de superioridade.

Inventamos diversos copos, um para cada finalidade.

As regras sociais vão sendo rebuscadas com sofisticações desnecessárias a pretexto de refinamento social. Aqueles que atendem a elas fazem parte de uma elite. Por conseguinte, aqueles que estão fora desse "clube" então em desvantagem, taxados em posição inferior.

Criamos termos tal como "bárbaros" ou designamos uma pessoa como "simples" para apontar a falta desse "refinamento social" pertinente a uma cultura, bem como uma multidão de outros eufemismos para sustentar o disfarce elegante de uma natureza emocional insegura.


O preconceito nasce assim.
E ele é alimentado toda vez que criamos e mantemos pretensas regras ou justificativas para categorizar a qualidade superior de algo ou de alguém em detrimento dos demais, quando as diferenças de fato não determinam um incentivo a uma verdadeira natureza espiritual efetivamente agregadora. Pelo contrário, são regras de consequências deletérias, desagregadoras pois infligem o látego da humilhação e instigam a revanche, estimulando ações ora pelo desejo de pertencer ao "clube social", ora pelo desejo de destruí-lo quando a rejeição dói no ego, ou mesmo pela frustração quando inacessível.

A história está repleta de casos assim, pois a maioria de seus grandes eventos nascem do fruto dessa desagregação. 

O preconceito é um padrão incentivado em cada escolha que fazemos, mas não é uma condição "sine qua non", e portanto, devemos ficar atentos para dirimir o quanto de nossa decisão foi proveniente deste mal.

A escolha de nossas roupas no sentido de agregar valor a nós mesmos e de nos qualificarmos em faixas próprias da sociedade é tão discriminador quanto as sociedades que classificam seus cidadãos em castas.
Enfim, são conceitos que partilham o mesmo sentido de criar estratificações sociais.

E fazemos tudo isso sem pensar, sem sentir, como se fosse algo tão natural como atender às nossas necessidades físicas. Tais como elas, as necessidades psicológicas impõem necessidades tão prementes quanto.

O comportamento impensado é vivido de forma natural, normal ou mesmo como uma grande obrigação social trivial do cotidiano, sem levar em consideração que nesses pequenos gestos vamos alimentando a torrente do preconceito de múltiplas formas, porque embora diversos têm a mesma origem emocional.

Raramente pensamos nisso porque, afinal de contas, a cultura social é um pacote fechado que você ganha de presente mas que representa uma obrigação, antes mesmo que você seja capaz de avaliá-lo. A mente infantil é condicionada pelo hábito comportamental sem muita capacidade de análise ou objeção, contudo, compete à mente quando adulta reavaliar cada um dos itens dessa herança cultural.



Na busca de uma diretriz, quando eu penso em Jesus, o modelo comportamental dos que se dizem cristãos no sentido de seguidores de Cristo, observa-se que Ele viveu um exemplo oposto — simplicidade e amor sem discriminação.

Então, diante da contradição de nossas idílicas crenças culturais, precisamos buscar o "perdão" das nossas contravenções à nossa própria crença, quando então, convenientemente, inventamos meios de expurgar a culpa através de pequenas ou grandes "penitências" oferecidas pelos cultos religiosos como subterfúgio ao peso da consciência, todavia sem trabalhar a mudança do hábito.

Não funciona, apenas alivia provisoriamente.

É como soprar um machucado. Alivia a dor, mas aumenta a infecção.

A "majestade" de Cristo não veio de atos externos emprestados à força de convenções, mas do comportamento moral e da capacidade intelectual que banhavam de luz a todos que se aproximavam, sem que Ele precisasse fazer alarde de suas próprias capacidades.

Jesus era antes de tudo um agregador pelo amor e repudiou cada hábito que nos incentivasse no caminho oposto, fosse ele consagrado pela cultura de seu povo ou não. Deixou sua mensagem clara, repetidamente, ou melhor, exaustivamente.



Temos que viver em sociedade. É verdade.


Podemos e precisamos acompanhar alguns padrões básicos necessários para que possamos conviver socialmente. Importante seria fazer isso sem alimentar o sentimento de superioridade e de vaidade. Principalmente a última que vive sob o disfarce da dignidade.


Negar-se a tomar um copo de vinho usando um copo de água pode ser uma ação de escolha sutil.

Se o momento é definido pelo rigor da etiqueta social, nada mais natural que atendê-la para não ferir sentimentos desnecessariamente. Se o seu sentimento não comunga os propósitos que atendem à futilidade da vaidade e do sentimento de superioridade, torna-se uma ato de carinho e tolerância com aqueles que ainda não entendem seu ponto de vista.

Se o momento não requer tal rigor, ou tanto rigor, pode ser uma oportunidade para o exercício da simplicidade e da lembrança que devemos manter viva em nossas mentes — a rejeição às regras que alimentam esse rio caudaloso da descriminação e do preconceito.

É preciso sorrir das nossas próprias frivolidades, porque afinal de contas... um copo é um copo, cuja utilidade básica é conter líquidos, mesmo que pensem aqueles que procurem justificar as suas diferenças como atributos de qualidades especiais à cada tipo de bebida!

Se o odor de uma bebida é afetado de alguma forma, talvez pela proximidade do seu manejo ao segurá-la, então uma sanitização poderia resolver, substituindo a longa haste.


No singelo ato de segurar um copo, você pode definir a natureza e a forma de participar da sociedade, se engrossando as fileiras da discriminação e do preconceito ou buscando agregar valor à união social.


O preconceito é o berço das divisões que finalmente culminam em conflitos que escalam até as polarizações radicais, eventualmente terminando em guerras.


Então você reclama da miséria que a guerra traz no bojo da destruição de toda ordem, inclusive daquela dignidade que você tanto protegia e alimentava quando segurava orgulhosamente o seu copo de vinho, fazendo da haste e dos dedinhos arranjados o seu símbolo de status. Nestes momentos, sob o manto da miséria que a guerra traz à maioria, a dor e a desesperança descobrem a frivolidade das ações que pareciam ingênuas, mas que reforçavam ações maiores no mesmo sentido, tornando-se os tijolinhos da construção dessa destruição.

O sofrimento nos desperta para a realidade dos nossos erros.


Pequenas ações e grandes efeitos — efeito borboleta.


NOTA: 

Se você, ao ler o texto, ficou desconfortável por sentir-se de alguma forma identificado, console-se comigo, porque este texto nasceu das minhas próprias ponderações pela autocrítica.

:-) 

:-| 

:-(



outubro 18, 2022

Sem esperança?! Meio "down no high society"? Não fique não!...

 



Vivemos atolados de notícias radicais de toda natureza.

Ainda mais nesta eleição de 2022 para presidente onde os candidatos destilam suas diferenças indiferentes aos planos de gestão que deveriam estar propondo!!!...

O povo realmente quer plano de gestão?
Ou o povo quer mesmo "rinha de galos"?

O povo tem o que deseja, o que merece.

O povo é culpado?
O sistema é culpado?

Não existe culpa no processo evolutivo.

Somos o que somos, frutos de uma natureza cuja origem desconhecemos, mas cujo destino nos cobra as consequências.

Do mosto ao vinho, leva tempo.

Quantas vezes você precisa repetir algo até que você incorpore e não esqueça, e não erre mais?
Várias vezes, não é?

Assim é com o aprendizado coletivo.
Quem gosta de história, parece vê-la repetir-se muitas vezes.
A cada repetição, um pequeno passo adiante é somado na escala do aprendizado, mesmo que aparentemente desprezível ou até imperceptível.

É assim que tem que ser.
A verdadeira escola segue o ritmo de seus alunos porque o aprendizado é algo que se deva incorporar naturalmente e de boa vontade. É um ato espontâneo de volição pessoal que provém do esforço individual cujos limites vão sendo testados pelos embates de interesses.

Não existe fim, exceto o da ignorância e do ódio. Então, o que antes era um exercício de liberdade através da força medida nesses embates de interesses, perde seu propósito quando os interesses começam a convergir para um sentido único de compreensão.

A verdade é uma só.
Se houvesse duas conflitantes, uma delas seria mentira.
A paz advirá dessa convergência de compreensão na descoberta dos verdadeiros valores que subsidiam a felicidade efetiva de todos, onde a felicidade pessoal não encontra os limites dos sentimentos de restrição pois que compartilha um sentido comum mais harmônico.

Uma sociedade radicalizada pela divisão de percepções díspares e conflitantes sugere um longo caminho, porém o processo de aprendizado é acelerado pelas consequências proporcionais à intensidade com que se manifesta.

Tudo se resume no custo deste caminho cobrado em sofrimento e que acolhemos a cada opção, e que também através dela aprendemos a escolher. É o exercício do livre-arbítrio na busca pela felicidade.

O destino é único mas o preço da passagem é cobrado em tempo e contrição.







outubro 09, 2022

Você Daria Uma Segunda Chance?




Se o seu filho repete de ano, o que você faz?

1. Tira o seu filho da escola e o condena a uma vida com menos recursos do que aqueles que a instrução oferece.

ou

2. Dá ao seu filho a chande de repetir o ano até que supere a dificuldade e aprenda a lição?


Qual das duas decisões parece mais coerente com o sentido de amor, perdão e correção pelo aprendizado?

Qual das duas opções é mais próxima do sentido de falta de perdão e de punição exagerada, injusta?


Se Deus é capaz de fazer nascer uma vez, porque não poderia fazer nascer uma segunda, uma terceira e etc. até que o "aluno" aprenda e corrija o seu comportamento?

Se nós que somos os aprendizes das mensagens de amor e perdão trazidas por Cristo, então por que todos não mereceriam uma nova oportunidade até o aprendizado?

Por que Deus, que seria algo tão perfeito e de puro amor, condenaria alguém a uma pena eterna?

Uma "única chance de acertar", "uma única vida" e "inferno eterno" não têm coerência com Cristo.

Múltiplas vidas até que se alcance a felicidade é muito mais compatível com tudo aquilo que Cristo veio nos ensinar através do amor e do perdão.





Então Jesus lhes contou esta parábola: "Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la? E quando a encontra, coloca-a alegremente nos ombros e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz: 'Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida'. Eu digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se.
Lucas 15:3-7

Da mesma maneira, vosso Pai, que está nos céus, não deseja que qualquer desses pequeninos se perca. 
Mateus 18:14







setembro 24, 2022

Mariposas e Humanos: Alguma coisa em comum!





Mariposas e Humanos trafegam na escuridão.
Mariposas por serem insetos de hábitos noturnos.
Humanos por serem seres navegando através do tempo pela busca do conhecimento na escuridão da ignorância. É a força que provém do "dom da razão" e que disputa pela curiosidade o domínio do meio que o subjuga.

Humanos e mariposas, ambos se deslumbram com a luz, podendo eventualmente fenecer por essa mesma atração irresistível.

Diante da "débil razão", o instinto de sobrevivência toma lugar nas decisões, assessorado pela intuição e estimulado pelo desejo. 

Quanto menor a nossa capacidade de compreensão, maior é o papel do sentimento na definição de valores e ações.

Em nossa busca, emprestamos "conhecimento" daqueles que admiramos por ter uma qualidade que não possuímos, acreditando que esse processo seja confiável justamente porque, de tão natural, passa mesmo desapercebido à nossa autocrítica.

Alguém, cuja projeção social se destaque, é candidato a influenciar seus admiradores pelo ofuscamento da razão que o brilho do sucesso lhes causa. Almas desejosas de preencher o vazio daquilo que tanto estimam, mas não possuem, são presas fáceis do deslumbramento.
Esse processo de transferência alivia o "void" da impotência e da frustração.

Fãs "emprestam" ou "copiam" algo que muitas vezes nem mesmo ponderam a respeito.
Simplesmente copiam.
Simplesmente replicam.
Simplesmente endossam.
Simplesmente aplaudem por estarem felizes em idolatrar seus ídolos.
Simplesmente agem no embalo do deslumbramento.
Um processo hipnótico autoinduzido.

E a propaganda, através do marketing, tira imenso proveito desse deslumbramento hipnótico, tornando obrigatória a rotina da associação de imagens, ícones e comportamentos que são avidamente consumidos pela compulsão psicológica de massa.

Esse processo é tão velho e intrínseco à alma humana quanto ela mesma.
Civilizações mais antigas idolatravam, e algumas ainda idolatram, elementos naturais (fogo, água, terra, ar, etc.) como seres divinos.
À medida que fomos aprendendo um pouquinho, começando a entender melhor o ambiente que nos sustenta a vida, fizemos a transposição de nossas crenças dos elementos naturais para as entidades imaginárias, caminhando pela criatividade do universo politeísta à singularidade do monoteísmo.

É justamente este instinto de idolatria que alimenta grande parte dos fenômenos sociais, dos quais muitos terminaram conduzindo seus seguidores às catástrofes que a história vai catalogando aos milhares.


Hitler magnetizou a geração de uma nação.
A população em massa votou espontaneamente endossando suas ideias que refletiam a falsa luz do ressurgimento da dignidade alemã através da submissão pela força de outros povos, usando a discriminação como meio agregador para fortalecer o sentido de união de um povo através da pretensa superioridade de uma raça.

Vivemos ainda o extremo absurdo onde um povo justifica o direito de submeter outro, ou mesmo exterminar, a pretexto de razões diversas que acabam diluídas pelo tempo no caldo da insanidade dos genocidas, deixando escorrer de seus escombros os efeitos deletérios às nossas construções do hoje, infectando o presente e o futuro, como se já não bastasse destruir o passado.

E assim, vemos o ressurgimento do fascismo, do nazismo, além de outros extremismos, tais como fantasmas ressurgindo da morte trágica causada por seus próprios efeitos, voltando a assombrar a paz mundial, tirando vantagem do "esquecimento do aprendizado social" que foi virando passado para as gerações futuras, algo que passa a pertencer ao imaginário sem a experiência da dor que é vivenciada.

Simplesmente copiar o pensamento daqueles que admiramos é um movimento do sentimento que rouba à razão a sua função de análise.

È preciso colocar o sentimento em seu devido lugar, sob a contenção da cautela e da parcimônia.
Mais ainda, exige cuidado redobrado com aqueles que nos cercam de afetividade construída no cotidiano da convivência orientados pelo desejo de influenciar e controlar as nossas ações.

A razão precisa pautar-se pela imparcialidade enquanto busca um aprendizado.
O processo exige esforço contínuo na busca da resposta que muitas vezes só a persistência logra sucesso.

É cômodo e prazeroso "clonarmos" o comportamento daqueles que admiramos.
É como se estivéssemos adquirindo uma parte dos poderes e qualidades dos nossos heróis, algo que tanto ambicionamos a ponto de tornar o nosso bom senso cego, de fato!

Os sentimentos podem se transformar na tumba da razão enterrada sob a laje do prazer e da preguiça que buscam o caminho mais fácil e confortável ao ego.

Infelizmente, o sentimento não raciocina, apenas compila a soma de nossos desejos, consolidando o seu atestado de incompetência para dirimir as decisões. Baseia-se naquilo que somos hoje, quando a razão busca construir aquilo que podemos ser amanhã à procura de suprir as lacunas do hoje que tanto nos prejudicam.

O melhor caminho indica o controle que suporta esse sentimento de ansiedade até encontrarmos a resposta daquilo que procuramos, porém através de nós mesmos, para então consolidar ou não o pensamento daqueles que admiramos e respeitamos. Não existe aprendizado real sem a vivência na prática através da experiência que marca as nossas almas. E este processo exige paciência e espera, tal como amadurecem as boas bebidas que pagam o seu tributo ao tempo até que possam assumir seu lugar no topo do paladar mais exigente.

É preciso sempre questionar os nossos heróis, agindo ora como promotores públicos na defesa da sociedade, ora como seus advogados de defesa.
A imparcialidade é o que faz diferença na qualidade final da destilação de nossos pensamentos.

Afinal de contas, seremos nós que arcaremos com as consequências de nossas decisões e não aqueles que elegemos como ídolos.

Proteja o seu corpo pela sua cabeça, que é o seu melhor escudo.

É preciso caminhar pelas próprias pernas ao invés de buscar a carona de um "colo" mesmo que elas sejam fracas, porque o seu fortalecimento se consolida justamente por essa caminhada.

Os lobos se alimentam de cordeiros.
Os influenciadores de mariposas.



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"Every man has his own courage, and is betrayed because he seeks in himself the courage of other persons."

"Todo homem tem sua própria coragem e é traído porque busca em si mesmo a coragem de outras pessoas."

Ralph Waldo Emerson (1803-1882) 



"Men often bear little grievances with less courage than they do large misfortunes."

"Os homens muitas vezes suportam pequenas queixas com menos coragem do que grandes infortúnios."

Aesop (620 BC-560 BC) 



"Efforts and courage are not enough without purpose and direction."

"Esforços e coragem não são suficientes sem propósito e direção."

John F. Kennedy (1917-1963) 



"There is no living thing that is not afraid when it faces danger. The True courage is in facing danger when you are afraid"

"Não há ser vivo que não tenha medo quando enfrenta o perigo. A verdadeira coragem está em enfrentar o perigo quando você está com medo"

Frank Baum (1856-1919)


Coragem é a capacidade de conviver com a incerteza apesar do medo que nos aconselha.

O sinismo precede ao golpe, que sucede ao aprendizado, muitas vezes adicionado das consequências da vingança.

Do autor do post


setembro 11, 2022

PROATIVIDADE - Precauções de Segurança Com Roubos de Celulares




Prevenir, reduz o stress e os riscos nestas horas em que menos esperamos que algo assim aconteça conosco.
Geralmente, é só com os outros! :-)

Proatividade é o melhor remédio, porque depois...
não adianta chorar o leite derramado. 

Seguem algumas coisas que, feitas antecipadamente, podem reduzir ou mesmo evitar o problema.


1. Criar limites de movimentação financeira:

a. da conta corrente

b. do PIX


2. Anotar o IMEI do seu celular.

Digite *#06#
Será útil nos procedimentos em caso de roubo.


3. Ter um celular de reserva, ou utilizar um celular exclusivo quando em trânsito.

Este celular deve conter o mínimo que você precisa.
Pode utilizar apenas uma conta bancária de segurança, isolada da principal, ou apenas alguma forma de pagamento por cartão de crédito cujo débito pode ser anulado se agir em tempo.

Evitar PIX atrelado na sua conta principal.
Se quiser mesmo utilizar o PIX, vincule àquela outra conta de segurança e limite os saques de ambos, da conta e do PIX. Valores maiores ou excedentes ao limite diário, usar o cartão de crédito.

4. Ao atender o celular no carro, se estiver dirigindo, não o faça. Há golpistas especializados na quebra de vidros.

Se não estiver dirigindo, acerte uma posição de corpo que proteja o celular, por exemplo, atendendo com a mão que não fica do lado da janela, ou dando um giro de corpo, mas se você ficar de costas, sem visão alguma, ficará mais vulnerável.


5. Não atender o telefone no passeio público.

Entrar em alguma loja, banco, etc.


6. Não expor o celular em mesas ou deixar em bolsas.

Bolsas acabam penduradas ou trafegando ao lado ou atrás do portador o que facilita o roubo.
Também podem ser arrancadas cortando-se a alça (é algo que acontece muito rápido)


7. Não clicar em links desconhecidos, não importa se e-mail ou sites de Internet. 

Se precisar fazê-lo, não utilize o celular onde residem os aplicativos de operação financeira.
Faça de outro celular, o celular de guerra (aquele mesmo que você utiliza para andar na rua).
Deixe o celular sensível em casa ou algum lugar seguro.

Se precisar de movimentar a conta por estar viajando, converse com o seu gerente sobre formas alternativas de proteger-se nestes períodos, como cheques de viagem ou mesmo uma conta corrente aberta para este propósito e desvinculada da sua conta corrente principal, que contém seus recursos principais, ou a mesma conta de segurança que utiliza no seu dia-a-dia.
Dessa forma, você poderá ir fazendo transferências parciais de uma conta para outra à medida da necessidade dirigindo-se à instituição bancária, ou talvez, se houver, depósitos programados.


8. Manter seus dados principais em ambiente seguro, não aqueles mais sensíveis pois estes devem ficar exclusivamente na memória, relembrando-se todos os dias.

Por exemplo, adotar e-mails criptografados.
Há diversos serviços de e-mail oferecendo este serviço.
Uma busca trará vários deles, incluindo gratuitos (proton) e a bom preço (tutanota).


9. Guardar na memória as senhas vitais.

Evitar anotar em qualquer lugar que tenha contato com a Internet.

Uma alternativa é utilizar um driver USB (ou cartão) encriptado, tendo o cuidado de guardá-lo em lugar seguro (não carregue com você) e ao conectar usando o notebook ou o celular, desligar previamente o serviço de dados (conexão Internet).

O único momento sensível acontece quando você grava dados na media (driver USB ou cartão).
É vital ter certeza que, além de estar desconectado da Internet, Wi-Fi ou qualquer rede que não seja a sua rede local utilizando cabo, desde que seu ambiente de sistema operacional seja confiável (observar próximo item, antivírus/firewall).
Sempre retirar a media ao término do uso ou quando for reconectar serviços externos (Internet, etc.).


10. Utilizar antivírus pago de preferência com firewall.

A sugestão anterior tem um ponto frágil.

Se o seu notebook ou celular contiver algum software que rastreia o seu teclado, ele gravará todas as informações digitadas que serão transmitidas tão logo você volte a se conectar.

A parte positiva é que, nesse período, você terá digitado a senha de encriptação do driver USB(ou cartão), que será inefetiva quando acessar a Internet porque o driver já não estará mais lá.

Resta apenas o risco ao digitar a sua senha bancária no aplicativo da instituição (aquela que você apenas leu do arquivo no driver para relembrar mas não digitou ou copiou em nenhum lugar).

Este risco é minimizado em virtude das precauções de segurança adotadas pelas instituições financeiras responsáveis pelos aplicativos.

Ainda assim, um bom antivírus, bem conhecido, respeitado e licenciado, vai ajudá-lo na tarefa de ressarcimento junto à instituição em caso de logro.

Convém conversar com o suporte da sua instituição ou o seu gerente,  ou ainda atentar para as constantes orientações fornecidas pelo aplicativo através da sua instituição financeira.

Se ficar evidente o desleixo da vítima, dificilmente ela conseguirá obter ressarcimento.



Fonte adicional - O que fazer depois de roubado:

brasil.estadao.com.br/noticias/geral,celular-roubado-saiba-o-que-voce-deve-fazer


DICA

No texto, comenta-se apenas a segurança da leitura do driver ou cartão, porém em algum momento é necessário gravar essas informações e para isso precisamos ter certeza que o nosso celular, tab ou notebook seja seguro. 

Segurança total só existe quando o equipamento fica isolado do mundo, ou seja, sem qualquer comunicação externa. Ele não se conecta a Internet e também não se conecta a rede local se houver. 

Um celular velho, um tab fora de uso, ou mesmo aquele velho notebook que parece imprestável, pode realizar essa tarefa. As informações passam a ser gravadas no driver ou cartão exclusivamente em aparelhos isolados, sem comunicação alguma, e nos aparelhos que se conectam de alguma forma, o driver ou o cartão é apenas lido quando desconectado da rede.

E se você não tiver um aparelho que possa isolar?
Só resta cautela, tomando todas as medidas de segurança que puder com o uso do seu dispositivo, o que vai reduzir muito a probabilidade de risco.

setembro 10, 2022

O Povo Não Tem Noção do Próprio Poder, Mas as Formigas Têm!




Sabemos que um dos efeitos colaterais da economia mundial é a tendência à concentração de poder.
O poder econômico vai ampliando seus monopólios através de intricados artífices políticos, contábeis e outros nem mencionáveis, mesmo que as leis tentem proteger o mercado e os consumidores.

Este relatório da Universidade de Waterloo, no Canadá, apresenta 10 atores financeiros de grande influência: Apenas 10 atores financeiros são a chave para enfrentar mudanças climáticas.

O poder econômico tem duas fontes principais:

1. Poder militar, ou seja, o poder pela força.

2. Poder financeiro.


O poder militar, porém, depende do financeiro, e portanto tudo se resume em capacidade de pagamento, ou seja, em poder financeiro.

A capacidade de pagamento decorre da capacidade de obter fontes de recursos.

As fontes de recursos, por sua vez, são regidas pelas leis do mercado, de oferta e procura.

Se a procura cai, o preço despenca.

É nisso que reside o enorme poder que o Povo tem nas mãos.

A falta de consciência de contexto, ou seja, entender o que realmente está acontecendo e como isso vai transformar uma pobre vida popular em algo ainda mais doloroso, é o primeiro obstáculo à percepção coletiva de poder.

O segundo obstáculo nasce das vantagens pessoais como prioridade, em qualquer contexto.
Isto impede a união de massa em nome de um objetivo maior.
Algo que depende de um líder para materializar essa união.
É a miopia da paixão, uma triste mazela popular que dita a maioria de suas ações, mais pela emoção que pela razão. E assim, o esporte e a música preenchem quase que totalmente a vida do quotidiano popular.
Muito similar à vida do cidadão romano nos tempos de Império Romano: "pão e circo".

O terceiro obstáculo é a descrença que a soma de pequenos atos é como as gotas da chuva que formam as enxurradas, e estas as avalanches.
O indivíduo não se move enquanto não vê outros na mesma ação — é o efeito "boiada" ou "cardume".
Vira um ciclo vicioso.
Falta a convicção de fazer o que se tem que fazer independente dos outros.

Oras, a grande massa detém as rédeas do consumo em pequenas ações, assim como as formigas podem tombar um elefante em ações coletivas.

Gandhi compreendeu que a libertação de seu país viria pela não colaboração em massa.
A história provou que estava certo.

A grande massa pode derrubar o valor de ações, fazer despencar preços, impor padrões de consumo e uma série de outras ações que irão diligenciar o poder econômico invertendo o processo usual onde o mesmo trabalha fundamentalmente em favor de si mesmo, do lucro do hoje, como se o amanhã não chegasse.

O consumo consciente de bens pode regular o mercado e reduzir a poluição, fomentando a pesquisa em fontes alternativas que venham a colaborar na solução da continuidade da nossa espécie através de uma evolução gratificante.

As formigas parecem, neste sentido, mais espertas que o HOMO SAPIENS, que de "SAPIENS" não me parece muito...
Talvez teria sido mais adequado denominar por algo como "HOMO PROPE SAPIENS", ou seja, "HOMEM QUASE SÁBIO". 





setembro 04, 2022

Na Mão Suprema, o Mal Converte-se em Bem






Diante de tantos eventos negativos, certamente todos nós já experimentamos a tristeza ou a depressão querendo alimentar a desesperança em nossos corações, quando nos perguntamos "o que será do futuro, dos filhos, da coletividade?...".


Na mão do Supremo, o Mal converte-se em Bem!
...porém cobra seu preço em sofrimento.


Olhando o passado, através de seus eventos, fica mais fácil alimentar a certeza que o mal é autodestrutivo, e portanto, temporário.
Ele parece eterno por estar indefinidamente em nossas vidas, mas na verdade o mal é como sementes doentias que logo são transformadas lá na frente em colheitas proveitosas.

A sensação de "eternidade" do mal e de seu aparente "poder" não vem da sua natureza, mas da sua repetição frequente, porque ainda precisamos caminhar mais pelas tentativas inadequadas que por aquelas melhores que serão o nosso cotidiano assim que atingirmos um grau de lucidez maior. Então, neste momento, o mal será como uma ocorrência espúria em nossas vidas, um obstáculo menor.

O mal não se sustenta por si mesmo, por isso precisa repetir-se como forma de sobrevivência.
Os eventos mostram isso. Vejamos alguns dos mais famosos pela repercussão que tiveram.

Quando pensamos na colonização da Índia pelo Império Britânico, podemos ver dois lados.

A colonização de um povo sobre outro geralmente é imposta, o que gera subserviência e leniência à cultura estrangeira. É uma forma de escravidão mais amena, onde os grilhões não forjam a liberdade individual mas ainda impõem que o coletivo seja um provedor de recursos dos colonizadores, portanto atendendo antes aos interesses destes.

A cultura indiana era muito distante da ocidental. Isso não é um problema, mas reduz a interação entre elas.
Hoje, os hindus têm o inglês como o seu segundo idioma.
O idioma, que antes era barreira, hoje é o meio que provê benefícios de aproximação e cooperação mútuas.
Seus hábitos e cultura mesclaram, enriquecendo-os, e portanto tornaram-se mais próximos das vantagens que a cultura ocidental tem por oferecer, somando-se àquelas da oriental.
Todas as partes ganham.


Outro exemplo de carácter global — Hitler!!


Uma catástrofe para o mundo e para a Alemanha que amargou, e que ainda amarga, os resquícios de seus excessos.

Nasceu de uma justificativa genuína que buscava retomar a dignidade do povo alemão, entretanto, foi transformada pelo ódio em ferramenta de sua própria desgraça pelos excessos e desrespeito de toda ordem onde a vida humana resumia-se a números.

O mundo conheceu a consequência do despotismo fanático.
Ao que parece, contudo, essa experiência ainda é insuficiente para evitarmos tais excessos definitivamente.

Continuamos alimentando polarizações exacerbadas e políticas despóticas sustentadas por aqueles que tiram vantagem da ignorância e da incapacidade de lembrança da maioria, consagrada pelo povo que não pode acumular o conhecimento necessário para entender melhor o mundo em que vive, e portanto vive à deriva da mentira.

O mundo, entretanto, diante do esforço de guerra na busca de se proteger da grave ameaça, promoveu  um avanço acelerado pelas necessidades competitivas que esta impõe através do engenho humano que não poupou esforços.

Nasce a utilização do computador ainda em seus estágios iniciais, porém ainda sim melhor do que havia à época, como uma máquina mais veloz para quebrar os códigos das comunicações inimigas. Tivemos o radar, o sonar e tantos outros feitos da engenharia, incluindo os foguetes desenvolvidos na Alemanha nazista por Wernhen von Braun, que mais tarde migrou para os EUA dando impulso à NASA.

A mesma semente que buscava destruir a Inglaterra e mudar o curso da história (essa foi uma das últimas esperanças do sonho de Hitler), tornou-se a semente que fomentou, nas mãos certas, o progresso tecnológico que expande os horizontes do homem além dos céus em que nasceu.


Putin


A Ucrânia representa um marco no nosso milênio, quando um povo torna-se disposto a doar a vida em troca de sustentar sua identidade patriótica, colocando um ponto final na crença que a conquista pelas armas, por si só, seja suficiente para expandir fronteiras. Tudo isso ao custo de muito sofrimento e muitas vidas.

Os EUA e os países aliados no esforço de apoio à Ucrânia, agora mais maduros pelas experiências anteriores acumuladas em suas incursões orientais, souberam conter-se, sem contudo omitir-se. 
Apoio que um povo fez e faz por merecer através da sua determinação e resistência.

Uma OTAN desprestigiada e questionada quanto à possibilidade de sua substituição por algo mais europeu através de proposta do presidente francês Macron, acabou revertendo a tendência sectarista em processo de percepção da necessidade de aumentar esforços europeus e americanos conjuntos.

Reviveu, energizando o conceito comum que as nações europeias e americanas têm sobre liberdade, respeito e proteção, fazendo renascer a Fênix da união ainda mais forte e consciente da sua necessidade de unir esforços em torno de um ideal único que vai abrir caminho para uma política mundial  e universalista.

É o começo daquele caminho para o futuro longínquo das "federações intergalácticas" através da engenhosidade das ficções, cuja imaginação precoce, porém madura, é capaz de ver o mundo como um processo evolutivo.


Então podemos imaginar...


O "mal" deve carregar um sentimento de frustração tão intenso quanto seu esforço de destruir o bem.

Quanto mais o "mal" apressa seu passo, mais acelera o avanço em direção ao bem, porém não sem cobrar seu pesado tributo em sofrimento.

"Deus escreve certo por linhas tortas."

Este dito remete para alguns dos pensamentos de Gandhi:


"Remember that all through history, there have been tyrants and murderers, and for a time, they seem invincible. But in the end, they always fall. Always."

"Lembre-se que ao longo da história, houve tiranos e assassinos, e por um tempo, eles parecem invencíveis. Mas no final, eles sempre caem. Sempre."







"When I despair, I remember that all through history the was of truth and love have always won."

"Quando me desespero, lembro que ao longo da história a verdade e o amor sempre venceram."



Einstein era um admirador de Gandhi. 
Muitos foram seus comentários de elogio.








setembro 03, 2022

Bem e Mal, Polarização e Decisão. Vivendo os Excessos da Dicotomia

 



A primeira impressão da foto acima é muito positiva, inspira carinho.
É a mística do Tarzan e da sua mãe Gorila que moldou nosso pensamento.

Lendo-se a notícia publicada pela BBC sobre esta foto(BBC tem versões em português, ou o tradutor do Google) verá, que segundo os especialistas, a interpretação é muito diferente da nossa singela cultura "cinematográfica".

Cinema é um misto de lenda sobre fatos reais, e por isso é tão amado.
Se o cinema espelhar uma realidade sem alavancagem no "background" do público, não emplaca bilheteria.

O problema é que a nossa cultura é formada por esta mistura entre realidade e ficção, e por falta de mais informação, acabamos incorporando a ficção como realidade.
Nós gostamos disso!

Talvez o sucesso das "fake news" seja também decorrente dessa cultura complacente com a ficção.
Não só adoramos ficção como também a mentira é parte do dia-a-dia.

O julgamento para formar a nossa opinião vive o período da dicotomia extrema, a polarização ditando que a sua escolha é o "Bem", portando os divergentes fazem parte do "Mal".

Essa lógica conduziu a muitas guerras, e ainda conduz.
Um exemplo clássico é "as cruzadas", promovidas por interesses econômicos sob o pretexto religioso cristão que à época era personalizado pela igreja católica. Erro crasso.

O "Estado Islâmico" reedita esta política.
Se não acredita no que eu acredito, ja era...

Por essa lógica, o indivíduo tomado de excesso de emocionalidade, acaba "encarnando o xerife que defende a sua cidade", como é caso ocorrido em Goiânia no link abaixo, pelo Jornal Estadão.

Violência política chega às igrejas e coloca em alerta lideranças evangélicas petistas
Fiel foi baleado na perna por um policial militar de folga após discordar do pastos; caso aconteceu no interior da igreja Congregação Cristã no Brasil em Goiânia

Esse comportamento em que o indivíduo encarna a personificação do "anjo vingador"  é fruto justamente do radicalismo, o que é aliás um contrassenso já que "anjo" que é anjo não poderia alimentar sentimentos de vingança. 
Neste caso, falta ao indivíduo o hábito de pensar sobre esses temas e diante de um conhecimento pobre adota soluções da mesma ordem.

Depois de ler o conteúdo da notícia da BBC (acima) ficamos diante de um fato mais realista.
Para alguns pode ser um "baque" no romantismo, gerando alguma decepção.

Saber que o macaco apenas preserva a futura comida (já que ele não tem geladeira), e que dificilmente um pet é adotado no clã, o nosso sentimento em relação à foto muda. Se a pessoa for radical, vai repudiar a natureza esquecendo que ela própria faz parte disso sendo carnívora e sustentando uma dieta baseada na indústria de consumo de outros seres vivos, inclusive semelhantes, pois muitos deles são também mamíferos.

Os estudos comportamentais sobre os golfinhos, animais com um halo mágico e que nem sempre são condizentes com as interpretações que damos, vão desvendando o lado negro destes seres tão maravilhosos.

Então autor? Está se contradizendo?
Chamando de "maravilhoso" o "lado negro da força"? (e viva Star War, um clássico!).

Então fica a pergunta no ar...
Como pode a natureza unir o bem e o mal, fazendo coexistir ambos na mesma criatura?

Nem amar ignorando a natureza intrínseca, nem tão pouco odiar.
O desafio é conquistar este equilíbrio.

Nisto resume justamente o processo evolutivo, ou seja, a trajetória da primitividade ao refinamento à medida que o mal é autodestrutivo, o bem vai se consolidando pela lenta experiência coletiva como solução às consequências que o mal sustenta.

É como olhar essa foto do macaco!
Tudo tem dois lados.
Se esta espécie de macaco não tivesse aprendido a guardar o alimento, simplesmente mataria o filhote ou o deixaria à mingua, já que a fome foi satisfeita devorando a mãe.
Os macacos aprenderam ao longo do tempo as vantagens de não desperdiçar "adotando os pets", o que é esperto!

Hoje, as culturas ocidentalizadas, não costumam comer seus "pets", a exemplo dos chineses que o fazem naturalmente, promovendo feiras permanentes que vendem cachorros e outros animais como vendemos coelhos, cabras, etc.

Nós não nos alimentamos dos "pets" simplesmente porque eles nos alimentam com algo mais importante que a sua proteína. Eles suprem a nossa carência emocional.

Não existe verdadeiramente "amor" onde há "carência".
Amor é dativo. Não pede nada em troca, nem mesmo atenção ou companhia.

Os cães e gatos conseguiram um bom emprego!
(o trocadilho faz sentido por ambos os lados...)

Nota: durante o cerco de Paris pelos nazistas, desapareceram todos os pets, inclusive os ratos que infestavam a cidade, quando as forças alemãs cortaram as linhas de suprimento.
Tudo é uma questão de momento e contexto!

Diante de uma análise comportamental rápida, fica claro que a radicalização da dicotomia só acresce emoção imprópria ao processo de aprendizado, conduzindo às soluções inadequadas, senão tristes que apenas retardam nosso caminho para conquistar a felicidade de uma sociedade melhor.

Não devemos acolher o mal, mas tão pouco combatê-lo com excessos já que eles, por si mesmos , são um erro. Não se combate o mal tornando-se parte dele.

Um dia, olhando para o problema como olhamos para a foto desse símio, podemos descobrir que não estávamos tão certos assim!

Temos hoje duas grandes lutas!
Esquerda ou direita, ambas radicalizadas.
Que diferença vai fazer se perdermos a minguante democracia que ainda temos, seja pelas mãos de um lado ou de outro, já que ambos buscam defender-se da mesma coisa?

O ódio, o rancor e o desejo de vingança vão alimentar muito provavelmente a composição do novo governo acirrando ações. 

E isso não é bom!

Encarar o que entendemos por mal ou por bem com equilíbrio emocional é a melhor forma de encontrarmos soluções melhores.

O dia que o povo comungar essa opinião, então a democracia vai se aproximar daquilo que idealizamos que ela possa se tornar.

Enquanto isso, só resta suportar com paciência e coragem o processo de aprendizado coletivo.





agosto 31, 2022

Genialidade e Memória


 


Do latim temos:

genĭus,i 'divindade tutelar; porção espiritual de cada um; graça; inspiração, talento'

Ou seja, a definição deixa implícita o ato de criar.

Do grego génos, também exprime a noção de nascimento, origem (ex.: monogénio), ou qualidade extraordinária. (Dic. Priberam).


Afinal, o que seria ser um gênio?

Popularmente, é usado para alguém que excede os padrões usuais, muitas vezes como uma forma de elogio superlativo. Ou não!  :-)

Recentemente, a Netflix apresentou uma personagem hipotética na série "Extraordinária Advogada Woo" (Extraordinary Attorney Woo) que por ser dotada de memória fotográfica excepcional é considerada "um gênio" nos diálogos da série, porém lutando com as dificuldades de interação social própria dos altistas.


Podemos observar três qualidades principais que suportam a genialidade:

- capacidade de inteligir — inteligência —, ou seja, de concluir coisas a partir de fatos onde o entendimento normal não vai além.

- criatividade: capacidade de elaborar coisas novas e aperfeiçoar antigas que representam um salto no conhecimento ou no comportamento humano.

- memória: capacidade de armazenar informações em geral à medida da sua vivência.


A partir destas três características, podemos imaginar contextos especiais de acordo com a intensidade de cada qualidade na composição da natureza de uma pessoa.


Grande capacidade de inteligir

Einstein é um exemplo.

A partir de seu "Gedanken Labor" (laboratório de pensamento) foi capaz de explorar novas dimensões da física de sua época sem qualquer laboratório convencional, exceto aquele da sua imaginação que buscava a matemática como guia.





Já Stephen Hawking, além da inteligência tinha também muita memória, porém ele tinha colegas ainda mais privilegiados na capacidade de lembrar (um deles chegou a corrigir Hawking quando ele enumerava os mais de 150 parâmetros de uma equação).




E quando o ponto forte é memória?


Por exemplo esta mulher:
Mulher de Síndrome Rara - BBC


O possuidor de memória excepcional é capaz de repetir coisas com uma eficiência atroz, mas não é necessariamente capaz de criar associações novas a partir delas, exceto aquelas já implícitas na própria informação armazenada em memória. Esta habilidade depende da capacidade de inteligir unida à capacidade criativa.

Esse tipo de "inteligente" passa em todos os concursos, lembra de tudo. É uma biblioteca viva, ambulante, etc., mas é só: apresente-lhe uma palavra, "peça um pesquisar" e a informação será retornada.
Isso não seria realmente inteligência.

NOTA: neste texto, por "associações implícitas" entende-se as informações que podemos deduzir por associações automáticas que a própria informação já carrega de forma óbvia à nossa vivência, tal como "sorvete gelado".


E se o gênio tiver alta capacidade de inteligir, mas for desprovido das demais?


Ele é fantástico para perceber relações novas entre as informações que lembra.
Tendo uma memória restrita, pois todos nós temos alguma base mínima, ele ficará limitado na sua capacidade de inferir dependendo dessa "janela de memória"[1], lembrando um carro que tivesse um motor super potente mas um tanque de gasolina subdimensionado. Este carro poderia atingir velocidades altas, mas parte do ganho se perde no reabastecimento frequente.

Esse tipo de gênio terá um desempenho que exigirá tempo de elaboração proporcional à sua taxa de memorização, ou "janela de memorização".

É claro, excluímos dessa análise patologias da falta de memória, doenças  como Alzheimer, ou algo como "amnésia anterógrada" (anterograde amnesia, short-term memory loss) mostrada aos "modos hollywodianos" no filme 50 First Dates, onde alguma verdade é uma ponta de inspiração para a ficção, 


E se o gênio tiver só capacidade criativa?

Provavelmente irá se destacar em ramos que não exigem de forma determinante as duas outras qualidades, como é o caso da pintura, escultura, etc.


Supondo um caso prático bem corriqueiro e que define os caminhos de uma nação.

Boa parte da população vota mal porque, ou não tem interesse, e/ou já esqueceu o que os candidatos fizeram.
Para votar, baseiam-se simplesmente nas novas promessas. quando então os partidos tradicionalmente tiram vantagem do eleitorado nos palanques às vésperas da eleição. 

Por que políticos não fazem campanha antecipadamente?

Porque o "povo tem memória curta', como diz o ditado.
O povo esquece e engole as mesmas mentiras e promessas de sempre.


O Super Gênio

Na prática, as três qualidades apresentadas acima trabalham juntas, em taxas de participações diferentes.

Quanto o gênio detém todas as três qualidades com alto grau de eficiência, aproxima-se da genialidade ideal.


O Pseudogênio


Genialidade precisa de um toque especial.
A capacidade exclusiva de lembrar tudo é algo extremamente valioso, mas se for despojada de um toque pessoal de criatividade e inferência que diferencie do comportamento humano médio, torna-se algo parecido com o potencial que máquinas são capazes de suprir.

Neste contexto, a genialidade fica diluída pela reprodutibilidade "não inteligente" ou pela "inteligência artificial", algo que um robô faria. E dificilmente chamaremos um robô de gênio! :-)


Separando as coisas, facilita entender essas pessoas com dons especiais


Vou apresentar este tópico através de um exemplo real.

Quando era garoto, tive a oportunidade de frequentar por um breve período o atelier de um pintor com quadros expostos (e vendidos) no Brasil e no exterior, quando morava na capital de São Paulo (Aclimação).

A minha curiosidade era grande porque falavam da sua genialidade para pintar e eu desejava muito conhecer alguém assim, "de carne e osso e ao vivo".  :-)

Através de meu pai, consegui "o passe" para visitá-lo.

Durante alguns dias, pela manhã, eu tocava a campainha do sobrado onde ele morava com a esposa, que sempre atendia à porta fazendo um gesto rápido, típico de italianos, para que eu subisse para o atelier, no andar de cima do sobrado, uma sala grande e ampla.

Existia um pequeno sofá, onde eu me sentava e ficava horas observando ele pintar. 
Ele gostava de conversar, embora sua prosa fosse como interrupções repentinas dada à sua absorção naquilo que fazia, tal como golfinhos vão à superfície para pegar ar. Eu permanecia discreto, porque não queria atrapalhar. "Crianças também têm senso de oportunidade". :-)

Pessoas assim têm vida introspectiva muita intensa, e "tagarelas" são incompatíveis quando elas trabalham.

Numa dessas emersões, ele fica meio de lado no velho banquinho branco de madeira, muito simples que usava para sentar enquanto pintava seus quadros, e me disse, rompendo o silêncio no seu sotaque italiano típico e forte:

"Isso daqui é o mar, mas não tem ondas! Tá uma perqueria não tá?! "

Eu fiquei em dúvida do que deveria dizer, afinal o quadro não estava pronto. Achei melhor olhar para ele como quem pergunta "E daí?", mas não responde.

Além do dom artístico, ele pintava as cenas que via de memória, quando a maioria dos pintores precisa de um modelo. 

"... aqui ainda nem praia tem!!!"
"Eu tô pintando uma praia do litoral paulista em que estive no por do sol... e vi essa cena e gostei muito!!"

De fato, a parte superior do quadro retratava o céu com toda a magia de um por do sol mas contrastava com a parte inferior que parecia algo como uma faixa borrada de verde seguida por outra faixa também borrada em tom amarelado.

Virou novamente para o quadro e ficou minutos estáticos como que penetrando na tela.
Torna a girar para mim, e diz animado:

"Agora você vai ver o mar..."

E foi quando a mágica dos geniais surpreende as almas dos simples mortais.
Pegou uma pequena espátula usada por pintores e começou em movimentos rápidos, que mais pareciam aleatórios e alucinados, a borrar aqui e acolá de tons em branco que se misturavam àquela faixa borrada de verde cuja tinta ainda estava fresca, formando as ondas prometidas, adornadas por espumas frescas que eu podia tocar com as mãos dos olhos e senti-las com a imaginação, tal como pudéssemos finalmente tomar um banho de mar em um lindo final de tarde, ao por do sol.

Tudo muito rápido, frenético.

"E agora, tá bom???"

Eu arrisquei: "as ondas estão maravilhosas..."

Mas está faltando alguma coisa... sabe o que é?!

Ele me testava, o tempo todo, mas eu ficava mais paralisado para entender como ele conseguia materializar de um borrão verde com uma espátula atolada de tinta branca a carícia da brisa que eriçava as ondas com suaves espumas que bailavam na brisa, exatamente e tal qual nossa visão capta em breves frações de segundo a beleza que até então me parecia impossível de guardar.

E vendo que eu não saia do meu estado de congelamento, ele continuou num tom de quem dá o gabarito ao aluno de forma carinhosa:

"Tá faltando aquele reflexo sobre a areia quando a onda retorna para o mar."

E na faixa-borrão restante, de cor creme amarelada, ora com o pincel, ora com a espátula, como se atirasse pequenas porções de tintas sobre a tela transformando o quadro numa segunda aquarela, além daquela que ele segurava na mão esquerda e que fornecia uma miríade de tons. Repentinamente, num movimento brusco pegou um pano sujo de tinta e começou esfregar aquela parte da tela como que estivesse apagando.

"Hiiiii, ele errou! Tá refazendo"... Pensei.
Ledo engano...
Ele retorna aos movimentos frenéticos de pintura entremeados de paradas súbitas e meditativas.

Após poucos minutos, vira-se para mim, afastando-se do quadro como quem apresenta orgulhoso o que fez e pergunta:

"Tá vendo o reflexo do por do sol sobre o tênue filme de água que vai se recolhendo na areia?"

Sim... eu via mais que uma fotografia. Eu olhava para uma imagem que me transportava e que parecia ter alma, como se pudesse emanar a magia desses momentos.

Então ele me convidou para tomarmos o lanche da tarde juntos.
Eu não sabia de onde vinha tanto carinho, mas meu pai, mais tarde, me contou que, quando minha mãe estava grávida de mim ele olhou para a barriga dela e disse:
"Ser for maschio, eu vou te dar um quadro de presente!".
E deu. Eu o tenho até hoje.

Entre um gole e outro de café com leite, que eu não tinha pressa alguma em terminar para que o momento pudesse se estender, ele foi me contando a sua história, a sua infância miserável na Itália, e que não tivera a oportunidade de aprender a ler e escrever.

Foi ali que comecei a aprender a minha lição.
Para ele, as letras eram como desenhos (palavras dele).
Era a esposa que cuidava das contas e de tudo o mais.

Naqueles dias com Gino Bruno, eu aprendi muitas coisas.
Como congelar sentimentos sobre uma tela de pano, como abrir portas que transpõem a alma para  outras dimensões e como o cérebro humano pode ser tão surpreendente.

Tanto ele, como meus pais e outras pessoas me perguntaram se eu queria me tornar um pintor observando o interesse do garoto naqueles dias em que o visitava.

Eu não tinha como responder.
Não dava para explicar o motivo real: o meu interesse estava no processo.
Eu já havia devorado tantos livros biográficos, mas eram livros, e aquela foi uma oportunidade de converter páginas em realidade.

Apenas desviei a atenção às respostas que me pediam contando entusiasmado como ele havia criado tudo aquilo, tão fantástico!
Uma coisa típica de criança, contar o que viu!
Disfarce perfeito.

O meu interesse continuou pela vida e pude conviver com outras pessoas assim, cada uma delas tão distante de mim quanto próxima de seus dons excepcionais, mas concomitantemente tão próxima quanto mais distante estivessem deles.

Assim são os gênios.
Um ser humano sob a capa da genialidade.


NOTAS SOBRE TERMOS UTILIZADOS NO TEXTO


[1]: janela de memória: período de tempo que a memória retém informações não emocionais.
Informações conectadas à emoção são armazenada por tempo indeterminado, mas aquelas que coletamos, por exemplo, em atividades de estudo, após algum período são perdidas, necessitando revisão para conservá-las. 

NOTA: a eficiência da memória também pode ser avaliada pelo número de vezes que precisamos repetir uma informação até que permaneça ativa em nossa lembrança. Fatores emocionais, neste contexto, são descartados porque tratam um capítulo à parte.











agosto 28, 2022

As Vantagens do Voto de Reprovação - Não adianta reclamar da polarização política se não fizermos nada para diminuí-la

 




Nas eleições, o voto nulo e branco não reprovam candidaturas mesmo que eles se tornem maioria.

Suponha que em uma eleição tenhamos:

- 38% de votos brancos ou nulos
- 32% de votos no candidato A
- 20% de votos no candidato B
- 10% de votos em outros

Pelo resultado, fica evidente que a maioria dos eleitores reprovam tanto A, quanto B e os demais.


Seja na disputa para governador ou presidente, o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos – equivalente a mais da metade, 50%, excluindo os votos brancos e os votos nulos – será automaticamente eleito ainda no primeiro turno ... (sistema adotado no país desde 1996, quando se adotou as urnas eletrônicas). 
Yahoo - 2022


Dessa forma, pela simulação acima, haverá segundo turno para A e B.

Esse modelo reforça a polarização porque o eleitor quer resolver tudo logo no primeiro turno, o que "rouba" as oportunidades dos outros candidatos, mesmo que o eleitor tenha simpatia por eles.

É a prevalência do senso prático tentando garantir a vitória o quanto antes.
Afinal de contas, muitos pensam que é inútil "jogar o voto fora" votando em alguém que não decolou nas pesquisas de intenção de votos!

Não adianta ficar reclamando da polarização política enquanto não fazemos nada para diminuí-la.

Dessa forma, esse modelo é inadequado porque além de reforçar a polarização, cujo consenso comum já reconhece que é negativa, também fomenta a autocracia interna dos partidos.

Como podemos ter democracia de qualidade se os "elegíveis" nascem de um processo comandado pelos "caciques" de seus partidos?

Um exemplo disso pode ser observado pela luta de Simone Tebet (MDB) para obter a candidatura à presidência nestas eleições de 2022.
 
Como uma boa democracia  pode nascer de uma autocracia de base que determina quem será ou não candidato?

Isto reduz a oportunidade de mudanças que ficam sob o controle de poucos, transformando as eleições em um jogo de cartas marcadas impondo ao povo as opções de poucos.

É necessário que se crie o voto de reprovação, que anularia as eleições caso fosse maioria, em virtude da falta de representatividade, ou seja, falta de aderência eleitoral, dando lugar a uma nova eleição com novos candidatos.

 

Algumas Vantagens e Desvantagens do Voto de Reprovação

- O temor pela desaprovação popular através do voto de reprovação vai trazer mais respeito político.
O político respeita menos o eleitor quando, depois de eleito, faz o que bem entende contando com o esquecimento do eleitor.

- Proverá mais chances para que um maior número de bons políticos possa ter sua oportunidade reduzindo a dependência da política interna do partido ("coronelismo dos caciques").

- Reduzirá o poder dos lobbies partidários dentro do próprio partido, moderando o poder de "caciques" que exercem o despotismo na base da democracia.

- Aumentará o poder da opinião pública e refinará o processo democrático.

- Encarecerá o processo eleitoral inicialmente, mas será compensado pelos seus efeitos positivos posteriores reduzindo os prejuízos de uma nação que passará a ter um sistema mais seletivo e, portanto de melhor qualidade!

- Aumentará a dificuldade do eleitor em acompanhar um número maior de possibilidades, mas estimulará a análise.

- Torna o processo eleitoral mais autêntico já que terá maior aderência à vontade popular uma vez que o candidato não é mais uma opção única imposta por um grupo dentro de partidos.

Também seria aconselhável eliminar o segundo turno que contribui negativamente, aumentando a polarização e ainda gera mais ônus para a nação.
Trata-se de um segundo custo com efeito adverso à prática democrática.


Certamente o leitor ainda poderá encontrar outras!

O importante é divulgarmos a discussão porque democracias genuínas não nascem de bases autocratas. Não conte que os próprios políticos o façam!

Da forma como estamos hoje, acaba um jogo fácil para marcas as cartas.




"Few men are willing to brave the disapproval of their fellows, the censure of their colleagues, the wrath of their society. Moral courage is a rarer commodity than bravery in battle or great intelligence. Yet it is the one essential, vital quality for those who seek to change the world which yields most painfully to change."

"Poucos homens estão dispostos a enfrentar a desaprovação de seus companheiros, a censura de seus colegas, a ira de sua sociedade. A coragem moral é uma mercadoria mais rara do que a bravura na batalha ou a grande inteligência. No entanto, é a qualidade essencial e vital para aqueles que procuram mudar o mundo que cede mais dolorosamente à mudança."

Robert Kennedy


Leituras Adicionais

VOTO DE REPROVAÇÃO NÃO É VOTO NULO OU BRANCO

O que fazer quando não encontramos uma opção na hora de votar?



EM ORDEM CRONOLÓGICA INVERSA - O MAIS RECENTE EM PRIMEIRO

Democracia e Voto Útil - Prós e Contras

Indo Mais Além Sobre o Sentido do Voto, da Democracia e de Suas Alternativas

Democracia de Mãos Amarradas

Repensando a Democracia

Sinais de Alerta... Hora de Reagir Dizendo Não!

Democracia, Meritocracia e Voto Obrigatório: São compatíveis?

E foi assim que aconteceu... E continua acontecendo

E Quando Não Se Tem Um Candidato? Vota no "Menos Ruim"

Eleições de Segundo Turno Polarizam e Prejudicam a Democracia

Extrema Direita é Solução?

VOTO DE REPROVAÇÃO NÃO É VOTO NULO OU BRANCO

TESTE DE BENFORD DA URNA ELETRÔNICA REALMENTE VALIDARIA?

O que fazer quando não encontramos uma opção na hora de votar?

Uma possibilidade de retorno de Lula à presidência ainda após as eleições de 2018

Democracia Plena é Utopia Contraditória

Milagres Questionáveis e o Marketing Político

O que é Estado Democrático de Direito? Temos Um?

agosto 24, 2022

Ignorância: A Origem Comum Com Consequências Díspares

 



"Ignorância" é uma palavra estigmatizada.
É sinônimo de ofensa.

Visto com bons olhos, ignorância é o estado de ignorar algo.
Neste aspecto, somos todos.

O nosso mundo do dia-a-dia reúne uma quantidade fantástica de informação, e ignoramos a maioria delas.

Se contarmos com o conhecimento contido no Universo, então nossa ignorância torna-se infinita.


Um erro nasce da ignorância sobre a dor que um sofrimento pode causar.

Podemos até imaginar suas consequências ruins, mas na maioria das vezes precisamos vivenciá-las para de fato conhecê-las realmente, quando então somatizadas à alma construirão a concretização daquilo que antes não passava de imaginação.

Depois deste momento de "conhecimento emocional" não desejaremos repeti-las novamente.

 

A soberba nasce da ignorância de não entender o tempo precioso que perdemos dispendido com os caprichos do ego.

A avareza nasce da ignorância sobre o sofrimento da necessidade alheia que evitamos conhecer.

A volúpia dos desejos ignorando o próprio descontrole e suas consequências trágicas.

A gula que ignora o enterro da saude.

A inveja que ignora o próprio potencial aliado à possibilidade de construção mútua.

A ira que ignora a lucidez das próprias ações.

A luxúria que ignora a dignidade própria e a dignidade alheia.

A preguiça que ignora os lucros do amanhã através do hoje.

O egoísmo nasce da incapacidade de perceber que a dor alheia será, mais tarde ou mais cedo, parte da nossa dor, ignorando que parte do sofrimento alheio é transferido para nós pela cadeia da vida.

A ambição nasce da incapacidade de perceber os limites das nossas necessidades e desejos, quando então transgredimos o equilíbrio e o respeito aos recursos alheios, promovendo o prejuízo que não conseguimos avaliar antes diante da cegueira emocional.

A impulsividade que ignora o senso de oportunidade.

A indisciplina que ignora o plantio constante desperdiçando as oportunidades.

A ignorância escolhe os atalhos errados.

A ignorância ignora a própria ignorância.


Evolução nada mais é que o caminho para o conhecimento.

"e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

João 8:32 , Versão Almeida Revista e Atualizada





agosto 23, 2022

Por que o STF Decepciona? Um Rio Com A Nascente Comprometida




NOTA
Propositalmente, não são apresentadas propostas de solução, onde o espírito democrático de cada um deve contribuir com as suas próprias. Se desejar, fique à vontade para fazê-lo nos comentários do post, (abaixo). O objetivo maior é trazer os temas para um "momento de ponderação" que nos torna melhor preparados para entender e definir as nossas posturas e decisões com mais lucidez..
 

No STF (Superior Tribunal Federal), o ministro da justiça é indicado pelo presidente.

Oras... um presidente tem viés político e partidário, logo também as suas indicações.

Esta prática degenera o princípio de imparcialidade e equidade de que a justiça necessita espelhar e defender. Essa é a função primordial do judiciário: "Julgar imparcialmente".

No Congresso e no Senado, a disputa da liderança segue nos moldes que as indicações ao STF também ensejam.

A deturpação democrática começa no topo, nas leis e nas regras que vão sendo "cuidadosamente" tricotadas pelos meios políticos para agasalhar desejos de controle e flexibilização, certamente a quem interessa tal flexibilização.

Dessa forma, o processo democrático, aos poucos contaminado por manipulações de lobbies políticos, vai corrompendo os princípios que buscam preservar a equidade, ou ao menos o equilíbrio razoável na distribuição de recursos, que deve atender à necessidade comum dos anseios nacionais, promovendo a distribuição de riqueza adequadamente ao seu povo.

Ao longo do tempo, nosso processo democrático vem apresentando um quadro patológico que a partir de seu estado inicial avança para o mais grave, quando enseja a perda progressiva do "Estado de Direito" conduzido pelas disputas que concorrem pela maior influência sobre este processo, e que finalmente redundam na polarização, e desta ao embate cada vez mais intenso na guerra de ânimos acirrados de quem vai assumir a liderança desse processo que seria de todos nós.

Neste estado de ânimos fica difícílimo colocar os interesses nacionais acima de tudo, senão impossível.


Putin destruiu o processo democrático russo iniciado por Gorbachev com a queda do comunismo praticado pela "União Soviética".

O Brasil, a exemplo de muitos países, corre o mesmo risco.

Uma eleição acirrada pelos ânimos polarizantes e exaltados sinaliza um status quo que é o combustível certo para alimentar as máquinas das ditaduras, tal como rolos compressores que vão moldando as leis, tornando a estrada plana para o despotismo.

Um termômetro desse processo manifesta-se no tratamento dado à nossa Constituição.

A Constituição americana foi alterada 27 vezes em 230 anos.

No Brasil, o número de propostas de modificação em 30 anos foi de 21 mil, sendo que 100 emendas foram promulgadas desde que entrou em vigor até 26/06/2019.

FONTES:
Constituição dos EUA teve 27 emendas em 230 anos
Aos 30 anos, Constituição Federal chega à 100ª emenda , Fonte: Agência Senado


Fazendo-se uma comparação, usando-se apenas as promulgações até aquela data e dividindo-se o número de mudanças pelo número de anos, temos:
EUA = 0.11739130434783
Brasil = 5

Agora, comparando os dois resultados observamos que o Brasil mudou a sua Constituição 42,6 vezes mais que a americana, até aquele período. Certamente, a disparidade será crescente à medida que não parem de fazê-lo nesta intensidade. Chegaremos a quanto? 100x? 200x?
Então o que parecerá o Brasil do futuro?

Uma Constituição deve ser o instrumento de proteção dos direitos básicos, valores vitais e mínimos de uma nação que se consagra em defendê-los, e não uma peça de direito à semelhança de código civil que atende aos dinamismos das necessidades ao sabor do tempo.

Uma Constituição deve incluir apenas os princípios que definem a essência de quem somos.

Até meados de 2019, podemos, então, concluir que a nossa nação mudou 42 vezes, ou no mínimo "ajeitou", aquilo que considera vital para definir o "Brasil e o povo brasileiro"?

Não faz sentido?!

Faz sim!!
Depende do ângulo que você olhe.  :-|

Sustentando a Constituição hiper alterável, vem o judiciário, sob a tutela de seu gestor maior, o STF, aplicando e protegendo o que ali está disposto, na função que lhe é atribuída.

Tantas mudanças lembram um ditado que diz:
"Em panela que muitos mexem, queima ou salga".

Seriam os nossos valores essenciais tão carentes de mudanças frequentes?!!!!!

Esse é o termômetro da instabilidade de valores cuja disputa enseja caminho aberto para a subversão do que somos para algo que não queremos, que poderia subsidiar um regime despótico legalizado através de sucessivas e paulatinas mudanças de uma Constituição convenientemente volátil, difícil de acompanhar.

Tudo isso faz lembrar "massa de moldar" onde todos disputam o molde final, sendo que a massa moldada, em si mesmo, não tem vontade própria.

Eu me pergunto...
Seria isso uma boa democracia?
Pode uma boa democracia sair ilesa quando servida por duas facções belicosas pela disputa de poder e exaltadas em seus ânimos?
Ânimos exaltados sustentam e patrocinam boas consequências?

Será que uma democracia que se prese não tem valores mais estáveis através de uma Constituição que se imponha pelo respeito à sua estabilidade ao longo dos anos na proteção daquilo que somos?

Uma Constituição é para um país como uma âncora para um navio.
Sem ponto de fixação, deixa a nau à deriva, sujeita às correntezas.



O Radicalismo, A Dualidade e A Polarização Fazem Parte do Nosso Carácter Sem Quem Nem Mesmo Tenhamos Consciência da Sua Origem

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